Parte 2...— Eu não me lembrei disso, Matteo - reclamei de novo — Não pode ficar brigando comigo assim. Eu não sou mais sua empregada.— Eu sei que não, mas eu fui até o salão de Alexandre e você não estava lá.— Porque a aula de hoje terminou e eu tinha outras coisas para fazer. Eu tenho uma vida que funcionava sem você, esqueceu?Ouvi o suspiro dele do outro lado.— Tudo bem, Ana, mas agora estamos juntos e o mínimo que você poderia fazer, era me avisar.— Eu não sabia que você iria querer saber de cada passo meu, Matteo - respondi abusada.— Ana... - outro suspiro longo — Olha, me diga o que vai fazer, para o caso de eu precisar de você. Estou retirando os papéis para o casamento no civil e preciso de seus dados.— Olhe no contrato... Está tudo lá - continuei abusada.— Ana... Tudo bem, eu não vou reclamar... Onde você está agora?— Chegando na clínica para ver como foi a mudança de Acácia.— Mande o endereço pra mim. Eu vou te buscar.— Não precisa.— Eu vou te buscar, Ana - ele r
Parte 3...O sol brilha suavemente através das folhas da árvore, criando uma atmosfera serena no jardim da clínica. Eu gosto muito desse ambiente e sentadas em cadeiras do jardim, desfrutando da tranquilidade do local, é ainda melhor. É relaxante para mim e mais para Acácia. Dá para perceber que apesar da mudança de um local para outro, ela está até mais corada. Isso é bom.— Acácia, você se lembra da primeira vez que nos mudamos juntas para aquela pequena casa no bairro?— Ah, como eu poderia esquecer? - ela me responde nostálgica — Era tão difícil naquela época. Não tínhamos muito, mas tínhamos uma a outra, e isso era o mais importante.— Sim, tínhamos que contar nossas moedas para comprar comida. Mas você sempre esteve ao meu lado, me apoiando. Eu não teria sobrevivido sem você - suspirei, um tanto melancólica pela recordação.— E você, minha querida, cresceu tão forte e corajosa. Estou muito orgulhosa de você - ela apertou minha mão com carinho.Não resisti e a abracei carinho
Parte 4...MatteoOnde diabos está Ana? Ela disse que estava na clínica, mas já rodei pelos corredores e nada dela. Fico impaciente, preciso dela para dar continuidade ao plano. Peguei o celular e mandei mensagem."Ana, onde diabos você está?"Logo em seguida ela me responde. Mandou um aúdio."— Matteo, eu estou onde disse, aqui na clínica."Mandei outro de volta e reclamei." — Não está nada... Eu estou aqui e já rodei pelos corredores e não te vi. Onde está?"O celular tocou. Atendi rápido.— Matteo, em que corredor você está agora?Eu olhei em volta e vi a plaquinha na parede.— Corredor C3 - respondi.— Então, senhor agoniado, é só você seguir até o final desse corredor e sair no jardim do fundo da clínica. Estamos sentadas embaixo de uma árvore grande. Vai nos ver logo.Desliguei e fui logo. Saí pelas portas largas de vidro e vi mesmo as duas, mais à frente. Me aproximei. Vi o cabelo branco da senhora ao lado dela e me pareceu que estavam bem carinhosas uma com a outra, de mãos d
Parte 5...Não sei se devo dar detalhes agora, mas Ana também não me deu nenhuma dica e eu achava que a mãe adotiva dela fosse mais velha e estivesse mais doente, a ponto de não precisar dar detalhes.— Eu espero que sseja lá o que for, vocês não fiquem em uma situação complicada depois.— Não vai acontecer nada de ruim, Acácia - Ana disse e me olhou arregalando os olhos — É que Matteo fala de um modo que até parece que tem algo de ruim escondido, mas não tem.— Pois é - dei uma risadinha falsa — É que eu sou um pouco exagerado mesmo.— Um pouco? - Ana ergueu a sobrancelha e cruzou os braços.— Ah... Você também é - abanei a mão e Acácia riu baixinho — A senhora sabe que ela também é exagerada. Ela me olhava de cara feia na empresa o tempo todo.— Porque você era um ogro comigo, Matteo - ela falou alto.— Não... - balancei o dedo para o alto — Não era bem assim, não. Você também fazia algumas coisas erradas no trabalho. Até quebrou algumas coisas.— Porque eu tenho um problema na per
Parte 1... Depois que saímos da clínica, Ana me deu algumas explicações sobre os problemas de saúde que Acácia tem e realmente não sei como ela conseguiu ainda levar por tanto tempo, sem ajuda de outras pessoas. É muito difícil ser sozinha nos tempos de hoje. Até mesmo para mim que sou homem e que já nasci com previlégios, de vez em quando fico empacado em alguma situação. Bem, agora mesmo. Se não fosse por ela ter aceitado entrar nesse plano para me ajudar, eu nem sei se teria chance de ficar com a propriedade. Olhei para ela ao meu lado no carro. — Ana... - ela me olhou — Caso eu esqueça ou então não mostre isso... Eu agradeço muito o que está fazendo, ficando ao meu lado nessa loucura toda que Otávio e Sandro criaram. Ela respirou fundo e depois sorriu de leve. — Não vai me chamar de interesseira ou então de aproveitadora? - ergueu a sobrancelha. — Hum... - eu torci a boca — Não mais - dei um risinho cínico — Mas eu pensei mesmo isso antes. — Eu sabia! - ela apontou o dedo p
Parte 2...— Como assim, curtir futilidade?Entrei em um estacionamento grande e dei a volta para abrir a porta para ela.— Hoje você vai deixar meu irmão de boca aberta - sorri e bati a porta do carro. Dei o braço para ela se apoiar — Vamos gastar um pouco mais de meu dinheiro para que você fique mais bonita do que é.Ana corou mais que um tomate. Eu não esperava por isso e comecei a rir.— O que foi?— É que... Ninguém nunca me disse que eu era bonita... Só a Acácia - mordeu o lábio envergonhada.Eu enchi o peito de ar. Fiquei emotivo ao ouvir isso. Nossa, como pode alguém não receber um elogio em toda sua vida?— Ana, parece que você tem muitas ideias boas, mas só aplica para os outros.— O que quer dizer?— Que você tem uma estima baixa, apesar de ser forte e ter passado por muita coisa - segurei seu rosto — Você não precisa que alguém lhe diga que você é bonita. O que falamos no carro serve para você também, sabia?Ela encolheu os ombros.— A gente se acostuma com tudo na vida, M
Parte 3...Ana...— Ana! Pelo amor de Deus!Ouvi as batidas na porta de novo. Matteo estava do lado de fora do quarto enquanto eu me arrumo assim como a Laís me explicou direitinho.Olhei minha imagem no espelho e quase chorei. Eu nunca usei nada assim, nem de longe. O caimento do vestido azul é perfeito em meu corpo. Meu Deus, estou me achando bonita mesmo. Isso até me emociona. — Ana! Ana! Ana!Respirei fundo e soltei um som de aborrecimento, indo até a porta e abri de vez.— O que é, Matteo? O que é, Matteo? - o copiei — Nossa, você é muito chato mesmo, não sabe esperar, não sabe dar tempo para que eu me arrume... Sabe bem que pra mim é difícil isso tudo, que eu preciso estar calma para não cometer nenhum erro e que eu... - parei ao ver a cara de tonto dele — O que foi?— Nossa, Ana... Você está... Deslumbrante nesse vestido - ele sorria me olhando de cima até embaixo devagar — Eu mal posso acreditar que é você mesmo aí dentro.Eu fiz um bico e cruzei os braços.— Matteo... Eu tiv
Parte 1... Ana Durante o trajeto até a casa do irmão dele, Matteo compartilhou comigo algumas lembranças de sua infância e adolescência, assim como o momento em que Lucas se afastou da família. Era evidente que Matteo ainda guardava ressentimentos em relação a essa situação, embora parecesse não estar totalmente ciente disso. Ele expressava suas opiniões como se Lucas fosse o único culpado pelo afastamento, mas eu sabia que cada pessoa tem seus motivos para se distanciar de entes queridos, mesmo que sejam parentes. No entanto, percebi que esse não era o momento apropriado para discutir isso com Matteo. Ele parecia ansioso e nervoso com o encontro iminente com seu irmão. Nesse momento, a melhor atitude era cumprir o papel que ele esperava de mim, o de uma noiva carinhosa e apaixonada. Dessa forma, todos ao nosso redor teriam a certeza de que nosso relacionamento era genuíno, baseado no amor, e não em algum acordo pragmático para benefício mútuo. Afinal, o que importava agora era mo