Entrei em casa e fui recebida pelo calor acolhedor do lar. O cheiro familiar do jantar recém-preparado preenchia o ar, e as vozes alegres de minha mãe e minha irmã, Evilyn, ecoavam pela sala enquanto brincavam com Sophia. A sala estava iluminada de forma suave, criando um ambiente aconchegante e acolhedor. Assim que a porta se fechou atrás de mim, Sophia, minha princesinha, olhou para mim com seus grandes olhos curiosos e sorriu. Ela largou os brinquedos que tinha nas mãos e correu para mim com os bracinhos estendidos.— Mamãe! — Chamou ela, com uma alegria que derretia qualquer resquício de tensão que eu ainda sentia. Abaixei-me e a abracei apertado, sentindo seu cheiro doce e sua pele macia.— Oi, meu amor — sussurrei, beijando o topo de sua cabeça. Minha mãe, que estava sentada no sofá, levantou-se e veio até nós, seguida por Evilyn. — Como foi o trabalho hoje, Emily? — Perguntou minha mãe, enquanto íamos para a cozinha. — Foi um dia agitado, mas nada fora do comum — respondi,
Carlos Eduardo:Após dois anos sem voltar a Gramado, finalmente retornei à cidade. O trabalho havia me consumido de forma implacável nos últimos meses; inauguramos mais dois hotéis em um curto espaço de tempo, e precisei estar presente em cada detalhe, supervisionando cada passo. Foi exaustivo, mas necessário. No entanto, mesmo com toda a correria e os compromissos inadiáveis, eu não poderia deixar de celebrar o Ano Novo ao lado da minha família. Minha mãe provavelmente me deserdaria se eu ousasse faltar mais um ano às festividades.Minha família morava no nosso hotel em Gramado, um lugar que, apesar de ser um dos nossos negócios, sempre considerei como lar. Ao entrar no hotel, fui recebido pelo cheiro familiar de pinho fresco e canela que impregnava o saguão. A decoração natalina ainda enfeitava cada canto, com guirlandas penduradas nas portas e luzes piscando suavemente ao redor da lareira da recepção, que permanecia acesa e estalando, aquecendo o ambiente contra o frio do inverno.
Hoje, o hotel estava ainda mais cheio do que de costume. Hóspedes circulavam pelo salão decorado com luzes cintilantes e fitas douradas, carregando taças de champanhe e sorrisos radiantes. O clima de festa era contagiante; risos, música e conversas animadas se misturavam, criando uma atmosfera acolhedora e festiva. Eu gostava dessa energia. Ao me aproximar do centro do salão, onde minha família estava reunida, avistei Marla, minha cunhada, com um sorriso caloroso e Carolina, minha sobrinha de 1 ano e 3 meses, que brincava em seus braços.— Ela está linda — elogiei, com alegria, enquanto me aproximava. — E muito esperta — Marla respondeu, os olhos brilhando de orgulho. — Não quer mais saber de colo. Mas assim que estendi os braços, Carolina esticou os dela para mim, o rostinho iluminado por um sorriso inocente. — Ainda bem que ela gosta do tio, né, princesa? O tio você deixa pegar — brinquei, sentindo o calorzinho de suas mãozinhas pequenas se agarrando ao meu pescoço.Marla riu. —
— Está nervosa? — perguntei, divertido, enquanto ela olhava ao redor, claramente desconfortável.— Surpresa — respondeu, sem conseguir me encarar.— Por que surpresa? Nos encontramos exatamente aqui, há dois anos — provoquei, inclinando-me um pouco mais perto. Ela suspirou e pareceu ficar ainda mais apreensiva.— O que acha de irmos para um lugar mais tranquilo? — sugeri, me aproximando ainda mais. Ela olhou para mim assustada, e eu senti que precisava ser mais direto. Passei a mão pela sua cintura e puxei-a levemente para mais perto, mantendo meu olhar fixo no dela.— Gostaria muito de relembrar o sabor dos seus lábios nos meus — murmurei, minha voz carregada de intenção.Ela se afastou imediatamente, o olhar sério e decidido. — Tenho namorado! — afirmou, sua voz firme.— Por que foi embora sem falar comigo? — perguntei, mudando de assunto rapidamente.— O quê? — ela respondeu, claramente confusa com a mudança.— Na noite em que ficamos, por que foi embora sem se despedir? — pergunte
Emily...— Não acredito nisso — deixei escapar, minha voz saindo mais alta do que eu pretendia. Meus olhos estavam fixos em Cadu, que se aproximava com Karen de mãos dadas. Meu coração começou a martelar no peito, e a adrenalina disparou pelas minhas veias. Eu queria gritar com Karen, queria que ela mudasse de direção imediatamente, mas sabia que não adiantaria.— O que foi? — Bernardo que já estava ao meu lado novamente, perguntou, sua voz carregada de curiosidade.Pensei rápido, tentando disfarçar. — Esqueci de colocar meu uniforme na máquina para lavar — menti, tentando soar casual, mas o nervosismo fazia minha voz tremer.Bernardo franziu a testa, descrente. — Está pensando em roupa suja, Emily? — perguntou, incrédulo, seus olhos se estreitando em desconfiança.Eu apenas dei de ombros e virei o copo de drink, tentando engolir a tensão, enquanto meu subconsciente gritava: “O que ela pensa que está fazendo?”, o som do meu coração batendo alto em meus ouvidos abafava qualquer outro p
Mesmo tentando de todas as formas, meus olhos não conseguiam se afastar dos dele. Era como se eu estivesse presa num feitiço, incapaz de romper o contato visual. A música "Never Tear Us Apart" de Bishop Briggs começou a tocar, sua melodia intensa e melancólica ressoando pelo salão. A combinação da canção e o olhar fixo de Cadu em mim fazia meu ventre se contorcer de um jeito que eu não conseguia explicar. Era completamente insano, um misto de desejo e tensão que me consumia.Eu sabia o quanto aquilo era errado e perigoso, mas não conseguia evitar. Um sorriso escapou dos meus lábios, involuntário, e pude ver Cadu sorrir em resposta. Ele gostava do que via, e seu sorriso satisfeito deixou claro que estava adorando o jogo. Nossos olhares continuavam conectados, e era como se o tempo tivesse parado ao nosso redor.— Amiga, pelo amor de Deus, disfarça ao menos — Karen sussurrou ao meu lado, a preocupação evidente em sua voz.Eu a encarei, furiosa. — A culpa é toda sua, Karen! O que deu na
Emily...Bernardo caminhava rapidamente, praticamente me arrastando pelo corredor do hotel. Tentei acompanhar seu passo acelerado, mas era difícil não tropeçar em meus próprios pés enquanto ele me puxava. Saímos para o lado de fora, onde o ar frio da noite me atingiu como um tapa. Ele me levou até um canto próximo à escadaria, onde o movimento era menor. Olhou ao redor, cumprimentando algumas pessoas que passavam com aquele sorriso cativante que ele sabia usar tão bem quando conveniente. Mas, assim que seu olhar se voltou para mim, toda a simpatia desapareceu, dando lugar a uma expressão sombria e irritada.— Com quem pensa que está falando? — rosnou, sua voz baixa e ameaçadora, os olhos queimando de impaciência. — Acha que pode falar comigo de qualquer jeito?Senti um calafrio percorrer minha espinha. — Eu só disse que você poderia...— Não faça eu perder a paciência com você na frente de todos, Emily — ele me interrompeu, agarrando meu braço com força. Seus dedos cravaram em minha p
Emily...Retornamos ao salão, o ambiente ainda vibrando com a energia do Ano Novo. As luzes suaves refletiam no chão polido e as conversas e risos das pessoas ao redor se misturavam ao som da música de fundo. Cadu, com seu jeito confiante, nos convidou para uma área mais reservada, um canto discreto com sofás confortáveis e iluminação mais baixa, onde o clima era mais íntimo. Ele nos acomodou em um dos sofás, e logo notei Bernardo continuando sua troca de olhares com a loira do outro lado do salão. Ela, sem nenhum pudor, sorria para ele de volta, sua expressão carregada de uma intenção que qualquer um podia perceber.— Meu amor, vou lá fora fumar. Não demoro — Bernardo disse, levantando-se com um sorriso que eu sabia ser falso.— Tudo bem — respondi, forçando uma expressão neutra. Ele se afastou, caminhando em direção à saída. A loira, mal esperou ele se mover e o seguiu com passos rápidos. Neguei com a cabeça, sentindo o cansaço emocional começar a pesar. Peguei meu celular, abrindo