RevelaçõesA noite estava carregada, parecia fria demais, mesmo para alguém como eu, acostumado ao peso do silêncio e das sombras, mas dessa vez, não era o vento gelado que me incomodava e sim a ausência dela.Cada passo que eu dava ao lado de Alonso, cada som abafado de nossos sapatos contra o asfalto, fazia minha mente rodopiar em torno de uma única coisa: Serena.Depois de quase sete anos… lá estava ela, em carne e osso. A mesma ruiva que eu prometi esquecer e nunca consegui. Sete anos vivendo com a sombra dela em cada minuto do meu dia. Sete anos me amaldiçoando por ainda amar uma mulher que ao me ver hoje, simplesmente me ignorou.&n
O corredor do hospital parecia mais longo do que nunca. O som abafado dos meus sapatos contra o piso frio misturava-se ao pulsar acelerado do meu coração. Ainda podia sentir o olhar de Vittorio sobre mim, queimando minha pele, como se ele pudesse ver através da máscara que eu vesti.Rever Vittorio foi como ser atingida por uma tempestade devastadora, impossível de ignorar. Ele era o mesmo, os olhos azuis intensos, a presença arrebatadora, o ar de poder, mas algo neles estava diferente… havia uma sombra de mágoa, dúvida, quem sabe era desdém. Eu queria acreditar que era só impressão, mas a forma como ele me olhou…Sentia todo o meu corpo estremecer.Quando sai daque
Ajoelhei ao lado da maca, sentindo o calor do pequeno corpo de Matteo em meus braços, passei os dedos pelos seus cachinhos loiros. Meu coração parecia querer sair do peito com tanta dor e alívio ao mesmo tempo.— O que houve, Violet? — perguntei, tentando manter a calma, mesmo com a voz trêmula.Violet respirou fundo e respondeu com a voz embargada:— Ele não quis jantar e ficou molinho. Dei um antitérmico, mas a febre piorou. Ainda dei um banho antes de trazê-lo para cá… ele começou a delirar, Serena… ele só chamava por você… eu não sabia mais o que fazer… — Os olhos dela estavam marejados, podia sentir seu desespero como se fosse meu.Meu coração doeu. Apertei sua mão com carinho.— Está tudo bem, amiga, fez o certo em trazê-lo aqui… E a Ava? — perguntei, mesmo com Matteo aninhado no meu colo, tentando parecer mais forte do que realmente estava.— Ficou com a vizinha — Violet murmurou, enxugando uma lágrima.Foi nesse instante que Matteo abriu os olhinhos febris, ainda sonolentos, e
Do lado de fora da porta do escritório, Luca aguardava a saída da esposa sem entender nada. Alekssandra tinha ligado para ele e parecia tensa. Disse apenas que fosse imediatamente para o hospital. Deixou Alonso com Vittorio na boate, sabia que ouviria as reclamações do amigo depois, mas precisava acudir sua esposa. Suspirou fundo quando seus olhos se dirigiram para o local de onde vinha a sua esposa. Ela estava ao lado da ruiva que carregava um garotinho loiro nos braços. Conforme Luca caminhava em direção da esposa, seu corpo ficou tenso. Ele não conseguia acreditar no que estava vendo. Se aproximou devagar e olhou para Alekssandra de maneira discreta. A morena logo beijou os lábios do marido e disse: — Serena, não sei se você conhece meu marido. Esse é Luca, Luca Portinari. A ruiva olhou para o moreno e sorriu. Ela não o reconheceu porque Vittorio chegou com Alonso e Luca entrou na sala depois que ela já havia saído. — Olá senhor Portinari, muito prazer — sorriu para o mais vel
Realidade Iminente— Cosa significa Luca? {O que significa isso Luca?}— É o seu filho!— Que é o meu filho eu não tenho dúvidas, o garoto é a minha cara, mas quem é a mãe dele? — o loiro perguntou irritado, já se levantando
Serena saiu do banho e vestiu seu baby doll preto de seda, sentindo o tecido frio escorregar suavemente por sua pele. Soltou os cabelos vermelhos que caíram como uma cascata brilhante até pouco acima do bumbum. Fazia tempo que precisava apará-los, mas não conseguia. Amava seus fios longos e um sorriso involuntário surgiu ao lembrar das vezes em que Vittorio deslizava os dedos por eles, dizendo:— Seus cabelos são minha perdição, Serena. Nunca os corte.Fechou os olhos por um instante, balançando a cabeça como se pudesse afastar aquelas memórias.— Serena, você precisa ser forte. Napoleão Bonaparte Vittorio arregalou os olhos e finalmente gritou:— Você ouviu alguma palavra do que eu falei? Caralho, vocês poderiam ter morrido, não se trata de orgulho, Serena e sim de realidade. O mundo não é cor de rosa como você imagina, o mundo é sombrio e perverso. Eu sou um homem poderoso e odiado, os meus inimigos poderiam usar isso contra mim, entende agora? — Vittorio exclama quase sem ar nos pulmões. — O que você quis dizer sobre eu pagar pelo o nosso filho? Eu não pagaria por ele, assim como não paguei por você! — ele parecia não acreditar no que ela falou sobre pagamento.— Não? Tem certeza? Não foi isso que pareceu… Vittorio olhou para o pescoço da mulher e viu o colar do seu pai. Seu sangue ferveu ainda mais, ele se aproximou, segurou o colar entre os dedos e disse:— O que faz com isso? Por que ainda o tem? Serena bateu na mão dele e se afastou respondendo de maneira abrupta:— Não interessa. Na verdade, a minha vida não lhe diz respeito. Diga logo o que queCAPÍTULO XXXXIII
Perdido… Vittorio Moretti É assim que estou me sentindo, completamente perdido. Um misto de sentimentos toma conta do meu interior. Não sei expressar em palavras o que senti quando escutei a voz do meu filho. Ele… ele é perfeito! Ele é exatamente como eu havia sonhado. Durante aquele final de semana na América, quando sai do quarto do hotel com a promessa de voltar logo em seguida, durante o caminho até as lojas, eu pensei em como seria ter um filho com a Serena. Todas as vezes que o assunto herdeiros aparecia, nunca me via sendo pai. Sempre soube que essa era uma das leis da máfia, uma das mais soberanas, gerar filhos para assumir o meu posto no futuro. Nunca pensei nisso, porque até então, não havia encontrado uma mulher que mexesse comigo dessa maneira, mas quando eu a vi pela primeira vez, a desejei como jamais tinha desejado uma mulher. Por ela, eu quebrei todas as regras que eu mesmo criei. Quando a beijei… senti todo o meu corpo estremecer e quando ela me tocou… eu