Uma hora depois, nos acomodamos no sofá com a mesa de centro lotada com nossas pizzas, sorvete e alguns outros doces que Anthony improvisou. Falei com Beatrice ao telefone e ela garantiu que me encobriria com nossos pais mas recusou o convite de passar a noite conosco. Minha issistência não foi suficiente para convencê-la do contrário, ela foi firme quando disse que aproveitaria a oportunidade para resolver algumas coisas. O seu tom naquele momento deixou claro que não havia espaço para questionamentos então não me intrometi. Me pergunto o que teria acontecido se ela aceitasse o convite. Como seria ter meus amigos e minha irmã, duas partes diferentes da minha vida, se unindo? A ideia é como se imaginar assistindo a dois planetas colidindo. Meus pais provavelmente sabem sobre meus amigos, mas eles não pertencem ao seu círculo social então nunca fizeram questão de conhece-los, assim como Bella e Anthony não ligam muito para eles. Se eu pedisse, meus amigos com certeza tent
Ashley Borrões de luzes passam pela janela da limusine a caminho do baile de caridade da empresa de Brian. A cidade que nunca dorme. Se encaixa perfeitamente como lema de New York. De domingo á domingo, não importa o horário, ela sempre parece viva e vibrante com todo tipo de coisa. Eu adoro isso. É claro que nem tudo são flores e existem algumas coisas que não são tão agradáveis mas toda essa agitação não deixa de ser excitante. "Comporte-se, Éric." A voz de Giulia seguida do bufo de do meu irmão mais novo me traz de volta à infeliz realidade. Agora mesmo toda família Campbell se reúne em todo seu esplendor e melhor comportamento para posar no fatídico baile de comemoração do aniversário da empresa. Todas as minhas inseguranças para esse baile repassam pela minha cabeça e tudo se resume a um único ponto principal: Que Brian se canse de esperar por Joseph e ache mais vantajoso me casar com algum dos meus outros pretendentes. Reprimo um estremecimento. Me
NEW YORK_ABRIL Conto de fadas. A maio parte da meninas ao redor do mundo já sonhou com isso algum dia. Um príncipe encantado montado em um cavalo branco, e o felizes para sempre. Parece incrível, mas na verdade é tão irreal. Quando a garotinha cresce e conhece a realidade do mundo, descobre o quão mentirosos são os contos de fadas. Deveria ter sido assim comigo há muito tempo também, mas não importava o que pensassem ou dissessem, eu sempre acreditava em príncipes que resgatam donzelas em perigo porque pensar que alguém virá ao meu socorro era a melhor maneira de não desistir. Eu persisti em ser ingênua nesse quesito, fechei os olhos quando as poucas pessoas que se importavam comigo me alertaram, e paguei por isso. Agora já aceitei que ninguém me salvará desse castelo, mas eu também não sou forte o suficiente para lutar contra o dragão e fugir dele. Confesso que já pensei em desistir de tudo algumas vezes, mas não o fiz, por que não sou assim. Como o meu amigo Thon
Ashley Após o final das outras aulas caminhei até o ateliê em que trabalho há quase dois anos como assistente da senhora Jones, e essa é a melhor parte do meu dia. Descobri cedo minha paixão pela expressão da arte através da criação de peças, e desde então sonho em trabalhar como estilista um dia. Espero me tornar tão boa como a minha chefe. Ela é um pouco fria, mas não é uma pessoa ruim e já me deu bons conselhos que irei levar por toda a vida. O ateliê está visivelmente movimentado quando entro nele. No fim do mês haverá uma grande festa de estreia de alguma série que já está dando o que falar no mundo todo, e a Sra. Castello trabalha com alguns dos artistas que estarão presentes no evento, por isso essa correria será o estado normal do ateliê até o próximo mês. "Boa sorte com o dragão." Meu colega de trabalho, Renan, se aproxima com uma pilha gigante de rolos de tecidos nos braços. Seu resmungo, irreconhecível para mim, saiu em português mas ainda soou como um palavr
Ashley Já é tarde quando finalmente chego em casa, e preciso correr para me arrumar. Mary, a governanta, resmunga quando passo correndo por ela no corredor. No meu quarto, me apresso em um banho e visto um azul claro que vovó me deu de presente. A saia dele é esvoaçante, enquanto o corpete é justo. As mangas são longas e bufantes, delicadas com a transparência do tecido. A peça é linda e delicada. O vovô disse que pareço uma boneca com ele. Uma tiara com diamantes enfeitam minha cabeça, assim como meu querido colar de girassol no pescoço. Não me lembro quem me deu ou quando ganhei esta peça, mas sei que a possuo há muito tempo e raramente a tiro. Nos pés tenho um salto baixo branco e pretendo deixar meu cabelo solto. Em meu rosto há somente um pouco de rímel e gloss de banana. Termino de me arrumar e observo meu reflexo no espelho atentamente. Vovô, vovó, Bella, Thony e Alexa falam que sou muito bonita, mas não consigo concordar, acho minha beleza comum demais para ser
Ashley Já no quarto, assisto Bea se senta na sua enorme cama e me avalia dos pés a cabeça sem esboçar qualquer reação. Me sento em uma poltrona no canto do enorme quarto, ignorando seu escrutínio. O tamanho é um pouco exagerado, mas o quarto não deixa de ser lindo com sua decoração em branco e dourado, com tons de vermelho como acabamento. Os toques extravagantes são a marca registrada de Giulia Campbell. Nenhuma novidade que ela sempre esteja no controle de tudo que acontece por aqui. Um lindo quadro com o retrato de Beatrice estava pendurado acima da cama. A pintura era composta de um modo geral por tons escuros e frios, o grande contraste era seu forte batom vermelho rubi e o colar de pérolas. O mais estranho é que embora fosse minha irmã ali, nossa mãe éa única que eu consigo enxergar ali. Como se a presença dela emagasse a essência da Bea. "O Sr. Crawford parecia muito interessado em você." Volto minha atenção para minha irmã sentada na cama, ainda me olhando se
Joseph É surpreendente a que nível a ambição pode fazer alguém se rebaixar. Pensei já ter visto de tudo neste mundo. Doce engano. Me deparei com a maldade crua algumas vezes, não deveria me surpreender ao encontrar alguém que trata a própria filha como moeda em uma transação de negócios, mas o fiz. Não sou exatamente contra casamentos por conveniência, até acho prático, desde que seja realizado por dois adultos conscientes e não-coagidos. Entretanto não é isso que o Brian quer, a forma como falava, parecia estar tratando de uma mercadoria da qual quer se livrar. O Campbell escolheu bem suas palavras, muitas outras pessoas acreditariam na sua ladainha de um simples casamento por contrato, mas não estou entre estas pessoas. As vezes eu posso enxergar em seus olhos a mentira, talvez ter convivdo com um monstro por tanto tempo tenha me dado esse talento de farejar o perigo. E ainda por cima o desgraçado queria que eu acreditasse que a Ashley aceitou tudo de bom grado. Porra, ela
Ashley Acordo sentindo minha cabeça latejar. A última coisa da qual me lembro é de chorar até apagar. Lá fora o sol ainda está nascendo, lançando o brilho do amanhecer pelas portas abertas da minha varanda. Em outra situação eu adoraria me aconchegar na poltrona da varanda e apreciar os primeiros raios de sol da manhã. Agora, no entanto, não tenho energia para aproveitar essas pequenas coisas. Como poderia ter? Minha vida está prestes a mudar completamente. Tudo começou alguns dias depois do jantar com o Sr. Crawford. Minha mãe passou a me dizer mais como me vestir, a me portar com boas maneiras e me arrastar para mais eventos sociais, seja apenas com ela e suas amigas, ou festas para as quais toda a família era convidada. Eu não era mais como um fantasma parcialmente invisível aos olhos deles, e pela minha experiência isso não poderia estar a caminho de algo bom. Minha intuição não estava errada. Beatrice também ficou estranha por algum tempo e se recusava a me fa