Acordo com a sensação de que ainda estou dentro de um sonho. A brisa suave que entra pelas janelas entreabertas acaricia minha pele nua como dedos invisíveis, e a primeira coisa que percebo é o calor do corpo dele ao meu lado. Meu peito se aperta devagar, num misto de ansiedade e ternura. Minha perna está jogada sobre ele, nossos corpos entrelaçados em um descanso íntimo, quase inocente, depois do furacão da noite anterior.O sol invade o quarto com uma luz dourada, pálida, que suaviza tudo o que toca, como se o mundo lá fora também respeitasse esse momento.Na noite anterior, com o quarto escuro, eu não me preocupei. Mas agora, instintivamente, puxei o lençol até a cintura, cobrindo a cicatriz. Embora a minha posição, me favorecesse. Eu estava escondendo meu ventre não por vergonha. Mas porque ele ainda não sabe. E se visse… talvez começasse a fazer perguntas para as quais eu ainda não tenho respostas.Mas ainda assim, Não me mexo. Não ouso. Meu rosto está virado para ele e fico ap
Ele me pressiona contra a parede e envolve minhas pernas em volta de sua cintura. Seus olhos heterocromados observam meus lábios e sua boca fica aberta. — Oh Deus. – Meus olhos se fecham com a sensação avassaladora de sua reivindicação. Ele bate em mim e me levanta para frente e para trás sobre ele. Suas mãos, sobre minha bunda, me levantando sobre o seu pau grande. — Ahh, sim! — Choro.Ele dilata minha carne e acho que me sinto rasgar.— Vamos esclarecer uma coisa, Cat. — Ele bombeia com força. — Você não toca mais no passado. Você é minha! – Ele me bate de novo e fico tonta com a força de Tristan. — Não! — resmungo, enquanto o beijo, com um beijo agressivo.Ele segura meu pescoço, me enforcando, enquanto sussurra em meu ouvido.— Eu também posso fazer isso, se você me quebrou. — ele solta algo como um rosnado. — Eu não te fiz nada. Eu te amei. — Porra, — ele suspira, — você foi a melhor coisa que me aconteceu. — Ele rosna, as veias em seu peito e ombros bombeiam co
E mesmo com tudo que eu escondia… eu quis acreditar nele. Nem que fosse só por um instante.*Saí do banheiro com a pele quente e os cabelos ainda pingando, a toalha branca apertada contra o corpo. O quarto estava silencioso, exceto pelo som abafado do meu celular vibrando sobre a cômoda. Assim que a tela acendeu, uma enxurrada de notificações tomou conta — mensagens não lidas, áudios, fotos, chamadas perdidas. Respirei fundo, sem coragem de ver tudo de uma vez. Mas então, uma nova chamada entrou. E meu coração derreteu ao ver o nome.— Oi, meu amor…— Mamãe! Você tá bem?— Tô sim, meu bem… Tava pensando em você.— eu também meu amor, eu deveria ter voltado para casa ontem à noite. Você sabe que eu não gosto de dormir longe de você. Mas aconteceu um imprevistoDeitei de lado, relaxando sobre os lençóis. A toalha subiu um pouco na coxa, mas nem notei. Fechei os olhos e me entreguei àquele som tão familiar.— Dormi com sua blusa… Aquela que tem seu cheiro.— Ai, meu amor… Você n
O som da chuva batendo nas janelas era quase reconfortante. O céu desabava lá fora, mas aqui dentro havia paz. Meus pés descalços deslizavam pelo chão frio enquanto eu cantarolava baixinho, ajeitando algumas coisas que estavam espalhadas pela sala — um livro esquecido sobre o braço do sofá, uma manta caída, algumas folhas soltas do meu caderno. Eu já estava de pijama, o cabelo preso de qualquer jeito, e uma xícara de chá pela metade repousava na mesa de centro.Olhei para o corredor. Silêncio.Tristan — meu filho — já dormia. Aos dez anos, ele ainda fazia questão de que eu apagasse a luz do quarto, contasse alguma história boba ou simplesmente o abraçasse até ele adormecer. Hoje, ele tinha caído no sono rápido. Devia estar exausto depois do dia cheio.Enquanto recolhia uma almofada, meus olhos repousaram sobre um desenho feito por ele. Era de nós dois. Mãe e filho. Com sorrisos enormes e braços desproporcionais, como se ele quisesse abraçar o mundo inteiro com aqueles traços. Sorri
E o tempo… parou.Tristan Jr coçou os olhos, o pijama torto, os pés descalços arrastando no chão. Ele deu dois passos na minha direção antes de perceber que havia alguém além de mim na sala. Parou. Me olhou. Depois olhou para ele.Meu coração disparou com tanta força que me senti enjoada.Tristan congelou. Seus olhos ficaram presos naquele menino com o rosto tão familiar. A respiração dele ficou rasa, como se não conseguisse absorver o que via.— Catarina… — ele sussurrou. — Você… você tem um filho?Minha garganta travou. Tentei falar, mas o medo me dominou por inteira. Os segundos se esticaram como uma eternidade.Meu filho olhou de um para o outro, claramente percebendo algo estranho. Ele se aproximou um pouco mais, instintivamente buscando conforto em mim.— É tarde, querido — murmurei, forçando um sorriso. — Volta pro seu quarto, tá bem?— Mas você tá bem, mãe? — ele perguntou, baixinho, com a doçura que sempre me quebrava.— Tô, sim. Vai descansar. A mamãe já vai.Ele m
Tristan pov O som dos talheres ecoava suavemente pela sala de jantar da mansão, misturado ao farfalhar preguiçoso das folhas do lado de fora, balançadas pela brisa que descia da floresta. Era um daqueles almoços que pareciam ter saído de uma vida que eu nunca imaginei ter — tranquila, caseira, quase comum. E, ainda assim, extraordinária.Na minha frente, sentado com as pernas balançando porque ainda não alcançava o chão da banqueta, estava Tristan Jr. Meu filho. Meu filho. Duas palavras que ainda carregavam um peso novo no meu peito toda vez que eu pensava nelas. Era surreal olhar para aquele menino e ver tanto de mim estampado em cada traço — os olhos com cores diferentes, como os meus, os gestos rápidos quando falava empolgado, o jeito observador.Ele usava óculos, um modelo parecido com o que eu usava aos doze. E quando sorriu, inclinado para me mostrar como sabia resolver um enigma simples no guardanapo com garfo e faca, eu tive que desviar o olhar por um segundo. A garganta a
Catarina pov A mansão de Tristan tinha uma beleza silenciosa. O tipo de beleza que às vezes incomoda, não por ser opressiva, mas por nos lembrar do que a gente nunca teve. Havia uma imponência antiga nas paredes, nos móveis, nos vitrais que deixavam o sol escorrer com cuidado pelos corredores. A casa tinha alma — uma daquelas que observa, escuta, guarda segredos.A noite estava morna, mesmo aqui no alto, na floresta. O som das cigarras lá fora misturava-se ao sussurro leve do vento que passava pelas janelas mal fechadas. E eu andava com cuidado pelo corredor do segundo andar, carregando comigo a quietude de quem sente demais.Foi então que o vi. Tristan.Ele estava parado à porta do quarto de hóspedes — o quarto onde nosso filho agora dormia. Era um espaço que claramente nunca fora pensado para uma criança. As paredes nuas, os móveis antigos e rústicos demais, nenhum traço de cor ou brinquedo. Ainda assim, de alguma forma, o menino já havia dominado o lugar. Tinha deixado seus l
— Você… foi salvo por ele. — A pressão quente queimou atrás dos meus olhos, mas contive a frágil represa de lágrimas. eu nunca conheci Alexandre, mas ele já tinha toda minha gratidão. Se não fosse por ele, Tristan estaria realmente morto. — Sim, — ele respira fundo. —. Alexandre achou que me manter longe era o único jeito de me manter vivo. A essa altura, já tinha saído em todos os jornais que eu estava morto. Mas o corpo que encontraram… não era o meu. Era o do Óscar.Fiquei gelada. — Meu Deus, Tristan…— E tem mais uma coisa, — Ele murmurou, como quem sabe que vai deixar uma bomba no ar. — A Mary… estava grávida. Descobri só quando meu pai tentou me matar. Ele sabia. Por isso fez o que fez.Eu não conseguia reagir. As revelações caíam uma por uma, pesadas como pedras. E eu estava ali, tentando processar tudo, enquanto escondia uma parte importante da história — a verdadeira razão de eu ter invadido aquela casa: o documento. Aquele maldito documento que ainda me assombrava.