Virei-me. Vitor estava parado ali, seu olhar fixo em Guilherme, cheio de determinação e posse. Meu coração deu um salto, e por um momento, não soube como reagir.
Guilherme levantou as mãos, dando um passo para trás.
— Ela disse que estava sozinha.
— É, mas agora ela não está mais! — Vitor respondeu com irritação.
— Tudo bem, cara. Não queria causar problemas.
Vitor se aproximou, ignorando completamente Guilherme, e olhou para mim com uma intensidade que me deixou sem fôlego.
— Vamos embora, Luna.
Eu hesitei, ainda processando tudo o que estava acontecendo. A intensidade no olhar de Vitor misturava-se com uma raiva contida, e eu senti meu coração acelerar. Guilherme me olhou, buscando uma resposta, mas eu não conseguia pensar com clareza.
— Vitor, você não pode sim
Abracei minha bolsa contra o peito enquanto caminhava em direção ao escritório de Felipe. O prédio moderno tinha uma fachada imponente, com paredes de vidro refletindo a luz do sol. Eu me senti levemente nauseada, provavelmente devido ao nervosismo. Desde o beijo que Felipe me dera, as coisas tinham ficado bagunçadas entre nós. Foi por isso que pedi para vê-lo em seu escritório, talvez isso deixasse as coisas tão profissionais quanto nós precisávamos que fosse para que aquilo não se tornasse desconfortável.Ao entrar na recepção, a secretária de Felipe, uma mulher elegante de cabelos curtos e óculos discretos, me cumprimentou com um sorriso profissional.— Tenho uma reunião marcada com o Fel... Doutor Ferrarezi — disse, tentando soar confiante.Ela assentiu e me pediu para esperar um momento antes de me conduzir até a po
~VITOR~A notificação dos advogados de Luna ainda estava sobre a minha mesa do escritório, intocada, como uma lembrança silenciosa do passado que eu tentava esquecer. Desde que Clara havia se mudado definitivamente para o meu apartamento, minha vida girava em torno dela. O pedido de Luna para retomar contato com Clara era uma constante sombra sobre meus dias, mas decidi ignorá-lo. Eu não podia permitir que ela voltasse a me desestabilizar.O tempo passava lentamente, marcado pelas risadas e pelos momentos difíceis. Clara e eu começamos a criar uma rotina juntos. As manhãs eram preenchidas com corridas para não perder a hora da escola, seguida de um café da manhã rápido que sempre incluía uma xícara de café para mim e leite com chocolate para ela. Eu a levava até a escola, aproveitando cada minuto do trajeto para conversar e ouvir suas his
“Preciso te ver. É sobre a Clara”. A mensagem de Vitor ainda piscava na tela do meu celular.Meu primeiro impulso foi de raiva. Ele havia ignorado completamente a notificação extrajudicial que Felipe enviou, me impedindo de ver Clara. Mas se era sobre minha filha, eu não podia recusar. No melhor dos casos talvez ele até estivesse mudando de ideia sobre eu voltar a ter contato com ela. Respondi rapidamente, digitando o endereço de um café próximo ao meu prédio e sugerindo um horário para mais tarde.Passei o resto da tarde me preparando para o encontro, tentando acalmar meus nervos. Enquanto escolhia uma roupa, percebi que muitas das minhas peças estavam apertadas. "Droga, Luna, você está comendo demais por causa da ansiedade," murmurei para mim mesma, tentando puxar a blusa sobre os quadris sem sucesso. Acabei escolhendo um vestido mais solto, mas mesmo assim, sentia-m
Vitor soltou uma risada amarga, cheia de incredulidade, enquanto as pessoas ao nosso redor continuavam suas conversas sem perceber o drama que se desenrolava. Tentando demostrar uma falsa tranquilidade, tomei um gole da minha bebida, enquanto esperava por sua resposta.— Você só pode estar louca, Luna.— Não estou — respondi firmemente, tentando manter a calma. — Essa é a única garantia que posso ter de que ficarei segura ao lado da minha filha.Ele balançou a cabeça, ainda incrédulo, enquanto se inclinava para a frente, apoiando os cotovelos na mesa.— Como pode pensar que o casamento a deixaria em uma posição de segurança? — Perguntou ele, ainda descrente. — Especialmente depois de ter acompanhado de perto meu divórcio com Marina.Ele tinha razão. Vitor tinha sido implacável na briga judicial com Marina e, sin
Vesti-me com cuidado naquela manhã, sentindo a mistura de nervosismo e ansiedade crescer a cada minuto que passava. O vestido branco simples pendurado no armário não parecia ser uma escolha adequada, dada a seriedade do que estávamos prestes a fazer. Não era um casamento comum, cheio de amor e esperança, mas sim um acordo necessário para garantir minha presença na vida de Clara. Então, o ignorei e optei por um longo em tom de rosa queimado. Era adequado para um momento solene, mas eu não me parecia com uma noiva. O que era perfeitamente aceitável, já que eu não me sentia como uma noiva, tão pouco.Respirei fundo, tentando acalmar meus nervos enquanto passava a escova pelo meu cabelo, arrumando-o em um coque elegante. Cada movimento parecia mecânico, como se meu corpo estivesse no piloto automático. Julia entrou no quarto, trazendo um copo de suco de laranja.&
~VITOR~Saí do cartório e fui direto para o escritório, a mente fervilhando de pensamentos conflitantes. Assim que entrei no elevador, um vislumbre do passado me atingiu com força. Lembrei-me do dia em que conheci Luna, quando ela chamou minha atenção ao arrumar a franja no espelho do elevador. Um sorriso involuntário surgiu em meus lábios. A lembrança parecia de outra vida, uma vida onde tudo era mais simples.Quando as portas do elevador se abriram na recepção do escritório, outra memória se infiltrou na minha mente. Luna se colocando entre Clara e Marina, levando um tapa no lugar da minha filha. Foi naquele momento que comecei a me apaixonar por ela, embora não soubesse disso na época. Luna sempre foi ferozmente protetora com Clara, disposta a fazer qualquer coisa para defendê-la. Agora, ela estava simplesmente fazendo isso novamente.S
Eu tinha decidido não descer para passar o fim do dia com Clara e Vitor naquela noite. Sabia que, eventualmente, precisaria me inserir na rotina deles, mas queria dar a Vitor uma noite para se acostumar com a ideia e, talvez, preparar Clara para a nova dinâmica. Eu sabia que ele não estava nada feliz com que eu havia o obrigado a fazer, se casando comigo, mas as coisas iam ter que acabar entrando em uma rotina. Ele tinha vivido anos de um casamento de fachada com Marina, poderíamos fazer isso também. Por Clara.Depois de tomar um banho relaxante, senti uma necessidade de estar perto da minha filha. Saí do quarto e fui em direção ao dela, o coração batendo um pouco mais rápido do que o normal.Ao abrir a porta suavemente, vi Clara sentada no chão, cercada por suas bonecas. Ela estava tão imersa na brincadeira que, por um momento, fiquei apenas observando-a, admirando sua inocê
A manhã estava fria e nublada quando saímos de casa para o hospital. A ansiedade borbulhava em meu estômago, mas forcei um sorriso para Clara, que segurava minha mão enquanto caminhávamos em direção ao carro. Vitor estava ao nosso lado, sério e calado, o que só aumentava a tensão no ar.A viagem até o hospital foi silenciosa. Clara, normalmente tão falante, estava estranhamente quieta, apenas olhando pela janela. Vitor manteve os olhos na estrada, as mãos firmemente no volante. Eu tentei não deixar transparecer meu nervosismo, mas o enjoo matinal, que vinha me acompanhando nas últimas semanas, não ajudava.Chegamos ao hospital e fomos encaminhados para a área de exames. Clara segurou minha mão com força, seus olhos grandes e assustados.— Eu não gosto de hospital... — choramingou. — Por que tenho que vir sem