Capítulo 5 - A CORRIDA

Robert mandou sua secretária entrar em contato com a de Akira e conseguir obter o número do telefone dela. Por mais que estivesse ocupado e muitas coisas precisassem de sua atenção, ela não saía da sua cabeça de jeito nenhum. Ele estava confuso.

Suas relações com as mulheres eram bem simples. Ele não gostava de se expor na mídia, preferia ir aos eventos sozinho e, se tivesse de estar acompanhado, geralmente convidava alguma executiva com quem estivesse lidando em razão de negócios, para que suas relações públicas pudessem sempre desmentir qualquer boato, alegando a parceria ou projeto em desenvolvimento conjunto.

Não tinha namoradas. Era um solteiro convicto. Só se relacionava com mulheres que soubessem disso e tivessem o mesmo pensamento e interesse, o que era fácil de encontrar em seu meio.

Viajava sozinho, tinha poucas pessoas de confiança, que tinha trazido do exterior para trabalhar com ele.

Então, aqueles pensamentos que invadiam sua mente realmente o estavam incomodando. Akira era linda, seus cabelos lisos e pretos emolduravam seu rosto, seu corpo era perfeito, aquela boca carnuda com aquele batom vermelho, provocava diversos desejos. Seus olhos negros eram bonitos, mas aquela ideia ainda persistia em sua cabeça, por mais absurda que ele achasse. No primeiro momento, um olhar gentil e doce, mas um pouco apagado. Depois, aquele olhar intenso, forte, quase desafiador e atrevido. Uma mulher sem medo, dominadora. Aquele contraste o intrigava e o fazia pensar também na ninja. Ele realmente não estava conseguindo controlar seus desejos. Aquelas duas mulheres passeavam em sua mente livremente, fazendo-o pensar em coisas que ele não queria de jeito nenhum admitir.

No fim do dia, ligou para Akira. Ela atendeu de pronto e sabia que era ele.

 - A corrida está de pé ou foi só uma brincadeira? Prefere jantar?

- Eu mantenho minha palavra, Sr. Roberto. Acho que será uma experiência divertida e que você vai gostar.

- Você poderia, por favor, me chamar de Robert. Sr. Roberto é o meu pai.

- Ok. Já que estamos íntimos assim, vou levá-lo para uma das minhas experiências favoritas. Mas sugiro que você leve seu segurança pessoal, para apoiá-lo se houver necessidade. Você pode ir de macacão de corrida e capacete, se quiser.

- Você está me dando frio na espinha, garota bonita! Quer me assustar?

- Você não me parece um homem que se assuste fácil. Vamos nos encontrar às 22hs na quarta-feira no endereço que vou mandar por mensagem. Tudo bem?

- Claro! Encontro marcado!

Robert esperou ansiosamente até quarta-feira à noite. Peter já havia revisado sua Ferrari, mas ele decidiu ir sozinho. Colocou seu macacão de corrida, pegou o capacete e foi se encontrar no local marcado.

Em uma rodovia um pouco afastada, os portões de ferro davam entrada para uma espécie de circuito clandestino de corrida. Havia muitos torcedores, membros de gangues e uma espécie de área de controle suspensa. Carros de vários tipos pareciam aguardar instruções para as disputas. A maioria dos carros parecia ter sido modificada para potencializar a corrida.

Logo depois, ele a viu descendo da área de controle e indo falar com ele. Ela estava impressionante. Uma calça de couro preta bem justa e de cintura baixa, com um cropped justo de alças finas de couro preto e uma espécie de bota preta de cano bem baixo, toda trançada de cadarços de couro na frente e saltos altíssimos. Aquela tentadora boca carnuda vermelha. Ele engoliu em seco e era difícil não pensar nas coisas maravilhosas que sentia vontade de fazer com aquela mulher.

Ela veio cumprimentá-lo e explicar como seria a noite. Eles dois sozinhos fariam a corrida de abertura, com quatro voltas no circuito. Depois os torneios seguiriam o esquema normal com as disputas dois a dois conforme o sorteio, sendo que o vencedor da primeira partida, iria enfrentando os demais, conforme a ordem sorteada.

Ela propôs uma aposta para agitar mais as coisas. Se ela perdesse, iria a um jantar com ele, como ele tinha convidado, se ela vencesse, ela poderia obter uma coisa dele. Ele riu e perguntou que coisa, mas ela afirmou que era algo que ele facilmente poderia lhe dar. Riu e lhe deu um beijo no rosto e desejou boa sorte, dizendo que deveriam se preparar para a linha da partida.

Ele entrou no carro, colocou o capacete e foi para a linha de partida. Ela fez a mesma e se posicionou no lado externo. Lado a lado, a Ferrari e o Aspark Owl aguardavam o tiro de largada.

Dada a largada, a Ferrari saiu na frente, apesar da aceleração do Aspark Owl ser impressionante. Robert logo percebeu que ela era muito ousada e difícil de segurar sua ultrapassagem, ela acelerava cada vez mais e fazia as curvas com pleno domínio da velocidade. Ele tentava de tudo para bloqueá-la mas ela forçava de uma lado e do outro, sem dificuldade de dominar a pista. A última curva do circuito, antes da reta da chegada era especialmente perigosa, porque o ponto certo de frear e retomar a aceleração não podia ser perdido, sem risco do carro derrapar e sair da pista. Ela parecia brincar sem forçar tanto assim nas retas. Mas na última volta, naquela curva difícil, ela freou e retomou a aceleração com todo o poder do motor do Aspark Owl, em segundos ela estava a 400 km/h, ultrapassando a Ferrari por fora, sem derrapar, e assumindo a liderança na reta de chegada. Por mais que a Ferrari fosse potente, ele estava 5 segundos atrás dela. O público delirou.

Eles retiraram os carros da pista e foram se falar. Ele estava impressionado por perder, mas estranhamente não estava irritado.

- Akira, você realmente arrasa na pista. Pena que não vou poder levar você para jantar... Eu queria muito ganhar por causa disso – disse rindo.

- Bom, mas é minha vez de cobrar a aposta.

- Ok. Também cumpro minha palavra e vou te dar aquilo que você quiser.

Akira sorriu e se aproximou lentamente de Robert, olhando nos olhos, chegou bem perto e, para surpresa dele, ela colocou a mão em seu rosto, o puxou e o beijou demoradamente, com suas línguas parecendo desfrutar de uma doce dança.

De repente, ouviram um homem gritando para os dois:

- Akira!! O que você pensa que está fazendo??

Os dois olharam para o japonês irado que caminhava na direção deles.

- Calma, Yuto! Não precisa reagir assim. Esse é Robert, amigo de meu pai e nós trabalhamos com a empresa dele. É só um beijo da vitória, uma aposta.

- Robert, esse é Yuto, ele é meu primo de 2º grau, meu veterano e assessor principal na empresa.

Os dois homens se olharam com grande rivalidade.

- Akira, você sabe que não pode agir assim. Pare de fazer o que dá na cabeça. Não esqueça da sua posição. Eu não vou tolerar isso.

- Calma Yuto... Eu já estou de saída. Se vocês quiserem abusar da testosterona de vocês, eu não tenho nada a ver com isso. Foi um prazer, Robert e espero que a corrida tenha sido à altura do que eu lhe prometi. Um ótimo fim de noite.

Ela entrou em seu carro e saiu em disparada.

Yuto nem seu deu trabalho de falar com Robert. Só entrou no Nissan e saiu correndo também.

Robert ficou em costado na Ferrari, tendando entender o que tinha acontecido nos últimos momentos. Mas seu pensamento estava mais voltado para a sensação do beijo e de sentir Akira tão próxima assim, deixando-o excitado. Ele realmente não tinha esperado aquela sensação impactante. E, afinal, por que ela recusou o jantar?

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