Alexander ainda é um homem difícil de ler. Por exemplo, achei que ele estivesse perfeitamente bem com meu sogro segurando Dominic. Mas, assim que chegamos à mansão, ele simplesmente decidiu que já era o suficiente. Nem me lançou um olhar antes de sair do carro e atravessar o pátio como se estivesse em uma missão de resgate. Normalmente, ele me deixaria uma ordem seca, como "Espere aqui", "Não saia do carro" ou qualquer outra de suas frases autoritárias. Mas, dessa vez? Nada. Ele simplesmente me esqueceu. Foi direto até o carro do pai, abriu a porta, pegou Dominic nos braços e, quando já estava virando as costas para ir embora, se lembrou de soltar um breve: — Obrigado. Ou seja, "Seu tempo acabou, estou levando meu filho de volta".O Sr. Jackson ficou com o rosto vermelho de indignação, e eu tive que morder a língua para não rir. No início, achei que ele tivesse sido dominado pelo ciúme paterno. Afinal, considerando seu histórico de ciúmes maritais, isso fazia todo sentido.
POV: Lily SperedoEu sempre soube que nunca deveria me casar com um homem que eu amasse mais do que ele me amasse. E essa certeza veio diretamente do casamento fracassado do meu irmão. Um verdadeiro trauma que me assombra até hoje.Qualquer pessoa que convivesse com os Speredo sabia o quanto Alexander era obcecado por Charlotte. Se ela estava no mesmo ambiente, os olhos dele grudavam nela como se ela fosse o único ponto de interesse na Terra. Se alguém visse meu irmão olhando para o nada, perdido em pensamentos, nem precisava seguir seu olhar. Com certeza, Charlotte estaria lá, de pé, alheia ao fato de que era o centro do universo dele.E se até desconhecidos percebiam isso, como diabos Charlotte ainda não tinha notado? Como ela conseguia agir como se Alexander fosse um pedaço de mobília sem importância na vida dela? Para mim, havia apenas uma explicação: ela simplesmente não dava a mínima para ele. E Alexander? Bem, ele estava desperdiçando sua vida com uma mulher que não o mereci
Ouvindo aquilo, meu coração se partiu pelo meu irmão. Como ele podia amar tanto essa mulher que não merecia nem metade desse esforço? Mesmo depois de tudo, mesmo depois de toda a raiva, ele ainda se preocupava com ela de forma patética.Eu queria sacudi-lo até ele acordar para a realidade. Mas, antes que pudesse começar meu discurso, meu celular vibrou no bolso.Era meu namorado. Ou melhor, o cara que eu aceitava chamar de namorado na época. Alexander claramente não queria minha presença ali, então dei meia-volta, saí do escritório e atendi a ligação assim que estava longe o suficiente.— Onde diabos você estava?! Faz uma hora que estou te ligando! — ele gritou.Olhei para a tela. Primeira ligação cinco minutos atrás. Ótimo. Eu tinha um namorado neurótico e exagerado.— Eu estava ocupada — respondi, sem paciência.— Eu não me importo! Quando eu ligo, você atende na hora!Revirei os olhos.— O que você quer?— Estou no resort GH com uns amigos. Eles querem te conhecer. Vem agora.Ah,
Dois dias depois, eu estava no hospital, fazendo algo que nunca pensei que faria: rezando por Charlotte. Minha mãe me puxou pelo braço e me levou até a UTI. Nós não tínhamos permissão para entrar, mas, usando toda a influência que os Speredo possuíam, conseguimos ficar do lado de fora da porta e espiar pela pequena janela de vidro.E foi ali que vi Alexander. Charlotte estava deitada na cama, frágil, cercada por máquinas e tubos, parecendo mais morta do que viva. Meu irmão estava ao lado dela, imóvel, apenas olhando para o rosto dela, como se, no momento em que desviasse o olhar, ela desaparecesse. Ele parecia… destruído.Nunca imaginei que um homem como Alexander pudesse se despedaçar assim. Seu rosto estava abatido, sua expressão, vazia. Ele não se movia, não piscava, nem tentava esconder as lágrimas silenciosas que deslizavam pelo rosto. Minha mãe segurou meu braço com força e sussurrou:— Não é permitido visitantes na UTI. Mas como os médicos disseram que ela provavelmente não
POV: LilyMas o que me irritava mais não era o oportunismo. Era o fato de que eu sabia que alguém tinha entregado minha localização para Alifa.Provavelmente a “amiga” com quem eu marquei o almoço. E, sinceramente, eu estava cansada. Peguei meu celular e, sem desviar os olhos do idiota na minha frente, fiz uma ligação rápida. — Vocês têm dois segundos para tirá-lo daqui.Assim que fiz a ligação, não demorou nem dois segundos para que meus seguranças entrassem em ação. Discretos até então, eles se moveram rapidamente, agarrando o infeliz pelas costas e forçando sua cabeça contra a mesa. A tranquilidade do restaurante foi destruída pelo som de cadeiras arrastando, talheres caindo e, claro, o grito indignado do idiota. — Me soltem! Vocês sabem quem eu sou?! Como ousam fazer isso comigo?! Revirei os olhos. Sempre a mesma ladainha. Cruzei as pernas e observei a cena, completamente entediada. Sinceramente, não me importava nem um pouco com quem ele era. Se fosse alguém realmente imp
POV: LilyRespirei fundo, tentando conter o incômodo crescente dentro de mim. Vovó nunca foi exatamente uma figura materna para mim. Na verdade, se fosse para listar todas as pessoas que me deram qualquer tipo de carinho na infância, o nome dela nem passaria pela minha cabeça. Diferente dos meus avós maternos, que faleceram quando eu ainda era criança, vovó estava viva e muito bem — apenas convenientemente distante. Até o dia em que decidiu se mudar para a nossa casa. E, claro, não foi por mim. Nem por Alexander. Foi por Charlotte. Não sou idiota. Sei reconhecer quando alguém faz distinções claras entre seus afetos. Ela nunca veio ao meu quarto, mesmo sendo no mesmo andar que o de Charlotte. Mas subia escadas todos os dias — algo que a fazia reclamar de dor nos joelhos sem parar — apenas para visitá-la. Na mesa de jantar, o assento ao lado dela sempre estava reservado para Charlotte. A cada refeição, ela se certificava de que Charlotte estivesse comendo o suficiente, e se ousa
Meu irmão, o homem que qualquer mulher desejaria, estava ali, despedaçado, tudo porque escolheu amar a única exceção. A única que nunca pareceu querer ele de verdade. — Vovó… pode ligar para Charlotte e ver como ela está? — Alexander pediu, a voz rouca, exausta. — Saí com pressa, não tive tempo de conferir… agora estou preocupado. Eu quase gritei. Ele estava nesse estado e ainda se preocupava com Charlotte?! Antes que eu pudesse xingar sua falta de amor-próprio, vovó se adiantou, os olhos afiados. — O que ela fez? O silêncio caiu pesado. Meu irmão não respondeu. Claro que não. Charlotte podia arrancar os olhos dele e ele ainda diria que foi um “acidente infeliz”. Esse era o nível de submissão emocional que ele tinha por aquela mulher. — Charlotte me ligou há uma hora. Queria saber se você chegou bem. — Vovó cruzou os braços, como se ainda não acreditasse naquilo. — Ela nunca me liga primeiro. Se fez isso, é porque aprontou alguma coisa. Alexander soltou um riso seco, ch
Eu não dormi. Nos primeiros dias, achei que fosse só ansiedade. Depois, virou insônia pura e simples. Eu revirava na cama, chutava os lençóis, olhava para o teto e amaldiçoava minha própria mente por me torturar. Mas nada adiantava. O pior de tudo? Eu sabia exatamente o motivo. Pedro. A ideia de que ele pudesse rejeitar essa proposta, de que pudesse olhar na cara do meu pai e dizer um simples “não”, fazia meu estômago revirar como se eu tivesse engolido um tijolo.E o pior era que meu pai não ajudava em nada. Na manhã do quarto dia sem dormir, eu desci para o café e o encontrei no escritório, revisando papéis com sua paciência infernal. Como se minha vida amorosa não estivesse por um fio. — Alguma novidade? — perguntei, tentando soar casual. Ele nem levantou a cabeça. — Sobre o quê? Eu quase taquei o bule de café nele. — Sobre Pedro, pai! Você já falou com ele ou está esperando que o destino resolva tudo sozinho? Ele largou os papéis e se recostou na cadeira, cruza