AshleyEstico meus braços acima da cabeça sentindo minhas costas estalarem. Bella solta um gemido exausto enquanto se j**a no sofá. E Anthony deita a cabeça sobre os braços, na mesa de centro. Estamos no apartamento da Bella e depois de quatro longas horas de trabalho, chegamos apenas na metade da nossa pesquisa para o trabalho conjunto de história e literatura. "Por que nossa professora de literatura precisava ter a brilhante ideia de montar um projeto com nosso professor de história? Aliás, porque eles tinham que se encontrar? O Campus é tão grande." Bella choraminga. "Eles são casados." Anthony resmunga suavemente. E recebe como resposta uma careta, que ele não vê porque está em um quase apagando na mesa. "Bom pra eles, péssimo para nós." Suspiro quando me junto a minha amiga no enorme sofá confortável. "Retiro o que eu disse sobre o rim que você pagou nesse sofá. Sério, eu poderia passar o resto da vida jogada aqui." "Eu disse que era um investimento a longo pra
Ashley Borrões de luzes passam pela janela da limusine a caminho do baile de caridade da empresa de Brian. A cidade que nunca dorme. Se encaixa perfeitamente como lema de New York. De domingo á domingo, não importa o horário, ela sempre parece viva e vibrante com todo tipo de coisa. Eu adoro isso. É claro que nem tudo são flores e existem algumas coisas que não são tão agradáveis mas toda essa agitação não deixa de ser excitante. "Comporte-se, Éric." A voz de Giulia seguida do bufo de do meu irmão mais novo me traz de volta à infeliz realidade. Agora mesmo toda família Campbell se reúne em todo seu esplendor e melhor comportamento para posar no fatídico baile de comemoração do aniversário da empresa. Todas as minhas inseguranças para esse baile repassam pela minha cabeça e tudo se resume a um único ponto principal: Que Brian se canse de esperar por Joseph e ache mais vantajoso me casar com algum dos meus outros pretendentes. Reprimo um estremecimento. Me
Ashley O salão de festa da propriedade dos Hempton’s está absolutamente deslumbrante. O ambiente está bem iluminado e decorado com arranjos de flores espalhados pelo salão – adequados para essa época do ano. Esse lugar claramente tem o toque elegante e divertido da senhora Hempton e eu até gosto disso. Não posso, no entanto, falar em nome da minha mãe que já começa a resmungar discretamente da sua suposta alergia a pólen. Minha família e eu fomos pontuais ao chegar ao baile beneficente anual da empresa H&W. Faz bastante tempo que não venho a algum desses. Meus pais nunca fizeram muita questão da minha presença e nem eu. Logo após entrarmos, nos encontramos com o casal de anfitriões. Bonitos e elegantes, Lucia e Peter Hempton são figuras conhecidas da alta sociedade novaiorquina. “Campbell’s, que bom recebe-los.” O senhor Hempton é o primeiro a nos notar. “Minha família e eu agradecemos o convite.” Meu pai responde. “Lembram-se dos meus filhos?” Ele apresenta cada u
NEW YORK_ABRIL Conto de fadas. A maio parte das meninas ao redor do mundo já sonhou com isso algum dia. Um príncipe encantado montado em um cavalo branco, e o “felizes para sempre”. Parece incrível, mas na verdade é tão irreal. Quando a garotinha cresce e conhece a realidade do mundo, descobre o quão mentirosos são os contos de fadas. Deveria ter sido assim comigo há muito tempo também, mas não importava o que pensassem ou dissessem, eu sempre acreditava em príncipes que resgatam donzelas em perigo porque pensar que alguém virá ao meu socorro era a melhor maneira de não desistir. Eu persisti em ser ingênua nesse quesito, fechei os olhos quando as poucas pessoas que se importavam comigo me alertaram, e paguei por isso. Agora já aceitei que ninguém me salvará desse castelo, mas eu também não sou forte o suficiente para lutar contra o dragão e fugir dele. Confesso que já pensei em desistir de tudo algumas vezes, mas não o fiz, por que não sou assim. Como o meu amigo T
Ashley Após o final das outras aulas caminhei até o ateliê em que trabalho há quase dois anos como uma das assistentes da senhora Jones, e essa é a melhor parte do meu dia. Descobri cedo minha paixão pela expressão da arte através da criação de peças, e desde então sonho em trabalhar como estilista um dia. O ateliê está visivelmente movimentado quando entro nele. No fim do mês haverá uma grande festa de estreia de alguma série que já está dando o que falar em Hollywood, e a Sra. Castello trabalha com alguns dos artistas que estarão presentes no evento, por isso essa correria será o estado normal do ateliê até o próximo mês. "Boa sorte com o dragão." Meu colega de trabalho, Renan, se aproxima com uma pilha gigante de rolos de tecidos nos braços. Seu resmungo, irreconhecível para mim, saiu em português mas ainda soou como um palavrão. Com o cenho franzido eu o ajudo pegando alguns dos rolos. "O que?" Meu amigo não responde e continua andando enquanto sigo atrás dele.
Ashley Já é tarde quando finalmente chego em casa e preciso correr para me arrumar. Mary, a governanta, resmunga quando passo correndo por ela no corredor. No meu quarto, me apresso em um banho e visto um vestido azul claro que foi presente da vovó Campbell. A saia dele é esvoaçante, enquanto o corpete é justo. As mangas são longas e um pouco bufantes, delicadas com a transparência do tecido. A peça é linda e delicada. Uma tiara com diamantes enfeita minha cabeça, assim como meu querido colar de girassol no pescoço. Aos sete anos encontrei ele em uma caixa de coisas antigas minhas. “Uma velharia”, foi tudo que minha mãe disse quando perguntei sobre o colar. Nos pés tenho um salto baixo branco e pretendo deixar meu cabelo solto. Em meu rosto há somente um pouco de rímel e gloss de cereja. Termino de me arrumar e observo meu reflexo no espelho atentamente. Vovô, vovó, Bella, Thony e Alexa falam que sou muito bonita, mas não consigo concordar. Acho minha aparência muito... com
Joseph Ashley. Um nome bonito, exuberante e doce que combina muito bem com a dona. Ashley tem uma suavidade que não costuma me atrair nas mulheres, muito pelo contrário. A irmã mais velha dela, no entanto, é exatamente o tipo de companhia que costumo procurar. E mesmo assim não era para Beatrice que eu roubei olhares durante o jantar. Com um suspiro interno lembro a mim mesmo que independentemente do meu interesse ela é jovem e é uma Campbell. Nunca fui de pintar uma esplendorosa imagem de alguém somente pela sua aparência e não vou começar agora, especialmente com alguém com esse sobrenome. Ao contrário da filha, Brian não calou a boca nem por um minuto e quanto mais ele falava, mais vontade eu sentia de enfiar um guardanapo na garganta dele. Mas a quem quero enganar? Há muito em jogo aqui e talvez, apenas talvez, a sua proposta seja viável. Tento não me agarrar muito à esperança. Após terminarmos de comer a sobremesa Brian me convida para ir em seu escritório para
Casamentos por conveniência não são incomuns entre a elite. Pelo que sei, geralmente são realizados entre os dois envolvidos, as vezes intermediado pela família, e em geral são adultos – com mais de vinte anos – tentanto fortalecer seu patrimônio. É claro que tudo o que sei sobre isso são boatos da alta sociedade. Não sou exatamente contra casamentos por conveniência, até acho prático, desde que seja realizado por dois adultos conscientes e não-coagidos. Com o histórico da minha família não sou um descrente no amor, tampouco um romântico incurável, apenas aceitei que algumas pessoas nasceram para encontrar o amor e outras não têm a mesma sorte. Também já aceitei que estou no segundo grupo. Há muito tempo parei de me imaginar casando com alguém, a ideia de me prender assim me dá arrepios, mas... Nunca diga nunca. Talvez, no futuro, eu poderia passar a considerar um casamento por conveniência. Com alguém da minha idade. Não me orgulho de admitir que pensei um pouco demais