Alguns meses se passaram desde a última vez que fomos para a casa de campo, em Cough. Estávamos animados para o fim de ano. Passaríamos o Natal juntos, como costumávamos fazer. Sendo assim, eu teria que adiantar todo o meu trabalho para que não precisasse me preocupar com artigos de revisões para entregar, já que havia me atrasado com muitos deles.Nesses meses, muitas coisas aconteceram. Troyan decidiu que não voltaria a fazer quimioterapia depois dos últimos exames e, infelizmente, seu corpo não conseguiu se sustentar por mais que algumas semanas após isso. Nós passamos por um luto e foi muito difícil ter que encarar tudo para voltar à realidade, que não nos esperaria por muito tempo. Fizemos tudo que podíamos para que seus últimos dias compensassem, pelo menos, uma parte de todo o sofrimento que ele enfrentou.Meu amigo me fez prometer que eu focaria mais em mim e que eu iria atrás dos meus sonhos. E era por esse motivo que eu estava na cafeteria, encarando meu notebook, pensando e
Sabe... Nós costumamos pensar que o futuro sempre vai ser como planejamos, mas a verdade é que isso não está sob nosso controle. Infelizmente, não podemos decidir, de fato, o que irá nos acontecer no dia de amanhã, na próxima semana, meses ou até mesmo anos à frente. A vida é uma grande surpresa, e comigo não foi nada diferente disso.Aos meus dezoito anos, minha família e eu fomos fazer uma viagem de inverno à Europa. Minha mãe, Jenna, meu pai, Phill, meu irmão gêmeo, Alfred, e eu, claro, costumávamos viajar juntos nas férias. Meu irmão e eu já havíamos nos formado na escola, então estávamos apenas tirando um ano sabático. Meus pais sempre gostaram de viajar muito, principalmente quando eram apenas os dois. Papai era dono de uma empresa de viagens que mamãe administrava com ele. Apesar de ela ser pesquisadora, apenas dava aulas particulares e palestras sobre algumas coisas que tirava de conhecimento durante seus passeios pelo mundo.Mas, voltando a falar um pouco sobre aquele inverno
Minha rotina não era mais estar só no hospital, mesmo que, na maior parte do tempo, estivesse, pois ali poderia ficar com as pessoas mais incríveis que eu já havia conhecido, e até que tinha meus dias mais divertidos por lá.Como meus resultados haviam progredido o suficiente, minha médica concluiu que eu ficar em casa poderia ser uma boa ideia. Estar perto de minha mãe e poder estar em um lugar que, realmente, eu chamaria de lar, com certeza me faria um bem maior, considerando que ficar internada e sob vigia não seria mais tão necessário. E nisso, eu já tinha completado seis meses sem ter que lidar com o câncer, mas, ainda assim, fazia exames periódicos para que não houvessem riscos inesperados e eu voltasse à estaca zero. Entretanto, como mencionei, às vezes eu também ia ao hospital apenas para passar algumas noites com meus melhores amigos, principalmente Troyan, que quase nunca estava em sua casa, e quando estava, tirava um tempo somente para a família.Naquele exato momento, enco
Eu nunca fui muito de comemorar em festas e em qualquer outra coisa que envolvesse uma galera bêbada. Ally já era alguém mais experiente do que eu nesse quesito. Também não quero dizer que jamais tinha ido a uma festa ou a uma fogueira na praia junto com o pessoal. Em Cough, nós fazíamos muito isso. Mas essas coisas não eram mais o meu estilo depois que me mudei de cidade, onde não conhecia muitas pessoas. Em Melsmont, sempre fui a garota que levava o livro na bolsa, procurava um cantinho iluminado e se esquecia de todo o resto quando, finalmente, podia mergulhar no universo contido em pequenas páginas brancas preenchidas com palavras.Ally sempre gostou de participar de aglomerações. Para ela, quanto mais gente tivesse, melhor. Eu era totalmente o contrário. E pensando nessa lógica, eu não ficava preocupada com o meu guarda-roupa, se tinha roupas suficientemente bonitas para esse tipo de evento. E como eu não tinha nada além de moletons, vestimentas meio velhas e nada muito bom para
Minha casa não era longe da praia onde estávamos, mas eu sabia que Ally tinha pegado o caminho mais longo para que pudéssemos conversar um pouco mais. Ela estava tão feliz, que isso me deixava em êxtase por ela. Minha amiga podia ser alguém bem divertida, porém sabia muito bem esconder a tristeza e o medo por baixo de qualquer sorriso. Mas, dessa vez, era diferente. Não havia máscara nenhuma naquele sorriso.— Obrigada por ter ido hoje à festa comigo, Blay — ela agradeceu, animada. — E me desculpe por não ter ficado com você. Mas te vi indo caminhar com um cara e achei que não deveria atrapalhar.— Não, Ally. Não se preocupe com isso. — Pensei que, talvez, se as coisas tivessem sido diferentes, eu não teria tido a oportunidade de conhecer Ash. — Eu me diverti muito também.— É, eu percebi. — Riu e mordiscou o lábio inferior como se estivesse se segurando para não fazer perguntas. — Quem era aquele gatinho?— Para ser sincera, eu o conheci hoje. Não sei muitas coisas sobre ele, mas
Um dos meus passatempos favoritos era a leitura. Com toda a certeza, eu escolheria passar a minha vida toda com o rosto entre páginas e mais páginas de histórias incríveis que me levariam a milhares de lugares que, de certa maneira, eu não poderia conhecer verdadeiramente nesta vida.Alguns quarteirões depois da minha casa havia uma pequena livraria, onde, sempre que possível, eu passava horas dos meus dias lendo e até mesmo escrevendo alguns contos que surgiam em minha mente. Desde pequena, eu gostava muito de recriar histórias de livros que lia ou de filmes aos quais eu assistia. Era uma forma que eu encontrava de poder criar meu próprio mundo, na minha maneira de pensar. Se bem que, pelo menos comigo, sempre deixei que a escrita me guiasse, às vezes sendo o final dela uma surpresa até para mim mesma. Mas, de certa forma, nunca achei que essa fosse a questão.Escrever, realmente, era uma das coisas que eu melhor sabia fazer, tanto que pouco antes de o verão terminar — isso no começo
Era uma manhã quente, quando meu telefone me acordou com uma ligação perdida de Ally e uma mensagem que dizia para eu contar logo os detalhes da noite anterior para ela. Não se passavam das 9h30 da manhã de domingo e a luz do sol, que ultrapassava as cortinas semiabertas, preenchia metade do quarto. Ainda deitada, involuntariamente, sorri ao ver uma mensagem de Ash me desejando um bom dia. Nós dois ficamos até tarde juntos e foi tudo maravilhoso. Depois de acordar, eu repassei cada detalhe na mente sobre tudo que havia acontecido. Infelizmente, a realidade me trouxe de volta ao presente assim que uma voz familiar soou no final do corredor. Era o meu irmão, Alfred. Ele parecia animado, cantarolando enquanto saía de seu quarto e descia as escadas. Mas acontece que já fazia um tempo que as coisas não eram mais assim. Naqueles últimos meses tiveram muitos acontecimentos, na verdade, e alguns deles não foram nem um pouco bons. Lembro-me perfeitamente da noite em que cheguei em casa, de
A festa para a comemoração do noivado seria no dia seguinte. De início, havíamos decidido que seria em nossa casa, mas o nosso espaço da piscina não era tão grande quanto o da casa dos pais de Meredith. Então, finalizamos a ideia de onde seria, concordando que lá era um ambiente mais propício. As reformas já tinham terminado, e eu também havia acabado o meu desenho. Estava tudo certo para que pudéssemos encher a propriedade dos Carrington de convidados. Se bem que meu irmão me dissera que eles preferiram chamar apenas os mais próximos e aqueles a quem fariam os convites para serem madrinhas e padrinhos. Eu me recordava perfeitamente de quando Alfred e eu falávamos sobre o momento em que chegaria o dia que casaríamos. Prometemos que nunca faríamos isso sem a aprovação um do outro. Era engraçado pensar nisso no momento atual em que estávamos. Passamos uma boa parte da noite conversando e eu pensei em ir para a fogueira na praia com Ally. Porém, preferi ficar em casa. Ficamos com nossa