O CEO ENTRE O PRECONCEITO E O AMOR
O CEO ENTRE O PRECONCEITO E O AMOR
Por: Anny Shwan
PRÓLOGO

Prólogo

ISABEL SILVA

—Mamãe, Mamãe, socorro!

— Fique calma Maju foi só um pesadelo, não precisar chorar meu anjo a mamãe sempre vai estar com você.

—Agora vamos levantar que preciso que você fique com a tia Nana para que a mamãe possa trabalhar.

—Quero ficar com a senhora, não me deixar lá por favorzinho , o Bielzinho sempre diz que não posso pegar nos brinquedos dele porque minhas mãozinhas são escuras, porque mamãe sou diferente dele, estou dodói?

— Você esta ótima Maju , sei que ainda não entendi , mas a mamãe vai te falar uma coisa , Deus nos fez assim porque nem tudo no mundo é igual, assim como tem o dia , também existir a noite , as cores fazem desse mundo algo mais divertido.

—Sim mamãe o Bielzinho é tão branco que parece um papel, gosto de ser assim .

Assim que terminei de dar o café da minha princesa seguimos para casa de Nana , cobrando um valor simbólico, ela vem a dois anos cuidando da Majú enquanto vou trabalhar, tive que mudar para o Rio de Janeiro, após ser renegada pela minha família quando a cinco anos atrás fui vítima de um estupro, que resultou na gravidez da melhor coisa que tenho na vida . Fecho as portas das minhas lembranças, ao chegar em frente a casa da Nana, a chamei por um bom tempo até a dona Maria sua vizinha me informar que a mesma tinha passado muito mal a noite e teve que ser hospitalizada. 

Olho para minha princesa que mantém seus olhos fixos em mim, não posso deixar de ir ao trabalho dentro de dois dias será o aniversário de onze anos do primogênito dos Albuquerque e tenho muita coisa para fazer.

— Filha a tia Nana não vai poder cuidar de você hoje, então a mamãe vai te levar para o trabalho dela, mas você vai prometer que será uma boa menina e vai ficar quietinha.

— A Majú promete de dedinho mamãe que vou ficar paradinha.

Depois de quase uma hora chegamos na mansão , deixei minha princesa sentada no cantinho e dei alguns biscoitos para ela se distrair, assim poderia começar a organizar tudo. Mesmo atarefada sempre levanto o olhar para vê como a Majú estava. Saio dos meus devaneios quando uma voz conhecida me chamar, me deixando desnorteada, ele sabe que não é permitido que venha até a cozinha.

Ao me vira olho para Andrey com os olhos fixos em Majú, ela parece assustada , mas não desviar o olhar dele é como se de alguma forma já se conhecesse. Para minha surpresa em passos lentos ele caminhar até ela e estende sua mãozinha.

— Oi! me chamo Andrey Albuquerque.

— Me... Meu nome é Majú.

Nunca tinha visto ela gaguejar, ao contrário das outras crianças da sua idade , ela falar um português perfeito, desde um ano quando começou a dizer que era perita em falar e nunca mais parou .

Para meu desespero ele se sentou no chão ao lado dela , pedir que se levantasse , mas ele sempre foi um menino teimoso e faz sempre o que bem entendi. Fiquei petrificada ao ouvir a única pessoa que não esperava o chamando, tentei me mover mais minhas pernas não me obedeciam e quando levantei o olhar ela estava paralisada, olhando com fúria a imagem a sua frente, imediatamente sua voz ecoou no ambiente.

—Levante-se agora Andrey —falou em um tom grosseiro.

Olhei para às duas crianças a minha frente que estavam assustadas pela forma que ela falou, o menino permaneceu no mesmo lugar, mas logo foi puxado pelos braços.

— Nunca mais quero te ver perto dessa menina, você é um Albuquerque e não deve se misturar com pessoas inferiores a nós , agora vamos.

Sentir um nó se formando em minha garganta , olhei para minha filha que tinha o rosto coberto pelas lagrimas, pensei em ir atrás e avança em cima dessa água de arroz , mas o choque da realidade caiu sob mim, não posso deixar minha princesa passar necessidade .

Fui até ela e sentei ao seu lado, enxuguei suas lágrimas e peguei em seu rostinho e comecei a falar.

—Dedicarei a minha vida a trabalhar, nunca mais você passará por isso novamente. Você terá tudo que não me foi permitido ter e algum dia mostrará para todos que não importa as diferenças todos somos iguais. 

Anos depois...

Mansão Albuquerque...

ISABEL

DOR! Durante esses últimos dias por mais que eu venha tentando agir normalmente, como se nada estivesse acontecendo está cada vez mais difícil aguentar esse desconforto que traz consigo uma dor insuportável . Tenho vivido na última semana os piores dias da minha vida, tendo que suportar tudo em silêncio para que ninguém sabia que eu não estou bem, agora mais do que nunca preciso desse emprego pois tenho fé e esperança que a minha princesa terá o seu grande sonho realizado e por ela eu preciso ser forte. Deixo meus pensamentos de lado e após pegar o pequeno balde com alguns utensílios de limpeza caminho em direção a sala, a cada passo que eu dava a dor se tornava mais intensa e as minhas pernas estavam quase sem vinda. Assim que adentrei o ambiente senti minhas pernas fraquejar me levando a cai no chão eu tentei gritar por socorro , mas uma dor muito mais forte do que eu já havia sentido antes atravessou a minha espinha ao mesmo tempo que sentir uma pontada em minha cabeça e tudo que me lembro foi da dona Helena surgindo em minha frente e em seguida uma escuridão sem fim se apoderou de todo o meu ser.

MAJU

FELICIDADE ! GRATIDÃO! Essas palavras descrevem tudo que estou sentimento nesse momento. Nunca pensei que entre tantos participantes, e após ter ouvindo várias pessoas sussurrando que alguém como eu nunca teria a chance de ser aprovada entre tantos candidatos que estudaram em escolas de alto nível , ao contrário de mim que sempre estudei em escolas públicas. Hoje vejo que tudo depende da nossa capacidade, do esforço , dedicação e nunca desistir dos nossos objetivos. Com os olhos fixos no papel a minha frente um misto de sensações pairou sobre mim, ao mover minha cabeça vejo que todos os olhares estão voltados em um único alvo "EU". Algumas patricinhas as mesma que ouvir sussurrando alguns meses atrás que eu jamais seria aprovada , agora tudo que vejo em seus olhos e ódio, raiva e inveja pelo fato de uma negra , filha de uma empregada doméstica ter seu nome estampado como o primeira da lista do curso de direito de uma das faculdades mais renomadas e privada do Rio de Janeiro. 

Entrar na Escola de Direito do Rio de Janeiro (FGV-Rio), sempre foi o meu maior sonho e jamais teria chegado até aqui se não fosse por Deus e pela minha mãe que sempre fez de tudo para que eu concluísse os meus estudos . Com um giro rápido nos calcanhares e com vários pares de olhos me avaliando de cima a baixo, em passos largos caminhei pelo enorme corredor que dava acesso a saída do lugar. Assim que passei pela grande porta sentir um vento frio bater em meu rosto, a vontade que eu tinha era de saí gritando a todo vapor que eu tinha conseguido, a minha felicidade era tanta que meus batimentos estavam no ritmo alucinante, uma sensação tão boa atravessou todo o meu corpo e a única coisa que se passava em minha mente era chegar logo em casa e dizer para minha mãe que eu tinha sido aprovada.

Horas depois....

Depois de passar quase duas horas em pé imprensado dentro de uma lata de sardinhas ambulante com várias de pessoas, enfim cheguei ao meu destino, eu estava tão eufórica que nem me importei com o incomodo em minhas pernas . Assim que o veículo parou próximo a minha casa , em passos precisos comecei a caminhar na direção da minha casa mais de repente toda sensação boa de segundos atrás que se apoderou de mim se esvaiu e assim que dona Maria a nossa vizinha gritou o meu nome sentir um calafrio atravessa a minha espinha deixando todo o meu corpo em total alerta. 

- Até que fim você chegou menina - Pela sua expressão eu sabia que algo tinha acontecido.

- Aconteceu alguma coisa vizinha?

- O motorista do trabalho da sua mãe veio avisar que a deixaram no Hospital municipal Lourenço Jorge.

Ela continuou falando mais tudo que ficou em minha mente foram suas palavras que a minha mãe estava no hospital. MEDO! DESESPERO! Um misto de sensações ruins se fizeram presentes. Agradeci pela informação e correndo feito uma louca fui em direção a parada de ônibus , não demorou muito eu já estava no veículo. Embora tenha se passado somente alguns minutos mais a sensação que eu tinha era horas e horas se passaram e o ônibus nunca chegava onde eu queria . Quando cheguei em frente ao hospital aumentei o ritmo das passadas e adentrei o ambiente, ao chegar na recepção que estava completamente lotada, tive que passa um bom tempo aguardando até que chegou a minha vez.

Assim que deram autorização fui em direção ao quarto onde minha mãe estava , ao entrar no ambiente o médico estava ao seu lado. Em segundos a pequena distância que me separava de estar ao seu lado foi quebrada, ela ao perceber minha presença tratou de colocar um sorriso em seu rosto, mas no fundo eu sabia que ela não estava bem. Sua voz mesmo fraca logo se fez presente.

- Doutor eu já posso ir embora? Deixei muita coisa para ser concluída no meu serviço.

- Dona Isabel eu sinto muito, mas depois dos exames que foram feitos e pelo seu quadro clínico enquanto a senhora estiver em tratamento não poderá trabalhar. Como eu já suspeitava a senhora tem Hérnia de disco cervical e qualquer esforço só vai afetar ainda mais a sua medula espinhal e caso insista em não fazer o tratamento tem grandes chances de nunca mais consegui andar, assim como pode vim a óbito.

Eu estava petrificada, desnorteada, pois o meu mundo tinha acabado de desabar diante dos meus próprios olhos. Olhei para minha mãe que tinha o rosto banhado pelas lágrimas grossas que caiam em sua face e antes que eu tivesse qualquer outro pensamento sua voz entrecortada pelo choro ecoou no ambiente.

- Eu não posso ficar sem trabalhar , nos temos que pagar a prestação da casa em dia ou o banco colocará a leilão. Eu tenho certeza que a minha filha foi aprovada para fazer o curso que sempre sonhou e eu não deixarei que nada falte a minha Maju - Assim que ela terminou de fala tentou se levantar e um grito estrangulador saiu entre seus lábios a fazendo cai novamente em cima da cama.

Ouvir as palavras da minha mãe e vê o estado em que ela se encontrava, só me fez perceber o quanto ela vem se sacrificando todos esses anos para não deixar que nada me faltasse , meus sonhos não são nada perto da saúde da pessoa por quem eu daria a minha vida. A única que me restava a fazer para apaziguar o sofrimento pelo qual ela estava passeando, era cuidar dela como vem feito todo esse tempo por comigo . Segurei em suas mãos e minha voz ecoou no espaço.

- Eu cuidarei da senhora como sempre fez comigo, nada e ninguém vai tirar a nossa casa. Amanhã mesmo eu irei saí a procura de um emprego e não importe o quanto eu tenha que trabalhar não deixarei que tudo que você fez durante todo esse tempo seja em vão. Eu te amo mãe e por você eu farei até o impossível.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >
capítulo anteriorpróximo capítulo

Capítulos relacionados

Último capítulo