— Ah, Julian, conta outra, é claro que você sabe o que tem nesse quarto.
— Juro que eu não sei! Esse quarto está trancando já faz seis meses. Ouço muitos barulhos a noite, mas não faço ideia do que se trata — explicou muito sem graça e muito confuso.
— Tudo bem, dou minha palavra que não entrarei nesse quarto. Agora preciso de um banho e dormir um pouco. Sou muito grata por me acolher na sua casa. Seria terrível passar mais uma noite na rua. Em troca desse favor, tentarei ser uma noiva bem convincente.
— Obrigado pela ajuda, Kau. Tome seu banho que eu vou ver se dona Chica pode pegar algumas roupas da filha dela para te emprestar, Ana tem uns vinte anos, acredito que essa também seja a sua idade. Chica é mãe da nossa cozinheira. Assim que o almoço estiver pronto te chamo.
— Na verdade, farei vinte e três em duas semanas. Agradeço por me arrumar algumas roupas. Vou lá então — subi as escadas e fui para o quarto de hóspedes que Julian me mostrou.
En
— Mãe, quem tem um compromisso com a Bianca é você. Nunca aceitei essa ideia louca de ser noivo dela. Eu falei que tinha uma namorada e não acreditaram em mim. Pois é, ela está aqui e estamos juntos já faz um ano, prefiro me casar com ela que eu amo, do que com aquela garota esnobe e ridícula que escolheu para mim — explicou bastante irritado.— Filho, Bianca é uma atriz jovem e famosa, faz vários filmes nacionais e novelas, pode te ajudar a entrar nesse meio. É o seu sonho — argumentou decepcionada.Fiquei ali só observando a discussão deles. Eu sabia que esse noivado não era real, então essa briga boba não surgia efeito em mim. Esse casamento nunca iria acontecer mesmo.— Não, esse não é meu sonho, é o seu. Nunca quis ser ator de cinema — gritou muito nervoso.— Quando você era pequeno, dizia que queria ser como eu.— Quando eu era pequeno, disse tudo, eu cresci mãe e meu sonho é ser médico. Será que agora podemos almoçar? — Perguntou sentando-se do m
Julian respondeu ao beijo sem nenhuma hesitação e enquanto ele explorava minha boca com muita necessidade, tentei abrir os olhos algumas vezes para ver se os capangas do meu pai haviam ido embora. Para a minha sorte tinham acabado de partir. Fiquei aliviada e no mesmo instante me afastei do Julian.— Assim vamos ser bem convincente — sorriu safado.— Julian, preciso de um favor — o ignorei. — Preciso ir em um salão de cabelereiro, você conhece algum?— Sim, conheço o que minha mãe costuma ir, mas a essa hora deve estar lotado. Porque precisa ir? E por que parece preocupada?— Julian, te beijei para me esconder.— Se esconder... de quem? — Perguntou confuso.— Meu pai tem muitos amigos e alguns deles vieram atrás de mim, quando os vi te beijei — menti mais uma vez.Não contaria para ele que eram os capangas do meu pai, pensaria que estava mentindo a respeito de ser pobre e não queria isso. Só não conseguia entender como foram me procurar just
Nunca pensei que aquele imbecil do Oscar fosse atrás de mim e com a sorte que tenho esbarrei bem nele. Poxa! Como sou sortuda, dá até raiva.— Você me desculpa, não a vi — lamentou-se.Tentei evitar de olhá-lo, estava com medo de ser reconhecida. Julian percebendo meu desconforto e me puxou para mais perto de si.— Amor, você está bem? — deu um beijo em minha boca, me fazendo tremer na base.— Estou sim — respondi assim que ele se afastou dos meus lábios.— Que bom que está bem, vou tomar mais cuidado quando eu andar por aí — disse Oscar sem graça. — Hey, preciso de uma informação — chamou nossa atenção quando percebeu que iríamos entrar no carro.— Diga --- perguntou Julian, aproximando dele.— Vocês viram essa garota, ela é minha noiva e por causa de uma briga com seu pai, fugiu e descobri que veio para essa cidade — contava mostrando uma foto minha.— Não a vimos, mas como descobriu que veio para cá? — Questionou Julian.
— O que faz aqui a essa hora da noite? — Questionou Julian me olhando.— Credo, Julian, você quase me matou de susto — resmunguei baixinho.— Desculpa, não era minha intenção, mas porque está falando assim.— Dormi sem jantar, lembra?— Claro que lembro — disse no mesmo tom de voz que eu.— Acordei com fome e resolvi tomar um copo de leite, comer um lanche e quando cheguei aqui embaixo ouvi barulhos e fui ver o que era, e vinha daquele quarto. Você sabia que sua mãe sequestrou alguém e faz ela de refém? E pelo que entendi a vítima se recusa comer — contei quase sussurrando para que ninguém me ouvisse.— Você está ficando louca? Minha mãe jamais faria isso — disse assustado.— Elas estão lá agora, vai ouvir pela porta e tire suas próprias conclusões... — ele nem esperou eu terminar de falar e foi para lá, enquanto fiquei fazendo um lanche para mim, não demorou muito, ele voltou branco como um fantasma.— Você tem razão, parece
Voltamos para sua casa pensando no plano e como ele disse, Chica não estava em casa, nem sua mãe e nem mesmo a Ana. Havia chegado a hora de descobrir quem estava naquele quarto e o porquê.— Julian, a porta está trancada. Você sabe onde está a chave?— Minha mãe tem o costume de guardar tudo no seu quarto. Vamos logo procurar — disse me puxando pela mão.Entramos no quarto de Sacha que era enorme. Tinha um close com tantas gavetas que não fazia ideia por onde começar.— Olha na penteadeira que vou procurar no close e seja rápida — falou abrindo algumas gavetas e procurando, enquanto eu procurava na penteadeira.Foi então que algo me chamou a atenção, notei um pequeno baú de madeira bem pequeno escondido atrás de um vaso na penteadeira.— Olha o que achei — andei em sua direção com o baú na mão.— Abre, para ver o que tem dentro — olhou-me aflito.Sem pensar duas vezes eu abri e para minha surpresa tinha duas chav
A noite foi tensa, ouvi o tempo todo alguém chorando e uma movimentação na casa. Eu estava com fome, pois me deitei mais uma vez sem jantar. No entanto, com o barulho que vinha do andar debaixo não me atreveria a ir à cozinha.Resolvi fechar os olhos e tentar pegar no sono novamente, demorou um pouco, mas adormeci.Despertei com um braço sob mim e me assustei, virei devagarinho para ver quem estava do meu lado e notei que apesar do arranhão que tinha no rosto do Julian, ele dormia tranquilamente.Estranho, será que estou em seu quarto novamente? Tive um sonho muito louco, era um sexo bem selvagem, mas mal conseguia ver o rosto de quem estava comigo.Tentei sair dos seus braços bem lentamente, mas quando fui me levantar, ele me segurou pela mão.— Bom dia, Kau! — Desejou, sentando-se na cama.Esfregando os olhos de sono e me olhou de um jeito que parecia estar me despindo.— Como vim parar aqui? E por que me olha assim? — Questionei me
Cheguei na casa do Julian rezando para não encontrar com ele, eu só queria ir para o quarto, ficar sozinha para pensar um pouco. Por sorte não o encontrei.Faltava três horas para o jantar, não estava nenhum pouco animada. No entanto, sem muitas escolhas achei melhor tomar um banho e me arrumar. A noite seria longa e tediosa.Enquanto a água do chuveiro lavava meu corpo, tentei esquecer o que havia descoberto sobre minha mãe. Não havia nada que eu pudesse fazer naquele momento.Depois de colocar o vestido que Sacha escolheu, sequei meu cabelo deixando-o um pouco mais liso e me deitei um pouco na cama para esperar a hora passar. Acabei cochilando.— Kau, você está aí? — Despertei com alguém batendo na porta. — Kau... — gritou, dessa vez consegui reconhecer a voz que me chamava. Julian.No mesmo instante meu coração pareceu querer sair pela boca. Mesmo com um frio na barriga fui abrir a porta.— Por onde andou — perguntou ao me ver.— Sai um p
Não consigo acreditar no que meus olhos estavam vendo. O livro casei com um monstro estava na mesinha de cabeceira.Então, muito curiosa, fui me aproximando novamente e quando peguei o livro na mão derrubei algo que acabou fazendo barulho.— Sacha, é você? — Perguntou uma mulher puxando a cortina e quando ela me viu ficou branca como um fantasma. — Filha...Seu rosto empalideceu, não consegui sequer reagir a sua palavra, no segundo seguinte ele já havia desmaiado.Fiquei em choque enquanto a observava. Era minha mãe, mas estava muito diferente da foto do livro e da foto que eu tinha dela. Estava de cabelo curto e pretos, minha mãe sempre foi loira.— Mãe, acorda... — pedi dando leve tapinhas em seu rosto. — Mãe, por favor, acorda!— Eu estou sonhando... — resmungou abrindo os olhos.— Não, você não está. Sou eu, Kauana — respondi olhando-a com o coração disparado pela emoção.— Não pode ser minha filha, ela está morta. Deve ser alucina