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O CEO E A ESPIÃ
O CEO E A ESPIÃ
Por: Gyslaine Melbor
Capítulo 1 - ROBERT

Robert saiu exausto da reunião com os diretores e principais acionistas. Ele costumava lidar bem com essas situações, mas estava sendo muito pressionado e odiava isso. Com certeza havia algum interesse ainda obscuro em jogo. O projeto era muito importante e fundamental no eixo Brasil- Argentina- Paraguai. A empresa com certeza teria que se sagrar vitoriosa naquela situação. Ele tinha certeza de que, assim como todos os projetos desde que ele foi nomeado CEO, este também seria uma grande vitória com um lucro extraordinário para a corporação. Por isso, não entendia os motivos de parte dos diretores questionarem tanto o investimento necessário. Havia muito mais coisa atrás disso e debaixo do seu nariz. Ele tinha que descobrir. 

A reunião da manhã, com agentes do governo federal, também não tinha sido muito boa. Apesar que as informações pesquisadas por sua equipe sobre seus concorrentes não indicavam este nível de dificuldade. Realmente ele estava muito irritado.

Serviu-se de um copo de uísque, recostou no sofá de seu escritório e ficou pensativo. Ele era muito bom em superar obstáculos.

Nesse momento, parecia que sua vida inteira vinha á sua cabeça. Lembrava do orfanato e do dia que viu seu pai adotivo pela primeira vez. Ele foi chamado à sala da madre superiora, foi a primeira vez que entrou naquela sala. Ela explicou de forma direta que ele tinha algumas características que o destacavam e que seu pai estava procurando em todos os orfanatos um menino com algumas características específicas. Seu pai lhe perguntou se ele aceitaria participar de algumas avaliações, de diversos tipos, para saber se ele seria realmente o menino que seu pai desejava adotar. Afinal, o que ele tinha a perder? 7 anos já não é uma idade tão fácil de ser escolhido para adoção.

As avaliações demoraram muito tempo para terminar, ele não sabia quantos meses foram. Por fim, seu pai o escolheu como filho adotivo. Agora Carlos Silva se chamava Roberto Alves Magalhães Filho.

Todo o orfanato estava feliz e esperançoso quando essa adoção foi avisada pela diretora. Afinal, se ele com 7 anos foi adotado, isso renovava a esperança de todos.

No dia que pai foi buscá-lo, junto com o motorista e um funcionário, a ansiedade era muito alta: como seria chegar na nova casa? Ele seria bem recebido? Ele teria uma mãe? Irmãos?

Contudo seu pai o levou a um apartamento quase vazio. Explicou a ele que o Sr. Alberto ficaria responsável por prepará-lo e cuidar da sua educação, estando sempre em contato para receber as ordens. Ele receberia a melhor educação possível no exterior e deveria se preparar para substituir seu pai, quando ele estivesse mais velho. Assim, não viu mais seu pai por muito anos.

Alberto preparou um novo conjunto de roupas, cortou seu cabelo, lhe ensinou algumas coisas básicas e lhe levou aos Estados Unidos para um colégio interno para meninos de famílias ricas. A adaptação foi difícil, mas depois de um tempo ele já tinha avançado vários anos em seu estudo. Praticava diversos tipos de esportes, aprendeu várias línguas, entrou para Harvard, fazendo sua formação e a Harvard Business School, terminando com uma idade muito inferior da maioria.  Mas isso fez com que, além de fazer os contatos necessários para sua networking, cuidasse para manter a privacidade sobre sua vida privada com muito cuidado.

Ao retornar para o Brasil, conheceu a casa de seu pai e sua família, mas optou por morar sozinho e ingressou direto na empresa. Passou três anos assessorando seu pai, até que ele visse os resultados conquistados com as estratégias de seu filho e o nomeasse a CEO. Apesar do nome famoso de sua família, as pessoas continuavam a lhe chamar de Robert, diferenciando-o do pai, o que ele apreciava muito.

Seu pai assistiu com satisfação ele triplicar o tamanho e poderio econômico e político da empresa. Nos negócios e na vida pública eram um pai dedicado e orgulhoso, assim como um filho amoroso e com imensa gratidão. Na verdade, eram quase desconhecidos que partilhavam bem negócios.  

Mas era justamente isso que o deixava confortável. Ele cumpria aquilo para o qual foi contratado ainda criança.

Porém, naquela noite estava muito incomodado. Avisou seu assessor João Paulo, que já era tarde e iria embora, e chamou seu segurança Peter.

Foram direto a uma casa noturna “Clube Dark Moon”, que não era uma boate qualquer, era um clube  fechado destinados a associados da elite, que, de acordo com seu grau de influência e assinatura, poderiam frequentar seus diversos níveis. Cada associado tinha um cartão de cadastro com uma face com o símbolo da Dark Moon e na outra uma carta do baralho. O tipo de carta do baralho indicava seu nível de assinatura como associado. Para a boate, famosa pela apresentação de diversos DJs e artistas, todos os associados poderiam frequentar, porém os homens usavam uma máscara preta lisa, cobrindo a área dos olhos, e as mulheres uma máscara preta com ricos detalhes em renda, garantindo a privacidade e escândalos com fotos ou qualquer tipo de intromissão ou tentativa não permitida de conhecer a identidade dos membros.

A Dark Moon prestava diversos serviços na área de diversão e prazeres aos seus membros, como o grau do associado. Havia salas para pôquer, encontros íntimos, swing, conferências privadas de negócios, etc. Os membros com mais acesso usavam uma máscara prateada resistente, que cobria metade do rosto.

Robert chegou, pediu para que seu guarda-costas ficasse no carro no estacionamento vip e entrou pelo elevador privativo com sua máscara prateada, indo direto ao terceiro andar, onde ficava a sala do gerente Mr. Smith, os controles e pessoal de segurança. Imediatamente mostrou aos seguranças da sala de Mr. Smith seu cartão com o Ás de Ouros, entrando no escritório..

- Robert, que bom vê-lo de novo! O que vai ser desta vez?

- Saudades de você, Smith.

- Eu sei que você não consegue ficar longe de nós muito tempo. Mas o que você está precisando hoje?

- Eu preciso ir para o terceiro subsolo.

Smith riu e disse: - Eu sei que você não vai apostar lá. Isso vai acabar fazendo mal à sua saúde.

- Mas faz bem para minha cabeça...

- Vamos juntos então Robert. Me acompanhe.

Entraram novamente no elevador privativo e desceram no primeiro subsolo, virando à direita, onde um conjunto de pequenas salas trancadas à chave, continham bens e roupas de associados muito exclusivos. Abrindo à sala 7, deixou Robert se arrumar e sair assim que estivesse pronto.

- Robert, hoje o terceiro está bem movimentado. Muitos apostadores e três octógonos com diversas lutas ao mesmo tempo. Para facilitar para você vou abrir o quarto octógono, mas lembre-se: só os melhores vão para lá. Proteja bem sua cabeça, você sabe que as regras aqui são ainda mais duras, pela privacidade e para que não haja nenhuma lesão cerebral, eu exijo a proteção de cabeça.

Desceram para terceiro subsolo e Mr. Smith mandou abrir o quarto octógono, enquanto os organizadores separavam os lutadores e preparavam a ordem das lutas.  

Robert se aquecia e se preparava. Tudo o que ele desejava era a adrenalina, o desgaste físico necessário para consumir sua raiva.

Ele já estava na primeira luta: seu codinome Chacal contra João Grande.

Realmente João Grande fazia jus ao seu codinome, o cara parecia ter mais do que 2,15 m de altura, muito musculoso e assustador. Assim que o gongo soou João Grande partiu para cima, acertando um forte jab no rosto de Robert, deixando-o um pouco zonzo. Robert contra-atacou com um golpe de perna, fazendo o adversário ajoelhar no chão, ganhando tempo para recuperação. João Grande era realmente muito forte e seria difícil para qualquer um resistir a muitos golpes dele, porém por ser tão musculoso se tornava lento. Robert partiu para movimentação e começou acertá-lo com golpes de perna, cotovelos e usando esquivas, o muay thay era mais ágil contra o estilo mais boxe do oponente. Por fim, conseguiu fechar a luta com um chute bem alto da lateral da cabeça do rival, levando-o a nocaute.

A segunda luta foi menos difícil. Apesar do oponente lutar bem kickboxing, conseguiu se esquivar bem e atacar as pernas, levando o confronto para o chão, onde o jiu-jitsu determinou a sua vitória.

Na última luta, Chacal contra Ninja, ele se surpreendeu com o tamanho franzino do oponente, que estava completamente vestido de ninja, inclusive a balaclava negra e sem capacete de proteção. Olhou para cima, procurando Smith e o viu admirando a luta tranquilamente. Aquela exceção de Smith o fez ficar alerta. Seria melhor ele vencer logo usando o jiu-jitsu, mas o oponente era extremamente rápido e hábil em esquivas. Além disso a base do seus golpes eram karatê e kung-fu, mais difíceis de se encontrar nos octógonos. Seus jabs não funcionavam, acertava às vezes golpes de perna, e o oponente conseguia suportar os golpes. Nenhuma tentativa de aproximação corpo a corpo deu certo. O impulso do rival para o alto era fantástico. Foi buscando usar os cotovelos e pernas, que muitas vezes eram desviados pelos golpes de kung-fu, quando tentou se aproximar mais, o oponente usou o corpo do Chacal para impulso e descer com uma cotovelada em um ponto cruel do ombro. Além do karatê, do kung-fu, ele começou a usar krav-magá, usando a força e peso de Robert contra ele mesmo. Quando ao tentar usar um golpe de perna em que ele sentiu acertar o fígado ou costela do rival, se supreendeu porque ele suportou e ao parecer cair, deu uma cambalhota, desferindo uma série de chutes de baixo para cima em todo o corpo de Robert, que sofreu com aqueles chutes. O rival quicou no chão, ganhou impulso e partiu horizontalmente para o corpo de Robert, para aplicar uma tesoura cruzada, que poderia ser fatal. Só deu tempo para ouvir o forte apito de Smith ecoando no megafone e encerrando a luta. Só Smith pode encerrar uma luta sem imobilização ou nocaute. Imediatamente, o ninja pulou para fora do octógono e sumiu.  

Mr. Smith desceu e declarou empate, o que só ele poderia fazer. Deixando insatisfeitos os apostadores.

Mandou levar Robert para dentro da enfermaria, afinal nenhum lutador poderia sair da Dark Moon machucado.

Robert foi tratado dos ferimentos no tórax e lateral do corpo, enfaixando-o para conseguir manter a postura perfeita. Mas ele estava confuso. Os detalhes da luta ficavam repetindo em sua mente e tudo o que seus instintos apurados haviam conseguir capturar do que ocorreu. Aquele corpo franzino, os momentos em que seus corpos se chocaram brevemente durante a luta, o cheiro do oponente completamente diferente, e seu olhar. Sim, seus olhos. Tudo o que ele podia ver do corpo daquele lutador eram seus olhos, diferentes, parecia ser capaz de reconhecê-los em qualquer lugar. Cada vez mais ele tinha a certeza de que tinha lutado com uma mulher e quase perdeu. Mas era uma mulher.

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