Valéria acordou cedo, o coração pesado com a ausência de Felipe. A noite anterior tinha sido turbulenta, e ao olhar para o lado da cama vazio, sentiu um aperto no peito que não conseguia explicar. A sensação de perda era estranha, como se algo fundamental estivesse faltando. Quando chegou ao estúdio, tentou se focar no trabalho para afastar os pensamentos que insistiam em voltar. A rotina era seu refúgio, mas sua mente continuava vagando, sempre retornando para o que havia acontecido. Durante a tarde, enquanto revisava uma peça, recebeu uma mensagem no celular. Era de Melina. Com as mãos ligeiramente trêmulas, ela abriu a mensagem. "Valéria, seu pai está sendo liberado agora. Ele vai para casa. Por favor, passe aqui quando puder." Um alívio misturado com ansiedade invadiu Valéria. Seu pai finalmente estava indo para casa. Respondeu rapidamente, prometendo passar depois do trabalho. Saber que ele estaria em casa em breve trouxe uma sensação de paz, ainda que breve. Pouco d
Valéria desceu as escadas e foi ao encontro de Gustavo. Ele a observou por um instante, com um olhar satisfeito e quase possessivo. — Você está incrivelmente linda, Valéria — disse ele, com um sorriso confiante. Ela acenou com a cabeça, agradecendo em silêncio, e o seguiu até o carro. Gustavo, como sempre, abriu a porta para ela com um gesto galante. Valéria entrou, tentando disfarçar a ansiedade crescente que sentia. O trajeto até o local do jantar foi silencioso. Gustavo, confortável com o silêncio, parecia à vontade, enquanto Valéria observava a cidade pela janela, com a mente distante. Quando chegaram, ela ficou impressionada com o local: um salão imenso e sofisticado, com lustres elegantes e uma atmosfera requintada. Ele ofereceu o braço, e juntos entraram no salão. Gustavo a conduziu até uma mesa onde seus pais já estavam sentados, conversando animadamente com os outros convidados. — Valéria, meus pais estavam ansiosos para te ver — Gustavo disse, com um sorriso largo. Os
Valéria voltou ao salão ao lado de Gustavo, que colocou o braço em volta da cintura dela de maneira possessiva. O toque firme chamou a atenção de Felipe, que imediatamente observou a interação entre eles, sem deixar transparecer nenhuma emoção. Ele sabia que não era o momento para agir, e seu olhar permaneceu calculado. Sua expressão não mudou, mesmo enquanto analisava os gestos de Gustavo. Ele registrou cada detalhe com precisão, mantendo o controle absoluto sobre si. A raiva silenciosa estava ali, mas bem contida, aguardando o momento certo para agir. Dona Helena, alheia à tensão no ar, sorriu ao ver Valéria. — Valéria, querida! — disse ela, abrindo os braços para um rápido abraço. — Que bom te ver aqui! Valéria sorriu de volta, embora sua mente estivesse distante. — Vocês formam um casal encantador — comentou Beatriz, com um leve sorriso irônico. — Gustavo, você tem sorte de estar com uma mulher tão especial como Valéria. O comentário pairou no ar por alguns i
Era o fim de um longo dia. Felipe havia passado as últimas horas processando as informações que Miguel havia descoberto. Agora, com tudo claro, ele sabia que precisava falar com Valéria para resolver a situação. Não era uma questão emocional; era algo que simplesmente precisava ser feito. Ao estacionar o carro em frente ao estúdio de música, Felipe ficou por alguns minutos em silêncio, observando o movimento ao redor. Pegou o celular e, sem hesitar, enviou uma mensagem. “Estou em frente ao seu estúdio. Podemos conversar?” Alguns minutos depois, a porta do estúdio se abriu, e Valéria saiu. Ela procurou por ele, e logo o avistou encostado no carro, braços cruzados, com uma postura firme e distante. Seus olhos estavam fixos nela, mas havia uma ausência completa de calor em sua expressão. Valéria se aproximou, sentindo a tensão no ar. — O que você está fazendo aqui, Felipe? — perguntou ela, com um tom de surpresa. — Precisamos conversar — respondeu ele, a voz sem emoção. — Va
Felipe se afastou de Valéria após o confronto no sofá, cruzando a sala com passos firmes e decididos. Sua mente ainda estava processando a informação de que Valéria havia cedido à manipulação de Gustavo em vez de ter recorrido a ele. Isso mexia com algo mais profundo, mas ele não deixaria que isso transparecesse. — Vou pedir comida — disse ele, de costas para Valéria, pegando o celular e deslizando os dedos pela tela sem sequer olhá-la. Valéria permaneceu em silêncio, ainda digerindo a frieza das palavras de Felipe. Ela sabia que ele estava desapontado, mas Felipe era imprevisível quando se tratava de demonstrar suas emoções. E naquele momento, tudo o que ele exalava era controle. Frio e impenetrável. — Tem algo que você queira? — perguntou Felipe, sem sequer levantar os olhos do celular. — Não... qualquer coisa está bom para mim — respondeu Valéria, sua voz baixa, tentando manter a calma apesar da tensão crescente entre eles. Felipe fez o pedido com eficiência, e em seguida,
Felipe saiu do apartamento com uma determinação fria. A última conversa com Valéria ainda ecoava em sua mente, mas ele não se deixava abalar. Estava acostumado a lidar com situações difíceis e resolver problemas de forma direta. Valéria havia escolhido Gustavo, e isso apenas alimentava sua frieza em lidar com a situação. Ele pegou o celular e ligou para Miguel. — Leve Gustavo para o armazém — disse Felipe, o tom firme. — Quero uma conversa privada com ele. Miguel não questionou, apenas confirmou a ordem. Felipe sabia que Gustavo precisava entender as consequências de suas ações, mas ele faria isso sem levantar suspeitas. Não era do estilo de Felipe agir por impulso; ele agia de maneira metódica e controlada. Chegando ao armazém, um local afastado e discreto, Felipe encontrou Miguel à espera, com Gustavo já no local. Gustavo, visivelmente desconfortável, lançou um olhar desconfiado para Felipe assim que ele entrou. — O que está acontecendo aqui? — perguntou Gustavo, t
Felipe manteve os olhos na estrada enquanto dirigia de volta. Seu rosto estava inexpressivo, como se o que acabara de acontecer não tivesse nenhum efeito emocional sobre ele. Gustavo havia sido apenas mais um obstáculo que precisava ser removido. Enquanto ele dirigia, seus pensamentos voltaram brevemente para Valéria.** Ela havia escolhido Gustavo uma vez. Isso ainda o incomodava. Não era ciúme, mas o fato de que ela preferiu lidar com um manipulador ao invés de confiar nele. Felipe estava acostumado a ter o controle em tudo, e ver Valéria escapando de sua influência, ainda que momentaneamente, o irritava mais do que ele estava disposto a admitir. No entanto, ele não demonstraria isso. Jamais. Afinal, ele não fazia isso para ganhar a gratidão de Valéria. Ao chegar em casa, a atmosfera estava diferente. O apartamento parecia mais silencioso do que de costume, embora estivesse sempre calmo. Valéria ainda estava lá, como ele havia deixado, provavelmente tentando entender o que
Valéria respirou fundo enquanto se preparava para sair. O apartamento parecia mais vazio do que nunca, e o silêncio só aumentava a sensação de distanciamento entre ela e Felipe. Pegou sua bolsa e saiu sem hesitar, decidida a ocupar a mente com o trabalho no estúdio. O trajeto até o estúdio foi longo, ou pelo menos parecia. A cada passo que dava, os pensamentos se acumulavam. As ruas estavam movimentadas, mas Valéria se sentia perdida em meio ao caos. Ela sabia que havia algo quebrado entre ela e Felipe, mas não sabia como consertar. Ao chegar ao estúdio, a visão de Lara mexendo nas partituras e organizando a sala a trouxe um breve momento de alívio. Ali, pelo menos, as coisas pareciam no lugar. Lara ergueu os olhos assim que Valéria entrou. — Finalmente apareceu! — disse ela, com um sorriso, tentando descontrair o ambiente. — Pensei que ia me deixar sozinha hoje. Valéria tentou sorrir de volta, mas era evidente que algo a incomodava. Lara notou imediatamente. — Valéria, o que