Malú, com o rosto marcado pelo pavor, soltou as mãos de Ravi e começou a negar freneticamente com a cabeça. Ela não conseguia mais mantê-lo no olhar. As lágrimas jorravam enquanto ela se encolhia, abraçando o próprio corpo, e entre soluços, confessou: — Não... o pai de May não... ele... ele... Ravi, com o coração apertado, perguntou: — Você o amava? Ela confirmou, com a voz trêmula: — Sim... Ele ficou ainda mais indignado, sua voz carregada de raiva contida: — E por isso ele se aproveitou de você... — Não! — ela interrompeu, quase gritando. — Não foi isso... Eu amo o pai da May porque... porque ele também é o meu pai. May não é minha filha... ela é minha irmã! Ravi ficou estático, totalmente surpreso. Ele respirou fundo, tentando processar aquela revelação. Ele não conseguia entender por que Malú escondia tantas coisas, mas sabia que havia algo muito terrível por trás de tantos segredos, por isso encarando-a perguntou: — E onde estão os pais de vocês, duas? Malú
Ravi ouvia atentamente tudo o que Malú contava, mas em nenhum momento demonstrou medo de Viktor. Pelo contrário, sua expressão era de pura raiva. Enquanto andava de um lado para outro, ele perguntou: — Você disse que aquele maldito te sequestrou. Para onde ele te levou? — Viktor me levou para uma *skerry chamada *Fantaziya. — Malú respondeu, sua voz trêmula. — Só consegui sair de lá com a ajuda da minha mãe e de Olga, nossa governanta e minha ex-babá. No dia em que elas me tiraram daquela ilha maldita, Irina nos contou tudo o que sabia sobre Viktor. — E como ela sabia de tudo isso, e vocês não? — Viktor morou por muitos anos na França, onde o irmão de Olga, Máxime, um investigador policial, vivia. Foi por meio dele que ela descobriu o que Viktor realmente era. Olga me disse que, desde o primeiro momento em que o viu me olhar com aquele olhar de predador, ela sabia que eu corria perigo. Por isso, ela me protegeu o quanto pôde. — E como conseguiram descobrir onde você estava? A Rúss
Ravi a encarou, seus olhos cheios de uma mistura de preocupação e determinação. Ele pegou suas mãos com delicadeza, fazendo-a sentar-se ao seu lado. Sua voz era suave, mas firme: — Você realmente acha que sou tão covarde assim, linda? — Não, Ravi, não é isso… — ela começou, mas ele a interrompeu gentilmente. — Não? Porque foi exatamente isso que você deu a entender quando disse que sairia da minha proteção por medo de que Viktor pudesse me fazer algum mal. — Eu sei que você não é covarde, mas entenda, Ravi... Viktor não tem limites. Ele é... — Já sei, Malú. — Ravi cortou, sua voz carregada de uma seriedade que a fez calar. — Viktor é um mafioso perigoso, e não há limites para as maldades que ele é capaz de cometer. Mas você realmente acha que eu deixaria você ir embora assim? Sabendo de tudo o que ele pode fazer contra você e sua irmãzinha? Simplesmente por medo do que ele pode fazer comigo? Não, Malú. Jamais deixaria você ir.** — Não cabe a você essa decisão! — Malú respon
Malú foi para a sala de jantar esperar por Ravi, mas dessa vez, decidiu convidar todas as outras mulheres da casa para sentarem à mesa com ela. Era uma forma de se sentir mais à vontade e de integrá-las àquele momento. — Mas, senhorita Malú, não podemos! — Gabriela protestou, hesitante. — Se todas nós sentarmos à mesa, quem vai servir? — Nós mesmas nos serviremos. — Malú respondeu, com um sorriso caloroso. — Acredito que não vai cair nenhum dedo por causa disso, não é? E, por favor, não me chame de senhorita Malú. É só Malú, ok? Gabriela riu, mas ainda parecia insegura. — Mas o que o senhor Ravi vai dizer se nos vir todas sentadas à mesa? — Ele vai dizer que adora a companhia de vocês. — Malú respondeu, com um brilho nos olhos. Nesse momento, Ravi entrou na sala e, ao ver todas as mulheres sentadas à mesa, arqueou uma sobrancelha. Ele olhou para Gabriela, que estava claramente nervosa, e disse com um sorriso: — Gatinha, se eu disser que gosto da companhia de vocês, vai se
Assim que os homens terminaram de ouvir as ordens de Ravi, saíram do escritório, ele porém percebeu que Malú ficou calada e nervosa novamente. Ele se aproximou dela com cuidado e perguntou: — O que foi, princesa? Está nervosa por causa dos homens? Desculpe, esqueci que não se sente bem na presença de estranhos e acabei colocando você em... — Não, Ravi! — ela interrompeu, sua voz firme, mas ainda carregada de ansiedade. — Não estou nervosa por causa disso. Estou nervosa por saber que você teve que contratar tantos homens por minha causa. Porque eu resolvi ficar... estou me sentindo culpada por tirar a sua paz e... — Ouça, Malú! — Ravi cortou, sua voz suave, mas determinada. — Você não é a culpada de nada do que vem acontecendo com você ultimamente. O único culpado é aquele homem. E, como já disse, você só tiraria minha paz se realmente não tivesse aceitado ficar. Quanto aos homens, eu os contrataria mesmo se você não ficasse. Afinal, você mesma me disse que Viktor é vingativo. Então,
O que Viktor não esperava, porém, era que Malú, por sua mãe, estava disposta a não se entregar. Ela lutaria pela sua liberdade. Não sabia como, mas daria um jeito de sair daquele lugar. Usaria o que tinha de melhor para isso: sua inteligência. Mas, para isso, teria que manter o autocontrole. Decidida a pensar em como fugir dali, ela se enrolou nos lençóis e já estava se levantando da cama para entrar no banheiro, quando Viktor, deliciado com sua beleza, retrocedeu na entrada do quarto e a puxou pelo braço, encostando seu corpo ao dela. Uma nova onda de repulsa tomou conta de Malú. Ele então sussurrou em seu ouvido, com a voz totalmente carregada de malícia: — Espero, pequena, que entenda que o que fez comigo foi um trato. E, como você deve saber, quando se faz um trato com o diabo, deve-se cumpri-lo... ou pagar o preço depois. Seus olhos brilhavam com maldade e luxúria, assustando e enojando Malú. Mas, apesar de todo o asco que sentia naquele momento, ela decidiu que, por sua mãe
Ravi e Malú, naquele momento, estavam totalmente alheios ao mundo exterior, envolvidos na doçura daquele beijo e na suave melodia dos batimentos de seus corações. Para Ravi o mundo parecia ter parado, e tudo o que existia era o calor dos lábios dela, a maciez de sua pele e a intensidade daquela conexão que os unia. Mas, de repente, o celular de Ravi começou a tocar no bolso de seu paletó. Ele deu um gemido frustrado ao sentir que Malú travou, seus olhos se arregalando de medo. Ela se desvencilhou de seus braços e correu, deixando Ravi com os braços estendidos, tentando segurá-la. — Calma, Malú! — ele chamou, sua voz suave, mas cheia de preocupação. — Não vou te fazer mal, juro que jamais te machucaria, linda! Mas ela foi mais rápida, escapando de seus braços e correndo para o quarto. Ravi ficou parado, olhando para a porta fechada, enquanto murmurava para si mesmo: — Deus, como são doces esses lábios... — Ele tocou os próprios lábios, ainda sentindo o gosto dela. Porém, o cel
Enquanto isso... Ao sair correndo do quarto de Ravi, Malú entrou no seu próprio quarto e fechou a porta com cuidado, encostando as costas nela. Ela colocou a mão no peito, tentando controlar os batimentos acelerados do coração. Estava assustada, mas não apenas assustada — estava apavorada. Não por medo de Ravi, mas diante dos seus próprios sentimentos. Algo dentro dela havia despertado, algo que ela não conseguia mais ignorar. Ao beijar Ravi, Malú sentiu, pela primeira vez, o que era ser mulher. O que era sentir prazer no beijo de um homem. Ravi foi doce e sensual ao mesmo tempo, intenso de uma forma que a fez desejar continuar e ver até onde aquilo poderia levar. Ela sorriu, sentindo as pernas um pouco bambas, e pensou: — O que é isso que estou sentindo por ele, meu Deus? Sei que não devo sentir, mas é impossível fugir desse sentimento! Caminhou até a cama de forma automática e sentou-se, mas sua mente pedia que abrisse a porta e voltasse para os braços de Ravi. Seus lábios de