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Capítulo 2 - AKIRA

Akira Tozato estava terminando mais um dia em sua empresa de tecnologia de segurança e havia recebido um convite formal para comparecer a um jantar da casa da sua família. Ela detestava essas obrigações sociais e familiares que faziam parte de pertencer a uma família de prestígio nacional.

Seu pai Hiroshi Tozato veio para o Brasil com 20 anos e construiu uma grande empresa, que se adaptou e se fortaleceu com o tempo e dominava grande parte do mercado nacional de tecnologia, software e eletrônicos. Sua mãe faleceu misteriosamente quando Akira tinha 08 anos e seu pai rapidamente se casou com sua madrasta, em um velho estilo de agregar corporações pelo casamento, gerando a fusão da Tozato-Belmonte, agregando mídia e telecomunicações.

Sua madrasta aceitou o casamento mas não a convivência com a enteada. Ela era jovem e queria começar uma nova família e ter um herdeiro para o império que estava sendo construído.

Assim, Akira foi enviada para o exterior e ser criada pela família de sua mãe, os Yukimura, de descendência nobre e muito influentes no Japão. A família não conseguiu aceitar a morte de Yuna, mãe de Akira. O casamento já não era desejado, nem a vinda para o Brasil.

No entanto, Akira foi muito bem recebida em sua família. Seu nome representa o brilho, a lealdade e a virtude. Nascida em 2000, no ano do Dragão de Metal, era óbvio para a família tradicional que seu destino estava traçado. Em razão da situação de seu pai, o casamento nos moldes desejados pela família era praticamente impossível. Por isso, Akira foi levada a um templo especial, existente desde a Idade Média, mas muito atualizado e desconhecido por quase toda a sociedade. Lá ela recebeu sua criação, sua instrução no nível das melhores escolas do mundo e seu treinamento, segundo a tradição nobre da família, tornando-se digna do uso da katana. Logo ela entraria para um nível anônimo e sigiloso de uma organização internacional, mas como um membro sem registro, uma verdadeira espiã de nível internacional da Yakusa, respondendo direto ao Oyabun.

Sua face social foi preparada com afinco para que ela retornasse ao Brasil já dona de sua própria empresa de tecnologia de segurança, com funcionários e trabalho normal e com seus espiões subordinados, a fim de atender aos interesses da organização e da elite japonesa, nos assuntos econômicos e políticos no Brasil.

A jovem retornou ao Brasil em 2021, desde então morou sozinha e estruturou sua empresa, com apoio de seu mestre direto, que passou a atuar como um assessor.

Akira realmente era feliz naquela sua vida dupla e adorava as missões que podia realizar praticamente sozinha.

O que a fazia infeliz era ter que se comportar socialmente como se pertencesse à família de seu pai, como recebendo aquele convite.

Isso fazia com que ela precisasse se distrair e extravasar. Para isso, foi ao Clube Dark Moon, estacionando seu incrível Aspark OWL no estacionamento vip e entrando no elevador exclusivo, acionando-o com seu Às de Ouros, indo direto para o primeiro subsolo e abrindo sua sala 13, para trocar de roupa.

Em pouco tempo, estava no terceiro subsolo, perto dos organizadores dos octógonos, assim que abriram o quarto octógono da noite. Seu Às de Ouros lhe garantiu entrar direto para uma das lutas do novo octógono. Assim que começou a luta entre Chacal e João Grande, ela foi até Mr. Smith e disse sem rodeios: - Eu quero o Chacal esta noite.

- Se ele aguentar, a última luta é sua.

- Ele não vai estar arrebentado e cansado? Assim, eu não quero.

- Eu duvido que esteja, querida. Pode aceitar a última luta e vai ter bastante trabalho com ele.

- Obrigada Smith! Você sabe que eu estou precisando.

Smith riu. Ele conhecia muito bem esses dois associados e seria divertido assisti-los lutar. Tirando os formatos dos corpos e os estilos de luta, a personalidade dos dois era impressionante. Pareciam a versão feminina e masculina de um mesmo tipo de pessoa. Ele teria que ficar muito atento, porque certamente teria que intervir na luta. Nenhum dos dois pararia até nocautear o outro, podendo causar muitos danos nessas tentativas. Era o tipo de luta que facilmente levaria à morte de um dos lutadores. Ele não podia perder nenhum dos dois. Havia muitos interesses em jogo para os dois arrogantes colocarem tudo a perder só para gastar raivinha.

Chacal e Ninja seriam o show da noite, mas ele ainda teria que lidar com os apostadores irritados, porque com certeza ele iria parar a luta no momento certo.

No octógono, Akira confirmou sua observação das lutas anteriores. Chacal era um lutador inteligente, de raciocínio rápido e que se adaptava facilmente para vencer seu oponente. Ele não tinha um método ou estratégia definida, ele tinha raciocínio e instinto de predador.

Quando o apito soou e ela teve que interromper sua tesoura voadora cruzada, por um momento ficou frustrada, mas aliviada também. Ela não conseguiu entender isso. Ela nunca tinha pena de qualquer oponente e, com certeza, não teve pena dele. Mas tinha a sensação de querer conhecer melhor aquele lutador. Como se ele tivesse despertado sua curiosidade. Quando seus olhos se encontravam no meio da luta, alguma estranha os atraía. Aquele olhar era diferente dos que costumava encontrar, mas não sabia explicar o que era diferente.

Ela simplesmente pulou rápido por cima do octógono e foi embora correndo, trocou sua roupa e máscara, pegando o elevador privativo direto para a garagem. Não quis dar espaço para ninguém procurar por ela ou obter informações. Em casa, ela cuidaria dos machucados, já estava acostumada.  Entrou em seu cupê e saiu em disparada. Ela precisava terminar essa noite com essa adrenalina de correr sem destino, o que a fazia se sentir livre. Nesse momento, era somente ela mesma, sem máscaras, sem família, sem Yakusa, sem dever obedecer nada, nem seguir regra nenhuma. Não existia senasação melhor.

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