No final do expediente, Valéria estava se preparando para sair quando Ana, a secretária, apareceu com um pequeno sorriso. — Valéria, antes de você ir, tem um recado. — Ela entregou um papel. — O senhor Ricardo Goulart pediu que eu passasse isso para você. Valéria pegou o papel e, ao abri-lo, viu o horário e o local do jantar e da reunião. Lara, que estava ao lado, levantou uma sobrancelha, curiosa. — Jantar? Que jantar é esse? Valéria deu de ombros, guardando o papel na bolsa. — O Ricardo Goulart veio aqui hoje. Ele quer propor uma parceria para o estúdio. Marcou um jantar para ver se consegue mudar minha opinião e fechar o negócio. Ele está interessado em fazer um documentário sobre música clássica. Lara olhou com interesse, mas ainda cautelosa. — Um documentário? Parece interessante, mas... sei lá, tem algo nisso que não me convence. Valéria sorriu, tentando tranquilizá-la. — Não é nada demais. Só um jantar de negócios. Se der certo, pode ser bom para o estúdio. L
Felipe chegou ao restaurante, esperando um jantar tranquilo com seus pais, como de costume. Ao entrar, percebeu algo diferente. Seus pais estavam à mesa, mas ao lado deles, ele viu Beatriz e seus pais. Um desconforto imediato tomou conta dele. Ele sabia o que aquilo significava. Quando se aproximou, seus pais o cumprimentaram calorosamente, mas os olhares estavam cheios de expectativa. — É bom estarmos todos aqui hoje — começou o pai de Felipe, rompendo o silêncio. — Temos muito a discutir. Felipe assentiu, mas ficou em silêncio. Beatriz, sempre elegante, estava ao seu lado. Seus pais do outro lado. O garçom chegou para anotar os pedidos. Enquanto isso, Felipe sentiu a tensão. Seus pais estavam ansiosos por algo, e ele sabia o que era. Depois que o garçom se afastou, o pai de Beatriz foi direto ao ponto. — Felipe, seu pai e eu conversamos bastante. Acho que já é hora de você e Beatriz considerarem algo mais sério. A mãe de Felipe olhou para ele, com expectativa. Beatriz também,
O beijo entre eles crescia em intensidade, o calor do momento quebrando a distância das últimas semanas. As mãos de Felipe desceram suavemente pela cintura de Valéria, puxando-a para mais perto. De repente, ele a levantou com firmeza. Valéria envolveu as pernas ao redor da cintura dele, sentindo a conexão física, como se todos os sentimentos não ditos agora se manifestassem através do toque. Felipe a carregou em direção ao quarto, ainda trocando beijos enquanto caminhava. O trajeto parecia curto, movido pela urgência que sentiam. Ao chegarem no quarto, Felipe deitou Valéria com cuidado na cama, inclinando-se sobre ela. Por um instante, seus olhares se cruzaram, em silêncio. Havia uma compreensão mútua que não precisava de palavras. As mãos dele deslizavam pelo corpo dela, redescobrindo o desejo que por muito tempo não tinham compartilhado. Valéria respondeu ao toque com a mesma intensidade, se deixando levar pelo momento. No quarto, o mundo exterior desaparecia, deix
Assim que Lara recebeu a ligação da polícia, já tinha corrido para o hospital com Rafael. Eles estavam ansiosos para saber mais detalhes sobre o estado de Valéria, que havia sido levada às pressas para a emergência na noite anterior. Lara estava visivelmente agitada, andando de um lado para o outro na sala de espera, enquanto Rafael tentava manter a calma. — Ela vai ficar bem, Lara. Precisamos esperar pelos médicos — disse Rafael, tentando ser racional, mas também preocupado. Pouco tempo depois, uma enfermeira saiu da área restrita e se aproximou. — Senhorita Lara Costa? — chamou a enfermeira. Lara deu um salto e se aproximou rapidamente. — Sim, sou eu. Como está a Valéria? — perguntou, com a voz carregada de ansiedade. — A senhorita Valéria Carvalho está estável. Ela foi colocada na UTI por precaução, devido à inalação de fumaça. Os médicos estão otimistas, mas ela precisará de monitoramento por mais algumas horas antes de podermos fornecer mais detalhes — explicou a
O som dos passos da equipe médica ecoava pelos corredores, aumentando a tensão na sala de espera. Felipe permanecia sentado, em silêncio, com a postura rígida e impassível. Ele olhava fixamente para o corredor, aguardando a próxima atualização. Lara estava visivelmente inquieta, mexendo-se na cadeira ao lado de Rafael. Ela trocou olhares com ele várias vezes, como se estivesse buscando alguma forma de conforto. — Espero que ela saia logo da UTI — murmurou Lara, quase para si mesma. Rafael assentiu, segurando a mão dela por um breve momento. — Os médicos disseram que o estado dela é estável. Agora, é só uma questão de tempo — ele tentava manter a calma, embora sua voz traísse um leve nervosismo. Felipe continuava em silêncio. Não havia mais nada a dizer ou fazer além de esperar. Ele já havia tomado todas as providências necessárias, e agora aguardava apenas o desenrolar dos acontecimentos. Pouco depois, o Dr. Almeida voltou, trazendo novas informações. — Senhor Cavalcante, senh
No dia seguinte, Felipe chegou ao hospital cedol. Ele entrou no quarto de Valéria com a mesma postura controlada de sempre. Valéria estava acordada, com a respiração mais estável e aparentava estar um pouco melhor. — Como você está? — perguntou Felipe, direto. Valéria olhou para ele, ainda um pouco fraca, mas com um leve sorriso. — Estou me sentindo melhor... Obrigada — respondeu ela, com a voz suave. Felipe apenas assentiu, observando-a por um momento. Ele percebeu que, apesar de seu estado debilitado, Valéria mantinha sua força. Mas, ao invés de se estender em conversas, ele manteve a visita breve. — Descanse. Vou cuidar para que você não tenha com o que se preocupar — disse Felipe antes de se virar para sair. Valéria o observou sair do quarto, sabendo que as palavras de Felipe eram mais do que simples promessas. Ele era o tipo de pessoa que sempre cumpria o que dizia, mesmo sem fazer alarde sobre isso. Ao sair do hospital, Felipe não perdeu tempo. Ele sabia que, além de gar
Dias depois, a recuperação de Valéria progredia, e os médicos começavam a falar sobre sua alta. No fim daquela tarde, o quarto estava tranquilo, e Lara e Rafael tinham saído para buscar algo para comer. Valéria ficou sozinha por alguns minutos, quando Felipe entrou no quarto sem aviso prévio, mantendo sua postura habitual. Valéria ergueu o olhar, surpresa com a visita. — Oi... — disse ela, com a voz mais firme que nos primeiros dias. Felipe se aproximou, parando ao lado da cama. — Os médicos disseram que sua alta está próxima. Precisamos falar sobre onde você vai ficar — começou, direto. — Onde eu vou ficar? Vou para casa, claro — respondeu Valéria, como se fosse óbvio. Felipe manteve o olhar firme. — Você ainda não sabe, mas o incêndio foi criminoso. A polícia está investigando. Até termos certeza de que você está segura, sua casa não é a melhor opção. Valéria arregalou os olhos. — Criminoso? Quem faria isso? — Não sabemos. Pode ter sido contra você ou contra o estúdio. Não
Lara estava ao lado de Valéria enquanto o médico explicava os últimos detalhes da alta. Apesar do sorriso, a preocupação era clara no rosto de Lara. Felipe, ao lado delas, ouvia em silêncio. Quando o médico saiu, Lara se voltou para Valéria, tentando aliviar o clima. — Pronta para sair daqui? — perguntou, tocando levemente o braço da amiga. Valéria respirou fundo e olhou de relance para Felipe antes de responder: — Acho que sim. Felipe, direto, a guiou até o carro, com Lara acompanhando de perto. No caminho até o apartamento, Lara tentou manter a conversa leve, mas Valéria continuava distraída, observando a paisagem pela janela. Ao chegarem no prédio, Felipe liderou o caminho. Ele não era de muitas palavras, e Lara sabia disso, mas a presença sólida dele parecia o que Valéria precisava naquele momento. — Já está tudo pronto para você — disse Felipe assim que entraram no apartamento. Lara olhou ao redor, familiarizada com o ambiente. Valéria já tinha passado noites ali a