BenjaminQuem era aquela caipira desbocada?Eu juro que não a tinha visto no meio da estrada. Nunca faria aquilo com alguém, ainda mais com uma pessoa tão... bonita.Passei todo o caminho até a fazenda pensando em como seria entrar por aquela porta e não ver meu pai. Então, como uma força da natureza, aquela mulher de olhos claros, cabelos cacheados e boca atrevida passou no meu caminho e me botou no chão.Nunca fui de babar por mulher nenhuma. Eu já tinha levado mais de uma dúzia delas para a cama e nenhuma havia passado mais do que esse tempo comigo. Já tentei namorar antes, mas não deu certo, e isso não era um problema até os meus 29 anos, quando meu pai passou a me cobrar uma nora e netos. Entretanto, ele não iria mais ver isso acontecendo, e a culpa era minha.Claro que eu não deveria apressar as coisas só porque estava com a consciência pesada, mas aquela moça... Jesus! Ela tinha um poder fora do comum. Eu queria saber seu nome e a ver novamente, dessa vez sem toda aquela lama e
VioletaEu não conseguia parar de pensar naquele homem alto de ombros largos e olhos azuis como o céu. Deus foi bondoso no quesito beleza com ele, todavia pecou na educação.Onde já se viu alguém tão inconsequente?Eu nunca tinha conhecido os homens da capital, pois a minha vida toda eu tinha passado na roça, e amava esse lugar. Só que até os xucros eram mais educados que aquele playboy.Sair daquele local foi mais como uma fuga para mim, tanto pela forma como acabei aquele diálogo, sujando-o com a mesma terra que ele me sujou, como por eu ter sentido todo o meu ser ficar abalado com aquele sorriso safado no seu rosto. Eu não sabia quem ele era, nem queria saber. Corri para casa para tomar um banho e lavar a roupa suja antes de esquentar o almoço e ajudar meu pai na plantação de laranjas.Eu estava com a toalha na cabeça enquanto lavava o vestido sujo e pensava naquele homem de duas formas, sendo que uma delas me deixava ainda mais irritada.— Aposto que ele nunca tinha se sujado de l
VioletaDois dias depois e nada de novidades sobre a nossa situação. Eu também não tinha voltado a ver o irmão Fontana, quem eu havia provocado dias antes. Não sabia se isso era bom ou ruim, mas, finalmente, naquele dia fomos chamados para uma reunião com alguns líderes e funcionários.Meu pai e a maioria dos homens e mulheres que trabalhavam ali não entendiam muito bem sobre negócios e toda a burocracia que viria com os herdeiros, que eram homens formados vivendo na capital e do dinheiro que vinha do vinhedo, mesmo tendo outras empresas.Por isso e por muitas outras coisas nós decidimos que poucos de nós iríamos àquela meia reunião. Eu não sabia o que aconteceria e quem nos encontraria, e para o meu bem e do meu pai, decidi tomar a frente dessa causa e eu mesma ir a esse chamado. Eu tinha muito orgulho de ser bem formada no ensino médio e do desejo de ir além, mesmo sabendo que na minha situação atual não poderia realizar isso.— Você já viu os moços? — Flora me perguntou, olhando pa
BenjaminA cada dia que se passava, mais a jovem e petulante Violeta me surpreendia.Quando cheguei à fazenda, precisei de um tempo para me acostumar com o silêncio e com a falta do odor que eu tanto odiava do charuto que papai fumava. Estar ali era difícil, mas confesso que a menina de nariz empinado me ajudava a me distrair. Eu não parava de pensar nos seus lábios carnudos, no corpo pequeno e na língua solta. Eu gostava de desafios, e estava esperando a poeira abaixar para ir à procura da baixinha, mas o destino estava a meu favor.Claro que eu sabia o básico: ela era moradora da vila e trabalhava na fazenda. Provavelmente, eu daria um jeito de achar a garota, no entanto ela veio até mim novamente, cheia de coragem e petulância.Eu estava começando a gostar de ser provocado.— Sei que não tivemos um início muito amigável — comecei, sabendo que depois de chamar a sua atenção deveria me afastar. — Não queremos gerar desconfianças nem desconfortos. Meu irmão e eu estamos aqui a pedido
VioletaOnde isso vai dar?Minha intenção naquela reunião era buscar explicações para a nossa vila de trabalhadores, mas acabei formando uma parceria com Benjamin Fontana. Eu não gostava desse homem. O pouco que eu já havia conhecido dele não me agradava.Claro que aquele incidente foi algo isolado, mas alguma coisa dentro de mim pedia para eu tomar cuidado. A forma como ele me olhava me deixava desconfiada e irritada. Uma parte de mim gostava disso e queria provocá-lo, porém era só eu me lembrar de quem ele era para isso cair por terra.Foi estranho o seu pedido de ajuda. Provavelmente, os Fontana tinham homens na fazenda que poderiam ajudá-los com essa vistoria, mas Benjamin veio me procurar. Eu não sabia se isso era um plano para ele ficar perto de mim ou se realmente estava olhando tudo pelo lado profissional. Talvez tenha sido pela forma como falei na reunião do dia anterior. Nada fazia muito sentido, mas se era para ajudar a minha comunidade, eu faria o que fosse possível.Eu j
BenjaminDescobri que tinha uma forte queda por garotas do campo de língua solta. Eu amava como Violeta me desafiava sem medo ou arrependimentos.Confesso que eu estava usando aquilo para ficar perto dela e a conhecer melhor. E por mais que Margarida, a mulher que praticamente me criou, tivesse me alertado sobre os riscos de mexer com ela, no momento eu não estava ligando para isso.Não era como se eu fosse um simples pervertido. Admito que eu não era santo e que saía com uma mulher a cada dia, no entanto isso já era passado. Minha última recaída não mudava esse fato, e mesmo eu não sabendo onde tudo daria, estava disposto a descobrir.— Então... No que você trabalha? — Tive que perguntar, já que a menina estava calada e eu odiava o silêncio. — Na plantação?— Está me investigando, senhor Fontana? — Ela me encarou, cerrando os olhos. — Achei que a intenção fosse conhecer melhor a sua propriedade.— E é. Mas odeio não falar.Violeta estava linda em um traje simples de tecido fino e flo
VioletaO dia foi estranho. No início pareceu que eu o odiaria de vez. Ele até estava tentando ser legal, mas da minha parte, pensei que odiar tudo que ele fazia e dizia seria a melhor coisa a ser feita. Depois do que Margarida falou, eu me assustei e quis afastá-lo de todas as formas. O que era difícil, por ele ter a vantagem de sua simpatia e beleza mexerem comigo.Só que Benjamin não era tão odioso, apesar de suas brincadeiras que às vezes me irritavam. Achei que por eu ser uma moça que cresceu no mato, ele tiraria sarro por me enxergar como uma caipira, contudo, até que me cativou. A cavalgada nos aproximou e me fez ver que o menino riquinho não era tão babaca.Ben se mostrou interessado nas coisas e nos moradores, conversou com os agricultores e os coletores e riu e brincou com eles, enquanto eu o observava de longe como se ele não fosse o mesmo homem que dias atrás eu queria jogar dentro da poça de lama com a qual ele me sujou.— Minha filha, não vai para a noite da fogueira? —
Apesar de estarmos no período mais quente, as noites de viola costumavam ser frias. Até botei uma coberta confortável por cima da roupa. Mas Iara parecia não se importar com nada. Assim que avistamos a roda de pessoas e a fogueira, a garota correu para perto delas.Optei por ficar no canto. Minha prima estava lá também, entretanto não me aproximei dela. Meu pai estava alegre, conversando com seus amigos e bebendo algo. Todos estavam se divertindo e um grupo de violeiros tocava, enquanto eu só queria me camuflar na escuridão.Sentei-me à distância, sobre um pedaço cortado de árvore, observando o que acontecia. Pensei mesmo que tinha sido uma má ideia ter ido ali. Minha mente borbulhava e eu só queria fechar os olhos para dormir. Mas também não sabia por que fiquei desse jeito.— Pensei que não a veria aqui — a voz de Benjamin fez com que meu coração quase pulasse pela boca.Olhei-o. Ben vinha de algum outro lugar do escuro, usando trajes como os de mais cedo. Ele era mesmo irresistível