M*ldita ressaca!
Para ajudar, eu nem me lembrava com clareza da noite anterior, passavam apenas alguns flashes em minha mente e aquilo me deixou confusa.
Henry e eu estávamos nos divertindo, bebemos bastante e dançamos de forma íntima.
—Que merda! -Resmunguei alisando minha têmpora, sentindo minha cabeça latejar.
Cocei meus olhos para me acostumar com a claridade do quarto e quando me dei por conta, percebi estar no quarto principal, bem na cama de Henry.
Olhei para debaixo do edredom assustada conferindo minhas vestes; a última coisa que eu precisava naquele momento era descobrir que dormi com ele por impulso.
Se bem que, se algo tivesse acontecido entre nós, poderíamos muito bem deixar passar e colocar a culpa na bebida, certo?
Me sentei na cama e calcei os chinelos antes de me levantar, agradecendo mentalmete por estar sozinha naquele quarto; meus olhos estavam inxados e meus cabelos bagunçados.
Para falar a verdade, até eu fugiria de mim sem deixar rastros!
Para o meu azar, assim que girei a maçaneta e passei pelo arco da porta, esbarrei na última pessoa que eu queria ver naquele momento.
—Fugindo da cena do crime, Hana! - Assim que ele disse aquilo, senti como se eu fosse congelar; nada em mim se movia.
Ele estava com humor na voz e um sorriso sacana nos lábios.
Passei meus olhos nele o medindo de cima a baixo, agradecendo aos céus por tal visão; Henry estava com roupas leves que exibia perfeitamente aquele corpo bem definido. Muito provável que ele não tenha abandonado o velho costume de se exercitar pelas manhãs.
—O quê? Gostou do que vê? - Perguntou Henry, me provocando. Ele apoiou o braço na parede para evitar que eu passasse, nos deixando muito próximos.
—Henry...- Falei com a voz falha, sentindo minha mente me trair. Era nítido que eu estava me deixando levar pela beleza dele, se bem que era impossível não notar tanta perfeição em um homem só.
—O que foi? O gato comeu a sua língua, ou você não se lembra do que mais ele comeu? - Perguntou ele rindo divertido. Não sei de onde ele tirou tanta auto confiança.
—Eu acho que esse gato não conseguiu fazer a vítima dele dessa vez. - Respondi tirando o braço dele e então, fiz menção de sair. Henry sorriu de escárnio e se virou para mim, tentando me provocar ainda mais.
—Tem certeza disso? Se eu fosse você, não confiaria na bebida. - Falou Henry seguindo para as escadas e antes de dar o primeiro passo para descer, me olhou por cima do ombro direito e continuou. —Vamos, precisamos conversar.
Naquele instante, eu quase me esqueci que sabia respirar, o que ele queria dizer com "Tem certeza?"
Hesitei um pouco antes de o seguir, deixando minha mente "martelar" sobre o que realmente aconteceu naquela noite. Respirei fundo e desci as escadas atrás de Henry, tendo o veslumbre de vê-lo preparar a mesa do café.
Era a primeira vez que o via agir feito um humano.
—Hum, que cheiro bom! - Falei tentando ser gentil. Analisando bem, tivemos mais diálodos em dezoito horas juntos do que em um ano inteiro casados.
Henry me olhou e sorriu, puxando uma cadeira para mim em seguinte.
—Sente-se! - Falou autoritário, se sentando de frente para mim.
—Aconteceu alguma coisa? - Perguntei confusa, vendo-o me encarar com um semblante sério. Ele colocou os óculos e pegou alguns papéis e os colocou em cima da mesa, voltando a agir como um "Homem de negócios."
Eu sabia que duraria pouco. Eu sempre quis ser notava por ele e pelo visto, papai noel se adiantou e trouxe algumas garrafas de vinho para ajudar na "missão impossível".
—Hana, meu pai me passou toda a documentação daquele acordo que fizemos a anos atrás. Eu sei que isso é um assunto bem doloroso para você, porque também envolve...- Antes que ele terminasse eu o interrompi.
—A morte do meu pai! Não precisa pisar em ovos para falar disso, a final, já se passaram cinco anos. - Respondi com confiança, vendo o olhar dele mostrar esquivos de decepção.
—Também fazem cinco anos da gente... - Respondeu ele baixo, levando a xícara de café até os lábios.
—O que disse? - Perguntei para ter certeza, mas ele logo cuidou de raspar a garganta e arrumar o que havia dito.
—Que o café está quente. Eu quase me queimei! - Falou pegando um guardanapo de pano que havia sobre a mesa, limpando os lábios.
Naquele momento eu não consegui segurar um riso, eu havia ouvido bem, só não sabia que Henry se tornaria esse tipo de pessoa.
—Quandofoi que ele se transformou em Humano? O que eu perdi?
—O que é isso? Devo assinar logo? - Perguntei com humor ainda mantendo o sorriso, pegando os papéis de cima da mesa para os ler.
—Isso é um contrato e ...- Antes que ele terminasse, me manifestei depois de ler o título "Acordo de sociedade".
—Ah, pensei que era o acordo do... Bom, você sabe! - Respondi tomando um gole do delicioso café que ele mesmo havia preparado e imediatamente, ouvi um riso nasalado partindo dele.
—Acabou de chegar e já quer se desfazer de mim? Por acaso não te permiti viver bem até agora? - Falou com a voz ríspida, fazendo com que minha atenção fosse toda para ele.
Desci a xícara colocando-a sob a mesa e desfiz o sorriso, notano o humor dele ter mudado drásticamente. Henry agora parecia decepcionado e eu não havia feito nada de mais para que isso acontecesse.
—Eu não quero permanecer em dívida com você Henry, prometo pagar cada centavo do que me deu por todo esse tempo. Eu sou realmente grata por tudo o que fez. - Respondi com a voz baixa, me sentindo sem graça.
Henry sorriu e passou a língua dentro da bochecha como uma mania que ele tinha que expressava sua irritação.
—E como pretende me pagar, Hana? - Perguntou ele me olhando diretamente com os olhos escurecidos.
Quando ouvi aquilo, não tive escolha a não ser compartilhar meu então "plano" com ele e o deixar mais tranquilo.
—Eu vou abrir uma escola de ballet na cidade. Peço que me espere para que eu possa ter o dinheiro e te dar aos poucos. - Respondi confiante, me assustando em seguinte; Henry se levantou arrastando a cadeira para o lado e deu um tapa na mesa na intenção de arremeçar os papéis que haviam lá.
—Hana...- Falou ele com um timbre raivoso, andando de um lado para o outro. Henry parecia um tornado, completamente desalinhado e sem rumo, prestes a destruir tudo o que se colocasse em sua frente.
Mas aquele temperamento instável também era seu charme. Eu sabia que ele também estava procurando por algo que o controlasse e por isso se sentia perdido.
E por incrível que pareça, mesmo que eu estivesse disposta a assinar o divórcio de imediato, sabendo que sofreria ainda mais por não poder vê-lo mais, ainda assim aquele temperamento instável já havia me conquistado.
Acompanhei Henry com os olhos para saber o que ele faria em seguida, mas ao contrário de cada besteira que eu imaginei, tais como facas, tesoura ou até mesmo um saca-rolha como arma de um crime, ele deu meio passo e voltou até mim, com um olhar afiado.
— Eu não quero que saia da minha vista! -Falou elecom um ar de prepotência, parando na minha frente , me encarando.
—O quê? - Perguntei rindo com ironia por estar desacreditada pelo que havia escutado. —Você está louco?
—Sim, eu estou. Hana Backer trabalhe comigo e só depois que me pagar o que deve assinaremos o divórcio.
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