Na manhã seguinte ao sequestro, o ambiente estava mais tranquilo, mas a tensão dos eventos da noite anterior ainda pairava no ar. Valéria acordou lentamente, sentindo o peso do cansaço no corpo. Ao abrir os olhos e encontrar Felipe ao seu lado, uma sensação de segurança começou a preenchê-la. Felipe já estava acordado, observando-a com um olhar sereno, mas preocupado. Ele estendeu a mão para tocar o rosto dela suavemente. — Como você está se sentindo? — perguntou ele, com a voz baixa e calma. Valéria suspirou, ainda sentindo o peso das lembranças da noite anterior. — Melhor, acho... mas ainda um pouco abalada — respondeu ela sinceramente. — Você não precisa se preocupar com mais nada agora — disse Felipe, com um tom protetor. — Vamos dar uma caminhada e tomar café da manhã. Que tal? Valéria concordou com um pequeno sorriso. Ela sabia que precisava de um momento de paz para se acalmar. Felipe, sempre tão meticuloso e controlado, estava sendo mais atencioso do que o normal, e ela
Alguns dias se passaram desde o sequestro, e Valéria, apesar de abalada, estava determinada a retomar sua rotina. Ela precisava voltar ao estúdio de gravação do documentário . A pausa nas filmagens havia sido um alívio, mas agora era hora de encarar o trabalho novamente, mesmo com as cicatrizes emocionais que ainda carregava. Felipe a observava atentamente enquanto ela se arrumava. Desde o sequestro, ele não relaxava completamente. Seu instinto de proteção estava no máximo, e ele sabia que ainda havia coisas não resolvidas. Valéria podia sentir a preocupação dele, mesmo que ele tentasse disfarçar. — Tem certeza de que está pronta para voltar? — perguntou Felipe, sua voz controlada, mas não conseguindo esconder a preocupação. Valéria se virou e forçou um pequeno sorriso. — Sim. Preciso continuar. Não posso deixar o medo me consumir — respondeu ela, tentando soar confiante, mas a leve hesitação em sua voz entregava o peso que ainda carregava. Felipe assentiu, mesmo que sua inquie
Na manhã seguinte, a luz do sol suavemente iluminava o quarto. Felipe acordou primeiro. Valéria ainda dormia, parecendo um pouco mais tranquila. Ele saiu da cama em silêncio e foi preparar o café da manhã. Precisavam conversar. A distância crescente entre eles estava se tornando insuportável. Valéria entrou na cozinha logo depois, sonolenta, mas com um sorriso tímido. — Você sempre cuida de mim — murmurou ela. — É o mínimo que posso fazer — respondeu Felipe, enquanto colocava o café na mesa. Sentaram-se juntos, em um silêncio confortável. A calmaria antes da tempestade era evidente para os dois, mas nenhum deles queria quebrar o frágil equilíbrio. Finalmente, Felipe quebrou o silêncio. — Valéria... eu sei que algo te incomoda — disse ele, tentando ser gentil. — Depois do sequestro, sinto que há algo que você ainda não me contou. Valéria colocou a xícara na mesa, evitando o olhar dele. Sabia que precisava falar, mas o medo a impedia. E se contar a verdade a colocasse em mais pe
A manhã chegou de forma tranquila. Felipe e Valéria ainda estavam na cama, os corpos relaxados após a noite anterior, quando a conexão entre eles parecia mais forte do que nunca. A luz suave entrava pelas frestas da cortina, iluminando o quarto com delicadeza, proporcionando uma sensação de paz. Felipe abriu os olhos primeiro, notando Valéria adormecida ao seu lado. Ele a observou por alguns segundos, um leve sorriso surgindo em seu rosto. Por mais que as coisas estivessem complicadas do lado de fora, ali, naquele instante, tudo parecia em ordem. Com cuidado para não despertá-la bruscamente, Felipe se inclinou e depositou um beijo suave em sua testa. Valéria murmurou algo em seu sono, mexendo-se ligeiramente, e então abriu os olhos, encontrando os dele. — Bom dia — sussurrou Felipe, ainda com um sorriso relaxado. — Bom dia — respondeu Valéria, um pouco sonolenta, mas com uma expressão tranquila. Felipe se levantou, estendendo a mão para ela. — Que tal um banho antes do café?
Miguel chegou à frente da Goulart Mídia no horário combinado, estacionando o carro e aguardando pacientemente Valéria. O trânsito estava relativamente tranquilo, o que significava que o caminho de volta seria rápido e sem complicações. Ele tinha instruções claras de Felipe para garantir que Valéria chegasse em casa em segurança. Poucos minutos depois, Valéria saiu do prédio, acenando para Miguel. Seus passos estavam tranquilos, embora por dentro ainda estivesse perturbada pelas ameaças que havia recebido mais cedo. Ela tentou disfarçar, mas a sensação de perigo continuava a rondá-la. — Oi, Miguel — disse Valéria, entrando no carro. — Boa noite, senhorita Valéria. Tudo pronto? — perguntou ele, com seu habitual tom profissional. — Sim, podemos ir — respondeu ela, forçando um sorriso. Enquanto Miguel manobrava o carro para sair, Valéria olhou pela janela, tentando afastar os pensamentos sobre a ligação. Ela sabia que Felipe estava ocupado resolvendo algo importante, mas uma par
Felipe chegou ao galpão com passos firmes, o rosto marcado pela frieza e determinação. Ele sabia que aquela noite poderia ser decisiva, e a raiva que fervia em suas veias estava sob controle absoluto. Assim que atravessou a porta, viu Heitor esperando ao lado de alguns seguranças. Os dois sequestradores estavam amarrados a cadeiras no centro do galpão, suas roupas sujas e os rostos mostrando sinais claros de cansaço e medo, ainda que teimosos. — Eles estão sendo difíceis — disse Heitor, cruzando os braços, enquanto observava os homens com desdém. Felipe manteve o olhar fixo nos dois prisioneiros, seu queixo travado em contenção. Ele esperava por aquele momento. Havia dias que esse interrogatório estava em sua mente, e agora sabia que obteria as respostas que tanto precisava. — Vamos ver o quanto eles aguentam — murmurou, sua voz baixa e carregada de uma ameaça sutil. O ambiente no galpão estava abafado, o cheiro de óleo e poeira misturado à tensão que pairava no ar. Felipe se
Felipe apertou o volante com força ao ouvir as palavras de Miguel. — Como assim, um acidente? — perguntou ele, a tensão evidente em sua voz. Seu coração disparou, e uma onda de preocupação tomou conta de seus pensamentos. — Um caminhão avançou na nossa frente, senhor. Tentei desviar, mas não consegui evitar a colisão. Valéria machucou a testa, mas está bem, eu garanti que ela fosse levada ao hospital — explicou Miguel rapidamente, sua voz carregada de arrependimento. — Ela está na casa da Lara agora, se recuperando. Felipe respirou fundo, tentando processar a informação. Ele fechou os olhos por um breve segundo, lutando para controlar a raiva que crescia dentro dele. Um acidente. Outro sinal de que Valéria estava sendo colocada em perigo repetidamente, apesar de todas as suas promessas de protegê-la. — E por que não me avisou antes? — ele perguntou, sua voz tensa, mas controlada. — Eu tentei, senhor, mas o senhor não atendeu. O Heitor também estava ocupado. Fiz o que pude, mas a
Felipe saiu da casa de Valéria com passos decididos. A tensão entre eles era palpável, mas ele sabia que confrontar o Sr. Bittencourt era o único caminho para devolver a paz à vida de Valéria. Ele entrou no carro, o motor rugiu suavemente, e ele partiu em direção à mansão do empresário. A raiva fervia em seu interior, mas ele se manteve focado. Chegando à luxuosa residência de Sr. Bittencourt, os seguranças hesitaram, mas o deixaram entrar sem questionar. Sabiam que algo estava errado, mas o status de Felipe na família permitia sua entrada sem oposição. Assim que entrou no salão principal, o Sr. Bittencourt já o aguardava, o rosto impassível e um leve sorriso calculado. — Ah, Felipe — começou ele, a voz fria. — O que o traz aqui a essa hora? Felipe ignorou as formalidades. Seus olhos fixos no homem à sua frente. — Eu sei o que você fez — disse ele, a voz controlada, mas carregada de tensão. Bittencourt manteve o sorriso, mas seus olhos endureceram. — Não sei do que está fala