Dois dias depois… MaurícioA notícia do namoro de Emma me fez ficar boquiaberto, não só eu como Roberto, Louise e Jason. Ela só aproveitou o momento em que eu disse a ela minha decisão juntamente com a Louise, ela não esperou nem mesmo alguns dias, em seguida foi dizendo que estava namorando um tal de Lúcio, não faço ideia de quem seja esse.— Então quer dizer que a senhora iria esconder isso da gente? Até quando, tia Emma? — Roberto perguntava enquanto enfiava o garfo dentro da boca, o puxando para fora e fazendo um barulho terrível.— Ué, eu devo alguma satisfação há algum dos dois? Até onde eu saiba vocês são quem me deve satisfações, não o contrário. Ah, o que ainda estão fazendo aqui? Eu não mexi que me ajudassem hoje? — Mãe, eu sei que a senhora é uma mulher nova, bonita e, enfim… mas a senhora não acha que esse lance de namoro a essa idade não vai pegar mal? Se o cara fosse da idade da senhora, mas o cara tem quase a minha idade. Além do mais, o cara é o Lúcio. A gente sempr
Emma— Tia, a senhora acha que ela vai sair dessa? Eu sei que estamos todos torcendo positivo, mas desde que ela soube só vê tendo piora. Ontem eu escutei ela vomitando calada no banheiro, ajudei ela e Maurício nem sabe disso, ele queria beber ontem de novo. – Roberto e Maurício cresceram sendo amigos e depois de adultos a amizade entre eles só cresce. — Eu não sei, meu filho, mas eu espero que sim. O pai dela é um negligente do caralho, poderia ter descoberto isso enquanto ela era ainda criança e hoje ela já estaria boa, mas eu não sei de nada. Espero que ela fique bem e fique conosco. Percebeu como Maurício mudou depois que a conheceu? — Só Maurício não, tia. A senhora também. Ganhou uma amiga que rir junto com a senhora, coisa que eu não via há anos e com isso eu conheci a Clarice, culpa da Louise que trabalhava com ela, essa mulher é realmente magnífica. — Então eu estava certa o tempo inteiro? Você já estava vigiando a garota há tempo? Seu safado, aprendeu comigo, não foi? —
Clarice — Vamos lá, mãe, a senhora tem que me dizer o porque está ajudando esse canalha que sumiu com a filha. — Mais uma vez eu estava cobrando da minha mãe alguma explicação do porquê ela está ajudando o Parkinson, ele no mínimo para mim era muito estranho e cheio de segredos. — Eu já te disse, Clarice. Somos amigos há anos e… — E por isso mesmo a senhora poderia perguntar a ele o que houve com a Louise, eu era a única amiga que ela tinha, mãe. A senhora acha que eu estou como por dentro? Há mais de dois meses que eu não a vejo e nem tenho notícias dela. Enquanto isso aquele canalha está enchendo a cara de cachaça e fazendo apostas por aí, é só o que ele sabe fazer. — Já chega, Clarice. Você está indo longe demais. Não foi essa a educação que eu te dei. — Não mesmo. A senhora me educou muito bem para que eu nunca me metesse com gente igual ao safado do Parkinson. Agora se a senhora for querer vim dar uma de certinha, sinto muito mais comigo esse seu lado não cola mais. Olha só
Emma — Acredita que todos já sabiam e nunca disseram nada? Até a minha nora já sabia… — Falei indignada, me sentindo uma trouxa. — Lúcio, o que eu fiz de errado? — Não fez nada de errado, meu amor. Os jovens são mais espertos para perceberem as coisas, mas, está achando isso ruim? — Por acaso está me chamando de velha? Porque se for isso, Lúcio. — Encostei meu rosto em seu peito e suspirei. — Eu te amo tanto, meu amor. Mas, não quero te meter nos meus problemas. Independente de qualquer coisa que já tenha acontecido, Lúcio sempre se manteve ao meu lado. Nós conhecemos em uma discoteca quando éramos jovens ainda, eu não era casada com pai de Maurício nem nada disso havia acontecido, hoje eu não me arrependo de ter casado com outro homem, pois Deus me abençoou com Maurício como filho, mas me sinto uma completa idiota quando percebo que perdi um homem tão maravilhoso quando esse. Eu amava Lúcio desde sempre, casei quando ele foi embora e eu me senti trouxa demais, mas depois que eu
ParkinsonO olhar sóbrio de Clarice sob mim sempre que me ver me deixa desconfortável, não sei o que houve entre Clarice e Rúbia, mas por motivos pessoais dela, Clarice não está vindo mais aqui. Ela tem a mesma personalidade de sLouise, me encanta saber que mesmo criadas separadas e sem saber da verdade, as duas são tão parecidas. — Vou sair, espero que não me arranje confusão quando eu voltar. Ou melhor, não saia até que eu volte, você sabe que se o dono pedir esta casa por sua causa, eu não sei pra onde vou, por isso vou te quebrar no cacete. — Pra quê tanta violência, Rúbia? Eu não vou sair daqui, tá legal? Mas, pergunta à sua filha se ela está sabendo de algo sobre a Louise. Preciso saber da nossa filha! — Sua filha, Parkinson. Esqueceu que eu não queria aquela criança e só não a abortei porque você pediu muito? Então eu não tenho porque mentir para você dizendo que eu tenho saudades do que não vivi, porque não tenho. — Rúbia tinha frieza em seus olhos, não entendo porque tant
ClariceEu nunca tinha viajado de avião antes e essa foi a primeira vez. Senti o frio percorrer meu corpo e por um segundo eu não surtiu, Roberto estava tranquilo demais, como se isso já fizesse parte de sua rotina. Ao chegar eu fui bem recebida por um cara chamado Jason, sua tia não estava em casa e por isso não foi possível vê-la. — Que horas ela vem? Acho no mínimo estranho ficar na casa de alguém que eu não conheço. Assim… — Assim como? Eu já te disse que você é da família agora, além do mais você vai ver o quanto a Emma é uma pessoa legal. — Você fala com tanta convicção que eu acredito e confio, mas e se ela não gostar de mim? — Insistia no assunto sobre esse meu achismo, eu não estava confiante de que a mãe dele iria gostar realmente de mim. Minha mãe sempre me disse que eu falava demais e isso era um ponto que as pessoas detestavam, eu não a julgava, mas mesmo nunca falando nada não concordava com o que ela dizia, eu me achava muito calada na verdade. — Você namora comigo
LouiseFoi impossível conter as lágrimas. Eu não faço ideia do porquê, mas eu sinto uma afinidade enorme pela Clarice, é como se a gente pensasse iguais e eu gostava disso. — Caramba… — Com a mão na boca eu fiquei sem ação e todo mundo me olhava. Emma sorria espontaneamente e Clarice continuava abraçada a mim. — Eu nem sei o que dizer. — Meu Deus, sua doida o que está fazendo aqui? Aceita convite de estranhos, mas nunca aceitou um convite meu para se divertir. — Ela continuava falante, realmente não mudou nadinha. — Minha vida mudou de repente, olha só. — Mostrei o anel de noivado a ela. — Acredita que eu vou casar? — Olhei para Maurício que estava parecendo um bobo, todo sem graça. — Você é mais louca do que eu pensei que fosse. Mas, estou feliz em ver que você está bem e feliz. — Nos abraçamos então, eu sentei e ela também. — Também estou muito feliz em ver você. Quase me mataram do coração, fiquem cientes disso. Então, quer dizer que vocês dois estão juntos? Como eu nunca de
Clarice O que era pra ser uma noite feliz, acabou sendo triste. Me senti triste por ver Louise entrar molhada e chorando, não faço ideia do motivo, mas me doeu vê-la daquele jeito. — Acho que não vim em uma boa hora. Deveria ter avisado a senhora antes… — Não tem nenhum problema com você meu bem, Louise está em um momento delicado e tenho certeza que você pode ajudá-la. Vocês se conhecem há muito tempo? — A jovem senhora Emma perguntava como se estivesse ocorrendo tudo bem.— Na teoria sim! Éramos vizinhas há uns seis anos, mas tive contato com ela depois que ela se recuperou das queimaduras e foi trabalhar na cafeteria, em seguida eu entrei e acabamos ficando próximas. Mas, de repente ela sumiu e tudo ficou uma loucura e agora a vejo aqui…— É… nesse meio tempo aconteceram muitas coisas. Mas, nada que não foi resolvido. Louise só precisa de tempo e de amigas, creio que você poderá ajudá-la. Ela precisa sair, conhecer novos lugares e eu não tenho muito tempo pra isso, será que pode