Joguei a coberta e me levantei rápido, apanhei a roupa no caminho e corri para o banheiro.— Só um minuto, já desço! — gritei enquanto caçava algum vestido leve para colocar, mas paralisei assim que encarei meu celular jogado nos travesseiros.Desejei tanto que nossa noite não tivesse sido só um momento.Depois que me vesti corri descendo os degraus apreensiva com o que podia ser, não desconfiava que minha mãe fosse bem capaz de fazer todo esse caminho até aqui apenas para perturbar o pouco de paz que eu ainda tinha e depois de Fernando ter ido confrontá-la eu não duvidava que esses fossem seus planos.Mas assim que avistei Carlos sentado na sala eu fiquei confusa.O homem trajando calças de cowboy, uma calça e fivelas dignas de um vaqueiro se levantou quando me viu, o chapéu em suas mãos era amassado com tanta força que eu duvidava que ele ainda mantivesse a forma característica depois daquilo.— Você precisa me ajudar. — foi o que a voz cheia de sotaques disse assim que parei diante
As coisas não estavam perfeitas, estavam longe disso. Eu continuava a ignorar as ligações da minha mãe, Fernando e eu estávamos conversando como um casal normal, mesmo que parecesse muito com um namoro a distância. Não tínhamos tocado em nenhum assunto que nos deixaria em uma situação complicada, era uma tentativa de não me estressar com ele e mantermos a convivência gostosa, mas que me fazia estar em um limbo.A sujeira ainda estava ali no vidro, estávamos nos olhando através dele, mas sabíamos que era temporário, uma hora seria impossível continuar e teríamos que limpar tudo de uma vez.Mas estava me mantendo ocupada com o caso de Bete e ele tinha ainda mais trabalho no escritório.Isso sem falar no quanto eu perturbava a vida de Pedro ou passeava pela cidade. Como agora, depois de uma volta no quarteirão decidi passar na lanchonete e comer alguma coisa, os bolos de Rosa eram divinos de mais para deixar passar. Eu ainda teria que apresentar ela e Maria.— Helen, graças a Deus você a
Lembrança: Me virei na cama pela milésima vez, mas com cuidado para não acordar Fernando. Eu havia tentado pegar no sono a todo custo, sem sucesso, nada teve efeito em acalmar minha mente que maquinava todos os cenários para o almoço de domingo. Havíamos convidado minha família e a dele para um almoço, já que iriamos casar em breve decidimos que era uma boa hora para eles se conhecerem e de quebra íamos anunciar a data do casamento. O problema não era justamente esse, a família dele toda já sabia do pedido e apoiava nossa relação. Ana e eu éramos boas amigas, ela me tratava como uma filha, Miguel do mesmo jeito havia me recebido de braços abertos na família, Emy também, era mais difícil de sair, mas sempre que estávamos juntas ela era ótima, fazia tudo que eu pedisse. Em nenhum momento eu ouvi o questionamento: mas você não é muito velha pra ele? Já na minha casa desde o primeiro momento que eu ousei falar que estava namorando começaram as perguntas, nem precisei dizer que ele era
Eu acordei naquela manhã me dando conta de que mais um dia não tinha Fernando aqui comigo, poderia ser mais um dia qualquer em que desejava que ele já tivesse resolvido seus problemas e voltado para nós, mas não. Não era outro dia qualquer porque minha consulta do sétimo mês havia chegado e novamente ele não estava ao meu lado. Ainda conversávamos todos os dias e até parecia que havíamos voltado às bases de um casamento, amizade, companheirismo, mas foi impossível não ter pensamentos negativos sobre nossa relação hoje. — Pronta filha? — Miguel me chamou da sala. O homem estava ansioso para a consulta, mas até do que eu podia dizer. — Prontinha. — dei meu melhor sorriso. Ele não precisava saber os meus pensamentos ou ligaria para Fernando imediatamente e a última coisa que eu queria era o filho ao meu lado por estar sendo pressionado. Ainda não tinha engolido a conversa dele com minha mãe e sua mudança depois disso. — Vamos, vi na televisão que vem uma chuva por ai daquelas. Quero
O beijo estava errado, apesar de toda compreensão entre nós naquele momento, dividindo algo tão triste, não estava certo. Ele não era Fernando! O que eu tinha feito? Onde eu estava com a cabeça? Ele não era meu marido, não era Fernando. Me afastei de pressa e Pedro fez o mesmo, já se levantando da cama. — Desculpa, desculpa. Eu... eu não sei o que me deu, simplesmente perdi a cabeça e não sei. — Está tudo bem. Você está vulnerável e confusa, vamos só esquecer isso ok. — Pedro ainda parecia sem graça, mas se sentou no chão ao lado da cama. — Não é com um beijo que vou esquecer que me deixou de fora hoje do ultrassom. Por que não me chamou? Eu encarei o homem no chão, ele tinha o dom de mudar de assunto rápido e fingir que nada tinha acontecido, havia alguns momentos que eu agradecia por isso, como agora. Mas mesmo ele mudando o foco da minha loucura há segundos atrás eu não ia esquecer do medo que vi refletido em seus olhos quando ele entrou aqui. — Não queria atrapalhar. Sei que
— Você tem certeza de que vai? Tem mil por cento de certeza? Era a milésima vez que eu ouvia aquelas palavras só de Emy, se contasse a de todos os outros a nossa volta eu iria surtar. Sexta-feira, começava o feriado prolongado e a maratona de shows no clube. Eu não queria ficar em casa, não aguentava passar mais um dia trancada lendo, tomando sol ou comendo enquanto assistia. — Eu juro que vou surtar e dar na sua cara se me perguntar isso mais uma vez! — ameacei e ganhei a atenção de todos na sala. — Estou maravilhosamente bem e vou aproveitar. Agora que vem comigo? Ou eu vou pegar o carro e ir sozinha. Ninguém discutiu, em fileira saímos eu, Sara, Emy seguida de Marcos. Miguel cuidaria das crianças, já que Carla ia cantar e nenhum de nós se prontificou a ficar de baba para Felipe ou Fábio. — E então Sara, ele confirmou alguma coisa? — Emy perguntou quando todos estavam acomodados no carro. — Ele não disse se ia quando Marcos perguntou. Pedro, ele ainda não queria falar comigo. N
— Essa é a última caixa Helen. — Marcos gritou enquanto carregava junto com Bruno a caixa pesada. Finalmente eu havia pegado as chaves da casa nova, vulgo antiga casa da Bete, e tirei um tempo para trazer toda às coisas do bebê para cá. Tinha até me animado com a mudança e resolvi comprar alguns moveis para meu novo quarto, a cama enorme e mais confortável, do que aquela molenga que eu estava dormindo nos dois últimos meses. Nem parecia que já havia passado tanto tempo assim — Tem certeza de que não vai voltar pra casa com a gente? — a voz de Emy me tirou dos meus pensamentos me trazendo de volta ao presente. — Não quero deixar você sozinha aqui. — Deixa de ser tão dramática, já conversei com seu pai e ele vai me pegar em algumas horas. — me voltei para a casa e vi os meninos deixando o lugar. Bruno e Carlos haviam se unido a marcos para me ajudar com tudo, se pudesse reclamar sobre Pedro ainda estar me evitando eu reclamaria, mas estava agradecida que ele estava compartilhando s
— Você senta aqui, que eu vou esquentar nosso almoço. Eu nunca tinha estado na casa dele, o lugar era pequeno e aconchegante, cheio de árvores em volta escondendo a pequena casa de dois cômodos. Parecia até que essa era realmente a intensão, mantê-lo isolado do mundo. A sala era repleta de livros, por todos os lugares, no chão, nas prateleiras, no sofá-cama que ocupava quase todo o cômodo, a cadeira no canto. Todos em um estado que demonstrava muito uso, folhas amareladas, orelhas, amassados e alguns nem conseguia se ler o título. O chão de madeira rangeu enquanto eu dava passos pelo lugar, nenhuma foto, nenhuma caixa, nada além dos livros para dar um toque pessoal. As cortinas estavam velhas e gastas, assim como o tapete que cobria parte do chão. — Não sabia que você era um leitor tão voraz. — resmunguei, mas o que eu queria mesmo falar é: como você vive aqui? Ele continuou a bater nas panelas e eu levada pela curiosidade segui o som encontrando-o batendo aqui e ali, se mexendo b