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~*~*~ Capítulo 3 ~*~*~

No fim do dia, Marcelly e sua mãe Débora chegaram do trabalho; cumprimentaram Kelly, e a mesma já olhou para sua irmã como se estivesse pedindo “desculpas”.

Enquanto se dirigiam para o quarto, Marcelly perguntou, dando risadas: – Por que você está me olhando desse jeito, Kelly? Não tenho dinheiro não!

– Ai que horror, Marcelly! Até parece que eu sou interesseira! – Respondeu, dando risadas.

– Não é interesseira, mas como diz o ditado: “te conheço de outros carnavais”. Desembucha! O que você está querendo?

– Preciso de uma ajudinha sua! – Disse Kelly dando um sorrisinho.

– Saia que ia me pedir alguma coisa! Ajuda em quê?

– É... Então, eu queria aprender a me maquiar, mas já percebi que não levo o menor jeito para isso. – Depois de uma pausa, ela prosseguiu: – Preciso que você me ensine, pois eu já assisti a diversos vídeos na Internet, e nenhum adiantou. Só fiz besteira.

– Percebi, pois seus olhos estão, parece que, manchados. – Comentou, Marcelly, prestando atenção no rosto de Kelly. – Depois de refletir um pouco a situação, ela disse: – Peraí... Você pegou as minhas maquiagens, sua maluca? – Marcelly perguntou, revoltada devido ao abuso da irmã.

– É... Então, irmãzinha... Peguei para experimentar... – Disse Kelly, envergonhada pelo seu feito desastroso.

– E por que você não me esperou chegar do trabalho, criatura? Eu te ajudaria! Você só fez besteira mesmo! – Disse ela, morrendo de rir.

– Você é muito engraçadinha. Vive dizendo para eu me arrumar melhor, mas não me estimula...

– Mas eu vou te ajudar, eu não disse? Mas deixa eu rir um pouco da sua cara manchada. – Disse ela, caindo na gargalhada e se divertindo com a sua irmã. – Peraí... Só mais uma curiosidade...

– Fala.

– Como você removeu a maquiagem?

– Eu lavei o rosto, ué.

– Lavou o rosto? Só isso? E saiu de primeira? – Disse ela, rindo.

– Não! Lavei várias e várias vezes, parecia que aquela mancha horrível nunca ia sair da minha cara. Percebi que só água e sabão não a removeriam, então esfreguei a toalha.

– Ai, meu Deus, você usou a toalha rosa? A mamãe vai te matar, a toalha deve estar toda manchada de maquiagem!

– É... Ficou um pouquinho... – Disse Kelly, tentando esconder o imenso desastre que havia feito na toalha de sua mãe.

De repente, ouve-se um grito vindo da área, cômodo onde fica o tanque: – Que mancha é essa na minha toalha de rosto? Colocaram a toalha rosa na água sanitária? Quem foi a louca? – Perguntou Débora já sabendo que Kelly era a responsável pelo feito.

Kelly levou as mãos ao rosto, enquanto Marcelly morria de rir, pois sabia que a mãe estava reclamando, devido ao feito nada brilhante de Kelly.

– Irmãzinha, relaxa que amanhã é sábado e eu estarei em casa o dia todo. Vamos sair para comprar algumas maquiagens para você. E eu vou te ensinar alguns truquezinhos também, como por exemplo, remover maquiagem.

– Ok. Você passa todas aquelas coisas, mas como você as remove depois?

– Eu uso removedor de maquiagem, ou melhor, demaquilante! Não preciso ficar sofrendo, esfregando a toalha no meu rosto, pois isso irrita a pele, não faz bem, além de demorar a sair e ainda acaba manchando a toalha, fazendo a mamãe dar esses berros, que acabamos de escutar. – Disse ela, dando risadas.

– Ah sim. É... Usar demaquilante acho que é melhor mesmo. – Depois de uma pausa, ela prosseguiu: – Ai, mas me ensina logo, perdi o dia todo hoje para nada, atrasei as minhas séries e, no final, não consegui atingir o meu objetivo. Nem um risco correto eu consegui fazer!

– Fica tranquila que isso tudo você vai aprimorando com a prática. Mas me diz uma coisa, esse interesse repentino por maquiagens... Por que isso agora?

– Nada! Só curiosidade!

– Nem vem que eu te conheço, Kelly! É por causa daquele garoto, não é?

– Ai nada a ver! Você vive dizendo para eu me arrumar melhor. Agora resolvi aprender a me arrumar de um jeito legal. Só isso.

– Hum... Está bem. – Disse Marcelly, sem se convencer do que a irmã dissera.

Neste momento, as duas pararam e olharam em direção à porta do quarto, no momento em que sua mãe chegou e disse que o jantar estava pronto:

– Meninas, o jantar está pronto. – Disse Débora olhando as meninas, mas quando focou em Kelly, disse: – Foi você quem colocou a toalha na água sanitária, não foi? – Perguntou a mãe e saiu aos risos.

– Vamos jantar, depois a gente conversa mais, pois estou morrendo de fome. – Disse Marcelly rindo da irmã.

– Vamos. – Respondeu Kelly.

No dia seguinte, pela manhã, Kelly e Marcelly foram as compras. Ficaram horas escolhendo roupas e maquiagens. Chegaram em casa cheias de sacolas.

Marcelly passou o resto do dia ensinando Kelly a se maquiar, e dando dicas de moda para a irmã.

Na segunda-feira, Kelly se arrumou, vestindo o uniforme do colégio, que era uma blusa cinza, com uma jaqueta vermelha, que comprara no fim de semana. Usou uma maquiagem básica, com apenas um lápis de olho, usou batom gloss e arrumou o cabelo, prendendo-o em um rabo-de-cavalo.

Quando Kelly chegou ao colégio, percebeu que Jéssica ainda não havia chegado, então escutou um som de mensagem e, imediatamente, pegou o celular, que estava na mochila, para verificar. Era Jéssica, pedindo para que avisasse ao professor que ela não iria à aula, pois estava doente.

“Oi amiga, avise ao professor, por favor, que estou me sentindo muito mal hoje e que não irei à aula. Obrigada, beijos”

Naquele momento, Kelly ficou aliviada, pois com certeza, Jéssica perceberia suas repentinas mudanças no visual e, provavelmente, deduziria que era devido ao garoto novo que aparecera na sala de aula na semana passada. Não que Jéssica estivesse errada, mas Kelly era muito discreta, e a última coisa que ela queria, era ter alguém zombando dela. Então Kelly respondeu a mensagem de Jéssica quase no mesmo instante.

“Tudo bem, Jéssica. Eu aviso, sim. Melhoras! Beijos”

Para sua alegria, Gustavo apareceu naquele dia. Entrou na sala, e para a sorte de Kelly, as carteiras dos fundos já estavam lotadas, obrigando-o a sentar na frente, perto dela. E quando ela menos esperava, teve uma surpresa:

– Oi, bom dia! – Disse Gustavo, chamando Kelly.

– Oi... Bom dia... – Respondeu Kelly se virando para a carteira de trás, se sentindo surpresa, pois não estava acreditando que aquele garoto, que era idêntico ao seu ator favorito, estava ali... Falando com ela.

– Tudo bem? Qual é o seu nome? Você pode me passar a matéria das aulas anteriores, por favor? Pois me matriculei esses dias, então perdi muita coisa, e não quero ficar prejudicado.

– Meu nome é Kelly. Passo sim. Espera só um momento, por favor. – Respondeu ela, separando toda a matéria, muito solícita a ajudar o novo amigo-sósia do seu ator predileto. – Está tudo aqui. A matéria completa.

– Obrigado. – Disse ele, enquanto ele pegava de sua mão as folhas.

Percebendo que Gustavo não tinha muitos amigos na sala, Kelly foi bem rápida ao fazer amizade com ele, e garantir que ele ficasse sempre ao seu lado nas aulas.

– Você é novo no colégio também, ou só mudou de turma? – Perguntou Kelly, para puxar assunto.

– Voltei há pouco tempo para a cidade. Pode-se dizer que sou novo por aqui, pois está tudo diferente da última vez em que estive aqui. – Respondeu ele, dando um sorriso.

– Mas está gostando de ter voltado? – Perguntou Kelly.

– Estou me readaptando. É uma cidade pequena, mas muito bonita, devido as cavernas. Eu, particularmente, ainda não as conheço muito bem, pois só cheguei perto delas algumas vezes quando a criança. Vi algumas superficialmente. Não cheguei nem a entrar.

– Entendi. – Concluiu Kelly.

– Você é de onde? – Perguntou Gustavo.

– Sou daqui mesmo. Nasci, e sempre morei aqui. Conheci as cavernas quando ainda era criança, durante um passeio do colégio, mas dizem que aquela área lá, hoje em dia, não está muito segura. – Respondeu Kelly.

– Ouvi dizer também. Bem deserta aquela região atualmente, né? – Perguntou ele, copiando a matéria.

– Sim... Como você sabe que é deserta? – Perguntou Kelly se sentindo intrigada.

– Ah... Não sei... Apenas imaginei... – Disse ele, sorrindo.

– Hum... – Kelly nesse momento ficou pensativa, pois não era possível que alguém que acabou de chegar na cidade soubesse de uma particularidade da caverna, sendo que ela fica um pouco mais afastada da cidade. Então depois de uma pausa, ela continuou. – Você tem quantos anos?

– Dezenove, e você?

– Dezoito.

Depois de um grande silêncio, Gustavo perguntou: – Será que a aula vai demorar muito para terminar?

– Não sei, por quê?

– Estou com um pouco de pressa... Não poderei ficar muito tempo... Você pode me passar, outro dia, o resto da matéria de hoje? – Perguntou Gustavo.

– Posso sim, mas será que não vai se prejudicar por estar perdendo as explicações do professor?

– Pois é... Meu medo é esse...

– Tenta ficar mais um pouquinho, até porque ele ainda nem fez a chamada, então se você for embora agora, provavelmente, vai levar falta.

– Verdade. – Respondeu ele, copiando a matéria.

Kelly percebia um ar misterioso nele. Não se sabe se ele estava escondendo algo dela – ainda que não seja comum as pessoas ficarem falando de sua vida no primeiro dia em que se conhece alguém, mas mesmo assim, ela percebeu algo de estranho no jeito dele de falar.

A aula terminou e Kelly começou a guardar o material. Percebeu que Gustavo também o guardava, e realmente parecia estar com pressa.

Kelly, para puxar assunto e ficar mais tempo perto de Gustavo, perguntou: – Você mora aqui perto?

– Não. Estou indo. Obrigado pela matéria. Até amanhã. Tchau. – Respondeu ele, saindo, praticamente, correndo da sala.

– Tchau. De nada. – Respondeu, sem entender a reação de Gustavo.

Enquanto ela saía da sala e caminhava pelos corredores em direção à saída, procurava por Gustavo, olhando tudo ao redor, mas não o via. – Parece que ele saiu correndo mesmo, pensou.

Na rua, enquanto caminhava em direção a sua casa, viu um grupo de garotos jovens em uma esquina mais afastada. Eles pareciam ter uns vinte e poucos anos. Estavam conversando baixo, mas ainda que não conseguisse entender muito bem o que eles estavam falando, Kelly conseguiu entender a palavra “Gustavo”, ou seja, estavam falando de algum Gustavo. Pode ser o seu amigo, ou não, afinal existem muitos “Gustavos” por aí. Ficou pensativa sobre a tal coincidência, mas minutos depois resolveu deixar para lá, até porque não iria adiantar ela ficar queimando seus neurônios, tentando saber quem era o tal Gustavo, de quem aquele grupo de pessoas falava. Se o garoto disse que é novo na cidade, então ele não deve nem conhecer as pessoas direito ainda.

Quando Kelly chegou em casa, removeu a maquiagem, dessa vez utilizando o demaquilante que havia adquirido junto com sua irmã Marcelly nas últimas compras. Em seguida, almoçou, tomou um banho, e foi assistir as séries, como de costume, porém, dessa vez muito mais feliz, pois estava fazendo amizade com o garoto que era muito semelhante a um dos atores.

No dia seguinte, Kelly estava na sala de aula e percebeu que Gustavo estava olhando bastante para ela, parecendo até que estava paquerando-a, e também observou o mesmo comportamento nele: Sempre sai correndo no final da aula. Então ela achou isso muito estranho, porém não disse nada a ninguém.

– Nossa! Ele é sempre assim? Sai sempre correndo quando acabam as aulas? – Perguntou Jéssica.

– Não sei. Não o conheço direito. Deve estar com pressa. – Respondeu Kelly, enquanto guardava seu material na mochila.

Quando ambas saíram da sala, Jéssica, como de costume, foi para a lanchonete enquanto Kelly seguia sozinha para sua casa. No caminho, novamente, tinha um grupo de jovens que vinham caminhando em sua direção, como se fossem para o colégio. Mas dessa vez, como estavam próximos, Kelly ficou atenta ao assunto dos rapazes. Eles mais uma vez falavam de um tal de Gustavo. E pelo que ela conseguiu entender, eles diziam: – “Querem pegar o Gustavo! Ele pensa que mudando de cidade, a polícia vai esquecê-lo, está muito enganado!”

No momento em que Kelly ouviu isso, ficou muito assustada, pois teve praticamente certeza de que eles falavam de seu novo amigo, pois, de acordo com o que Gustavo falara no dia anterior, e pelo seu comportamento estranho de sair correndo imediatamente na hora em que o sinal toca, indicando o fim da aula.

– Será que Gustavo está fugindo desses caras? – Pensou Kelly.

Como sua casa ficava próxima do colégio, ela resolveu perguntar aos seus vizinhos sobre esses rapazes que eram, provavelmente, novos na cidade, pois num lugar pequeno, todos se conhecem, e quando chega um visitante, todos ficam atentos.

Em frente a uma casa próxima a escola tinha uma senhora varrendo a calçada. Quando Kelly a avistou, se aproximou e perguntou:

– Bom dia! A senhora está aqui há muito tempo? – Perguntou Kelly à senhora, que estava em frente ao portão de casa, varrendo a calçada.

– Oi, querida! Bom dia! Estou sim! Por quê?

– A senhora chegou a ver um grupo de rapazes que estavam logo ali na frente conversando, próximo ao jardim do parque? Percebi que eles estavam ontem no mesmo lugar.

– Vi sim! Mas não falo com eles, não! São pessoas perigosas. E se eu fosse você, não mexeria com eles também não! – Respondeu a senhora, assustada.

 – Não vou mexer com eles não! Fique tranquila! É apenas uma curiosidade, pois nunca os vi por aqui. Eles são perigosos por quê? São bandidos?

– Bom, eu não sei muito bem, mas pelo que eu ouvi, esses rapazes vieram por causa de um garoto que acabou de se mudar para cá. Não sei exatamente o que está acontecendo. E, sinceramente, prefiro nem saber. – Disse a senhora mostrando uma expressão facial de medo.

– É... Com certeza! – Concluiu Kelly.

– Bom te ver, querida. Vou entrar para arrumar o almoço.

– Tudo bem. Até mais.

Kelly prestou muita atenção naquelas informações, que a intrigou bastante. Suas desconfianças estavam se tornando cada vez mais reais. – O que aqueles rapazes poderiam querer com Gustavo?

Ficou pensando sobre isso durante o dia todo. Queria tentar ajudar, mas não sabia como, pois o próprio Gustavo não falava muito da vida dele. Parecia até que estava escondendo algo.

Kelly entrou em casa, almoçou, tomou um banho e foi tentar se distrair desses pensamentos assustadores, assistindo as suas séries favoritas e se encantando cada vez mais com a semelhança de Gustavo com seu ator predileto.

Percebeu que, com o passar do tempo, estava pensando mais em Gustavo do que deveria ou mais do que o normal, pois nunca tinha sido assim com nenhum outro garoto com quem fizera amizade. Ainda assim, não quis interromper este – talvez – sentimento que estava nascendo, mesmo sem saber se era recíproco. Ela percebia que Gustavo a olhava durante as poucas aulas, nas quais ele estava, mas não era possível saber se ele estava afim dela realmente, ou não. Só o tempo poderia dizer.

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