LUIZA Passaram-se algumas horas, e o Felipe permanecia trancado dentro daquele escritório. O Sr. Roberto havia ido embora já fazia algum tempo, e eu e a Claudinha estavamos preocupados. Foi aí que eu resolvi bater na porta, e tentar conversar com ele. Dei duas batidas na porta, e então falei:— Amor, deixa eu entrar? Eu queria conversar com você, mas se você não quiser, eu fico apenas em silêncio aí com você — falei com a cabeça encostada na porta, na esperança de que ele abrisse.Ele abriu a porta em silêncio, e eu entrei também em silêncio. Pude ver uma garrafa de whisky quase vazia, e um copo com um dedo de whisky dentro. Pude perceber também pelo semblante dele, que já havia bebido e chorado bastante.Ele se sentou na cadeira, encostando sua cabeça, e ficou olhando para o nada, e logo começou a falar:— Eu achei que havia superado todos os traumas que a falta da minha mãe me causaram, e achei que os anos de terapia haviam me feito mais forte, e que se um dia eu ficasse frente a
FELIPESe passaram alguns dias desde que meu pai conversou comigo sobre a minha mãe. Eu decidi que depois disso tudo, eu quero sim conversar com a minha mãe, e escutar o que ela tem para me dizer.E sobre o meu pai, ele errou, e ele tem plena consciência disso, porém antes tarde do que nunca, e ele está tentando se redimir. Sem falar que ainda por cima, tem tudo que ele fez por mim na vida. Então, eu não vou ficar mal com meu velho. A não ser que tenha mais coisa nessa história, e isso quem vai poder me falar é a minha mãe.A Luiza me deu muita força, e ficou do meu lado, nesses dias que eu estava confuso e assimilando tudo.No dia seguinte seria véspera de natal, e a vinda da minha mãe para o Brasil está marcada para três de Janeiro. Estou bem ansioso, afinal de contas são quase duas décadas da minha vida sem vê-la.Acordei, e está chovendo muito aqui em São Paulo. A Luiza ainda está dormindo, e eu resolvi levar uma bandeja de café da manhã na cama para ela.Coloquei alguns torradas,
FELIPEQuando os policiais invadiram, e renderam o Gustavo, nós entramos e o Davi havia levado um tiro. Por sorte foi um tiro de raspão no braço.A Mariana estava ajoelhada no chão chorando próximo ao Davi.A Célia correu para abraçar a filha junto com o Luiz, e ficaram lá abraçados com ela abaixados próximo ao meu primo.Fiquei mais tranquilo quando o policial falou que o tiro no braço do Davi havia sido de raspão, mas mesmo assim nós levamos ele para o hospital mais próximo.Eu, o Davi, a luiza, a Mariana e a Célia fomos para o hospital.Depois que o médico já tinha olhado o ferimento no braço do Davi, e o enfermeiro já estava fazendo o curativo, um policial chegou querendo tirar os depoimentos da Mariana e do Davi, e começou pelo depoimento da Mariana.FLASH BACK DA AGRESSÃO DO GUSTAVO CONTRA A MARIANA.— Eu fiquei sabendo que você está com um ricaço, isso é verdade? — diz o Gustavo para a Mariana. — Te viram em Porto Alegre com o otário — fala e nesse momento puxa ela pelo braço.
LUIZAA Célia e o Luiz acabaram percebendo que como um direito trabalhista da Mari, eles não tinham o porque se opor da empresa ajudar a custear a faculdade dela. E por sorte no final todos se entenderam, e viram que tínhamos em comum, que queríamos o bem estar da Mariana.Depois de muito insistência, a Mariana conseguiu fazer com que seus pais fossem para São Paulo, para que passassemos todos o Natal juntos.Eu fiquei muito feliz, pois as comemorações do Natal que seriam apenas eu, o Felipe e o Sr. Roberto, já que a Claudinha iria para a casa da irmã. Agora seriam também com a Mari, o Davi, o Luiz e a Célia. Já o Rafa e a Manu ficaram de ir depois da ceia na casa da família do Rafa, já que a família da Manu não mora no Brasil.Depois de todas as malas prontas, o Felipe foi dirigindo o carro, levando eu, a Célia e o Luiz. Enquanto que a Mari e o Davi foram em um táxi atrás, já que por conta do tiro seria melhor o Davi não dirigir.Em algumas horas já estávamos em São Paulo. A Mari, o
FELIPEEu estava ali frente a frente com a minha mãe, que eu não via há quase duas décadas, e eu não consigo distinguir o que eu estava sentindo naquele momento. Minha cabeça estava girando, e eu não sabia se tinha sido uma boa ideia esse encontro.Eu sai um pouco da sala, e fui para o quarto, fiquei um tempo lá andando de um lado para o outro, tentando controlar meu nervosismo para voltar naquela sala, quando a Luiza entrou:Ela não falou nada, só pegou na minha mão, me sentou na ponta da cama e me abraçou, deixando que a minha cabeça encostasse em seu peito. Ficamos ali por alguns minutos, e só então eu falei:— Eu tinha algumas lembranças dela, já vi fotos dela, mas aquela mulher que está ali fora parece uma estranha para mim — falei enquanto ela se sentava do meu lado na cama.— Meu amor, a relação entre vocês não vai fluir de imediato — disse ela. — Ela vai ter que ser construída. Na verdade ela vai precisar ser reconstruída, e isso levará tempo. Tu já deu o primeiro passo que fo
FELIPENós terminamos o jantar e fomos para a sala. A minha mãe ainda tinha muita coisa para contar, e eu ainda muita coisa para entender.— Foram oito anos até o Adam conseguir um bom emprego novamente — disse ela. — Até então, ele fazia trabalhos menos remunerados, e eu permanecia trabalhando como babá. Depois de oito anos, o Adam conseguiu um emprego até melhor do que o que ele tinha na época que nós nos conhecemos. A essa altura eu já tinha o seu irmão. O tempo foi passando, você já era um adolescente, e aí eu fui percebendo que os danos que eu tinha causado em você, já seriam muito difíceis de reverter. Depois de nove anos que eu fui embora, eu voltei ao Brasil, você estava com 16 anos, e eu fui na frente da sua escola e fiquei te observando. Nos anos seguintes, eu ia na frente da sua faculdade, e na frente da empresa do seu pai. Depois que eu vim ao Brasil novamente a primeira vez, já não tinha mais os seguranças, já não tinha mais o seu pai tentando me impedir, eu só não conseg
LUIZANo dia seguinte, formos ao restaurante nos encontrar com a Elaine, o Adam e os irmãos do Felipe.Chegamos lá, e eles já estavam. Quando a Sophia nos viu, correu em nossa direção.Ela veio com um pinguim de pelúcia, e entregou ao Felipe falando:— Esse é um presente para você, eu não quero que se esqueça de mim — falou o abraçando.— Impossível esquecer de você garotinha — falou retribuindo o abraço, e pegando ela no colo.Em seguida foi a minha vez de ganhar um abraço, e uma cartinha.Quando abri tinha um desenho, e nesse desenho estávamos nós duas vestidas de princesa, e o Felipe de príncipe, e ela ainda colocou nossos nomes no desenho.A abracei emocionada, a Sophia é uma criança encanadora, e nitidamente o Felipe se apegou a irmã.Nós cumprimentamos todos na mesa, e nos sentamos, e então a Elaine nos contou:— Ela já acordou pela manhã decidida a dar o pinguim para o Felipe, e a carta para você — falou sorrindo.— Ela é muito fofa, e o Felipe falou bastante dela hoje — falei s
LUIZANa véspera da viagem da Elaine, do Adam, e dos irmãos do Felipe de volta aos Estados Unidos, fizemos um almoço de despedida, e estavam todos presentes. O Felipe estava com um sorriso de orelha a orelha o tempo inteiro, e a Claudinha chegou a se emocionar vendo todos reunidos. O Sr. Roberto e o Adam conversaram bastante. O Davi, a Mari, o Sr. Alfredo e a Márcia, pais do Davi, também vieram. Inclusive o Sr. Alfredo e Sr. Roberto são irmãos. A Márcia e a Elaine mantinham contato, e era a Márcia que sempre dava notícias do Felipe para Elaine, pelo que entendi.Foi um dia maravilhoso, de muitos risos, choros de felicidade e emoção, e meu amor estava muito feliz.No dia seguinte, eu e o Felipe fomos nos despedir da Elaine, do Adam, do Thomaz e da Sophia. E por falar em Sophia, era de cortar o coração o quanto ela chorou abraçada ao Felipe. Todos se emocionaram, e não tinha quem não chorasse por causa dela.Depois que eles embarcaram, nós voltamos para casa. O Felipe ficou quieto o dia