O Arrependimento do Meu Ex-marido
O Arrependimento do Meu Ex-marido
Por: Seven Seas
Capítulo 1
Acordei de um pesadelo aterrador e percebi que havia retornado ao passado.

Era o dia em que meus sogros cairiam nas mãos de sequestradores.

Meus dedos encontraram o celular na penumbra do quarto, confirmando o momento fatídico. Era 31 de dezembro, 13h59.

Em poucos instantes, aquele bando de lobos fora da lei faria contato exigindo um resgate de cinquenta milhões com prazo de meia hora. Caso contrário, tirariam a vida dos reféns sem hesitação.

Observei Leo, que finalizava o fechamento da mala, pronto para deixar nosso quarto. Na soleira da porta, ele se virou com frieza em sua voz:

— Não vou voltar esta noite.

Me mantive em silêncio. Apenas direcionei meu olhar para o celular sobre o criado-mudo.

Como já esperava, o aparelho tocou.

Atendi com mãos firmes e ativei o viva-voz para que cada palavra ecoasse:

— Victor e Vera estão sob nosso controle. Vocês têm duas horas para entregar trinta milhões na destilaria Moonshines. Se acionarem o Escritório de Aplicação da Lei dos Lobisomens, vou arrancar o coração dos dois no mesmo instante!

O volume estava suficientemente alto para que Leo captasse cada palavra. Ele interrompeu sua saída e se voltou, me lançando um olhar carregado de desprezo.

— Lyra, você perdeu o juízo? Tudo isso apenas para me impedir de passar o Dia dos Namorados com Cheryl? Agora usa meus próprios pais para encenar um falso sequestro?

Não desperdicei energia com explicações.

— Isso não é teatro. É a realidade crua. Seus pais foram sequestrados. Precisamos do dinheiro imediatamente. Vá ao banco agora!

Leo soltou uma risada sarcástica enquanto balançava a cabeça, incrédulo diante da situação.

— Lyra, só hoje consegui enxergar quem você realmente é. Te dei o lugar de Luna e mesmo assim não se satisfaz? Agora também cobiça meu dinheiro?

Sem um momento de hesitação, ele girou nos calcanhares e atravessou a porta.

Eu e o Alfa Leo crescemos juntos desde os primeiros anos de nossas vidas. Anos atrás, ele sofreu envenenamento por toxina lupina. Arrisquei minha própria vida para colher a raríssima Erva da Lua no topo de um penhasco traiçoeiro, salvando sua vida quando todos já o consideravam perdido.

Após esse episódio, nossas famílias firmaram um compromisso. Ao atingirmos a maioridade, ele me tomaria como sua Luna em matrimônio.

Eu tinha pleno conhecimento de seu antigo amor, embora sua família jamais a tivesse aceitado.

Antes da cerimônia de marcação, questionei se ele verdadeiramente desejava estabelecer o vínculo comigo. Se seus sentimentos eram genuínos. Lhe ofereci a liberdade de partir para as Terras do Sul e construir uma vida ao lado de seu antigo amor.

Sua resposta foi afirmativa. Declarou que queria compartilhar o restante de seus dias ao meu lado.

No dia seguinte ao nosso vínculo de marcação, ele anunciou a necessidade de uma viagem de negócios para as Terras do Sul.

Enganei a mim mesma, repetindo como um mantra que ele era um Alfa com inúmeras responsabilidades e compromissos.

Mas quando retornou, ele trouxe Cheryl consigo. Diante dos meus olhos, a ajudou a retirar o casaco, carregou sua bagagem, atentou para cada detalhe que pudesse lhe proporcionar conforto.

Chegou ao extremo de deslizar o polegar pelo canto dos lábios dela para comentar sobre a maquiagem levemente borrada.

Naquele momento, tudo ao meu redor pareceu se desvanecer em trevas. Finalmente entendi a verdade. Desde o princípio, seu coração jamais me pertenceu.

Contudo, o meu coração era inteiramente dele. Movida por esse amor, suportei cada provação. Fingi não ver, não saber. Desempenhei com perfeição o papel de esposa dedicada.

Observando Leo sair a casa, retruquei com um tom frio:

— Jamais ambicionei seu dinheiro. Meus próprios rendimentos se equiparam aos seus.

Fixei meu olhar intensamente no dele e prossegui:

— E muito menos arquitetaria uma farsa envolvendo seus pais. Se duvida da minha palavra, podemos nos dirigir juntos ao Escritório de Aplicação da Lei agora memso. Para você, a segurança dos seus próprios pais vale menos que alguns momentos com uma amante?

Talvez minha serenidade o tivesse desestabilizado. Ou quem sabia tivesse sido a ironia que transparecia em cada palavra pronunciada. Leo permaneceu imóvel por alguns segundos.

Passei por ele sem cerimônias e abri a porta. Ali estava Cheryl, já esperava por sua chegada.

Não me dei ao trabalho de pronunciar palavra alguma. Simplesmente continuei meu caminho. Ao passar por ela, Cheryl provocou um esbarrão intencional e, em seguida, emitiu um pequeno grito, simulando dor.

— Ai! Meu ombro dói muito! — Com olhos umedecidos por lágrimas estudadas, se apressou em declarar. — Leo, não fique bravo com a Luna. Tenho certeza de que não foi intencional.

Perdi o equilíbrio e caí sobre o piso. Ergui o olhar e encontrei os dois me observando de cima.

Leo imediatamente se aproximou para examinar Cheryl com preocupação exagerada.

— Você está bem? Quer que eu aplique algum medicamento? — Então, ele se voltou para mim com evidente irritação. — Lyra, como consegue ser tão desajeitada? Não é capaz de prestar atenção aos seus movimentos? Vá buscar o remédio agora mesmo!

Me levantei sem auxílio e respondei:

— Não temos medicamentos em casa.

— Você é mesmo uma criatura egoísta e mesquinha!

Ele me lançou um último olhar repleto de desprezo antes de partir com Cheryl ao seu lado.

Permaneci imóvel naquele mesmo ponto. Só então percebi que minha mão apresentava arranhões e sangrava. Direcionei meu olhar para o interior da casa, o encarando no relógio que marcava o passar dos minutos na parede.

O tempo escoava rapidamente. Restava pouco mais de uma hora para agir.
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