Ester O serviço que o senhor Miguel havia me arranjado estava indo cada vez melhor. Eu estava aprendendo muito a respeito de lidar com arquivos, processos e até contratos mais sofisticados. Minha sogra também aprendeu a gostar de mim, pois via o meu esforço. O Noan alugou um apartamento onde eu podia receber os meus amigos mais próximos e até ofereci um almoço para os meus sogros, sem eles saberem que o filho deles era quem estava bancando, mas aquilo era por tempo limitado, já que o combinado entre a gente era de que, assim que eu começasse a receber o meu salário, passaria a arcar com minhas próprias despesas. O Noan avaliou que aquilo era muito bom para mim, fazer eu me sentir útil era uma forma de eu me recuperar ainda mais rápido dos traumas passados. Com isso se passaram seis meses. Eu estava finalmente vencendo a depressão com a ajuda da Sheila e principalmente do meu Noan. A única coisa da qual eu sentia falta era da dança, já que por uma fofoca da senhora Mercia, eu aca
Noan O Nogueira é maluco! Isso mesmo, esse cara é completamente insano. Eu nunca vi na minha vida alguém beber tanto quanto ele, ainda mais tendo um trabalho importante. Ficamos no apartamento dele durante toda a noite, tomei todas. Pensei em pegar um táxi e ir para o apartamento da Ester, estava com muito tesão por causa da adrenalina, mas ela me enviou uma mensagem de que estava com a Tamara e mais outras duas, então, eu deveria passar a noite por ali mesmo. O apartamento do Nogueira é grande eu optei por ficar no quarto dos fundos, o mais afastado dos demais. A cama era de solteiro, sem comparação com a minha, que é larga pra caralho, mas pelo menos eu podia ter um pouco de privacidade. Não sou como alguns que falam coisas de si mesmos que não são verdades. Amo a Ester, ela é a única mulher que me satisfaz de verdade, mas há momentos em que o tesão bate com força e não consigo resistir. Fazer o que? Eu sou tarado mesmo e quando o meu pau tira pra ficar nervoso, o jeito é eu
Noan Mas do que a minha mãe estava falando afinal? De onde ela havia tirado essa história, da Ester ser garota de programa? Foi isso que eu perguntei a ela. Meu pai ficou parado, só ouvindo. — Mãe, como a senhora vai acreditar numa história estapafúrdia dessas? — foi o que eu disse. Caralho, como pode uma coisa dessas? — Não estou dizendo que a Ester seja isso, só estou perguntando. Bom, não tinha outro jeito senão contar a verdade aos meus pais e desmentir aquela falácia e foi exatamente o que eu fiz. Abri o jogo com eles, mencionei o ocorrido com o pai da Ester e que a mesma não encontrou uma alma viva que a pudesse emprestar os vinte mil reais para a cirurgia do pai dela e por isso ela aceitou fazer uma apresentação particular para mim, mas que houve nada de prostituição. Menti, eu sei e isso não foi bom, pois eram meus pais. Mas o que eu poderia fazer? Se eu não omitisse que ficamos juntos por dois dias naquele hotel fazenda, a história da Mercia se concretizaria. — En
Não sei bem o que a Sheila queria com a Ester àquela hora do dia. Já era quase noite. Será que o assunto não podia esperar para o outro dia? Bom, o que se pode fazer? Ester e Sheila conseguiram estender o tratamento para uma bela amizade. A Psiquiatra que também era psicóloga, se compadeceu do caso da minha namorada e abraçou a causa. Ela foi o motivo para mim também não ter desistido, já que cuidou de mim. Tipo, o cuidador também precisa de cuidados. Só fico me perguntando quem seria o cuidador da Sheila, pois se dedica com tanta devoção aos seus pacientes que acaba formando laços de amizades entre si. Mas já que a Sheila iria passar algum tempo na clínica conversando sobre sei lá o que, eu vou aproveitar e tomar uma cervejinha antes de ir para o apartamento dela. Só uma não vai fazer mal. — Noan, há quanto tempo, menino? — perguntou o senhor Tercio, vindo para me atender. Realmente, já fazia um bom tempo que eu não voltava naquele lugar, cerca de um mês. — Senhor Tercio. S
Ester Como é? Eu ouvi direito mesmo? Como assim, o André bateu no Noan por ciúmes da Samanta? — Me conta essa história direito, Noan? Que história é essa de que ele está com ciúme de você e daquela sirigaita? — perguntei, chateada. Exigia uma explicação. — É o seguinte, eu estive lá na academia da Mercia e ela estava. Eu disse que estávamos noivos e dei um fora nela bem na frente do lugar. Ela deve ter se enchido de despeito e inventou essa mentira para o namorado corno dela. — ele explicou, colocando o gelo sobre os ferimentos no rosto. — Tudo bem, meu amor, eu acredito em você. — falei, dando um beijinho nos lábios dele, mas acabei machucado. — Ai, doeu. — Desculpa, amorzinho. — falei, limpando a boca dele devagar, com um lenço humedecido. Por culpa daquele filho da puta, hoje eu não iria ganhar aquela chupada deliciosa que o meu Noan sabe me dar. Mas deixa estar, eu ainda acabo com aqueles dois. Mas eu não iria me estressar com aquela puta e o corno do namorado dela
Os dias que sucederam àquele no qual o André quase violentou a Ester, foram bastante turbulentos. Uma denúncia formal foi apresenta junto à delegacia que cuida dos direitos das mulheres e ele teve de responder por tentativa de estupro, mas fizemos um acordo onde o processo seria mantido em sigilo, não por causa dele. Eu queria mais era que o André se fodesse, mas por causa da Ester, da imagem dela perante à sociedade. Poxa vida, ela já estava se recuperando do trauma da perda e agora veio essa. Ter de encarar uma sociedade que já era preconceituosa, agora era as que coisas tendiam a ficarem piores. Mas o meu pai conseguiu fazer com que o André assinasse o acordo de sigilo e eu estava ali presente. — E se eu não assinar? — ele disse, em tom de arrogância. Claramente aquele vagabundo não sabia onde estava se metendo. — Ouça bem, senhor Uchida, eu sei perfeitamente que o senhor pretende não assinar esse acordo de sigilo unicamente para prejudicar a namorada do meu filho e assim o a
Noan Cara, até agora eu ainda estou tentando digerir as bobagens ditas pela Mercia, à Ester. Como ela pôde ter decido tão baixo? Velha nojenta do caralho. Depois de ter testemunhado todo o sofrimento pelo qual a Ester passou e ainda passa, ela agora achou de chantagear a garota? Puta golpe baixo esse daí. E foi por isso que eu decidi procurar a orientação do meu pai. Pelo o que eu soube, o pai da Ester deu muito duro para pagar os estudos da filha e depois que ele ficou doente, foi ela quem fez de tudo para terminar e assim poder recompensar o pai por tudo o que ele fez. — A Ester pagou por esse diploma, com o suor da testa dela, derramado dia após dia. A Mercia não tem esse direito! — exclamei, bastante aborrecido. — E não tem mesmo. — respondeu a minha mãe, ela que também é formada em direito, só não quis exercer a profissão. — Exatamente. — concordou o meu pai. — Para isso, uma denúncia de irregularidades, munida por provas concretas, deveria ser formalizada e só depois d
Noan — Cof, cof! — Nogueira tossiu, limpando a garganta. Ele parecia ter engolido um tijolo de pó, inteiro. — Quando foi a última vez que alguém esteve aqui? Quando construíram as Grandes Pirâmides? Nunca vi tanta poeira junta num só lugar, em toda a minha vida. — Ah, deixa de frescura, Nogueira. — reclamei, analisando um prédio que há muito não era utilizado, mas que estava para alugar e em perfeito estado de conservação. Só a sujeira que chegava a dar coceira. — Acha que esse lugar daria para ser uma academia de dança? — Olha, acredito que depois de uma bela limpeza e também de uma boa pintura, daria e muito! — ele falou, confirmando aquilo que eu tanto gostaria de ouvir. — Então tá bom, vai ser aqui mesmo. — Aleluia! — exclamou o meu amigo. — Agora vamos dar o fora daqui, pois já estou... a, a, a, ATCHIM! — É melhor mesmo a gente sair daqui, do contrário eu vou ter que chamar uma ambulância! O referente imóvel tinha dois pisos, com uma escadaria em espiram que dava