Hana B A C K E R – Narrando ♛
A véspera de Natal na Geórgia, era definitivamente a época que eu mais detestava.
Não tenho boas recordações desse lugar e a única coisa que me faria pisar em terras americanas novamente, seria a minha mãe e esse acordo.
Maldito Acordo de divórcio!
Eu mesma sou a prova de que não se deve fazer nada a base do desespero, inclusive quando se envolve o coração.
Empurrei minha bagagem para o portão de desembarque, sentindo o ar um pouco mais pesado do que o costume; provavelmente pela estranheza em que aquele lugar agora me proporcionava.
Era para eu ter apenas boas lembranças de Atlanta, mas definitivamente não era possível depois de tudo o que passei nesse lugar.
Respirei fundo e passei meus olhos por todo o aeroporto por sinal de alguém conhecido; no fundo eu sabia que ele não estaria aqui para me buscar.
Montei um sorriso que não existia antes em meus lábios e andei em direção a entrada principal, para sair de lá, eu precisava ir até a calçada chamar um táxi.
—Olá, Geórgia, voltei! - Resmunguei para mim mesma, cumprimentando a cidade que eu tanto lutei para sair, mas como diz o ditado... "Um bom filho à casa torna!"
Avistei um táxi se aproximando e assim que estendi o dedo para acenar, senti alguém tocar meu braço me interrompendo.
—Hana? - Perguntou uma voz familiar, porém um pouco mais madura. Me virei para ter certeza de quem se tratava e foi quando meu coração se aqueceu por ver alguém por quem eu tinha bons sentimentos.
—Jeremy?! - Perguntei um pouco confusa o vendo assentir com a cabeça confirmando e sorrir com o olhar; como de costume. Quatro anos o tornaram completamente mudado e para melhor.
Ele sempre foi um menino doce e educado; tinha um tom suave para conversar e sempre abraçava as ideias dos outros os apoiando e fazendo com que se sentissem à vontade.
Jeremy estava um jovem bonito, com um bom físico e um sorriso encantador, sem falar na linda covinha que ele possuía na bochecha que o tornava muito fofo
Ele estava com seus vinte e dois anos e tinha tudo para ser perfeito, ao menos por um único motivo...
Ser o irmão mais novo de Henry Mitchel. Não que isso seja em verdades um defeito, mas as pessoas assimilam a péssima personalidade de Henry a toda família Mitchel.
Coitado do Jeremy.
—Vamos? Te deixarei em casa. - Falou pegando a alça da mala da minha mão, me exibindo um sorriso encantador. Ele foi muito gentil e caloroso ao me receber nesse lugar.
—Em...casa? - Perguntei confusa, achei a princípio que eu me instalaria em um hotel, pensei.
A palavra “Casa” não era familiar para mim a pelo menos três anos, quando deixei Atlanta.
“Era uma noite chuvosa e eu estava na janela da “Nossa casa” com dois documentos em mãos. Um era o papel do divórcio e o outro o contrato assinado com a “Petit Academy”.
Vi o farol do carro de Henry bater no vidro da janela e então, ele parou o carro na porta de casa, não o guardando na garagem como de costume.
Eu sabia que aquele comportamento era pela pressa!
Henry desceu do carro e apertou o alarme, colocando a mão no bolso da calça para guardar a chave. Ele se virou para a janela da casa e permaneceu lá por alguns segundos me olhando, correndo para dentro em seguida.
A chuva não estava tão forte quando ele chegou, mas parecia piorar com a presença dele.
Se passavam da meia noite daquela noite e ele havia dito que ficaria até mais tarde no escritório, como estava fazendo nos últimos dias desde que contratou uma nova secretária.
Aquilo estava me irritando, mas eu sentia que não tinha o direito de reclamar!
Nós estávamos casados a um ano e nunca tivemos uma convivência que desse indício de sermos um casal. Só agíamos com afeto quando os pais dele avisavam que viriam nos visitar; combinamos que seria o único momento em que fingiríamos ser real.
E é por isso que eu me sentia daquela forma, como se eu não devesse reclamar de nada para não interferir na vida dele.
Naquela noite, me lembro de Henry abrir a porta e caminhar até mim em passos firmes. A casa estava iluminada apenas pelos abajures nas paredes e ele nem fez questão de acender as luzes centrais como de costume.
Sua aparência estava devastada, ele parecia ter bebido mais do que de devia, dado pelo cheiro forte de whisky que emanava de suas vestes.
A gravata estava desamarrada e já não havia mais o pequeno botão pregado no colarinho de sua camisa não tão branca, pois agora suja por um batom rosado.
Eu sabia bem de quem era!
Henry se aproximou de mim e com sua feição brava, logo se manifestou como o rugido de um leão furioso.
—O que pensa que está fazendo Hana? Com que direito tem de ter essa atitude? - Falou Henry esbravejante. Prendi os olhos re4spirando fundo e estendi os papéis para ele, abrindo os olhos lentamente para o encarar.
Henry estava com o maxilar travado e uma sobrancelha arqueada, me olhando friamente. Senti um frio percorrer todo meu corpo ao notar aquela imensidão azul e congelante de seus olhos me fitarem com condenação.
—Por favor senhor Mitchel, assine! - Falei fingindo ter confiança, mas tudo se tornou em vão ao ver um sorriso ladino nos lábios dele junto a um olhar fulminante me envolvendo.
Eu de verdade estava me sentindo mau de tomar aquela decisão. No fundo tive a esperança de que pudéssemos nos dar bem depois de um tempo vivendo juntos.
Sátiras, era isso!
—Senhor Mitchel? Então é assim que me chamará a partir de agora? - Perguntou ele tomando os papéis com aspereza de minhas mãos e percorrendo os olhos nos detalhes da escrita em seguinte.
—Henry não dificulte as coisas, por favor! Ninguém além da sua família sabe desse casamento. - Falei notando-o não se importar com o que eu dizia.
Na verdade, parecia que ele não tinha nenhum sentimento por mim e sempre foi daquela maneira.
Eu não ia ao escritório, não era convidada as festas das empresas e nem recebíamos convidados em casa. Tinham vezes em que eu até duvidava se ele realmente voltava para casa, já que quando ele chegava, eu já estava adormecida e quando eu saía para os ensaios ele já não estava mais lá.
— Esse é o motivo? Se é Hana, não irei te impedir de ir, mais saiba que ainda estará casada comigo e eu não vou permitir que se envolva com ninguém. Não assinarei essa merda, somente quando voltar! -Falou jogando os papéis para o lado, fazendo menção de se retirar, mas antes que ele saísse, eu gritei para tentar o impedir.
—EU NÃO ACEITO! Não quero mais ter laço algum com você ou com a família Mitchel. - Respondi o vendo sorrir zombeteiro. Aquelas palavras não pareciam ter o afetado de forma alguma, apenas alimentado seu ego.
Ele veio até mim e travou o maxilar, me olhando com os olhos escurecidos. Minha mão foi segurada fortemente por ele, que tinha um físico atlético na época e não foi difícil para que exercesse sua força para me puxar.
—Sendo assim, você pagará pela quebra de contrato, arcará com as despesas de sua mãe e me devolverá o dinheiro pago da dívida que seu pai te deixou centavo por centavo. Você quem decide! - Falou subindo as escadas sem nem mesmo olhar para trás.
—Eu farei! -Gritei sem nenhum sucesso. Henry tinha o poder de desprezar olhares e mais o que for lançado contra ele. Ele era muito conhecido por sua frieza e poder!"
Quatro anos se passaram desde a última vez que estive aqui.
Por uma parte, eu sabia que era desleixo meu, ter abandonado minha mãe e tudo o que me ligava a esse lugar para seguir meus sonhos. Eu sinto muita culpa por isso, mas foi ordem dela enquanto ela se mantinha sobre tratamento e cuidados da família Mitchel."
Agora estou de volta, para retribuir à ela todo esse tempo fora e a proporcionar uma vida tranquila, mas antes eu só penso em uma coisa para dar o passo inicial...
Assinar esse m**ldito divórcio!
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Chegamos na enorme casa que antes nos pertencia antes. Confesso que, mesmo sendo um lugar requintado, já não era mais tão familiar para mim. Desci do carro e parei em frente ao lugar, observando cada detalhe dela enquanto esperava Jeremy descer do carro. Henry havia mandado arquitetar bem o lugar, deixando mais parecido possível com a "casa dos sonhos". Ela tinha as paredes brancas e duas colunas ligadas na escada de acesso com algumas luminárias presas; cabia tranquilamente um banquinho de madeira na pequena varanda que havia ali. Jeremy parou ao meu lado e sorriu me observando, saindo em seguinte para pegar as malas no "porta-malas" do carro. Ele estava sendo muito gentil e hospitaleiro. Passamos juntos pela porta e ele seguiu rapidamente em direção à escada, seguindo para o andar de cima do imóvel; era lá que ficavam os quartos e haviam quatro na última vez que estive aqui. Era estranho estar de volta e consequentemente, as lembranças também estavam de volta. Foram inúmeras
Henry M I T C H E L – Narrando ♛ O maior erro de um Homem é deixar se perder por Amor e eu construí minha vida acreditando que essa não seria a minha ruína. Definitivamente não será a minha! Por cima da minha mesa havia um calendário com uma data marcada de caneta preta em volta; vinte e quatro de dezembro; eu sabia o que significava, só não entendia o porquê de me sentir ansioso daquela forma. Por que eu estava pensando tanto em Hana ultimamente? Já estava dando dezoito horas quando a porta do meu escritório se abriu, revelando Ananda Belchior, minha secretária. Ela parecia ter planos e eu não tinha conhecimento de nenhum deles. Ananda entrou vestida de uma forma muito provocante, ela usava um vestido justo vermelho e um gorro de “Papai Noel”. Nas mãos dela continha uma garrafa de champanhe e duas taças presas pelo cabo entre os dedos. —Não acha que está na hora de uma pausa, chefinho?? - Falou ela com um timbre sensual, se aproximando. Eu achava aquele tipo de vestindo atrae
Aquela casa me traz lembranças de quando eu era um completo babaca e não soube a valorizar como Hana merecia. Era costume meu evitar chegar a tempo do jantar, ainda mais depois que conheci Ananda. Mesmo não tendo nenhum tipo de relacionamento com ela, não era assim que as pessoas ao nosso redor pensavam. Eu errei por não fazer questão de desmentir. Eu e Ananda passávamos boa parte do tempo juntos, ainda mais depois do expediente e isso acabou nos aproximando mais. Eu estava cego por ter por perto uma garota mais nova e que se vestia de forma sensual para me agradar. Aos olhos das pessoas que nos rodeavam e que não tinham conhecimento de que eu era casado, eu parecia um homem de sorte por fisgar uma mulher como Nanda. Eu fui um idiota! Ananda sempre se empenhava para ficar mais tempo ao meu lado. No começo eu achava que era uma dádiva dela por ser uma funcionária tão exemplar, mas depois percebi que ela parecia fazer de propósito para ajudar com os rumores. Eu até gostava tinham
Hana B A C K E R – Narrando ♛ Me movi na cama algumas vezes, hesitante em acordar. Senti meu corpo pesado e uma onda de cansaço me tomar. M*ldita ressaca! Para ajudar, eu nem me lembrava com clareza da noite anterior, passavam apenas alguns flashes em minha mente e aquilo me deixou confusa. Henry e eu estávamos nos divertindo, bebemos bastante e dançamos de forma íntima. —Que merda! -Resmunguei alisando minha têmpora, sentindo minha cabeça latejar. Cocei meus olhos para me acostumar com a claridade do quarto e quando me dei por conta, percebi estar no quarto principal, bem na cama de Henry. Olhei para debaixo do edredom assustada conferindo minhas vestes; a última coisa que eu precisava naquele momento era descobrir que dormi com ele por impulso. Se bem que, se algo tivesse acontecido entre nós, poderíamos muito bem deixar passar e colocar a culpa na bebida, certo? Me sentei na cama e calcei os chinelos antes de me levantar, agradecendo mentalmete por estar sozinha naquele qua
Henry M I T C H E L – Narrando ♛ Hana estava em choque.Eu queria a ajudar com a abertura dessa escola de ballet que ela tanto sonhava, mas não acho viável chegar e falar diretamente à ela. Até porque, tenho a certeza de que Hana recusaria a minha ajuda.—Henry você não me entendeu. Eu quero cortar qualquer laço que exista entre nós e isso não vai funcionar. - Respondeu Hana com seu jeito direto, desviando o olhar para o porcelanato brilhante do chão.—Foi tão ruim assim estar comigo? - Perguntei tendo em fim os olhos azulados dela sobre os meus.A forma em que ela me olhou foi a mesma em que eu me lembrava em todos esses anos. Os olhos de Hana eram inocentes e puros. Pelo menos esse era o único lado que eu conhecia dela.—Essa não é a questão, Henry. Já estamos juntos a um tempo e nunca tive envolvimento dentro, muito menos fora desse relacionamento. Eu me limitei a tudo por sermos casados e agora está na hora de seguirmos nossos caminhos.Eu não sabia se era certo, mas me senti es
Hana B A C K E R - Narrando ♛Se tinha uma coisa que ferrava com a cabeça de todo ser humano, era o m@ldito do desejo.Espalmei as mãos no peitoral de Henry para o afastar, notando-o estar como eu, quase entregue, porém com medo.—Henry..! - O chamei com um timbre baixo, procurando diversas desculpas para o manter longe de mim, mas seriam todas em vão, porquê de alguma forma não era o que eu verdadeiramente queria fazer.Eu não sabia explicar o que estava acontecendo comigo, eu me senti como se tivesse sido enfeitiçada por ele. Enquanto estávamos nos beijando, a ponta dos dedos de Henry apertavam a minha pele com força me fazendo sentir uma ardência.Com toda certeza ficariam lembranças visíveis para me lembrar desse dia.Respirei fundo e quando ia mover meus lábios para falar o que pretendia, Henry levou a mão até a minha nuca me puxando para ele. voltamos a nos beijar...Era um beijo que começava calmo; os lábios macios e envolventes eram definitivamente viciantes. Abri minha boca
Henry M I T C H E L - Narrando ♛ Se Hana esperava que eu perdesse a cabeça, ela definitivamente teve sucesso. A acompanhei com os olhos, vendo Hana subir as escadas e dar aquele show. Assim que ameacei ir atrás dela e a impedir de ir, Ananda segurou meu braço me impedindo. —Vai mesmo atrás dela? - Perguntou com fúria no olhar. Levei os olhos até Jeremy que me olhava confuso e ao olhar novamente para Ananda, me desfiz do toque dela e segui meu caminho. Fui até o meio da escada e os olhei novamente por cima do ombro esquerdo e me pronunciei. — Leve Ananda para casa! - Falei autoritário, voltando a subir os degraus. Cheguei até o quarto de Hana e abri a porta com tudo, vendo-a no telefone. Me aproximei dela em passos fortes e tomei o eletrônico da mão de Hana o jogando em seguida em cima da cama. —Ei, aquele era o meu chefe! - Disse Hana me olhando desapontada. Eu estava furioso e não pretendia ouvir as desculpas dela, então empurrei Hana com tudo para a encostar na parede e a pr
Hana B A C K E R - Narrando ♛ Haviam se passado dois dias desde a última vez que estive com Henry. Assim que saí de lá com Jeremy, ele me ajudou com a hospedagem em um hotel enquanto e eu precisei reservar aquele quarto por pelo menos mais quinze dias, já que precisei mandar fazer uma reforma no apartamento onde minha mãe morava. Ultimamente as coisas não estavam andando conforme o planejado e aquilo me fez ter a certeza de que eu sou a pessoa mais azarada de toda Atlanta. Fui visitar a minha mãe no hospital e descobri que não teria a menor chance de tirarem ela do coma, se caso isso acontecer, ela sofreria ainda mais do que já estava sofrendo. Aquilo me tiro o chão! E alé disso, depois que Henry desligou a minha última ligação com meu chefe, tive que pagar pelo seu jeito prepotente e com isso, terei que hospedar Ítalo Petrova e trabalhar ao lado dele por um tempo na cidade. Isso não é de tudo ruim, eu ainda era dançarina da "Pettit Ballet" e precisava fazer isso, mas Ítalo sempr