Minha conversa com Cadu estava indo bem demais para ser verdade. Por um momento, pensei que aquele clima poderia durar a noite inteira. Mas, de repente, não consegui mais vê-lo direito, e uma voz irritante e manhosa surgiu no fundo da chamada. Tenho quase certeza de que era a prima dele. Não tem como confundir aquela voz enjoada. Desde a primeira vez que a vi na noite de Ano Novo, com toda aquela ousadia para cima de Cadu, eu desconfiei que havia algo entre eles. Porém, hoje, minha certeza se solidificou. A maneira como ela olhava para ele e para mim deixava claro que há mais do que aparenta.Cadu tentou me ligar algumas vezes, mas eu simplesmente não atendi. Achei desnecessário naquele momento. Ele provavelmente estava pensando em uma desculpa qualquer, algo que aliviasse a sensação de ter sido pego em uma situação comprometedora. Mas eu não queria ouvir desculpas. Não queria me preocupar com o que ele estava fazendo agora, muito menos com quem ele estava.Meus pensamentos me traíram
Controlo minha respiração, tentando manter a calma diante dele, mas minha mente está em ebulição. Encaro Cadu brevemente, apenas o suficiente para não demonstrar o turbilhão de sentimentos dentro de mim, e volto minha atenção para a farmacêutica que me atende. O ambiente da farmácia parece pequeno, abafado, e tudo ao meu redor perde o foco. Só ele ocupa meus pensamentos.— Muito obrigada, tenha um bom domingo — agradeço, tentando manter a voz firme, enquanto pego a medicação. Dou meia-volta, determinada a ir embora, ignorando-o completamente.— Ei! — A voz dele me para, firme, e antes que eu perceba, sinto a mão de Cadu segurando meu braço. Aquele simples toque faz meu coração dar um salto. — Não vai falar comigo? — Ele está sério agora, os olhos fixos nos meus, me despindo de qualquer defesa que eu tente colocar entre nós.— Estou com pressa — digo, sem emoção, puxando meu braço de volta, como se aquele toque tivesse queimado minha pele. Caminho em direção à saída, mas não resisto a
— Beba, agora! — Entreguei a medicação para Karen, que estava deitada no sofá, tentando se recuperar da noite anterior, enquanto conversava com Evilyn. Logo depois, joguei a chave do carro na mesa, sem muita paciência. Meus pensamentos estavam em outra parte. — Onde está a Sophia? — perguntei, a voz carregada de ansiedade.— Com a mamãe — Evilyn respondeu de forma rápida, mas seu olhar era de pura preocupação. Ela claramente percebeu minha inquietação. A atmosfera na sala, antes leve com as conversas e risadas de Karen, ficou subitamente mais densa.Caminhei em direção ao meu quarto, cada passo parecia pesar uma tonelada. — Aconteceu alguma coisa? — Karen perguntou, se endireitando no sofá, os olhos agora atentos em mim.— Está tão nervosa, o que aconteceu? — Evilyn insistiu, sua preocupação visível.— Não aconteceu nada, eu estou bem. Só preciso dormir um pouco. Pede à mamãe para trazer a Sophia para mim, por favor. Eu só irei tomar um banho — falei com firmeza, tentando esconder o t
A revelação de Emily me atingiu como um raio. O mundo parecia parar por um instante enquanto eu olhava para aquela pequena menina em meus braços. Seus olhos brilhantes, curiosos, piscavam para mim, e eu me sentia totalmente perdido em um mar de emoções que jamais havia experimentado. O calor que me preenchia era algo novo – era puro, genuíno e tão diferente de qualquer sentimento que já tive. Cada fibra do meu ser se agitava com a responsabilidade e o amor que crescia a cada segundo. Um misto de animação e medo me invadia. Eu mal conseguia processar o que estava acontecendo, mas sabia de uma coisa: estava completamente apaixonado por aquela garotinha. A euforia de contar à minha família tomava conta de mim, mas primeiro, eu precisava entender como tudo havia acontecido.— Por que você não me contou? — minha voz saiu suave, mas carregada de emoção. Não consegui desviar o olhar daquela garotinha que brincava distraída com meus dedos.Emily suspirou profundamente, sentando-se na cama, c
Assim que minha pequena saiu do quarto com a tia, Emily fechou a porta e me encarou, não hesitei em perguntar:— E nós? O que vai ser de nós agora?Ela caminhou lentamente até a cômoda, apoiando as costas no móvel com um suspiro pesado. Seus braços se cruzaram de forma defensiva, enquanto seus olhos, sérios, me encaravam com uma mistura de incerteza e determinação.— Acho que o melhor seria não nos envolvermos, Cadu. — Ela disse com a voz firme, mas algo em seu tom entregava a hesitação.Levantei de imediato, incrédulo. Cada passo meu em direção a ela era carregado de frustração e confusão.— Não nos envolvermos? — Parei diante dela, meu olhar buscando respostas. — Você está com medo de quê? — Minha voz soou mais trêmula do que eu pretendia.Ela me observou por um momento, parecia estar escolhendo cuidadosamente as palavras.— Tenho medo de nos magoarmos, de fazermos escolhas erradas e a Sophia pagar por isso.Eu ri de leve, um riso nervoso e cheio de incredulidade.— Você realmente a
Se meu corpo já tremia de desejo só por estar perto dela, imagine o que senti ao ver aquele corpo divino, completamente exposto, entregue a mim. Maravilhosa! Emily era a personificação da perfeição, cada curva do seu corpo me deixava mais faminto, e eu podia sentir minha boca salivar, desejando provar cada pedacinho de sua pele.Quando nossos lábios se encontraram, foi como uma colisão de mundos. O beijo era feroz, uma mistura de desejo reprimido e necessidade urgente. O gosto dela me enlouquecia, reacendendo a memória vívida do quanto o corpo dela era feito para se encaixar no meu. O desejo que sentia era devastador, possessivo, algo que nunca havia experimentado antes. Emily havia tomado conta dos meus pensamentos de forma avassaladora, e eu estava dominado, rendido a esse furacão que ela provocava em mim.Minha boca deslizou lentamente pelo seu queixo, descendo pelo pescoço quente e macio, enquanto ela inclinava a cabeça, entregando-se, facilitando meu caminho. Quando finalmente al
Minha respiração ainda estava descompassada, o coração disparado, e minha boca seca. Tudo que eu queria naquele momento era ficar ali, junto a ele, prolongando aquela sensação de satisfação e plenitude. Cadu me encarava com um olhar que me fascinava. Havia algo em seus olhos que me prendia; uma mistura de desejo e curiosidade que fazia meu corpo vibrar. A atração entre nós era inegável, quase palpável, e nossas bocas pareciam feitas para se encaixar, assim como nossos corpos.Ficamos ali, naquele silêncio confortável, apenas nos olhando, sem necessidade de palavras. Nossos olhares se comunicavam, revelando tudo o que estava dentro de nós. Após alguns instantes, meus lábios buscaram os dele novamente, num beijo calmo, doce, porém intenso. Cada toque dele me fazia arrepiar, e suas mãos, que acariciavam meu rosto com tanta delicadeza, me envolviam numa bolha de paz. Por minutos, ficamos assim, nos conectando de uma maneira que eu nunca havia experimentado antes.O clima entre nós era mág
Depois de um breve silêncio, Cadu tocou em um assunto delicado, rompendo a tranquilidade do momento.— Fiquei pensando... como foi sua conversa com o seu ex? — Ele afastou uma mecha de cabelo do meu rosto, ajeitando-a delicadamente atrás da minha orelha. Seu toque era suave, mas a preocupação em sua voz era palpável.— Não foi fácil, mas pelo menos está acabado — respondi, tentando manter a calma, embora o desconforto fosse evidente.— Se está acabado, por que ele ainda continua te ligando? — Ele perguntou, curioso, enquanto suas mãos acariciavam minha cabeça de maneira reconfortante.Suspirei, sentindo o peso da situação. — Ele não aceita o fim. Está tentando complicar minha vida de todas as maneiras.— Você tem medo dele? — Cadu perguntou, sua voz agora carregada de preocupação. Eu acariciei seu abdômen, buscando consolo, e soltei um suspiro cansado.— Eu prefiro não falar sobre ele agora, por favor — pedi suavemente. Cadu, no entanto, segurou meu queixo com firmeza, erguendo meu r