C7 SURTANDO

Axel

Sentado no escritório do meu pai, recostado no sofá de couro, de olhos fechados e com a cabeça reclinada para trás, escuto meu pai falando ao telefone com alguém que não faço ideia de quem seja, mas as últimas palavras dele me chama bastante atenção.

— Sei bem que o meu filho foi um escroto com ela, mas ele mudou, eu sei, eu sei, já te expliquei isso, armaram para separar eles, por isso estou falando amigo, precisa me dizer onde ela está.

Vejo o meu pai ficar vermelho, bastante irritado, e começa a falar baixo, não permitindo que eu escute, mas vejo que ele está no seu modo chefe, patrão, seja lá como você preferir chamar, forço os ouvidos tentando compreender alguma coisa, mas ele desliga e me encara por alguns segundos, o que me faz ficar atento, sei que vem bomba da parte dele.

— Filho, o seu sogro está irredutível, não me disse onde está a Heather, mas.

— Pai, eu sei que ela saiu do País com o nome de solteira, foi para a Suíça, mas ela saiu do hotel onde estava hospedada, então agora não faço ideia em qual hotel ela se hospedou, e em nome de quem. — Falo desapontado comigo mesmo.

— E o que planeja fazer Axel?

— Vou destruir o Charles e a Caroline, mas antes disso ensinarei uma lição a ela, e depois buscarei minha mulher onde ela estiver, mas pai, preciso que você fique a frente da empresa enquanto eu estiver fora, não quero ter que me preocupar com os contratos a serem assinados e muito menos co as reuniões intermináveis, quero ter certeza que as empresas estejam em boas mãos, tanto a nossa como a do meu sogro.

— Pode contar comigo filho, eu assumirei a empresa pelo tempo necessário, vá em busca da sua esposa e a convença a voltar, eu quero a minha nora de volta, quero ver vocês felizes, custe o que custar, essa armação do seu primo não pode dar certo, não mesmo Axel.  — Assim que termina de falar sola um suspiro de infelicidade e eu o entendo bem, meso eu a tendo maltratado tanto antes, Heather se mostrou uma esposa maravilhosa e lentamente me conquistou e eu devo isso a ela, preciso trazê-la de volta para o nosso lar, para os meus braços.

— Obrigado pai, obrigado.

Saio do escritório e vejo a minha mãe sentada, ela me olha por alguns segundos e com um sorriso gentil me chama e pede que sente ao seu lado e eu obedeço, até me admiro que estes dias eu esteja assim, um ser totalmente diferente de como sempre fui.

— Sentado ao seu lado, ela me olha: — Filho, vá buscar sua esposa, eu quero a doce Heather de volta, e cuide de curar as feridas que você causou a ela, a tenho como uma filha.

— Vou mãe, eu prometo que vou encontrá-la. — Falo prometendo mais para mim do que para ela, mas é isso.

Ficamos mais um pouco de tempo conversando e claro ouvindo alguns conselhos da minha mãe, e depois do que parece uma eternidade vou para o meu quarto, ligo para o meu assistente que demora um pouco a atender, mas quando estou quase desistindo escuto sua voz do outro lado.

— Senhor Miller, sua esposa contatou a amiga dela Sophie, mas isso foi tudo o que consegui até agora.

— Tudo bem, Alexander, continue a investigar, e me mantenha informado, eu vou me organizar e vou para a Suíça, se é lá que a Heather está, é para lá que eu vou.

Assim que termino de falar, desligo o telefone e suspiro, me sinto esgotado, mas enquanto eu não a encontrar não sossegarei, sem falar que quero que ela participe do momento em que esmagarei essas duas pragas que se meteram no meu casamento, faço questão que ela veja o que farei, quero que ela saboreie esse momento comigo.

Após andar de um lado para o outro dentro do meu quarto, me dou por vencido e retiro o terno e o deixo de lado, tomo um banho rápido e quando me olho no espelho vejo o estrago que essa uma semana fez comigo, a exaustão está começando a aparecer no meu corpo, suspiro com os pensamentos em Heather, volto para o quarto e me jogo na cama vestindo apenas um bóxer, em poucos minutos sinto o cansaço me dominar e apago.

No escritório

Edward

— O que conseguiu descobrir?

— Então senhor, o seu sobrinho conheceu a senhora Heather em Paris, antes do casamento, e desde então ele a observou, mas a mocinha ela só se aproximou do senhor Charles uns quinze dias antes em um bar.

— Entendi, mas o que ela anda fazendo?

— Não sai de dentro de casa, tudo indica que ela está com medo de alguma represália da parte dos Miller's.

— Era de se esperar, mas deixe ela se sentir segura, sei que o Axel vai agir logo, logo, mas não os perca de vista.

— Pode deixar senhor Edward.

Desligo o telefone, e suspiro, coloco uma dose de bourbon e tomo em um só gole, sei como meu filho está destruído, mas sei também que a situação da minha nora não deve estar fácil, presenciar o que presenciei me deu ânsia, imagino ela como deve ter se sentido, nunca imaginei que o meu sobrinho chegaria a esse ponto, mas se ele acha que a expulsão da empresa foi o que iriamos fazer está enganado, ninguém apronta algo desse tipo com minha família e fica por isso mesmo.

As horas passam que nem me dou conta, quando finalmente olho no relógio me assusto, já passa das cinco da tarde, então volto a colocar a cabeça para pensar, mesmo eu assumindo a empresa para que o Axel possa ir em busca da Heather ainda tenho que ajudar o meu filho da forma que posso.

Enquanto planejo o meu próximo passo, escuto duas batidas na porta e apenas uma pessoa seria tão ousada a esse ponto, mesmo sabendo o quanto estou irritado com a situação atual.

Mais uma vez as duas batidas na porta e com a voz seca, mando entrar já me preparando para uma riga, afinal ele não veio aqui em paz, disso tenho certeza.

— Olá, meu irmão, que bons ventos o trazem aqui? — Pergunto tentando ser cordial, mas pela fisionomia do rosto sei que veio pronto para guerra.

— Sem essa, irmão, acho que eu já dei tempo suficiente para que você e o seu filho desistam dessa ideia absurda de tirar o meu filho da empresa, mesmo porque ela é tanto sua quanto minha. “Direto ao ponto como imaginei”, esse é o emu irmão que sempre passa a mão em tudo que o filho faz. 

— Olha, meu irmão, a decisão não foi nossa, e sim dos acionistas, portanto seu filho permanece longe da Miller's Corporation, entendeu? Ou você acha quê o que o seu filho fez foi correto? Já se passaram quase três anos do ocorrido e agora o seu filho veio com essa vingança ridícula, causando problemas, eu não volto em uma decisão e você sabe disso melhor que ninguém, afinal você me conhece, não adianta vir com chantagem emocional que não vai rolar.

Vejo o meu irmão abrir a boca para falar algo, mas é interrompido por um Axel irritadíssimo entrando no escritório e surtando.

— O que veio fazer aqui tio? Por acaso acha mesmo que permitirei que o seu filho continue a infernizar minha vida ou no mínimo volte a empresa?

Se esse era o seu plano de o fora daqui antes que eu mesmo o coloque para fora com as minhas próprias mãos, e faça-me o favor de dar um recado ao sem escrúpulos do seu filho, isso ainda não acabou, eu vou destruir seu filho e tudo o que cruzar o meu caminho, inclusive você tio, se continuar a se meter nesse assunto eu não pouparei esforços para te destruir também, você me conhece e sabe o do que sou capaz, então faça-se um favor e desapareça da minha frente.

— Seu moleque insolente eu.

— O quê? Acha mesmo que porque o seu sangue corre nas minhas veias eu não serei capaz de terna-lo meu inimigo? Agradeça ao seu filho mimado por tocar onde não devia, e ter provocado o meu pior lado, apenas desapareça daqui ou eu não responderei por mim.

Olho para o Axel e vejo o meu filho completamente transtornado, sei que ele é frio, e calcula tudo com muito cuidado, mas dessa vez até mesmo eu que sou o seu pai, fiquei com receio do que ele é capaz de fazer, então apenas tento acalmar os ânimos pedindo que o meu irmão vá embora antes que algo pior aconteça, logo vejo minha esposa entrar no escritório por conta dos barulhos altos e com a sua ajuda consigo tirar o meu irmão do escritório deixando o meu filho sozinho por alguns minutos para se acalmar, sei que ele deve ter escutado as palavras dos tio e isso o deixou cego de ódio.

— Edward, é melhor você e o Axel pensarem melhor nessa decisão. — Fala me olhando mais uma vez antes de entrar no carro e sair cantando pneus, e eu apenas suspiro, que situação isso tudo se tornou.

Caminho a passos rápidos até o escritório e vejo Axel com um corpo na mão, as veias no pescoço salientes, e a raiva estampada no rosto, me aproximo devagar colocando a mão no seu ombro, e pouco depois vejo ele voltar a si, mas sua mão treme de raiva, volta para o sofá e senta-se, e por alguns instantes observo o seu olhar perdido, não sei o que ele está planejando, mas esse olhar me dá arrepios.

— Filho, procure se acalmar. — Falo tentando tirá-lo desse lugar onde ele está, mas me surpreendo com as palavras que saem da sua boca.

— Meu tio e o Charles vão se arrepender de terem cruzado a linha comigo, mostrarei a eles porque sou conhecido como frio, eles vão finalmente me conhecer e então suspira se recostando e se mantendo com os olhos fechados.

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