Parte 6... Infelizmente nem todo mundo pensa como eu, até mesmo dentro da própria família. Não sei exatamente o que meu avô sentiu ao saber que Lucas era homosexual, mas sei que minha avó depois de uns minutos pensando no que ele disse, simplesmente aceitou e me pareceu que isso não a incomodou realmente. — Mas, seja honesto... Se ele não fosse seu irmão, você aceitaria o fato dele ser gay? Eu torci a boca pensando. E porque eu não deveria aceitar? — Eu nunca fui de pensar em outra pessoa como diferente de mim... Pra mim todo mundo tem direito a ser e fazer o que quiser, desde que isso não traga prejuízo ao próximo. — Poxa, muito legal isso que você disse, Matteo - ele balançou a cabeça — Seria ótimo que as pessoas pensassem dessa forma, evitaria muita dor de cabeça. — Todo mundo tem liberdade individual, Otávio, você como advogado sabe bem disso - me inclinei para a frente — E as pessoas deveriam ser mais abertas a entender que elas não são as donas da verdade, como muitas pens
Parte 1... Eu ando pelo corredor quando finalmente achei o absorvente que gosto e que fazia tempo não comprava dessa marca porque estava muito cara, mas agora, graças a Deus, eu vou poder comprar sempre que precisar e em alguns dias meu período vai começar, então quero aproveitar logo. É impressionante como as pessoas não prestam atenção ou então apenas não possuem empatia por alguém pobre, em especial uma mulher, que vive nas ruas ou até mesmo em um local humilde. É tão difícil ficar menstruada e não ter nem mesmo um absorvente barato para usar nesses dias. Nossa, meu Deus, como eu sofri e vi outras sofrendo com isso. Meu período começou muito cedo, eu tinha só onze anos, estava largada na vida, jogada de um lado para outro e nem sabia o que era isso direito. Tive que aprender como usar um absorvente com a ajuda de uma senhora da farmácia que me explicou. Meu telefone toca e me tira dos pensamentos do passado. Ainda bem. Era Matteo. — Oi, Matteo... — Onde você está agora? Com A
Parte 2... Ana Cheguei de volta na cobertura e já deu para ouvir a Patty mechendo nos armários. Assim que entrei ela veio me ajudar com as sacolas, mas não eram muitas. — Oi. Como foi a ida até o supermercado? Encontrou o que queria? — Sim, foi tranquila - abri uma sacola em cima da mesa — Foi interessante. Eu não conhecia esse supermercado e tem mais coisas do que imaginei. É bem sortido. Para mim, acostumada com mini mercados perto de onde morava, esse pareceu até gigante pra mim. Também levo em conta que o bairro é de gente rica, então eles capricham mais. — Aconteceu algo diferente? - ela inclinou a cabeça sorrindo. — Só o Matteo mesmo - ri de leve — Ele ligou bem na hora em que eu estava escolhendo o absorvente. E ainda ficou fazendo piadinha. — Ah, mas isso é normal para ele - Patty abanou a mão — Ele gosta de dar uma de sério o tempo todo, mas de vez em quando ele deixa escapar algumas brincadeiras comigo. Isso é normal - ela fez uma cara engraçada — Coisa de homem que
Parte 3... Matteo... Encontrar Lucas em um restaurante cheio de gente foi a melhor coisa. Depois de ouvir algumas coisas, fiquei pasmo com a mentalidade de Lucas e sobre o que ele pensava quando morava ainda na mesma casa que nossos avós. Pelo menos com muita gente em volta, eu seguro mais a minha língua, que segundo a Ana, é tão grande que mal cabe na boca. Começo a achar que ela tem razão. O restaurante é bem agradável e aconchegante. Nunca estive aqui, mas Lucas disse por mensagem que eu iria gostar do lugar. Ao fundo tem um cara com um piano tocando uma melodia calma e gostosa. Isso é bom pra relaxar mais. O que eu preciso. — Matteo, eu não entendi ainda seu ponto de vista - Lucas abriu as mãos — O que eu disse é sério. — Eu sei que é sério, Lucas, mas eu não posso concordar com você sobre isso - eu fiz uma careta incomodado e olhei de lado — Você sabe que eu considero nossos avós mais até do que nossos pais, pra mim eles são muito importantes. — Eu sei disso, mas só porque
Parte 4...Ana— Matteo, eu sei que isso pode parecer estranho à princípio, mas ele continua sendo o seu irmão mais velho, não é? - eu enfiei os dedos no cabelo escuro dele.— Sim, é claro que continua - Matteo suspirou — Mas é tão estranho ouvir as coisas que ele me disse quando nos encontramos no restaurante.Eu dei uma risadinha.— Não acho que seja mais estranho do que nós dois, sentados aqui nesse sofá grande, como se a gente fosse um casal - ri mais — Pra mim é como se fosse um sonho bem esquisito. Você deitado, a cabeça no meu colo e eu aqui, mexendo em seu cabelo - balançei a cabeça — Quer dizer... Se alguém me falasse sobre isso eu iria rir muito e pensar que a pessoa estava brincando comigo.Matteo ergueu o olhar para mim.— Bom, mas nós somos um casal agora, Ana. Até já transamos.Eu sinto meu rosto quente, acho que corei um pouco e ele riu, apertando meu braço.— Você ainda tem vergonha disso?— Claro que tenho, Matteo - eu torci a boca e depois sorri — Eu ainda não me ac
Parte 1... — Mas, Matteo... Você não acha melhor deixar do modo que está? Ainda é bem cedo e depois da noite que tivemos, onde Matteo mostrou que realmente ele tem um apetite sexual grande, eu acabei dormindo na cama dele. Acho que comecei a entender porque tinha tanta mulher dando em cima dele. Além de ser um homem bonito, inteligente e rico, Matteo me parece saber muito sobre essa parte de um relacionamento. Mas não sei ainda se eu estou seguindo o caminho certo, apesar de que ele mesmo me disse que não existem regras quando duas pessoas querem ficar juntas e que sexo não é apenas a parte básica, o que já entendi perfeitamente. — É claro que não, Ana - ele abriu os braços — O que um casal de verdade faz? — Mora junto? - apertei os olhos. — Óbvio... E o que mais? — Dorme no mesmo quarto - respondi como se fosse uma criança. Claro que era. — Então pronto... Eu já tinha dito pra você que tinha que trazer tudo seu para cá. E meu quarto é grande, espaçoso e meu closet cabe suas r
Parte 2...— Não - ele puxou o ar — Pode parecer que é, mas não - ergueu um dedo — Veja bem... Se você quer consertar o problema dela, quer dizer que isso incomoda você e que ela não é perfeita - eu inclinei o corpo de lado prestando atenção — Se você quer ajudar, então quer dizer que você quer o bem dela, que isso não o incomoda e que só quer que Ana fique bem, sem incômodo ou dor.Eu não tinha pensado nisso.— E ajudar de bom coração, pensando nela, quer dizer que para você, ela é perfeita do jeito que é, mas que vai se sentir melhor evitando visitas a médicos, tomando remédios o tempo todo. Dá pra entender o que eu digo?— Dá sim - assenti &mdash
Parte 3...Agora fiquei com a conversa do Tim, presa na mente. Ele tem umas colocações bem interessantes sobre a vida. Parecia mais um guro do que um advogado. Mas foi bom, eu gostei de ouvir.Passar o resto da vida com alguém é uma decisão muito significativa e eu nunca me vi ao lado de alguém até ficar velho. Sei lá, não me parece ser algo que pode dar certo. Pra mim a maioria dos casamentos são mais de interesse mútuo e comodismo, do que por vontade de ter aquela pessoa junto o tempo todo.Claro que tem gente que ainda consegue ficar casado por amor, tipo meus avós. O casamento deles foi longo, não só por serem pessoas de outra época, mas porque um completava o outro. E que eu me recorde, nunca vi os dois brigarem sério. Às vezes eles tinham um debate ou outro, mas nada que os fizesse perder a paciência com o outro e também nunca ficaram sem se falar um dia que fosse. Eu me lembro que minha avó disse uma certa vez, que um casal nunca deve dormir brigado. Se estiverem chateados ou