O desespero que a saudade trás.

Henry M I T C H E L – Narrando ♛ 

O maior erro de um Homem é deixar se perder por Amor e eu construí minha vida acreditando que essa não seria a minha ruína.

Definitivamente não será a minha!

Por cima da minha mesa havia um calendário com uma data marcada de caneta preta em volta; vinte e quatro de dezembro; eu sabia o que significava, só não entendia o porquê de me sentir ansioso daquela forma.

Por que eu estava pensando tanto em Hana ultimamente?

Já estava dando dezoito horas quando a porta do meu escritório se abriu, revelando Ananda Belchior, minha secretária.  Ela parecia ter planos e eu não tinha conhecimento de nenhum deles.

Ananda entrou vestida de uma forma muito provocante, ela usava um vestido justo vermelho e um gorro de “Papai Noel”. Nas mãos dela continha uma garrafa de champanhe e duas taças presas pelo cabo entre os dedos.

—Não acha que está na hora de uma pausa, chefinho?? - Falou ela com um timbre sensual, se aproximando. Eu achava aquele tipo de vestindo atraente, mas em outra pessoa, na qual não saía dos meus pensamentos.

Olhei para o Rolex GMT Master II em meu pulso, notando que já havia passado do horário de funcionamento comercial e então, me levantei apressado, indo até a porta para pegar o meu blazer.

—Onde vai? Achei que passaríamos a véspera juntos, já que a sua família não se reunirá esse ano. - Falou Ananda com um semblante desapontado. Levei a mão até a minha têmpora a alisando, enquanto voltava até ela; aquele definitivamente era um sinal de que eu estava esgotado e não queria prolongar a conversa.

—Nanda, Jeremy me ligou, parece que houve um problema em casa! - Falei usando Jeremy como desculpa e me aproximei dela a dando um beijo no topo da cabeça; nunca passamos desse contato, não pelo menos que eu me lembre.

Eu só queria me livrar dela e ir imediatamente para casa, um lugar que a anos não tenho anseio de voltar como hoje. Já faziam alguns dias que reparei Ananda um pouco mais "grudenta" do que costume e aquilo me sufocava.

Ananda passou os braços em volta do meu corpo na tentativa de me segurar e eu logo me desfiz do contato, dando um passo para trás.

—Querido, quer que eu vá com você? Posso te fazer companhia! - Pediu ela com uma voz manhosa. Ela sabia agir feito uma garota indefesa quando precisava.

—Não há necessidade. Por que não aproveita e tira uns dias de folga? - Perguntei abrindo a carteira e a entregando um cartão “Black”. Eu queria a afastar para poder resolver meus assuntos sem pressão e não seria justo a entregar um cartão corporativo, por isso usei o meu "pessoal".

Não esperei que ela contestasse ou agradecesse, sai o mais apressado que pude, sem nem mesmo olhar para trás. Eu me senti ansioso para estar logo longe dali e não conseguia controlar aquela sensação.

Era naqueles momentos que eu sentia falta de Hana. 

Hana é diferente de qualquer outra mulher que já conheci. Ela era doce e gentil na frente das outras pessoas e aquilo a fazia receber admiração. 

Ela sabia ser elegante e descente, fazendo com que todas as garotas que nos rodeavam quisessem a imitar. Até mesmo na elegante postura.

Muitas vezes, Hana não prestava atenção nesses detalhes, mas eu era quem observava tudo em nossa volta.

A forma recatada e ao mesmo tempo atraente de Hana fazia com que todos os olhares de onde estávamos, fossem voltados à ela. Até eu que, na maioria das vezes agia feito um babaca com ela, não conseguia parar de repara-la. 

Hana parecia um anjo, ainda mais quando estava dançando!

E eu, era sempre o primjeiro admirador.

Eu sempre dava um jeito de assistir a dança de Hana, admirando-a de longe. Muitos achavam que eu era apenas um importante investidor que não faltava a uma única apresentação, mas era apenas um marido admirando sua mulher em sigilo.

Eu era ridículo e sabia que atitudes assim que contribuíram para que chegássemos a esse ponto.

Na última apresentação de Hana na cidade, eu estive lá e mais uma vez no camarote sentado com os demais investidores da escola de ballet. Pelo binóculo eu seguia os passos dela e a admirava em segredo, na verdade, era segredo até mesmo de mim.

Ela estava radiante e dançava com doçura.

Naquele momento, peguei me celular e dei "zoom" na câmera tendo-a como meu foco. Hana estava na ponta dos pés e inclinou o corpo levemente para trás, mostrando uma expressão no rosto completamente do que eu era acostumado a ver.

Ela estava tranquila.

Tirei a foto e quando saímos de lá, fui de imediato até a galeria de artes da cidade pedir para que transferissem aquela imagem para uma linda tela, sendo pintada a óleo.

Hana nunca soube disso!

Voltei minha atenção ao trânsito e aproveitei que o "semáforo" estava fechado e comecei a bater os dedos de forma "aflita" no volante do carro. 

As vezes tenho a impressão de que, quanto mais pressa tenho, mais o universo age contra mim.

Nunca vi trinta segundos se transformar em um ano como naquele instante, era desafiador para mim tentar manter a calma.

Assim que a luz verde acendeu, acelerei apressado e assim segui até chegar em casa, tentando não parar por nada e acabar com aquele desespero que me afligia.

Por um momento, ignorei toda a razão que havia em mim e deixei que a emoção me comandasse. Eu queria muito rever Hana e ansiava por isso até mesmo sem perceber.

Me aproximei da entrada da vila e reparei que as luzes estavam acesas, como antigamente. Naquele momento engoli o fel do arrependimento e parei o carro bem na entrada, sentindo meu peito me apertar.

Como eu teria que agir assim que me colocasse na frente dela? Aquelas eram perguntas que eu tinha e ao mesmo tempo, não tinha a resposta.

—Boa noite senhor Mitchel! - Disse um segurança curvando levemente a cabeça. Eu nem sabia quando ele se aproximou, mas definitivamente ele era o melhor; já vi que nada passará abatido por ali e Hana estará em segurança.

O portão foi aberto e entrei dirigindo, parando somente na entrada da casa.

Aquela casa....

[...]

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