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C.2 DERRUBANDO CHARLES

Axel Miller

Acordo todo torto, largado no sofá e a garrafa de whisky em cima de mim, levanto com a cabeça doendo, uma ressaca daquelas, meu telefone tocando e a claridade ardendo os meus olhos, fico sentado com as mãos fechando os olhos, mas o telefone não para de tocar, então apenas o desligo sem nem ao menos olhar quem é...

Os minutos passam e a campainha toca, levanto ainda com tontura e a cabeça explodindo e caminho em direção a porta, com a camisa aberta e a gravata ainda pendurada no pescoço, olho pela tela e vejo um Paul aflito e bastante impaciente, abro a porta e volto para o sofá…

— Axel, não acredito cara, você ainda não está pronto? Você já está atrasadíssimo para a reunião de emergência que o seu pai convocou…

— Fala baixo, porra, não está vendo que acabei de acordar e não estou disposto a ir para a Empresa? — Falo já sem paciência.

— Axel, você precisa estar presente, cara, seu pai me mandou vir te buscar porque você não atendia a porcaria do telefone…

— Ué, e desde quando o grande Paul virou garoto de recados? — Falo sarcástico e ele me encara sem dizer nada, mas caminha até a cozinha e volta com um copo de água e um comprimido para ressaca e me entrega com cara de poucos amigos.

— Toma isso e vai se arrumar, porque a reunião de hoje promete. — Fala entredentes enquanto me encara em desafio e eu apenas pego o comprimido e tomo e caminho para o meu quarto, preciso urgente de um banho porque mesmo de ressaca preciso encarar mais uma nova onde de reclamações do meu pai, que com certeza vai aprontar mais alguma.

Tomo um banho rápido, mal consigo aproveitar o frescor do banho gelado, e em minutos estou vestido em um terno preto com uma camisa social azul-escuro, sinto falta das mãos de Heather me ajudando a dar o nó na gravata, sim, me acostumei com esses pequenos momentos que ela me proporcionava antes de sair para o trabalho, após arrumado, pego a minha pasta de couro e saio com o Paul.

O caminho para o escritório foi em silêncio total, não vou negar que a curiosidade está me matando pouco a pouco, mas quando perguntei o motivo da reunião Paul desconversou, então sei que deve ser algo grande e que o meu pai o proibiu de entrar em detalhes, Paul dirige na velocidade máxima permitida e em questão de minutos já estamos entrando no estacionamento da empresa.

Em passos largos caminhamos sob os olhares curiosos dos funcionários, mesmo porque eu nunca precisei que alguém fosse me buscar em casa para trabalho, e o meu rosto está para poucos amigos, então o olhar curioso está claro, mas antes mesmo de entrar no elevador escuto alguém comentar sobre a festa e meu peito dói, com certeza todos já devem saber que a minha adorada Heather me deixou.

Olho para trás para tentar descobrir quem foi o engraçadinho que esta falando da minha vida pelas minhas costas, mas não consigo descobrir a tempo, então apenas me concentro no elevador que chega, alguns segundos depois, e assim que as portas se fecham escuto a voz monótona de Paul: — E aí cara, está pronto para enfrentar o seu pai, ou seja, lá o que o seu pai esteja planejando?

— Paul, pára, não enche o meu saco, hoje não estou com paciência para as suas brincadeiras, hoje não cara. — Falo com meu jeito mandão e o vejo engolir em seco, mas logo o elevador se abre e eu respiro fundo, percebo a minha secretária andando de um lado para o outro e assim que ela me vê se posiciona e caminha em direção a porta, pronta para abrir a qualquer momento.

— O que esta acontecendo Ameliè? — Pergunto ao ver ela ansiosa.

— Senhor o seu pai está aí dentro com os outros acionistas incluindo o seu tio e o seu primo Charles, foi uma reunião de emergência e por isso ele mandou o senhor Paul ir a sua procura, eu fiquei aqui fora para lhe preparar para o pior, os ânimos estão um tanto exaltados aí dentro… — Fala me olhando e percebo o nervosismo dela estampado em seu rosto.

Me aproximo e abro a porta e a primeira pessoa que vejo é o meu tio irritado, parado ao lado do meu pai, ele para e me olha com indiferença e o mesmo acontece com Charles…

— Que bom que chegou Axel, já estava ficando preocupado… — Meu pai fala me encarando, olho para a mesa e vejo que não tem nenhuma pauta em cima da mesma, o que acho estranho, afinal se a reunião foi convocada deveria existir alguma pauta a ser discutida.

— Na verdade, eu não tinha planos de vir a empresa hoje, mas fui tirado do meu doce descanso pela minha campainha, espero que isso seja por um bom motivo pai… — Falo seco como sempre e o vejo sorrir, o que de certa forma me desarma.

— Claro que temos um motivo para ter te chamado aqui depois de tudo o que passou… — Fala com um sorriso complacente.

— E qual seria o motivo, posso saber?

— Claro, meu filho, você como CEO desta empresa tem o poder de destituição do cargo de diretor de Charles, eu não tinha a intenção de tirar esse gostinho de você.

— Tio, por que isso? — Charles pergunta ao meu pai enquanto nos encara cinicamente.

— Responderei pelo meu pai, seu escroto.

Acha mesmo que não iríamos descobrir o que você fez? Ou achou que ainda continuaria usufruindo do seu cargo, dos benefícios que a diretoria te proporciona depois do golpe baixo que você deu?

Se a reunião era para isso, então tenho todo o prazer de destituir você do seu cargo Charles… — Falo, mas sou interrompido pelo meu tio que me olha com raiva…

O clima fica ainda mais pesado na sala de reuniões, nossos acionistas olhando uns para os outros, diante da discussão que está acontecendo, alguns entendem claramente o porquê de tudo isso, enquanto outros apenas observam sem entender nada.

— Axel, eu ainda tenho participação na empresa e não autorizo nem a destituição e muito menos a demissão do meu filho da empresa, por acaso você esqueceu? Essa empresa também é minha… — Fala arrogante me encarando.

— Acha mesmo que eu não sei que o seu filho sempre desejou me derrubar aqui dentro? Que o seu filhinho querido Charles sempre desejou ser o CEO da Miller’s Corporation? Tudo bem, então, tio, já que prefere assim, eu posso deixar claro a todos os presentes o motivo que nos deixou nessa situação, então prefere aceitar a destituição dele ou prefere um escândalo ainda maior? — Falo sem dar chances de ser interrompido.

— Se você acha que consegue encarar o escândalo, então vamos lá, vá em frente Axel, mas lembre-se que quem começou tudo isso foi você.  — Meu tio sempre defendendo o filho mal-amado fala enquanto respiro fundo tentando me acalmar…

— Meu irmão, acho que você não está compreendendo a situação atual… — Meu pai fala tentando amenizar um pouco o clima pesado…

O que o seu filho fez afeta não apenas a vida particular do meu filho mas também a empresa e em consequência a sua reputação, acha mesmo que se não conseguirmos conter a situação atual continuaremos no topo da lista das empresas mais conceituadas no mercado?

Você deveria ter contido o Charles, era a sua obrigação como pai e também como sócio. Nós ainda estamos tentando resolver o problema que o seu filho criou, mas as coisas estão complicadas…

— Pai, deixa que resolvo isso, vou colocar em votação para que ninguém pense que misturo os meus problemas familiares com a empresa, mas a questão é que neste caso a empresa também está envolvida…

Vejo que consegui atrair a atenção de todos os sócios presentes, e então engulo o meu orgulho e começo a explicar.

Todos aqui sabem que sempre fui avesso a casamento, e sempre gostei de aproveitar a vida, em uma dessas noitadas me aproximei de uma mulher que, na verdade, era noiva do meu primo e bom acredito que não preciso entrar em detalhes, mas enfim, acabei com o quase casamento dele e até hoje ele me culpa por isso, ok, sei que fui responsável, mas ela também teve a parcela de culpa dela, afinal estava noiva do Charles, os meses passaram e meu pai me obrigou a casar, unindo a nossa empresa com outra de tecnologia como vocês sabem, então assumi a responsabilidade das duas empresas e vocês conseguiram ver durante as nossas reuniões que essa fusão deu certo, trouxe bons resultados e o nosso capital triplicou, mas agora o meu amado primo decidiu dar um jeitinho para se vingar, me drogando e usando uma ficante oficial que eu tinha no passado para causar a minha separação, o que pode resultar em uma crise financeira, afinal se eu não cuidar detalhadamente disso, se eu não me desdobrar para tentar resolver esse problema, podemos estar entrando em breve em uma crise, então como vocês querem que continuemos com um diretor que não consegue deixar suas queixas pessoais fora do ambiente do trabalho? Está nas mãos de vocês a decisão, o destino da empresa e também do Charles, espero que votem com consciência na saída ou permanência de Charles Miller na diretoria da Miller's Corporation…

Assim que termino de falar, vejo os burburinhos na sala de reuniões e o meu tio suando frio, acredito que ele não imaginou que eu colocaria tudo em cima da mesa, e de um jeito bem manipulado, mas se preciso ir atrás da minha mulher, primeiro tenho que derrubar Charles do seu pedestal.

Os minutos passam e finalmente temos a votação feita e quase em unanimidade Charles foi demitido da empresa, o que me causou um grande alívio e, ao mesmo tempo, me fez acender o meu alerta máximo, afinal ele é vingativo.

Depois que a reunião foi encerrada, volto para casa e ligo para o meu assessor passando algumas ordens, afinal preciso de uma luz, preciso descobrir onde minha mulher se escondeu, e organizar os meus pensamentos, mesmo porque ainda tenho que acertar contas com Caroline, não deixarei ela passar, não mesmo, ela sabia onde estava se metendo quando decidiu se juntar ao Charles.

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