Parte 3... Ana Enquanto vou visitar Acácia para saber como ela passou esses dias em que fiquei fora, Matteo foi se encontrar com o responsável atual pelo testamento do avô dele. Me pareceu que estava tranquilo, o que é bom para passar uma boa ideia sobre nosso relacionamento. Não fiquei tanto tempo fora, mas ainda assim, Acácia teve um episódio durante uma noite e perdeu toda a madrugada entre inda e vinda para o banheiro e em uma ocasião chegou até a fazer as necessiadades em cima da cama mesmo. Ela estava um pouco deprimida, triste com o acontecimento, mas as enfermeiras da equipe que cuida dela me disse que estava tudo bem. Isso era algo normal que infelizmente ocorria muito com pacientes nas condições de saúde dela e ainda mais quando eram mais velhos, idosos. Eu a levei em uma cadeira de rodas para a parte de fora e escolhi um cantinho no gramado, perto de um jardim pequeno, para conversarmos melhor. É muito ruim ficar doente e se sentir debilitada a maior parte do tempo e a
Parte 4... — Como assim, esqueletos no armário? - eu franzi a testa achando engraçado. — É que nunca sabemos de verdade o que se passa na vida dos outros, querida. Ficamos tentados a pensar que só quem tem problemas somos nós, isso é comum para o ser humano. — Ah, entendi... Tipo "a grama do vizinho é mais verde que a minha" - gesticulei. — Bem isso mesmo. Puxei o ar fundo e torci a boca, pensando na frase. É verdade. — Matteo se mostra um homem diferente do que ele é na empresa. — Mas é que temos personagens para cada etapa de nossa vida. Você não é a mesmo vinte e quatro horas do dia, é? — Acho que não - torci o nariz. — Então, porque ele seria? - ela espalmou as mãos sobre o colo — Você tem que observar e buscar entender o comportamento do outro. Até nós mesmos, às vezes, vendemos uma falsa imagem nossa que acaba por enganar aos outros e muitas vezes nos decepcionamos quando achamos que não somos entendidos. Eu parei um momento para pensar nisso. Acácia como sempre tem m
Parte 5... Matteo — Eu não entendi isso, Otávio - cruzei as mãos sobre o colo — Desde quando você tem esse contato com meu irmão? — Desde que ele me pediu para ser advogado dele, lá no jantar - ele bateu as mãos — Eu não vi nenhum motivo para negar a proposta dele, Matteo. Eu torci a boca. Sei não. Do nada o Lucas resolve fazer parte de minha vida de novo. Tudo bem, a gente nunca chegou a brigar de verdade, eram só desavenças de irmãos, algo comum, mas ele se afastou e na maior parte das vezes, sempre sou eu quem o procura. — Isso não tem a ver com a herança, tem? — Eu não posso te falar sobre um cliente, Matteo - ele deu risada — Ainda que ele seja o seu irmão. Por enquanto nada tem a ver com isso, posso assegurar. Achei estranho, mas, enfim, Otávio tem razão. Um advogado não pode quebrar o silêncio de outro cliente. E se ele diz que não tem a ver com o testamento, eu acredito. Otávio nunca mentiu para mim. Que eu saiba, pelo menos. — E como foi a viagem com a Ana? Me recost
Parte 6... Infelizmente nem todo mundo pensa como eu, até mesmo dentro da própria família. Não sei exatamente o que meu avô sentiu ao saber que Lucas era homosexual, mas sei que minha avó depois de uns minutos pensando no que ele disse, simplesmente aceitou e me pareceu que isso não a incomodou realmente. — Mas, seja honesto... Se ele não fosse seu irmão, você aceitaria o fato dele ser gay? Eu torci a boca pensando. E porque eu não deveria aceitar? — Eu nunca fui de pensar em outra pessoa como diferente de mim... Pra mim todo mundo tem direito a ser e fazer o que quiser, desde que isso não traga prejuízo ao próximo. — Poxa, muito legal isso que você disse, Matteo - ele balançou a cabeça — Seria ótimo que as pessoas pensassem dessa forma, evitaria muita dor de cabeça. — Todo mundo tem liberdade individual, Otávio, você como advogado sabe bem disso - me inclinei para a frente — E as pessoas deveriam ser mais abertas a entender que elas não são as donas da verdade, como muitas pens
Parte 1... Eu ando pelo corredor quando finalmente achei o absorvente que gosto e que fazia tempo não comprava dessa marca porque estava muito cara, mas agora, graças a Deus, eu vou poder comprar sempre que precisar e em alguns dias meu período vai começar, então quero aproveitar logo. É impressionante como as pessoas não prestam atenção ou então apenas não possuem empatia por alguém pobre, em especial uma mulher, que vive nas ruas ou até mesmo em um local humilde. É tão difícil ficar menstruada e não ter nem mesmo um absorvente barato para usar nesses dias. Nossa, meu Deus, como eu sofri e vi outras sofrendo com isso. Meu período começou muito cedo, eu tinha só onze anos, estava largada na vida, jogada de um lado para outro e nem sabia o que era isso direito. Tive que aprender como usar um absorvente com a ajuda de uma senhora da farmácia que me explicou. Meu telefone toca e me tira dos pensamentos do passado. Ainda bem. Era Matteo. — Oi, Matteo... — Onde você está agora? Com A
Parte 2... Ana Cheguei de volta na cobertura e já deu para ouvir a Patty mechendo nos armários. Assim que entrei ela veio me ajudar com as sacolas, mas não eram muitas. — Oi. Como foi a ida até o supermercado? Encontrou o que queria? — Sim, foi tranquila - abri uma sacola em cima da mesa — Foi interessante. Eu não conhecia esse supermercado e tem mais coisas do que imaginei. É bem sortido. Para mim, acostumada com mini mercados perto de onde morava, esse pareceu até gigante pra mim. Também levo em conta que o bairro é de gente rica, então eles capricham mais. — Aconteceu algo diferente? - ela inclinou a cabeça sorrindo. — Só o Matteo mesmo - ri de leve — Ele ligou bem na hora em que eu estava escolhendo o absorvente. E ainda ficou fazendo piadinha. — Ah, mas isso é normal para ele - Patty abanou a mão — Ele gosta de dar uma de sério o tempo todo, mas de vez em quando ele deixa escapar algumas brincadeiras comigo. Isso é normal - ela fez uma cara engraçada — Coisa de homem que
Parte 3... Matteo... Encontrar Lucas em um restaurante cheio de gente foi a melhor coisa. Depois de ouvir algumas coisas, fiquei pasmo com a mentalidade de Lucas e sobre o que ele pensava quando morava ainda na mesma casa que nossos avós. Pelo menos com muita gente em volta, eu seguro mais a minha língua, que segundo a Ana, é tão grande que mal cabe na boca. Começo a achar que ela tem razão. O restaurante é bem agradável e aconchegante. Nunca estive aqui, mas Lucas disse por mensagem que eu iria gostar do lugar. Ao fundo tem um cara com um piano tocando uma melodia calma e gostosa. Isso é bom pra relaxar mais. O que eu preciso. — Matteo, eu não entendi ainda seu ponto de vista - Lucas abriu as mãos — O que eu disse é sério. — Eu sei que é sério, Lucas, mas eu não posso concordar com você sobre isso - eu fiz uma careta incomodado e olhei de lado — Você sabe que eu considero nossos avós mais até do que nossos pais, pra mim eles são muito importantes. — Eu sei disso, mas só porque
Parte 4...Ana— Matteo, eu sei que isso pode parecer estranho à princípio, mas ele continua sendo o seu irmão mais velho, não é? - eu enfiei os dedos no cabelo escuro dele.— Sim, é claro que continua - Matteo suspirou — Mas é tão estranho ouvir as coisas que ele me disse quando nos encontramos no restaurante.Eu dei uma risadinha.— Não acho que seja mais estranho do que nós dois, sentados aqui nesse sofá grande, como se a gente fosse um casal - ri mais — Pra mim é como se fosse um sonho bem esquisito. Você deitado, a cabeça no meu colo e eu aqui, mexendo em seu cabelo - balançei a cabeça — Quer dizer... Se alguém me falasse sobre isso eu iria rir muito e pensar que a pessoa estava brincando comigo.Matteo ergueu o olhar para mim.— Bom, mas nós somos um casal agora, Ana. Até já transamos.Eu sinto meu rosto quente, acho que corei um pouco e ele riu, apertando meu braço.— Você ainda tem vergonha disso?— Claro que tenho, Matteo - eu torci a boca e depois sorri — Eu ainda não me ac