O som do salto de Isabella ecoava no corredor de mármore do hotel, contrastando com o silêncio de seus pensamentos. Ela havia saído por alguns minutos do coquetel que a Falcon Enterprises oferecia aos patrocinadores, alegando que precisava de ar — o que não era mentira. Desde o pronunciamento ao lado de Ethan, a pressão da mídia e dos investidores era constante. E agora, como se tudo não fosse suficientemente confuso, Liam Donovan, seu Liam, estava na mesma cidade. No mesmo hotel.
O coração dela martelava no peito.Por que ele tinha que voltar agora?Isabella caminhava distraída quando dobrou o corredor e deu de cara com o passado.— Bella.A voz dele era grave, um pouco mais rouca do que ela se lembrava. Os olhos azuis estavam ali, inconfundíveis. A barba bem-feita, o terno alinhado. Ele estava ainda mais bonito… e isso era perigoso.Ela engoliu em seco, parando a poucos passos de distância.— Liam.Ficaram emEthan acordou antes do sol nascer. Como vinha acontecendo nas últimas noites, o sono era leve e inquieto. A imagem de Isabella sentada ao seu lado no sofá na noite anterior ainda estava vívida em sua mente. O jeito como ela falou com doçura, como seus dedos tocaram os dele... como se tateasse um caminho de volta para ele.Mas não era o suficiente.Não ainda.Havia algo nela que ainda os separava. Uma hesitação. Um conflito que ele não conseguia alcançar, e isso o corroía por dentro.Ethan olhou para a porta fechada do quarto. Sabia que ela ainda estava lá. Sabia que seu coração ainda batia por ele. Mas também sabia que Liam fazia parte da equação agora. O ex-namorado, o atleta perfeitinho, o primeiro amor de Isabella. O fantasma do passado que agora andava pelas ruas de Nova York e ocupava espaço demais nos pensamentos dela.Ele passou a mão pelos cabelos e se levantou. Na cozinha, preparou o café da manhã com movimentos mecânicos. Há mes
Era sábado. E Ethan Cárter estava com os nervos à flor da pele.Não que ele fosse alguém acostumado a sentir nervosismo — lidar com grandes cifras, salas de reunião lotadas e decisões corporativas de alto risco não o abalavam. Mas naquela manhã, enquanto ajustava a lapela do blazer e dava ordens rápidas ao telefone, ele se sentia como um adolescente tentando impressionar a primeira paixão.Porque era exatamente isso: Isabella Monteiro Castillo era a mulher que fazia o CEO mais temido do mercado tremer por dentro.Ele queria que ela soubesse. Que não houvesse mais dúvidas. Então, planejou algo à altura dela.Enquanto isso, Isabella recebia uma caixa em casa. Dentro dela, havia um vestido longo de seda verde-esmeralda, sapatos delicados e um bilhete com a caligrafia firme de Ethan:“Hoje à noite. 20h. Um carro estará te esperando. Vista isso e confie em mim.”Ela tocou o tecido com os dedos, o coração batendo forte. Ethan estava ag
O vento fresco da manhã soprava entre as árvores do Central Park, trazendo consigo o aroma úmido da grama recém-cortada. O céu estava limpo, e o sol filtrava-se entre os galhos como se iluminasse apenas aquele momento.Isabella estava sentada em um banco de madeira, suas mãos frias apertando a alça da bolsa sobre o colo. Ela observava o caminho à sua frente, tentando organizar as palavras que havia ensaiado durante toda a noite anterior. Seu peito ainda carregava os vestígios da última madrugada ao lado de Ethan — o toque, os sorrisos, o amor. Aquilo era real. Aquilo era certo.Quando viu Liam se aproximando ao longe, um frio percorreu sua espinha. Ele caminhava devagar, mãos nos bolsos, olhar fixo nela. Ainda havia carinho ali — mas era o carinho de alguém que pertenceu ao passado.— Oi — ele disse, parando à sua frente. — Você parece... diferente.— Eu estou. — Isabella se levantou, encarando-o com gentileza. — Precisamos conversar, Liam.
O sol da manhã invadia suavemente os grandes janelões do escritório principal da Falcon Enterprises, refletindo a nova energia que pairava no ar. Depois de tudo o que enfrentaram — escândalos, traições e fantasmas do passado —, Ethan Cárter finalmente tinha clareza do que desejava. E ele queria Isabella. Para sempre.— Quero algo memorável — disse Ethan, em reunião privada com sua assessora pessoal, Cleair— Intimista, mas elegante. Isabella não gosta de ostentação, mas ela merece sentir que é única.Ela anotava cada palavra com a atenção de quem sabia: aquilo não era apenas um evento social. Era o renascimento de um homem que, por tanto tempo, viveu blindado contra emoções.Enquanto isso, Isabella encontrava-se no ateliê de uma antiga amiga, a estilista Gabrielle Rousseau, escolhendo o vestido perfeito para o noivado.— Não acredito que isso está mesmo acontecendo — Isabella disse, sorrindo diante do espelho com uma peça de cetim branco perolado c
Os meses que se seguiram ao anúncio do noivado de Ethan Cárter e Isabella Monteiro Castillo pareciam ter sido arrancados de um conto de fadas moderno — embora com uma pitada do caos realista que envolve planejar um dos eventos mais comentados do ano.O mundo corporativo ainda murmurava sobre a união entre o CEO mais cobiçado da cidade e a mulher que, com elegância e coragem, conquistara não apenas seu coração, mas também o respeito de toda a equipe da Falcon Enterpraises. A mídia os chamava de “o casal que desafiou o escândalo e venceu”.Mas para Isabella, o amor agora tinha agenda marcada.A cada semana, uma nova tarefa surgia. O buffet. As flores. A lista de convidados, que parecia crescer como um organismo próprio. Os jornais especulavam sobre o vestido que Isabella usaria, sobre quem assinaria a decoração, qual seria o destino da lua de mel — tudo era motivo de manchete.Isabella, ainda dividida entre o trabalho na Falcon e os preparativos, se
A noite tinha sido longa.Ethan Cárter encarava a cidade do alto da sacada de seu apartamento, com os braços cruzados sobre o parapeito de vidro. As luzes abaixo piscavam como faróis de um mundo que não parava nunca — exceto dentro dele. Ali, tudo estava em pausa.As palavras do pai ecoavam na cabeça, como se tivessem sido ditas há minutos: “Sou um homem falho, Ethan. Mas mesmo homens falhos tentam fazer algo certo antes do fim.”— Está tarde… — disse Isabella suavemente, saindo da cozinha com duas canecas de chá nas mãos. — Você ainda está pensando nisso, não é?Ele assentiu devagar, aceitando a caneca.— Não sei o que fazer. Parte de mim quer que ele desapareça novamente. Mas tem outra parte... — ele suspirou. — Uma parte cansada de carregar essa mágoa.Isabella se sentou ao lado dele na espreguiçadeira. O vento leve balançava seus cabelos e o silêncio entre eles era confortável.— Ninguém pode obrigar você a perdoar,
A noite caiu silenciosa sobre Nova York, e a cidade vibrava ao longe, indiferente à tempestade que desabava dentro do coração de Ethan Cárter.Ele estava sentado na poltrona do seu escritório, luzes apagadas, exceto por um abajur suave ao lado. A pequena caixa de madeira repousava sobre a mesa, aberta, revelando o conteúdo mais precioso que já tocara em anos: as cartas de sua mãe. Escritas com a caligrafia que ele guardava na memória, cada envelope parecia conter um fragmento do tempo que lhe foi roubado.Suas mãos hesitaram por um instante antes de escolher uma, a primeira do topo. O papel estava levemente amarelado, mas bem conservado. Ele reconheceu a data no canto superior: 18 de maio. Seu aniversário. Ele engoliu em seco e quebrou o lacre com delicadeza. Abriu a folha dobrada em três partes, e por um momento, sentiu o perfume suave de lavanda que ainda permanecia, como se o tempo não tivesse conseguido apagar completamente a essência dela.A
O céu nublado parecia respeitar o luto silencioso que Ethan Cárter carregava naquele dia. O vento soprava frio, mas havia algo reconfortante naquela brisa — como se a própria natureza compreendesse o peso que ele finalmente estava pronto para deixar para trás.Ao lado dele, Isabella Monteiro Castillo caminhava em silêncio, segurando sua mão com firmeza. A entrada do pequeno cemitério afastado do centro da cidade trazia uma paz quase etérea. Ethan havia escolhido aquele lugar para o adeus que nunca pôde dar.Eles pararam diante da lápide de mármore branco, onde lia-se com letras simples:Helena Whitmore CárterAmada, forte e eterna em amor.O nome da mãe. A mulher que ele passara anos julgando, tentando esquecer, mas que agora se revelava mais presente do que ele jamais imaginou. Ethan ficou imóvel por alguns instantes, como se seu coração tentasse compreender aquele momento — tão íntimo, tão cheio de camadas.Com cuidado, ele ajoelhou