Início / Romance / O Amor Através dos Seus Olhos- A bailarina do CEO / Não é tão fácil assim, quando se está muito próximo.
Não é tão fácil assim, quando se está muito próximo.

Chegamos na enorme casa que antes nos pertencia antes. Confesso que, mesmo sendo um lugar requintado, já não era mais tão familiar para mim.

Desci do carro e parei em frente ao lugar, observando cada detalhe dela enquanto esperava Jeremy descer do carro.  Henry havia mandado arquitetar bem o lugar, deixando mais parecido possível com a "casa dos sonhos". 

Ela tinha as paredes brancas e duas colunas ligadas na escada de acesso com algumas luminárias presas; cabia tranquilamente um banquinho de madeira na pequena varanda que havia ali.

Jeremy parou ao meu lado e sorriu me observando, saindo em seguinte para pegar as malas no "porta-malas" do carro.

Ele estava sendo muito gentil e hospitaleiro.

Passamos juntos pela porta e ele seguiu rapidamente em direção à escada, seguindo para o andar de cima do imóvel; era lá que ficavam os quartos e haviam quatro na última vez que estive aqui.

Era estranho estar de volta e consequentemente, as lembranças também estavam de volta. Foram inúmeras noites sem dormir colada na janela a espera de Henry. Ele nunca sabia disso, mas eu só conseguia adormecer quando tinha a certeza de que ele estava de volta e bem.

Aquilo era doloroso, porque eu tinha esperanças de que um dia ele enxergasse meus sentimentos.

Engraçado, não? Eu mesma dar o passo para me divorciar, ciente dos meus sentimentos por ele e esperançosa para que um dia eu fosse retribuída.

Eu sou uma idiota por completa!

Respirei fundo e decidi ir até o encontro de Jeremy, mas assim que me movi, ele desceu as escadas vindo em minha direção com um sorriso nos lábios.

Confesso que estava animada em tê-lo por perto, mas eu ainda me sentia muito tímida em interagir com ele, ainda mais por Jeremy me lembrar muito Henry, só que com anos a menos.

Eles tinham uma genética maravilhosa e se pareciam muito.

—Bom, as malas estão no seu quarto! Se precisar de alguma coisa é só me chamar, para o que for. - Disse Jeremy se aproximando mais e pousando a mão sobre a minha cabeça.

Dei um sorriso por perceber o quanto ele havia crescido. Me lembrava ainda de quando ele era mais novo e passava o tempo me acompanhando em alguns seriados na tv.

Na verdade Jeremy parecia mais meu parente do que de Henry, ele até dormia aqui algumas vezes, só para me fazer companhia.

—Obrigada pela gentileza, mas não pretendo incomoda-lo mais! - Falei sorrindo fraca e então me surpreendi ao vê-lo tocar meu queixo com delicadeza, me fazendo o encarar.

—Você não incomoda nunca Hana, sempre estarei disponível para você. - Falou sorridente, mas logo sua atenção foi desviada para seu celular que pareceu tocar dentro do bolso de sua jaqueta —Eu preciso ir, vai ficar bem?

—Hm! Espero que volte logo, preciso oferecer uma refeição como agradecimento. - Falei gentil o acompanhando até a porta. Jeremy sorriu e se virou para mim, movendo os lábios para me responder.

—Pode ser, mas não precisa de formalidades, eu não preciso de convite, preciso? - Disse ele agitado, correndo até o carro. Ele já estava crescido e parecia ter responsabilidades para cuidar.

—Claro que não, é sempre bem-vindo! - Gritei acenando para ele.

Esperei que ele desse partida e saísse para poder entrar de volta na casa. Pensei em fazer uma limpeza para tentar colocar as coisas em ordem; eu precisava que aquele sentimento passado fosse embora com todo aquele clima pesado.

Já que aquele lugar se tornaria meu lar por alguns dias até eu colocar meus assuntos nos eixos, nada melhor do que limpar todas aquelas memórias e dar á aquele lugar um novo aspecto de “Lar”.

—Vamos lá! - Resmunguei e comecei a descobrir os móveis. Desde as posições dos sofás, aos móveis da cozinha, tudo entro no meu projeto de mudança.

Eu queria começar de novo!

As cortinas foram retiradas e lavadas, os quadros das paredes foram limpos e os antigos porta-retratos que haviam na estante como um enfeite de um casal feliz, foram todos empacotados e guardados no sótão.

Aquele casal já não existia mais!

Quando acabei a limpeza já se passavam das dezoito horas. Fui até a cozinha mexer nos armários para procurar algo para fazer para o jantar e logo me surpreendi. Mesmo com aquele lugar parecendo não ser habitado a muito tempo, a geladeira e armários estavam abastecidos.

—Tsss, sempre fingindo ser o que não é! - Resmunguei me lembrando de Henry. Mesmo ele se mostrando uma pessoa fria e desinteressada, sempre tinha a mania de se importar e fazer as coisas sem deixar vestígios.

Essa era uma das qualidades que não me deixava desistir dele no começo!

Bom, como ainda era véspera de natal, comecei a cozinhar na intenção de ter uma noite agradável. Coloquei o arroz na panela elétrica com alguns vegetais que eu havia picado e em seguinte, levei o frango ao forno para assar.

Como ainda iria demorar, subi para tomar um banho e relaxar um pouco.

Como Henry não morava mais ali, fui até a suíte principal para um banho de banheira. Aproveitei e levei uma garrafa de "Chateau Latour" comigo e saboreei o vinho enquanto tentava descansar. 

Eu não tinha a intenção de pensar em Henry, mas parecia impossível, já que todo o lugar tinha o cheiro dele. 

—Que droga, por que isso não acaba logo? - Resmunguei prendendo os olhos, mas ainda assim não foi o suficiente, já que a imagem daquele homem ainda rodeava meus pensamentos.

Henry tinha uma áurea autoritária e ainda sua presença fazia com que chamasse a atenção onde estivesse. Eu muitas vezes sentia ciúmes quando ele se atrasava e dizia estar em uma reunião, pois com toda aquela sedução, impossível várias coisas não passar pela minha cabeça.

Desistente em continuar ali, resolvi sair logo daquela banheira. Se eu quisesse fugir de Henry com toda certeza eu não deveria estar na casa dele.

Depois de me trocar, desci até a cozinha para verificar o forno e então, abri mais uma garrafa de vinho e me escorei na bancada sendo tomada mais uma vez pelas lembranças.

Nessa mesma data a alguns anos atrás, eu estava indo até a mesa tentando equilibrar a travessa de arroz, pois haviam duas crianças fofas correndo ao meu encontro, completamente animadas. Henry e Scarlet estavam colocando a mesa enquanto Jeremy jogava xadrez com o senhor Mitchel.

Lembranças que somente eu sabia o quanto machucavam, pois foi a última vez que comemorei o natal.

Respirei fundo e continuei bebendo o liquido bordô na minha taça. Acho que sem aquele saboroso vinho, eu estaria agora no meu pior momento, chorando por cada arrependimento que tive ao sair de Atlanta.

Assim que me virei para colocar a taça na pia, ouvi a maçaneta da porta ser girada e aquilo fez com que meus pés se congelassem no chão. Me virei vagarosamente e então me surpreendi com a figura alta e de áurea autoritária parada embaixo do arco da porta.

—Hen-ry...- Resmunguei baixo, apoiando a taça por cima da bancada. Ele tirou o paletó e o pendurou atrás da porta, vindo em seguinte na minha direção.

Foi uma cena completamente inusitada para mim, poder ver Henry vestido perfeitamente e com seu perfume inebriante ao invés do cheiro de álcool.

Como dizem: "Para tudo se tem a primeira vez!"

—Bem-vinda de volta! - Disse ele se aproximando cada vez mais, fazendo com que meu coração falhasse as batidas dentro do peito.

Ele se colocou na minha frente e fez menção como quem fosse me tocar, mas sua mão foi propositalmente até a taça que estava bem próxima de mim. 

Henry me olhou nos olhos e com a outra mão, pegou a garrafa de vinho, se servindo em seguida. Ele só cortou o nosso contato visual, quando levou o cristal até os lábios e sem esperar, virou todo líquido na boca.

Ele sabia o quanto era atraente e fez só para me testar, já que muito provável de que ele tenha me percebido de "boca aberta" o observando.

Aquela cena me entregou!

Era difícil para mim tentar manter o controle, já que era a primeira vez em que Henry se manteve bem próximo sem que estivéssemos encenando para os nossos pais. 

Eu poderia até colocar a culpa na bebida, mas nem eu mesma sabia se estava bêbada o suficiente ter devaneios, já que de alguma forma, Henry estava demonstrando interesse em mim.

Aquilo nos levou a mais algumas taças de vinho juntos e então, decidi dar uma pausa na missão "divórcio" e comemorar aquela aproximação.

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