O tempo passou rapidamente desde o início das gravações do documentário, e o estúdio Allegro finalmente estava pronto após as reformas causadas pelo incêndio. Valéria sentia um misto de alívio e satisfação ao ver tudo em ordem novamente. O estúdio era sua segunda casa, e agora, com as gravações acontecendo lá, a sensação de pertencimento era ainda maior. Lara, sua amiga e parceira no estúdio, também estava envolvida nas gravações. A cena daquele dia focava na reconstrução do estúdio e no papel de Lara e Valéria como professoras. Enquanto a equipe se preparava, Lara se aproximou de Valéria com um sorriso descontraído. — O estúdio está mais bonito do que antes — comentou Lara, admirando o ambiente. Valéria sorriu, concordando. — Sim, depois de tudo que passamos, ele está melhor do que nunca. Só espero que possamos continuar assim, sem mais incidentes. — E como você está lidando com tudo isso? — perguntou Lara, enquanto aguardavam a equipe técnica. Valéria suspirou. — É cansativ
Valéria estava exausta. As filmagens do documentário estavam chegando ao fim, e os últimos ajustes estavam tomando mais tempo do que ela esperava. Já era tarde, e o estúdio estava quase vazio, exceto por algumas pessoas da equipe de gravação. — Que bom que terminamos por hoje — disse Ricardo, aproximando-se. Ele estava sempre por perto nos últimos dias. Valéria suspirou, aliviada. — Mais dois ou três dias e finalmente acabamos — comentou, com um leve sorriso cansado. Ricardo assentiu e caminhou com ela até a saída. Seu carro já estava esperando com o motorista, mas ele se ofereceu para levá-la. — Quer uma carona? — perguntou Ricardo, com um sorriso amigável. Valéria balançou a cabeça. — Não, obrigada. Prefiro pegar um táxi. Preciso de um tempo sozinha para relaxar. Ricardo assentiu, respeitando a decisão. — Tudo bem, então. Cuide-se — disse ele, enquanto entrava no carro. Valéria ficou do lado de fora, esperando o táxi que havia chamado pelo celular. O ar da noite era fresco,
Felipe, ainda segurando Valéria com firmeza, lançou um olhar para o delegado e Heitor, que estavam do outro lado da sala, conversando. Ele sabia que algo maior estava acontecendo, e essa era a segunda vez que Valéria havia sido colocada em uma situação de perigo. Seus instintos gritavam para que ele tomasse o controle da situação, e a ideia de que mais alguém pudesse estar tentando prejudicá-la só aumentava sua determinação. — Eu quero acompanhar o interrogatório — disse Felipe, sem desviar o olhar de Valéria, mas falando diretamente para Heitor e o delegado. Heitor, que era tanto amigo quanto advogado de Felipe, assentiu de imediato, reconhecendo o tom de urgência na voz do amigo. — Já estamos com um dos homens presos — respondeu o delegado. — Os outros fugiram, mas a polícia está rastreando a área. O que foi capturado está sendo interrogado agora. Felipe olhou para Valéria, que ainda estava visivelmente abalada, mas tentando manter a calma. Ele sabia que deixar o homem que a
Na manhã seguinte ao sequestro, o ambiente estava mais tranquilo, mas a tensão dos eventos da noite anterior ainda pairava no ar. Valéria acordou lentamente, sentindo o peso do cansaço no corpo. Ao abrir os olhos e encontrar Felipe ao seu lado, uma sensação de segurança começou a preenchê-la. Felipe já estava acordado, observando-a com um olhar sereno, mas preocupado. Ele estendeu a mão para tocar o rosto dela suavemente. — Como você está se sentindo? — perguntou ele, com a voz baixa e calma. Valéria suspirou, ainda sentindo o peso das lembranças da noite anterior. — Melhor, acho... mas ainda um pouco abalada — respondeu ela sinceramente. — Você não precisa se preocupar com mais nada agora — disse Felipe, com um tom protetor. — Vamos dar uma caminhada e tomar café da manhã. Que tal? Valéria concordou com um pequeno sorriso. Ela sabia que precisava de um momento de paz para se acalmar. Felipe, sempre tão meticuloso e controlado, estava sendo mais atencioso do que o normal, e ela
Alguns dias se passaram desde o sequestro, e Valéria, apesar de abalada, estava determinada a retomar sua rotina. Ela precisava voltar ao estúdio de gravação do documentário . A pausa nas filmagens havia sido um alívio, mas agora era hora de encarar o trabalho novamente, mesmo com as cicatrizes emocionais que ainda carregava. Felipe a observava atentamente enquanto ela se arrumava. Desde o sequestro, ele não relaxava completamente. Seu instinto de proteção estava no máximo, e ele sabia que ainda havia coisas não resolvidas. Valéria podia sentir a preocupação dele, mesmo que ele tentasse disfarçar. — Tem certeza de que está pronta para voltar? — perguntou Felipe, sua voz controlada, mas não conseguindo esconder a preocupação. Valéria se virou e forçou um pequeno sorriso. — Sim. Preciso continuar. Não posso deixar o medo me consumir — respondeu ela, tentando soar confiante, mas a leve hesitação em sua voz entregava o peso que ainda carregava. Felipe assentiu, mesmo que sua inquie
Na manhã seguinte, a luz do sol suavemente iluminava o quarto. Felipe acordou primeiro. Valéria ainda dormia, parecendo um pouco mais tranquila. Ele saiu da cama em silêncio e foi preparar o café da manhã. Precisavam conversar. A distância crescente entre eles estava se tornando insuportável. Valéria entrou na cozinha logo depois, sonolenta, mas com um sorriso tímido. — Você sempre cuida de mim — murmurou ela. — É o mínimo que posso fazer — respondeu Felipe, enquanto colocava o café na mesa. Sentaram-se juntos, em um silêncio confortável. A calmaria antes da tempestade era evidente para os dois, mas nenhum deles queria quebrar o frágil equilíbrio. Finalmente, Felipe quebrou o silêncio. — Valéria... eu sei que algo te incomoda — disse ele, tentando ser gentil. — Depois do sequestro, sinto que há algo que você ainda não me contou. Valéria colocou a xícara na mesa, evitando o olhar dele. Sabia que precisava falar, mas o medo a impedia. E se contar a verdade a colocasse em mais pe
A manhã chegou de forma tranquila. Felipe e Valéria ainda estavam na cama, os corpos relaxados após a noite anterior, quando a conexão entre eles parecia mais forte do que nunca. A luz suave entrava pelas frestas da cortina, iluminando o quarto com delicadeza, proporcionando uma sensação de paz. Felipe abriu os olhos primeiro, notando Valéria adormecida ao seu lado. Ele a observou por alguns segundos, um leve sorriso surgindo em seu rosto. Por mais que as coisas estivessem complicadas do lado de fora, ali, naquele instante, tudo parecia em ordem. Com cuidado para não despertá-la bruscamente, Felipe se inclinou e depositou um beijo suave em sua testa. Valéria murmurou algo em seu sono, mexendo-se ligeiramente, e então abriu os olhos, encontrando os dele. — Bom dia — sussurrou Felipe, ainda com um sorriso relaxado. — Bom dia — respondeu Valéria, um pouco sonolenta, mas com uma expressão tranquila. Felipe se levantou, estendendo a mão para ela. — Que tal um banho antes do café?
Miguel chegou à frente da Goulart Mídia no horário combinado, estacionando o carro e aguardando pacientemente Valéria. O trânsito estava relativamente tranquilo, o que significava que o caminho de volta seria rápido e sem complicações. Ele tinha instruções claras de Felipe para garantir que Valéria chegasse em casa em segurança. Poucos minutos depois, Valéria saiu do prédio, acenando para Miguel. Seus passos estavam tranquilos, embora por dentro ainda estivesse perturbada pelas ameaças que havia recebido mais cedo. Ela tentou disfarçar, mas a sensação de perigo continuava a rondá-la. — Oi, Miguel — disse Valéria, entrando no carro. — Boa noite, senhorita Valéria. Tudo pronto? — perguntou ele, com seu habitual tom profissional. — Sim, podemos ir — respondeu ela, forçando um sorriso. Enquanto Miguel manobrava o carro para sair, Valéria olhou pela janela, tentando afastar os pensamentos sobre a ligação. Ela sabia que Felipe estava ocupado resolvendo algo importante, mas uma par