— Você senta aqui, que eu vou esquentar nosso almoço. Eu nunca tinha estado na casa dele, o lugar era pequeno e aconchegante, cheio de árvores em volta escondendo a pequena casa de dois cômodos. Parecia até que essa era realmente a intensão, mantê-lo isolado do mundo. A sala era repleta de livros, por todos os lugares, no chão, nas prateleiras, no sofá-cama que ocupava quase todo o cômodo, a cadeira no canto. Todos em um estado que demonstrava muito uso, folhas amareladas, orelhas, amassados e alguns nem conseguia se ler o título. O chão de madeira rangeu enquanto eu dava passos pelo lugar, nenhuma foto, nenhuma caixa, nada além dos livros para dar um toque pessoal. As cortinas estavam velhas e gastas, assim como o tapete que cobria parte do chão. — Não sabia que você era um leitor tão voraz. — resmunguei, mas o que eu queria mesmo falar é: como você vive aqui? Ele continuou a bater nas panelas e eu levada pela curiosidade segui o som encontrando-o batendo aqui e ali, se mexendo b
— Tem certeza que eu preciso ir? — resmunguei entrando no carro com certa dificuldade. Não estava com animo para sair de casa, os últimos meses só conhecia cansaço, fome e sono. Meus pés estavam inchados com aquele calor, minha barriga parecia que iria explodir a qualquer momento e não vou nem começar a falar dos meus seios. — Me obrigaram a te levar, ou acha que eu estaria aqui de bom grado? — fuzilei Pedro com o olhar. Ele já deveria saber que a essa altura meu humor andava azedo. Estávamos esperando que o bebê nascesse qualquer dia da próxima semana, Pedro tinha se tornado meu médico particular, junto com Bianca, viviam me monitorando esperando por qualquer mudança que indicasse que tinha chegado a hora. Eu por outro lado, estava torcendo que Angel esperasse até o casamento da tia. Angel, sim eu tinha escolhido o nome em homenagem a avó Ana, que teria adorado estar aqui nesse momento, mas ainda não tinha comunicado a ninguém. Estava esperando que Fernando chegasse para o casame
Meu coração batia em disparada, o frio na barriga estava presente novamente. Isso era normal? Depois de tantos anos eu ainda me sentir afetada assim por ele me assustava, especialmente depois de tudo o que aconteceu nos últimos meses.Eu deveria querer gritar com ele, socar aquele rosto perfeito, arrancar os cabelos macios, mas tudo o que eu consegui foi ficar ali encarando o homem no gramado, acompanhado das malas e uma cara nada boa. Mesmo querendo me mexer e ir até ele, ou dizer qualquer coisa que fosse meu cérebro parecia ter perdido essa capacidade.— Então esse é... — Pedro começou, mas foi logo interrompido.— O marido!— Um marido bem ausente, não é mesmo. Fazem o que já? Cinco meses querida? — ele me olhou e eu soube que estava provocando Fernando de propósito, só não conseguia entender o porquê.— Querida? Que porra você pensa que é pra chamá-la assim? — Nando bradou e então avançou pelo gramado a passos largos e determinados até estar na nossa frente.Para o meu desespero P
Se não aceitasse seria uma longa noite sabendo que ele estava no quarto ao lado e eu não podia tocá-lo.Fernando apenas concordou com a cabeça antes de me acompanhar para dentro do seu antigo quarto. Parecia que tínhamos voltado no tempo, dois estranhos ali, ainda sim aquela ligação que eu não sabia explicar nos atraia.Era palpável a tensão no ar, todos os problemas ali nos forçando a manter a distância, enquanto nossos corpos pareciam gritar por algum contato.Eu o deixei sozinho com a desculpa de usar o banheiro e respirei fundo diante do espelho, eu precisava me acalmar. Respirei fundo antes de sair do banheiro, mas perdi toda a concentração quando o avistei deitado na cama usando apenas uma boxer preta.Ele queria ferrar com meu psicológico? Porque se fosse isso estava conseguindo.— Esperei que aqui fosse estar cheio de coisas. — Fernando murmurou, mas eu não dei muita atenção, estava ocupada em controlar meu corpo e não pular em cima dele.Eu tinha saído do banheiro decidindo s
Acordei com a sensação de ter dito um sonho maravilhoso com Fernando na noite passada, mas acordei com a cama vazia.Me virei no colchão aproveitando o sol da manhã que entrava pelas cortinas, mesmo que não me lembrasse de tê-las fechado na noite passada. Queria continuar ali deitada até que a inquisição, conhecida como Sara, entrasse agitada com o casamento, mas Angel decidiu ser mais rápido que ela reclamando de fome.Arrastei minha bunda até o banheiro e já estava pronta para me vestir e descer para o café quando encarei as marcas avermelhadas no meu pescoço.Que merda era aquela?— Amor? Trouxe comida. — a voz vinda do quarto me trouxe de volta a realidade. Fernando? Abri a porta com brusquidão para tirar a dúvida e o encarei ali.— Então não foi um sonho. — murmurei para mim mesma ainda chocada com sua presença.Distraído ele abria as janelas deixando a brisa gostosa da manhã invadir o quarto.— Que sonho? Vem comer, deve estar morrendo de fome. — ele me puxou pela mão e antes qu
Eu disse que queria que Angel esperasse até o casamento e agora torcia para que ele saísse logo, minhas costas e pés estavam pedindo por isso, e nem ia mencionar minha bexiga.— Está na hora de sair garotão, já tem passe livre. — murmurei acariciando a barriga que mais parecia uma bola de praia.— A mamãe não é a única ansiosa com sua chegada. — Fernando me pegou de surpresa entrando no quarto com uma bandeja cheia de comida. Eu podia me acostumar com isso novamente. — Não sabia se era uma boa perguntar, mas que seja. Já escolheu um nome?— Já. — sorri com sua cara incerta mudar para expectativa, os olhinhos brilhando com aquele sorriso doce se esgueirando pelo canto. Ele colocou a bandeja ao meu lado esperando que eu continuasse. — Mas é surpresa. Vai saber junto com todo mundo.— Você é malvada, doutora. Adora me enlouquecer. — antes que eu percebesse meu pé já estava em suas mãos. O aperto no peito do pé vindo na medida certa fez meus ombros relaxarem instantaneamente e um gemido d
O dia amanheceu com o sol característico, que eu estava começando a adorar, junto com a brisa suave e não deu outra, rapidamente combinamos o churrasco no jardim.Marcos e Emy tinham viajado em lua de mel, mas tínhamos arrumado outra pessoa para ficar na churrasqueira. Na verdade Miguel ia ajudar Fernando e garantir que nada saísse da cor de carvão, meu marido era bom na cozinha, já na grelha era um horror.— O bebê vai explodir sua barriga, tia Helen! — Fábio gritou paralisado encarando o movimento que Angel fazia na barriga deixando o pé marcado, o menino segurava a bola acima da cabeça com os olhinhos arregalados.— Ele está se espreguiçando. — Pedro chegou pegando o pequeno pelas pernas e o jogando sobre os ombros. — Como está hoje querida?— Bem. Não vejo a hora de ele nascer logo e ao mesmo tempo fico com medo quando penso. Faz sentido?— Amor, você deixou isso lá dentro. — Nando saiu de dentro de casa segurando nas mãos minha garrafa de água. — Viu minha bolsa de viagem preta?
— Angel? Quem é... Helen que Angel? — a voz de Miguel parado nas minhas costas me fez trincar os dentes, não sabia se por raiva das duas crianças a minha frente ou pela dor que estava se tornando cada vez mais forte.— Vocês dois formam o par perfeito, a língua maior que a boca! — soltei o ar e inspirei devagar tentando controlar o que com certeza era uma contração. — Era pra ser surpresa o nome do bebê e eu ainda não tinha contado da casa pra Fernando. Idiotas!— Angel? Um nome bem diferente.— Isso não quer dizer Anjo em inglês? — Sara se divertia com a cena enquanto eu queria jogar um balde de água em cima dos dois crianções.— Sim e também é a junção mais bonita que achei com os nomes Ana e Miguel!— Helen filha! — os braços dele me envolveram no mesmo instante em um abraço caloroso, mas era a última coisa que eu precisava agora. — Quer matar esse velho do coração, não é mesmo? — ele já estava com os olhos úmidos.— Ana adoraria estar aqui, é uma forma de homenagear ela por todo o