Valéria entrou no apartamento com uma sensação de alívio. O trajeto de volta tinha sido um tempo necessário para refletir sobre a reunião com Ricardo. Embora a reunião tivesse corrido bem, o peso do projeto e a proximidade com Ricardo mexiam com ela de uma maneira difícil de ignorar. Enquanto caminhava pela sala silenciosa, sentiu a energia do ambiente familiar, algo que a tranquilizava e a trazia de volta ao foco. Dona Marta estava na cozinha. — Oi, querida. Jantar em meia hora, tudo bem? — perguntou Dona Marta. Valéria assentiu, forçando um sorriso leve. — Perfeito, Marta. Obrigada. Ela subiu as escadas lentamente, sentindo o cansaço emocional mais do que o físico. As expectativas colocadas sobre seus ombros com o documentário a deixavam tensa. Ao mesmo tempo, algo dentro dela também estava empolgado com a oportunidade. Ser o rosto de um projeto tão grandioso era um marco para sua carreira. No entanto, ainda restava a questão de Felipe. Ela sabia que ele não gostava m
Valéria acordou com a luz suave da manhã entrando pelas cortinas. O calor do corpo de Felipe ainda a envolvia, mas ele já havia se levantado. O cheiro de café fresco preenchia o ambiente. Descendo as escadas, encontrou Felipe na cozinha, conversando com Dona Marta sobre o café da manhã. — Bom dia — disse ela, com um sorriso leve. Felipe a observou por um momento, o olhar mais suave do que o normal. — Bom dia. Está pronta para a última sessão de fisioterapia? — perguntou ele, servindo-se de café. Valéria se aproximou da mesa e pegou uma xícara. — Acho que sim. Espero que hoje seja o último dia — respondeu, sentando-se ao lado dele. — O fisioterapeuta deve chegar em breve. Se tudo correr bem, você será liberada — comentou Felipe, tomando um gole de café, mantendo o tom casual. Valéria sorriu, sentindo-se mais leve. A recuperação tinha sido tranquila, e ela estava ansiosa para retomar sua rotina. Pouco depois do café, o fisioterapeuta chegou. Ele tinha uma postura profissional, m
O tempo passou rapidamente desde o início das gravações do documentário, e o estúdio Allegro finalmente estava pronto após as reformas causadas pelo incêndio. Valéria sentia um misto de alívio e satisfação ao ver tudo em ordem novamente. O estúdio era sua segunda casa, e agora, com as gravações acontecendo lá, a sensação de pertencimento era ainda maior. Lara, sua amiga e parceira no estúdio, também estava envolvida nas gravações. A cena daquele dia focava na reconstrução do estúdio e no papel de Lara e Valéria como professoras. Enquanto a equipe se preparava, Lara se aproximou de Valéria com um sorriso descontraído. — O estúdio está mais bonito do que antes — comentou Lara, admirando o ambiente. Valéria sorriu, concordando. — Sim, depois de tudo que passamos, ele está melhor do que nunca. Só espero que possamos continuar assim, sem mais incidentes. — E como você está lidando com tudo isso? — perguntou Lara, enquanto aguardavam a equipe técnica. Valéria suspirou. — É cansativ
Valéria estava exausta. As filmagens do documentário estavam chegando ao fim, e os últimos ajustes estavam tomando mais tempo do que ela esperava. Já era tarde, e o estúdio estava quase vazio, exceto por algumas pessoas da equipe de gravação. — Que bom que terminamos por hoje — disse Ricardo, aproximando-se. Ele estava sempre por perto nos últimos dias. Valéria suspirou, aliviada. — Mais dois ou três dias e finalmente acabamos — comentou, com um leve sorriso cansado. Ricardo assentiu e caminhou com ela até a saída. Seu carro já estava esperando com o motorista, mas ele se ofereceu para levá-la. — Quer uma carona? — perguntou Ricardo, com um sorriso amigável. Valéria balançou a cabeça. — Não, obrigada. Prefiro pegar um táxi. Preciso de um tempo sozinha para relaxar. Ricardo assentiu, respeitando a decisão. — Tudo bem, então. Cuide-se — disse ele, enquanto entrava no carro. Valéria ficou do lado de fora, esperando o táxi que havia chamado pelo celular. O ar da noite era fresco,
Felipe, ainda segurando Valéria com firmeza, lançou um olhar para o delegado e Heitor, que estavam do outro lado da sala, conversando. Ele sabia que algo maior estava acontecendo, e essa era a segunda vez que Valéria havia sido colocada em uma situação de perigo. Seus instintos gritavam para que ele tomasse o controle da situação, e a ideia de que mais alguém pudesse estar tentando prejudicá-la só aumentava sua determinação. — Eu quero acompanhar o interrogatório — disse Felipe, sem desviar o olhar de Valéria, mas falando diretamente para Heitor e o delegado. Heitor, que era tanto amigo quanto advogado de Felipe, assentiu de imediato, reconhecendo o tom de urgência na voz do amigo. — Já estamos com um dos homens presos — respondeu o delegado. — Os outros fugiram, mas a polícia está rastreando a área. O que foi capturado está sendo interrogado agora. Felipe olhou para Valéria, que ainda estava visivelmente abalada, mas tentando manter a calma. Ele sabia que deixar o homem que a
Na manhã seguinte ao sequestro, o ambiente estava mais tranquilo, mas a tensão dos eventos da noite anterior ainda pairava no ar. Valéria acordou lentamente, sentindo o peso do cansaço no corpo. Ao abrir os olhos e encontrar Felipe ao seu lado, uma sensação de segurança começou a preenchê-la. Felipe já estava acordado, observando-a com um olhar sereno, mas preocupado. Ele estendeu a mão para tocar o rosto dela suavemente. — Como você está se sentindo? — perguntou ele, com a voz baixa e calma. Valéria suspirou, ainda sentindo o peso das lembranças da noite anterior. — Melhor, acho... mas ainda um pouco abalada — respondeu ela sinceramente. — Você não precisa se preocupar com mais nada agora — disse Felipe, com um tom protetor. — Vamos dar uma caminhada e tomar café da manhã. Que tal? Valéria concordou com um pequeno sorriso. Ela sabia que precisava de um momento de paz para se acalmar. Felipe, sempre tão meticuloso e controlado, estava sendo mais atencioso do que o normal, e ela
Alguns dias se passaram desde o sequestro, e Valéria, apesar de abalada, estava determinada a retomar sua rotina. Ela precisava voltar ao estúdio de gravação do documentário . A pausa nas filmagens havia sido um alívio, mas agora era hora de encarar o trabalho novamente, mesmo com as cicatrizes emocionais que ainda carregava. Felipe a observava atentamente enquanto ela se arrumava. Desde o sequestro, ele não relaxava completamente. Seu instinto de proteção estava no máximo, e ele sabia que ainda havia coisas não resolvidas. Valéria podia sentir a preocupação dele, mesmo que ele tentasse disfarçar. — Tem certeza de que está pronta para voltar? — perguntou Felipe, sua voz controlada, mas não conseguindo esconder a preocupação. Valéria se virou e forçou um pequeno sorriso. — Sim. Preciso continuar. Não posso deixar o medo me consumir — respondeu ela, tentando soar confiante, mas a leve hesitação em sua voz entregava o peso que ainda carregava. Felipe assentiu, mesmo que sua inquie
Na manhã seguinte, a luz do sol suavemente iluminava o quarto. Felipe acordou primeiro. Valéria ainda dormia, parecendo um pouco mais tranquila. Ele saiu da cama em silêncio e foi preparar o café da manhã. Precisavam conversar. A distância crescente entre eles estava se tornando insuportável. Valéria entrou na cozinha logo depois, sonolenta, mas com um sorriso tímido. — Você sempre cuida de mim — murmurou ela. — É o mínimo que posso fazer — respondeu Felipe, enquanto colocava o café na mesa. Sentaram-se juntos, em um silêncio confortável. A calmaria antes da tempestade era evidente para os dois, mas nenhum deles queria quebrar o frágil equilíbrio. Finalmente, Felipe quebrou o silêncio. — Valéria... eu sei que algo te incomoda — disse ele, tentando ser gentil. — Depois do sequestro, sinto que há algo que você ainda não me contou. Valéria colocou a xícara na mesa, evitando o olhar dele. Sabia que precisava falar, mas o medo a impedia. E se contar a verdade a colocasse em mais pe