Parte 2...
— Não - ele puxou o ar — Pode parecer que é, mas não - ergueu um dedo — Veja bem... Se você quer consertar o problema dela, quer dizer que isso incomoda você e que ela não é perfeita - eu inclinei o corpo de lado prestando atenção — Se você quer ajudar, então quer dizer que você quer o bem dela, que isso não o incomoda e que só quer que Ana fique bem, sem incômodo ou dor.
Eu não tinha pensado nisso.
— E ajudar de bom coração, pensando nela, quer dizer que para você, ela é perfeita do jeito que é, mas que vai se sentir melhor evitando visitas a médicos, tomando remédios o tempo todo. Dá pra entender o que eu digo?
— Dá sim - assenti &mdash
Parte 3...Agora fiquei com a conversa do Tim, presa na mente. Ele tem umas colocações bem interessantes sobre a vida. Parecia mais um guro do que um advogado. Mas foi bom, eu gostei de ouvir.Passar o resto da vida com alguém é uma decisão muito significativa e eu nunca me vi ao lado de alguém até ficar velho. Sei lá, não me parece ser algo que pode dar certo. Pra mim a maioria dos casamentos são mais de interesse mútuo e comodismo, do que por vontade de ter aquela pessoa junto o tempo todo.Claro que tem gente que ainda consegue ficar casado por amor, tipo meus avós. O casamento deles foi longo, não só por serem pessoas de outra época, mas porque um completava o outro. E que eu me recorde, nunca vi os dois brigarem sério. Às vezes eles tinham um debate ou outro, mas nada que os fizesse perder a paciência com o outro e também nunca ficaram sem se falar um dia que fosse. Eu me lembro que minha avó disse uma certa vez, que um casal nunca deve dormir brigado. Se estiverem chateados ou
Parte 4...Eu tinha chegado a quase quarenta minutos para visitar Acácia. No quarto da clínica, o sol da manhã banhava o ambiente com uma luz suave e dourada, criando uma atmosfera de calma e esperança.O quarto particular mostrava a atenção da clínica com seus pacientes, adornado com pequenos toques de elegância, com cortinas de tecido fino, móveis de madeira polida e flores frescas em um vaso na mesa ao lado da cama.— Lindas essas flores - eu sorri olhando para o vaso.Acácia virou o rosto para o vaso de cerâmica, delicadamente esculpido, com lindas flores dentro, deixando o quarto mais colorido e com uma fragância agradável.No vaso, as flores deslumbravam com sua diversidade de cores e formas. Destacavam-se os delicados lírios brancos, que simbolizavam a purez
Parte 1... Ana O sol já estava bem forte com tons alaranjados enquanto eu subia os degraus da escada que levava à cobertura de Matteo. Quando cheguei o porteiro me disse que os elevadores estavam parados por conta de uma manutenção programada e os moradores teriam que usar a escada. Isso não me incomoda, estou acostumada a andar e subir e descer ladeiras. Só achei estranho e perdi um pouco da minha animação quando vi a Patty, em pé perto da porta da cobertura. Patty parecia nervosa e inquieta, seus olhos mostrando uma expressão de preocupação. Me preocupei com isso. — Patty, o que está acontecendo? Por que você está aqui fora? — Oh, Ana, que bom que você chegou. Sua cunhada está aqui - ela falou baixinho — E ela... Bem, não está em seu melhor humor, vamos dizer assim - eu achei estranho — Ela foi muito grosseira comigo e disse que quer falar com você em particular. Nossa, até engoli em seco, surpresa e nervosa com a notícia. Não entendo porque Jules estaria aqui para falar comig
Parte 2...Eu não queria ter que conversar com Jules coisas tão particulares sozinha, mas pelo jeito é o que vai acontecer. Não posso chamar o Matteo na frente dela. Vou ter que deixar rolar, mas não me sinto muito à vontade para isso.— Jules, eu sei que você está aborrecida e parece cansada, mas não precisa me contar nada. Pode esperar pelo Matteo e falar direto com ele.— Não... - ela segurou minha mão — Acho que você pode me entender.Eu franzi a testa.— Bem, eu agradeço que pense assim, mas eu não conheço bem o Lucas e...— Ele é gay - ela repetiu — Eu até pensei que pudesse mudar isso, mas me enganei - ela se recostou na cadeira e Patty trouxe um suco gelado — E agora estou grávida e não sei se o filho é dele ou do Mark.&mda
Parte 3...Eu nem sei o que pensar. Será que eu ouvi direito? Por acaso o Matteo disse que vamos nos casar daqui a poucas horas? Ergui as sobrancelhas e arregalei os olhos. Meu Deus, ele sempre é assim. Decide as coisas do nada e o outro que acompanhe seu pensamento.Respirei fundo e soltei o ar bem devagar para oxigenar o pensamento.— Jules, você não pode trazer seus problemas para cá - ele se aproximou de mim — E menos ainda, tentar forçar a Ana a te ajudar em algo. Se você e o Lucas estão com problemas, por favor - ergueu a mão — Vá para casa e converse com ele. — Lucas não tinha falado antes em se separar de mim - ela disse meio transtornada — Depois que ele começou a ter contato com você de novo, isso está pairando sobre minha cabeça.Vi a cara de Matteo mudar. E eu conheço um pouco essa mudança, porque era bem assim que ele agia na empresa, quando ficava aborrecido com algo. Apertei os lábios, só observando os dois.— Olha, vocês têm um relacionamento muito fora do normal para
Parte 4...MatteoEu fiquei com a pergunta do Tim na cabeça e como sou um pouco estressado com relação ao tempo de cada coisa, analisando, vi que foi mesmo um deslize meu e que eu deveria ter aproveitado nossa ida até a Toscana e já retornado como marido e mulher.Só que eu foquei meu pensamento em outra parte, que foi começar nossa vida sexual e esqueci que poderia ter feito as duas coisas ao mesmo tempo. Agora não quero mais atrasar essa parte. Vamos nos casar no cartório de um conhecido.Não tenho uma amizade realmente com Benjamin, mas já precisei do cartório dele algumas vezes antes, para resolver alguns documentos e acabei ficando mais próximo, o que me permite de vez em quando, enviar meus funcinários até lá e ele mesmo resolve a questão para mim.Como vai ser agora.Expliquei a ele do que se trata, dizendo que eu queria muito me casar com Ana ainda hoje ou no mais tardar, amanhã pela manhã. É claro que é mais vantajoso para ele que eu use o nome de seu cartório para coisas de
arte 5...AnaEu não sei porque, mas me deu um pavor súbito depois que coloquei o vestido e me olhei no espelho. Até minha garganta fechou um pouco e fiquei com o corpo tremendo. Eu já sabia que esse momento do casamento iria acontecer, nós entramos nessa exatamente por isso.Esse foi o plano desde o começo. Só que mesmo não sendo um vestido de noiva realmente, me ver refletida com ele, indo em direção a um cartório onde vou entrar como solteira e sair como casada, nossa... Isso me deu um tapa forte.Eu já passei por muita coisa antes, mas eu vou dar um passo muito sério e importante e que vai mudar minha vida por completo. Já está mudando, aliás. Não tenho que me preocupar com Acácia, ela já sabe dessa decisão que tomei. Mesmo não concordando em cem por cento, ela entende como eu penso e no final, ela sabe que só vamos ter vantagem. O que poderia acontecer de ruim nisso?Eu estou resguardada por um contrato e Matteo não iria fazer nada de ruim contra mim. E nem acho que seja da natu
Parte 1...AnaQuando chegamos ao cartório, logo vi Sandro e Otávio na frente. Eles estavam nos esperando.— Vocês chamou os dois?— Sim, precisamos de testemunhas - ele parou o carro na vaga.— Mas... E eles vão servir? Quer dizer, eles são seus advogados, não é?— Não tem problema. Antes disso eles são meus amigos e quem melhor para ser testemunha?Ele desceu e deu a volta, abrindo a porta para mim. Respirei fundo ao sair. Matteo passou a mão por minha cintura e me deu um beijo leve na bochecha.— Não vá travar agora ou o tabelião vai achar que está sendo forçada - deu uma risada engraçada.— Não vou travar, pode deixar - sorri de volta — Já estou mais calma.— Ainda bem - ele me puxou e me abraçou, falando ao meu ouvido — Eu gosto disso, de como você se adapta às situações.Eu dei um pequeno sorriso. Infelizmente, tive que aprender a ser assim nas ruas ou não conseguiria sobreviver. Não é fácil ficar vagando sem ser vista pelas outras pessoas. Ainda tenho alguns traumas guardados,