Latejando em meu íntimo, era difícil me concentrar em uma desculpa plausível. Minha mente gritava: Porque tenho um ex-noivo psicopata que pode a qualquer momento aparecer e te matar a sangue frio, como fez com o médico da minha avó por ter sido apenas gentil em me dar a notícia sobre seu Alzheimer?— Sou uma pessoa quebrada. O senhor merece alguém à sua altura, e eu não sou essa pessoa! — Respondi por fim, empurrando seus braços para longe. Abri a porta e parei um pouco antes de sair, com os olhos cheios de lágrimas. — Então, por favor, pare de complicar as coisas.Saí finalmente, e Patrick não me seguiu. Peguei a mala e levei-a ao gabinete vazio para trocar de roupa. Sentei-me com um peso no peito que parecia impossível de carregar. Na beira da cama, permiti que o peso do meu coração sobrecarregado transbordasse em lágrimas. Eu poderia ter fugido, mas ainda estava aprisionada ao meu passado e ao causador dos meus traumas, enredada em suas correntes geladas que me puxavam para baixo.
— Nem deve, merece mais. Farei o pedido da forma correta, mas esteja avisada sobre minhas intenções. — Sorri presunçoso quando o carro parou em frente ao luxuoso hotel onde ficaríamos.— A resposta ainda será a mesma! — Ela cerrou os punhos e saiu do carro.— É o que veremos! — Ri baixinho, divertido.Caminhamos para o hotel, deixando Elisabeth ir ao balcão falar sobre a reserva dos quartos.— O que? Isso não está correto... — Contexto Lis com o atendente.Me aproximei tranquilamente.— Há algum problema? — Arqueei as sobrancelhas, passando do balconista para Lis.— Perdão, Senhor Morgan, sua acompanhante está dizendo que fez uma reserva em nome da SoundStory Press para dois quartos presidenciais e um quarto de luxo simples. — Ele explicou nervoso. — Porém, a reserva que tenho em meu sistema é de apenas dois quartos presidenciais, sendo um deles com quarto acoplado de ligação.— Está correto. — Olhei para Lis, chocada.— Não, não está. Não foi isso que reservei... Onde irei dormir? —
— Te vejo mais tarde, Greg... — A mulher falou, sedutora, arrastando a voz. — Cavalheiros, com sua licença.Ela se afastou, nos deixando, e fomos em direção ao restaurante não muito longe dali.— Gosto quando segue meus conselhos, até sua aura está mais leve. — O provoquei, travesso. — Convidei alguns contatos para descobrir exatamente o que está acontecendo.— Minha aura é contaminada por suas malícias. — Retrucou ele. — Não é muito cedo? Devemos seguir o plano traçado.— Receio que tenhamos que acelerar as coisas... — Suspirei, com as mãos trêmulas, pegando a pílula e engolindo em seco. — Quero liberar minhas agendas e aproveitar a companhia da minha convidada ao lado.— Hum... Por que ela não veio? — Greg olhou pelo retrovisor, me encarando, preocupado.— Não faça essa cara feia. — Mostrei a língua para ele, que balançou a cabeça em negativa, rindo. — A pessoa do passado de Lis ainda a aprisiona. Sabia que ela tranca todas as portas, até mesmo a do quarto, antes de dormir, e que do
Ele me encarou, e ergui um dedo para que se calasse.— Vocês têm este contrato em posse para que possamos avaliar em conjunto? — Mantive o tom casual ao voltar a me encostar na cadeira. — Me ofende que tais fofocas estejam circulando por aí, e se for verdade a questão de minha assinatura, teremos um caso de fraude dentro de minha própria indústria.— Se estão fazendo isso com o Senhor, imagina conosco? — Diego franzia o cenho. — O que pretende fazer?— O que faço de melhor, Sr. Diego, derrubar meus inimigos! — Sorri, virando a taça de vinho e me levantando. — Com licença, tenho outro compromisso, mas antes, deixe-me lembrá-los de uma coisa: só firmo parcerias nas quais confio e que confiam em mim. Se duvidaram de minha veracidade por causa de uma estranha, receio que não haja mais interesse da SoundStory Press em seus trabalhos. Aproveitem o jantar, é por nossa conta.— Sr. Morgan, por favor, espere... Não há necessidade de encerrarmos uma parceria de anos. — Eduardo se levantou, mas
— O passado não pode interferir em seu presente, muito menos o medo e as dores. Eu sei como é não ter fome ou vontade de seguir em frente, mas, Elisabeth, não é justo com aqueles que nos amam nos deixarmos de lado e permitir que os monstros do passado continuem nos fazendo seus prisioneiros. — Belisquei levemente seu queixo e olhei para sua boca vermelha, contornando-a com o dedo. Depois, inclinei a cabeça, reconsiderando, e voltei à postura normal. — Então coma, uma garfada de cada vez.Ela assentiu, e coloquei um pouco de comida em sua boca, sorrindo.— Boa aprendiz!Finalizamos o jantar em silêncio, e peguei o vinho, servindo para os dois.— O que estava fazendo em seu quarto? — A olhei, presunçoso, e ela me encarou séria. — Não pode me julgar, sou homem, geneticamente criado para pensar besteiras.— O senhor não tem jeito mesmo. — Lis revirou os olhos e riu baixinho. — Estava escrevendo, é uma forma de escapar da realidade.Ela abaixou a cabeça envergonhada, corando imediatamente.
— Há momentos em que fico bagunçado, seria um prazer te mostrar! — provocou ele, esfregando o nariz ao meu e afastando-se em seguida. — Estou na porta ao lado, à sua disposição.— Eu não me referi a isso, por favor. Ainda não são nem oito horas da manhã e o senhor já está pensando em malícia! — Revirei os olhos, pegando as pastas com as informações sobre a pequena produtora, incluindo o histórico dos integrantes. — Aqui estão as informações solicitadas, além das que Greg havia enviado por e-mail.Entreguei para ele, que ficou segurando a pasta me encarando.— Sua mente é maliciosa, não fiz sugestões ousadas. Sabia que nadar na piscina me deixa desconfortável? — Puxou a pasta, me levando junto, e apertou meu quadril como um predador sensual, inalando meu cheiro e largando o momento. — Mas se estiver pensando nisso, podemos cancelar a reunião e passar o dia juntos neste quarto!— Sr. Morgan! — Chamei sua atenção de forma repreensiva, passando as mãos pelos cabelos, um pouco nervosa. O a
— Concordo plenamente. Qual é a sua sugestão? — Patrick arqueou uma sobrancelha enquanto parecia localizar a sugestão que eu havia feito no papel. — CineArts Press, excelente escolha. Você realmente pensa em todos os detalhes, e isso é algo que admiro em você.Um calor repentino subiu às minhas bochechas com o elogio, e eu limpei a garganta antes de prosseguir:— É uma produtora nova, composta por apenas alguns membros, que contratam autores amadores para suas produções. Grande parte do conteúdo é editado pelo co-fundador e programador, Alexander, em conjunto com os sócios Pablo, responsável pelo aspecto comercial, e María, encarregada da gestão financeira. — Fiz uma pausa, permitindo que Patrick absorvesse a informação antes de continuar. — Apesar de estar em atividade há menos de dois anos, eles têm demonstrado qualidade em suas produções, especialmente em curtas românticos para redes sociais, e têm mantido suas finanças equilibradas.— Não é à toa que confio em sua habilidade para
— Se há mais de uma pessoa decidindo, então não é livre arbítrio, minha cara. — Maria falou, ríspida.— Então está habituada a não ter liberdade, Sra. Maria, visto que aqui são três sócios igualitários. — O CEO interveio, sorrindo presunçosamente.— Não, somos uma família e a decisão é conjunta para os três. — Ela retrucou firme, seus irmãos passando as mãos pelos cabelos, visivelmente incomodados.— As ambições são as mesmas para os três também? — Indaguei, instigando Pablo e Alexander a me encararem.— Não, eu desejo fechar uma parceria consolidada com a SoundStory Press. Isso nos daria mais notoriedade no mercado, além de conseguirmos um investidor anjo para futuros projetos, juntamente, é claro, com roteiros sensacionais que são destaque na maior editora de Seattle. — Alexander encheu copos plásticos com café e nos ofereceu, aceitamos de bom grado.— Você quer entregar nosso sonho nas mãos da indústria que só visa os lucros, sem paixão... No menor sinal de problema, seremos os pri