A asa da xícara de café ainda está entre os dedos de Jonathan, mas ele sequer termina o líquido fumegante. Sua mente está longe, presa no olhar magoado de Marta naquela malldita manhã. Ele quer apagar aquela cena, arrancá-la da cabeça, mas a culpa se recusa a ceder. Seu humor é um campo minado prestes a explodir, e Eduardo, sentado à sua frente, sabe exatamente como acender o pavio.— O que foi, Jonathan? — a voz de Eduardo carrega uma provocação afiada. — A sua obsessão por Marta só funciona entre quatro paredes? Porque aqui fora, você é só um homem perdido que não sabe lidar com os próprios sentimentos.Jonathan cerra os punhos, os músculos do maxilar saltando de tanta tensão. O sorriso satisfeito de Eduardo é um soco invisível que o atinge diretamente no ego. Ele sabe que está sendo manipulado, mas não consegue evitar a onda de fúria que lhe sobe pelo peito.— Quer resolver isso, é? — Eduardo se levanta provocativo. — Vamos ver se você ainda tem alguma coisa dentro dessa cabeça d
Jonathan respira fundo ao parar no estacionamento e, antes mesmo de abrir a porta, sente um olhar cravado nele. Eduardo já está encostado no carro, os braços cruzados e aquele maldito sorriso que mistura deboche e entendimento. Jonathan detesta isso. Detesta que Eduardo o enxergue tão bem, como se conseguisse ver através da fachada impenetrável que ele construiu, mas é grato por sua amizade verdadeira e por ser o único que o enfrenta na vida e no tatame. O silêncio entre eles dura segundos, mas carrega peso. Jonathan se aproxima devagar, e Eduardo, sem pressa alguma, destrava o carro.— Para onde? — Eduardo pergunta, fingindo desinteresse.— Preciso ver Marta. — Jonathan ajeita o relógio no pulso. — Pagar os dias que ela trabalhou.Eduardo estreita os olhos e inclina um pouco a cabeça.— Você quer o amigo ou o motorista?Jonathan prende a respiração por um instante. Ele já deveria saber que Eduardo não facilitaria em nada.— Um homem respeita o outro, Eduardo, seja sincero e me respo
O sorriso de Marta ainda brilha em seu rosto por uma fração de segundo, mas se desfaz assim que seus olhos encontram os de Jonathan. O ar entre eles parece mudar, carregado de algo que nenhum dos dois consegue definir. Marta engole em seco, a respiração descompassada, sem saber ao certo por que sente um aperto no peito, mas ela demonstra medo e dá dois passos para trás.Eduardo assiste à cena como um espectador privilegiado de um jogo perigoso prestes a começar.O clima fica tenso, quase palpável. Jonathan observa Marta de relance enquanto ela termina de organizar a sala, mas ela evita o seu olhar, concentrando-se no que fazia. Eduardo, percebendo a tensão no ar, decide aliviar a situação.— Tem sopa. — Ele diz, casualmente. — Feita por ninguém menos que nossa talentosa chef Marta.Jonathan, sem muita escolha e sem querer prolongar o desconforto, apenas assente. Marta suspira, ainda sentindo um peso no peito, mas se levanta para pôr a mesa.Após deixar a mesa impecável, ajeita uma m
Como sempre Marta acorda cedo, se arruma e prepara tudo, logo o cheiro de café fresco se espalha pela casa, misturando-se ao aroma do pão quentinho. Marta ajeita os últimos detalhes na cozinha, mas se vira rapidamente ao ouvir os passos. Eduardo aparece na porta, sem camisa, os cabelos ainda bagunçados do sono. Os dois se encaram por um instante, e então caem na risada.— Bom dia, freirinha. — Eduardo provoca, já pegando uma xícara de café.— Freirinha? — Marta arqueia a sobrancelha, fingindo indignação.— Ora, você fica toda coradinha por nada. Até parece que nunca viu um homem sem camisa.Marta revira os olhos, mas um sorriso brinca no canto de seus lábios. Eles se sentam à mesa, compartilham o café, conversam sobre banalidades. O clima é leve, natural. Então, Eduardo retira uma chave do bolso e a coloca sobre a mesa, empurrando-a suavemente na direção dela.— Quero que fique com isso. É a chave dessa casa. Quando quiser, pode vir. A casa estará sempre à sua disposição.Marta olha
São sete e meia da manhã quando Mônica Molina ajusta a lapiseira entre os dedos e revisa mais uma vez os compromissos do dia. Cada detalhe precisa estar em seu devido lugar, cada reunião agendada no momento certo, sem falhas. Trabalhar para os irmãos Schneider não é para qualquer um. Jonathan, o presidente do Grupo Schneider, é meticuloso, impaciente e brilhante. Islanne, a vice-presidente e responsável pelo financeiro, não fica atrás. Ela tem olhos de águia para os números e uma perspicácia afiada para negócios. Manter a presidência funcionando sem deslizes é um jogo de xadrez, e Mônica se orgulha de dominar cada peça do tabuleiro.A porta do elevador se abre e Jonathan entra, impecável como sempre. Seu olhar sério varre o ambiente, e ele caminha decidido até a sua sala. Ao passar pela secretária, solta um breve:— Bom dia, Mônica.— Bom dia, senhor Schneider. — ela responde prontamente, pegando o seu tablet e o seguindo.Assim que ele se acomoda, ela inicia o repasse da agenda.— S
O som abafado da música reverbera pelo chão, misturando-se ao brilho das luzes neon. Jonathan aperta o copo de whisky entre os dedos, girando o líquido âmbar enquanto observa Ravi, na sala privada. A boate Lust, sempre repleta de figuras poderosas e mulheres irresistíveis, deveria distraí-lo, mas naquela noite, nada parece satisfazê-lo. O peso do desejo reprimido queima, e ele sabe exatamente o motivo. A moça ingênua que habita a sua casa e anda povoando os seus pensamentos a todo momento.— Tá calado demais, cara — Ravi franze o cenho, servindo-se de mais uma dose. — Qual é o problema?— Esqueci que viajo amanhã. Vou sem avisar para a filial do Nordeste. O governo local quer suborno e eu vou dar um jeito nisso pessoalmente.Ravi solta uma risada irônica.— Você e essa sua mania de carregar o mundo nas costas. Mas sei que tem algo mais. Qual é? Mulher?Jonathan se recosta no sofá de couro e logo muda o assunto.— Contratei uma governanta. Está na mansão. Se você aparecer por lá, não
Jonathan desce as escadas da mansão sentindo o aroma forte e familiar do café fresco. Ele franze a testa. Em dias que viaja de madrugada, nunca encontra o café pronto. Ao se aproximar da cozinha, seus olhos captam a cena que o desarma por um instante, Marta, de avental, colocando uma tapioca fumegante no prato. Queijo, presunto e alcaparras. Ela não havia esquecido. Ele se senta sem dizer uma palavra e experimenta a primeira mordida. O sabor está perfeito.— Obrigado, Marta. — diz, sem olhar para ela.Ela apenas assente, com um sorriso discreto. Jonathan retira um cartão de crédito da carteira e entrega a ela.— A senha está anotada aqui. É para as despesas da casa. Se quiser, pode aproveitar minha ausência e fazer as compras do mês. Eduardo estará à sua disposição.Marta pega o cartão, hesitante. Há algo na despedida que a entristece, mas ela não entende o porquê. Jonathan também sente um incômodo, mas empurra a sensação para longe. Com um último aceno de cabeça, ele sai, rápido, e s
A escuridão ao redor de Marta é quente e envolvente, mas, de repente, ela sente um toque. Um arrepio percorre a sua pele nua quando mãos firmes deslizam por seu corpo, explorando-a com uma posse ardente. Ela suspira, o calor se acumulando entre suas pernas antes mesmo de vê-lo.Jonathan.Ele está ali, deitado sobre ela, os olhos intensos cravados nos seus, um sorriso predador nos lábios. Seu toque é exigente, e Marta se contorce sob seu domínio, ansiosa, faminta. As mãos dele descem pela sua cintura, seguram seus quadris, puxam-na para si com urgência.— Você é minha, Marta… — Ele sussurra contra sua boca, a voz rouca, carregada de desejo.A boca quente dele desliza por seu pescoço, pelos sei0s, provocando arrepios e gemidos trêmulos. Ela sente a língua dele, os dentes arrastando-se levemente, a pressão exata para deixá-la louca. Seu corpo responde a cada toque, pulsando, se entregando.Os dedos dele deslizam por suas coxas, afastando-as lentamente. O coração de Marta bate forte, a re