Assim que os homens terminaram de ouvir as ordens de Ravi, saíram do escritório, ele porém percebeu que Malú ficou calada e nervosa novamente. Ele se aproximou dela com cuidado e perguntou: — O que foi, princesa? Está nervosa por causa dos homens? Desculpe, esqueci que não se sente bem na presença de estranhos e acabei colocando você em... — Não, Ravi! — ela interrompeu, sua voz firme, mas ainda carregada de ansiedade. — Não estou nervosa por causa disso. Estou nervosa por saber que você teve que contratar tantos homens por minha causa. Porque eu resolvi ficar... estou me sentindo culpada por tirar a sua paz e... — Ouça, Malú! — Ravi cortou, sua voz suave, mas determinada. — Você não é a culpada de nada do que vem acontecendo com você ultimamente. O único culpado é aquele homem. E, como já disse, você só tiraria minha paz se realmente não tivesse aceitado ficar. Quanto aos homens, eu os contrataria mesmo se você não ficasse. Afinal, você mesma me disse que Viktor é vingativo. Então,
O que Viktor não esperava, porém, era que Malú, por sua mãe, estava disposta a não se entregar. Ela lutaria pela sua liberdade. Não sabia como, mas daria um jeito de sair daquele lugar. Usaria o que tinha de melhor para isso: sua inteligência. Mas, para isso, teria que manter o autocontrole. Decidida a pensar em como fugir dali, ela se enrolou nos lençóis e já estava se levantando da cama para entrar no banheiro, quando Viktor, deliciado com sua beleza, retrocedeu na entrada do quarto e a puxou pelo braço, encostando seu corpo ao dela. Uma nova onda de repulsa tomou conta de Malú. Ele então sussurrou em seu ouvido, com a voz totalmente carregada de malícia: — Espero, pequena, que entenda que o que fez comigo foi um trato. E, como você deve saber, quando se faz um trato com o diabo, deve-se cumpri-lo... ou pagar o preço depois. Seus olhos brilhavam com maldade e luxúria, assustando e enojando Malú. Mas, apesar de todo o asco que sentia naquele momento, ela decidiu que, por sua mãe
Ravi e Malú, naquele momento, estavam totalmente alheios ao mundo exterior, envolvidos na doçura daquele beijo e na suave melodia dos batimentos de seus corações. Para Ravi o mundo parecia ter parado, e tudo o que existia era o calor dos lábios dela, a maciez de sua pele e a intensidade daquela conexão que os unia. Mas, de repente, o celular de Ravi começou a tocar no bolso de seu paletó. Ele deu um gemido frustrado ao sentir que Malú travou, seus olhos se arregalando de medo. Ela se desvencilhou de seus braços e correu, deixando Ravi com os braços estendidos, tentando segurá-la. — Calma, Malú! — ele chamou, sua voz suave, mas cheia de preocupação. — Não vou te fazer mal, juro que jamais te machucaria, linda! Mas ela foi mais rápida, escapando de seus braços e correndo para o quarto. Ravi ficou parado, olhando para a porta fechada, enquanto murmurava para si mesmo: — Deus, como são doces esses lábios... — Ele tocou os próprios lábios, ainda sentindo o gosto dela. Porém, o cel
Enquanto isso... Ao sair correndo do quarto de Ravi, Malú entrou no seu próprio quarto e fechou a porta com cuidado, encostando as costas nela. Ela colocou a mão no peito, tentando controlar os batimentos acelerados do coração. Estava assustada, mas não apenas assustada — estava apavorada. Não por medo de Ravi, mas diante dos seus próprios sentimentos. Algo dentro dela havia despertado, algo que ela não conseguia mais ignorar. Ao beijar Ravi, Malú sentiu, pela primeira vez, o que era ser mulher. O que era sentir prazer no beijo de um homem. Ravi foi doce e sensual ao mesmo tempo, intenso de uma forma que a fez desejar continuar e ver até onde aquilo poderia levar. Ela sorriu, sentindo as pernas um pouco bambas, e pensou: — O que é isso que estou sentindo por ele, meu Deus? Sei que não devo sentir, mas é impossível fugir desse sentimento! Caminhou até a cama de forma automática e sentou-se, mas sua mente pedia que abrisse a porta e voltasse para os braços de Ravi. Seus lábios de
Malú, ainda brincando com os cabelos de May, continuou a relembrar. Para Dmitry, conquistar o carinho e a confiança de sua mãe não foi fácil. Ela sorriu ao lembrar: Sofía ficou muito agradecida a Dmitry, mas não entendeu como ele conseguiu convencer Pavlova. O que mais a surpreendeu, porém, foi o quarto que ganhou para ficar com a filha. — Mamãe, esse quarto é lindo! Parece de princesa! — Malú disse, encantada. — Deve ser porque você realmente é uma princesa! — Dmitry respondeu, sorrindo, enquanto brincava com uma maçã na mão, na porta do quarto delas. Sofía riu e brincou com ele: — Dmitry, você não trabalha, não, seu folgado? Ela tomou a maçã da mão dele, deu uma mordida e sorriu de forma provocativa. Dmitry também sorriu, e, apesar de ela ficar corada toda vez que ele a encarava com intensidade, ela ainda era muito brincalhona com ele. Porém, se soubesse quem ele realmente era, jamais brincaria assim. Apesar de não querer levar aquele mal-entendido muito longe, naquele
No outro dia... Ao acordar, Malú levantou-se lentamente, ainda envolta naquele estado de sonho e realidade que precede a plena consciência. Seus olhos pousaram na janela, onde os primeiros raios de sol filtravam suavemente pelas cortinas, criando um jogo de luzes e sombras no quarto. Ela esticou os braços, sentindo o peso do sono ainda em seu corpo, mas logo sua mente foi invadida pelas lembranças da noite anterior. O beijo. Aquele beijo que havia sido tão intenso, tão cheio de significado, que agora parecia ter gravado em sua memória uma marca indelével. Ela sorriu, involuntariamente, e levou os dedos aos lábios, como se pudesse reviver aquele momento mágico. A sensação de seus lábios tocando os de Ravi, a maneira como ele a segurou com tanta delicadeza, como se ela fosse algo precioso... Tudo isso a fazia sentir-se leve, como se estivesse flutuando. Mas, ao mesmo tempo, uma pontada de dúvida surgia em seu coração. Será que ele sentia o mesmo? Ou aquele beijo havia sido apenas um
Quando Malú percebeu os olhares na sua direção, principalmente os masculinos, ficou temporariamente nervosa. Porém, lembrou-se do que havia falado algumas horas atrás para Ravi: — Não se preocupe, Ravi. Nunca mais voltarei a ter medo de você. Agora tenho toda a certeza de que não é uma má pessoa. Confio totalmente em você. E, de fato, ela confiava nele. Também confiava nos seus amigos, afinal, tinha certeza de que ele jamais faria amizades com pessoas de mau caráter. Então, erguendo a cabeça, sorriu para todos ali. Assim como ela chamava a atenção dos olhares masculinos, May atraía os olhares das jovens mulheres que estavam por perto, que sorriam derretidas e comentavam: — Que bebê linda! Malú percebeu que May também estava só sorrisos naquele momento. Embora soubesse que a maioria dos amigos de Ravi estavam se questionando sobre quem ela era — se apenas mais uma amiga ou alguma parente —, ninguém a questionou diretamente. Ela então avistou Ravi, conversando com seus amigos,
Porém, quando Ravi se aproximou de seus amigos novamente, entendeu o motivo pelo qual Malú sorria para Alexandre. Ele estava elogiando May, e ela agradecia com sorrisos. No entanto, Ravi percebeu que os sorrisos de Malú já não estavam tão radiantes quanto antes. Quando ele se aproximou dela, seu sorriso desapareceu completamente, sendo substituído por uma expressão de desapontamento. Ravi seguiu o olhar dela e percebeu que ela estava olhando na direção do barzinho, onde ele havia deixado Lívia e Ruana. — Malú, será que podemos falar um pouco? — perguntou Ravi, tentando manter a calma. Ela levantou os olhos para Alexandre, que lhe piscou de forma provocante. Esse gesto não passou despercebido por Ravi. Malú então o seguiu até uma parte mais discreta da área da piscina, longe de olhares indiscretos. Ali, ele pegou seu braço e perguntou, com uma mistura de preocupação e ciúmes: — Foi assim tão fácil se tornar amiga íntima de Alexandre? A ponto de já confiar totalmente nele? Malú