Capítulo 4
Quando os sequestradores ligaram novamente, optei por enganá-los. Afirmei que já havia reunido toda a quantia exigida e estava a caminho do local combinado para realizar a troca. Eles libertariam Victor e Vera, e eu entregaria o resgate.

Solicitei ao meu consultor financeiro que providenciasse o saque imediato. Carreguei duas enormes malas repletas de dinheiro até o ponto de encontro. Mal havia chegado quando meu celular tocou mais uma vez.

— Continue caminhando. — A voz ordenou do outro lado da linha. — Dirija-se à fábrica abandonada atrás da destilaria Moonshines. Eles estão lá dentro.

Abandonei as malas sem hesitar e corri desesperadamente.

Ao entrar na fábrica abandonada, avistei o carro de Vera com a porta escancarada. Meu coração acelerou enquanto me aproximava com passos trêmulos, até finalmente encontrá-los no banco traseiro.

Os dois estavam suspensos, seus corpos quase sem vida. O peito aberto revelava o vazio onde antes pulsavam seus corações. Ainda respiravam, mas por um fio tênue que se esvaía a cada segundo.

Lágrimas brotaram incontroláveis enquanto eu me arrastava na direção deles, discando freneticamente para a Curandeira.

— Fábrica abandonada atrás da Moonshines! — Gritei com a voz embargada. — Encontrei lobos sem coração! Venham depressa, por favor!

Agarrei suas mãos com toda a força que me restava.

— Pai, mãe, aguentem firme! A Curandeira está a caminho! Vou ligar para o Leo agora mesmo. Ele vem, tenho certeza.

Ambos me encararam com a respiração entrecortada e balançaram levemente a cabeça.

— Lyra... — Sussurrou Vera entre arquejos. — Quando partirmos, tudo que possuímos será seu. Nos perdoe.

Engasguei em soluços e neguei desesperadamente.

— Não! Vocês não têm nada do que se desculpar! A culpa foi minha. Não consegui reunir o dinheiro suficiente a tempo!

Vera tentou soltar um sorriso, mas a dor a impedia.

— Não se culpe, Lyra. Isso nunca teve a ver com você. Aqueles Lobos fora da lei jamais pretenderam nos deixar viver. — Ela ergueu o olhar para o teto da fábrica, sua visão já nublada pela proximidade da morte, e murmurou com voz fraca. — Lembra quando Leo foi envenenado? Disseram que a cura crescia no alto do penhasco... Mas ninguém teve coragem de buscá-la. Em meio a toda matilha, apenas você, uma garotinha, tinha a coragem de arriscar. Naquele dia, acreditamos ser uma bênção da Deusa da Lua que ela havia enviado você especialmente para salvar nosso Leo. Mas a verdade é que seu sofrimento nasceu da nossa ilusão. Fomos nós que erramos... Jamais deveríamos ter permitido esse casamento.

Um pranto descontrolado tomou conta de mim.

— Não, isso foi decisão do Leo! Vocês nunca me forçaram a nada!

Vera reuniu suas últimas forças para apertar minha mão e declarou:

— Quando partirmos, quebre o vínculo com ele. Você já carregou fardos demais.

Segurei o celular com mãos trêmulas e continuei tentando contato com Leo. O telefone chamava incessantemente, mas permanecia sem resposta. Desesperada, enviei uma mensagem de voz.

[Leo, seus pais estão gravemente feridos! Volte agora mesmo!]

O silêncio foi sua única resposta.

Persisti nas tentativas. Ligações, mensagens, súplicas desesperadas.

Até que, diante de meus olhos marejados, Victor e Vera exalaram seu último suspiro e fecharam os olhos para a eternidade. E Leo jamais respondeu.

A Curandeira chegou apressadamente, mas já não havia nada a ser feito além de constatar o inevitável.

Permaneci de pé, sentindo o mundo desmoronar ao meu redor. Tudo escureceu de repente. Quando minhas pernas cederam, os agentes me ampararam antes que eu desabasse completamente.

— Luna... — Informou um deles com voz grave. — O dinheiro não foi levado. O sequestrador que veio buscá-lo foi baleado durante a captura. Está em coma no hospital. Luna, eles se foram. Meus mais sinceros pêsames.
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