Felipe saiu do apartamento com uma determinação fria. A última conversa com Valéria ainda ecoava em sua mente, mas ele não se deixava abalar. Estava acostumado a lidar com situações difíceis e resolver problemas de forma direta. Valéria havia escolhido Gustavo, e isso apenas alimentava sua frieza em lidar com a situação. Ele pegou o celular e ligou para Miguel. — Leve Gustavo para o armazém — disse Felipe, o tom firme. — Quero uma conversa privada com ele. Miguel não questionou, apenas confirmou a ordem. Felipe sabia que Gustavo precisava entender as consequências de suas ações, mas ele faria isso sem levantar suspeitas. Não era do estilo de Felipe agir por impulso; ele agia de maneira metódica e controlada. Chegando ao armazém, um local afastado e discreto, Felipe encontrou Miguel à espera, com Gustavo já no local. Gustavo, visivelmente desconfortável, lançou um olhar desconfiado para Felipe assim que ele entrou. — O que está acontecendo aqui? — perguntou Gustavo, t
Felipe manteve os olhos na estrada enquanto dirigia de volta. Seu rosto estava inexpressivo, como se o que acabara de acontecer não tivesse nenhum efeito emocional sobre ele. Gustavo havia sido apenas mais um obstáculo que precisava ser removido. Enquanto ele dirigia, seus pensamentos voltaram brevemente para Valéria.** Ela havia escolhido Gustavo uma vez. Isso ainda o incomodava. Não era ciúme, mas o fato de que ela preferiu lidar com um manipulador ao invés de confiar nele. Felipe estava acostumado a ter o controle em tudo, e ver Valéria escapando de sua influência, ainda que momentaneamente, o irritava mais do que ele estava disposto a admitir. No entanto, ele não demonstraria isso. Jamais. Afinal, ele não fazia isso para ganhar a gratidão de Valéria. Ao chegar em casa, a atmosfera estava diferente. O apartamento parecia mais silencioso do que de costume, embora estivesse sempre calmo. Valéria ainda estava lá, como ele havia deixado, provavelmente tentando entender o que
Valéria respirou fundo enquanto se preparava para sair. O apartamento parecia mais vazio do que nunca, e o silêncio só aumentava a sensação de distanciamento entre ela e Felipe. Pegou sua bolsa e saiu sem hesitar, decidida a ocupar a mente com o trabalho no estúdio. O trajeto até o estúdio foi longo, ou pelo menos parecia. A cada passo que dava, os pensamentos se acumulavam. As ruas estavam movimentadas, mas Valéria se sentia perdida em meio ao caos. Ela sabia que havia algo quebrado entre ela e Felipe, mas não sabia como consertar. Ao chegar ao estúdio, a visão de Lara mexendo nas partituras e organizando a sala a trouxe um breve momento de alívio. Ali, pelo menos, as coisas pareciam no lugar. Lara ergueu os olhos assim que Valéria entrou. — Finalmente apareceu! — disse ela, com um sorriso, tentando descontrair o ambiente. — Pensei que ia me deixar sozinha hoje. Valéria tentou sorrir de volta, mas era evidente que algo a incomodava. Lara notou imediatamente. — Valéria, o que
Valéria estava sentada no sofá do apartamento, olhando para o relógio enquanto seus pensamentos se misturavam. Ela já sabia que Felipe havia resolvido tudo. O estúdio estava seguro, e Gustavo estava fora do caminho. Mas o peso do silêncio entre eles ainda pairava no ar, tão denso quanto antes. Seu celular vibrou com uma mensagem. Era de Felipe: "Chego em 20 minutos." Ela respirou fundo, já esperando que essa conversa fosse difícil. Algo entre eles havia mudado, e Valéria não sabia ao certo como lidar com isso. Embora estivessem juntos, parecia que estavam mais distantes do que nunca. Quando Felipe entrou pela porta, o ar no ambiente pareceu ficar ainda mais frio. Ele colocou as chaves na mesa, mantendo a expressão neutra de sempre. Depois de alguns segundos, ele quebrou o silêncio: — Está tudo resolvido. Gustavo não vai mais incomodar — disse ele, indo direto ao ponto, como sempre. - A documentação do estúdio está pronta em breve. Valéria apenas assentiu. Ela já sabia, mas
Valéria passou o resto do dia tentando se concentrar no trabalho, mas seus pensamentos estavam longe. As palavras de Felipe ecoavam em sua mente, e a distância entre eles parecia maior do que nunca. No estúdio, Lara notou a expressão distante da amiga. Durante um intervalo entre as aulas, ela se aproximou e sentou-se ao lado de Valéria, que folheava uma agenda sem prestar atenção. — Você está bem? — Lara perguntou, a preocupação evidente. Valéria respirou fundo antes de responder. — Eu e Felipe conversamos ontem... as coisas não estão fáceis. Lara inclinou a cabeça, curiosa. — O que ele disse? — Ele foi claro. — Valéria soltou um suspiro. — Ele quer manter tudo prático, sem complicações emocionais. E, honestamente, eu não sei mais lidar com isso. Lara observou a amiga em silêncio por alguns segundos. — E você está disposta a aceitar isso? — perguntou, com um tom suave. — Eu não sei — Valéria balançou a cabeça. — Eu achei que poderia, mas agora está ficando difícil. O problema
Valéria estava na cozinha, arrumando a mesa após o café da manhã. Felipe estava sentado à mesa, tomando o último gole de café, alheio à inquietação dela. Depois de alguns minutos em silêncio, Valéria finalmente quebrou a tensão no ar. — Você vai sair hoje? — perguntou, tentando soar casual enquanto secava as mãos. Felipe, sem tirar os olhos da xícara, respondeu com a mesma neutralidade de sempre. — Sim, tenho alguns compromissos. Não sei a que horas volto, mas provavelmente tarde.. Enquanto guardava os utensílios, o celular de Valéria tocou, vibrando no balcão. Ela olhou para a tela: era Lara. — Oi, Lara — atendeu Valéria, tentando soar animada. — Oi, Valéria! O Rafael nos convidou para tocar de novo no pub. Vai ser como da última vez! O que você acha? — disse Lara, com entusiasmo. Valéria ficou em silêncio por um momento. Sentia-se cansada e distante, sem muito ânimo para sair. — Não sei, Lara. Acho que não estou no clima hoje — respondeu, enquanto reorganizava algumas par
Valéria estava na cozinha, limpando os últimos pratos, quando ouviu a porta sendo destrancada. Imaginou que fosse Felipe chegando mais cedo, então foi até a sala para recebê-lo. Para sua surpresa, era Beatriz quem entrou. — Valéria? — Beatriz sorriu, surpresa, mas sem esconder um toque de superioridade. — Não sabia que você estaria aqui. Valéria parou por um instante, surpresa. — Como você entrou? — perguntou, a confusão evidente. — Felipe me deu a senha há um tempo. Não sabia? — disse, com um olhar quase inocente. — Ele não mudou até hoje, e sabe o que é curioso? A senha é o aniversário da ex-namorada dele. Interessante, não? Valéria sentiu o estômago revirar, mas tentou disfarçar. Beatriz parecia à vontade, como se estivesse na própria casa, e continuou. — Acho que Felipe se esquece dessas coisas. Ou talvez, elas simplesmente não importem para ele — disse ela, vagando pela sala como se conhecesse cada detalhe. — O importante é que as famílias sempre esperaram que ele e eu
Valéria e Lara estavam sentadas ao fundo do pub, as luzes baixas e a música suave criando uma atmosfera que melancólica. Valéria já havia bebido mais do que o habitual, e Lara, sempre atenta, percebia que sua amiga estava prestes a desmoronar. — Quer me contar o que está acontecendo? — perguntou Lara, tentando parecer descontraída, mas com a preocupação evidente. Valéria olhou para o copo vazio, ainda segurando-o como se estivesse prestes a enchê-lo novamente. Sentia-se à beira de explodir, mas as palavras simplesmente não saíam. — Só... está tudo acumulando, sabe? — começou ela, sem saber ao certo por onde começar. — Às vezes, sinto que estou vivendo algo que não faz sentido. Felipe... ele é tão distante. E então, Beatriz aparece. A família dele quer que eles se casem. Como eu deveria me sentir sobre isso? Lara franziu o cenho, compreendendo o peso da situação. — Val, você está envolvida com alguém que não deixa espaço para você se envolver de verdade. Isso vai te consumir se vo