Parte 7...
— O Alan tem - fez um biquinho.
— Porque eu sou mais velho e sou homem - disse sério.— Não é porque você é homem, meu amor - ela disse — É porque você tem quase dez anos e me mostrou que é responsável. Sua irmã pode ter uma também, mesmo ela sendo mulher - fechou uma das malas — Homens e mulheres são capazes de fazer a mesma coisa.— Mas os homens são mais fortes.— Homens e mulheres são iguais, Alan. As diferenças existem por igual em todos - o ensinou — Há mulheres que são mais fortes do que alguns homens no físico e na capacidade mental. A diferença é única, não é geral. Não se avalia a capacidade pelo gênero.— É sim - Bianca fez uma cara engraçada — Papai disse que mamãe era mais forte do que ele - balançou o cabelo.Ela sorriu emocionada.— Você lembra do que o papai dizia, meu amor? - a puxou para um abraço apertado.— Às vezes eu lembro - ela passou os bracinhos pelo pescoço da mãe e deitou a cabeça.— Eu também lembro, mãe - ele se agarrou a ela também.Momentos como esse a derrubavam. Queria muito que Haroldo ainda estivesse com eles. Um dia ela teria que contar a verdade para Alan, mas não agora. Para ele, Haroldo era seu pai de verdade e foi realmente. Embora não tivesse seu sangue, Haroldo o amou como se fosse seu desde antes de seu nascimento. Ele até escolhera o nome de seu menino, como ele dizia.— O menino é meu - tocou sua barriga e a beijou — Entendeu minha Neli?Recordou o dia em que ela soube o sexo do bebê.Haroldo fez parte de sua vida do momento em que se conheceram até agora. Ele ainda era presente em sua vida e em seu coração. Jamais esqueceria o homem que a amou de verdade.Para ele tudo era fácil se fosse para fazê-la feliz. Viveu cada dia para ela e seu filho. Quando soube que estava grávida de novo ele ficou alucinado de alegria.Ao saber que seria uma menina ele chorou de felicidade. Do mesmo jeito que ele chorou quando o médico lhe entregou Alan nos braços ainda na sala de parto. Ele ficou andando de um lado para outro embalando o pacotinho em seus braços e repetiu que era seu menino, olhando para ela com o rosto molhado pelas lágrimas. Até a equipe médica ficou emocionada com a cena.Mathias nunca a questionou sobre se ela usava alguma proteção e nem ele se preocupou com isso. Ela era virgem e inocente com relação a muitas coisas e ele deveria ter cuidado dessa parte.Durante o rápido caso deles, eles nunca usaram nenhuma proteção e não podia ser diferente o resultado.Ela nunca comparou Haroldo com Mathias. Eles eram muito diferentes, inclusive no sexo. Não seria justo com seu marido, embora no começo ela tivesse tido sonhos eróticos com Mathias, mas depois se sentia culpada e com o tempo isso acabou.Sexo com Haroldo também era muito bom, embora mais calmo e mais carinhoso do que Mathias, que tinha um fogo que a derretia cada vez que a tocava.Ela deixou os dois pequenos conversando deitados em sua cama e foi pegar o restante das coisas para guardar na outra mala. Ficou ouvindo a conversa entre os dois e ria a cada vez que Alan tentava explicar algo para a irmã.Ele era muito seguro em suas respostas e paciente com ela. Parecia às vezes um adulto em miniatura, decorrência da criação colada com Haroldo que falava com ele de homem para homem.Pensou no que iria sentir a mãe de Mathias se conhecesse o único neto. Do jeito que era esnobe e mesquinha, talvez não gostasse do pequeno e quisesse esconder de todos o erro de seu filho.Ela sorriu com as gargalhadas dos dois conversando. Eram lindos juntos e Alan era muito protetor. Haroldo desde cedo o ensinou a proteger a irmã para que ninguém lhe causasse mal.— Mami, a gente não pode ir junto? - Bianca perguntou.— Dessa vez não, minha boneca - ela se esticou e beijou sua testa — Vão ficar com Felipe e Ludimila.— E os outros empregados - Bianca se espreguiçou.— Também, mas vocês têm que fazer o que os dois disserem. Quando der eu levo vocês comigo. Quero que conheçam a casa onde eu cresci - sorriu de leve, pensativa.— Onde estão vocês? - uma voz veio do corredor.— Aqui, Ludimila - Anelise respondeu alto.Ludimila tinha quarenta anos e já trabalhava para Haroldo quando ela se casou. Foi carinhosa e cuidadosa com ela desde que chegara na casa. Era louca pelas crianças e as mimava até demais. Junto com Felipe que já era guarda-costas de Haroldo, eram as duas pessoas mais próximas de seus filhos. Quando Haroldo morreu, eles continuaram do mesmo jeito que antes e Felipe agora estava a maior parte do tempo com as crianças que gostavam bastante do homem alto e musculoso cheio de tatuagens.Pagava salários altos para ambos porque queria que ficassem bem. Eles cuidavam de seus filhos com dedicação e amor. Isso era muito importante para ela.— Já está na hora dos dois irem dormir.— Ah, não Ludimila - Alan desceu da cama.— Felipe - ela chamou e ele apareceu na porta — Alguém aqui não quer ir dormir - apontou para Alan.— Ah, não quer? - fez uma cara engraçada — Vamos ver.Ele entrou no quarto e pegou o garotinho nos braços, o jogando por cima do ombro enquanto Alan ria muito.Autora Ninha Cardoso.
Deixe seu comentário para que eu saiba o que está achando. Agradeço sua companhia na leitura.Parte 8...— Agora vamos ver quem não vai dormir - Felipe riu.— Me conta uma história, Felipe?— Qual você quer?— A do herói japonês.— Que história é essa? - Anelise alisou a cabeça do filho e o beijou na bochecha.— O Felipe está me contando um monte de histórias, mãe - ele riu — Essa ainda falta terminar.— Vou contar só uma e você vai dormir - Felipe avisou.— Certo.Felipe o colocou no chão.— Você não deveria viajar agora. Ainda está se recuperando - falou para ela.— Eu também acho - Ludimila pegou Bianca no colo — Dê um beijo de boa noite na mamãe e vamos para o quarto.— Boa noite, boneca - a beijou — Durma bem.Felipe ainda pediu que ela adiasse ou o levasse com ela, mas Anelise negou.— Sou seu guarda-costas - lembrou-a.— E é excelente - tocou seu ombro — Mas prefiro que fique ao lado das crianças.— E a gente vai brincar - Alan o abraçou.— Viu só que serviço bom? - ela riu — Onde vai ganhar um abraço gostoso assim?— Só mesmo aqui - ele riu e saiu levando Alan pela mão
Parte 1...Mathias estava focado no documento aberto em sua tela do notebook. Há dois dias estava ocupado com a burocracia da empresa, o que era uma chatice e que o mantinha ocupado até demais para o gosto dele, que preferia ficar no campo.Sua secretária bateu na porta e abriu um pouco.— Entre, Priscila.Ela entrou trazendo uma bandeja pequena com café e colocou a xícara na mesa ao lado do notebook.— Tem duas chamadas de sua prima, Camila - informou.— Na certa quer me pedir outro empréstimo - tirou os óculos.— Ela disse que tem algo importante para lhe falar. Pediu que ligasse para ela assim que possível.Camila era sua prima em segundo grau e tinha uma língua maior do que o corpo. Adorava três coisas. Dinheiro, fofoca e homem. Não se dava bem com nenhum deles.Ele mesmo já a ajudara com um empréstimo que ela levou quase três anos para pagar de volta. Mas não era de ligar para ele no trabalho. Ficou curioso.— Obrigado, Priscila. Vou ligar para ela.— Ok. Volto daqui a pouco para
Parte 2...Ela recebia uma pequena pensão do governo pelos anos de trabalho na fábrica de sapatos, mas depois que Anelise se casou com Haroldo, começou a receber uma mesada que ele lhe enviava. No início ela se negou, porém Haroldo era ótimo para convencer os outros e ela aceitou. Isso fez com que vivesse mais tranquila, sabendo que a avó não tinha mais problemas com dinheiro.Anelise não sabia bem quanto tempo ela ficaria na cidade, mas esperava que fosse pouco. Só o suficiente para finalizar seu plano e nem um dia a mais.O quarto que tinha sido da avó ficaria para ela agora e o dela iria montar um pequeno escritório para poder trabalhar e falar com a família. Apesar de estar longe, não deixaria de ficar ligada no que acontecia por lá.Não era nada fácil estar ali após todos os anos e passou um bom tempo chorando, deitada na cama da avó, abraçada ao seu travesseiro. Chorou tanto que ficou sem lágrimas.Respirou fundo. Ela sabia de quem era a culpa por não ter cuidado da avó como s
Parte 3...Ela foi irônica. Ele ficou rígido.— Vim confirmar se era você. O que faz aqui na cidade?— Pensei em aproveitar que tive que voltar, para roubar sua família de novo - foi mais irônica e cruel na piada, lhe devolvendo o olhar frio na mesma moeda — É uma boa hora para roubar mais coisas - indicou a casa com a cabeça — Agora tenho onde esconder melhor.Ele ficou incomodado com a resposta e enfiou os dedos no cabelo, o sol brilhando entre os fios. Incrivelmente bonito, ela pensou. Mas conseguiu se segurar do impacto de vê-lo e manter o semblante calmo e sem mudanças.Ela lembrava como era enfiar os dedos naquela cabeleira macia e farta. Sempre gostou de seu cabelo.Ele soltou um suspiro fundo.— Três semanas depois de tudo, Jason voltou até nossa casa e confessou que você nunca roubara nada.Ela balançou a cabeça. Jason era um dos supostos amantes que a mãe dele pagara para mentir e criar histórias sobre ela. De acordo com o plano nojento e perverso dela, Anelise tinha mais d
Parte 4...— Onde você esteve todo esse tempo?— Longe - ela respondeu de modo displicente.— E o que fez?— Muitas coisas - ela mexeu os lábios de um lado para outro — Você vai querer um dossiê de minha vida? Tenho que anexar a folha corrida da polícia, provando que não roubei mais ninguém?Ele puxou o ar fundo. Ela estava sendo muito cínica e isso era irritante.— Não precisa agir dessa maneira - ele gesticulou — Eu não vou te atacar.— Eu agradeço - o sorriso dela não chegou aos olhos — Se você já disse o que queria - mostrou as sacolas — Eu tenho que entrar. As sacolas estão pesadas. E se você for me expulsar da cidade, pode esperar até que eu resolva os assuntos de minha avó?A cara que ela fazia era digna de um prêmio. A garota de antes jamais conseguiria fingir dessa forma.— Não tenho nenhuma intenção de fazer isso.— De novo, você quer dizer - ela meneou a cabeça — Só pra lembrar.A lembrança do dia em que finalmente entendeu que ela tinha ido embora da cidade, voltou com for
Parte 5...Quando ele olhou para a mão esquerda dela, Anelise ficou aliviada de ter se lembrado de retirar as duas alianças que usava. Uma era dela e a outra do marido. Usava as duas juntas desde que Haroldo morrera. O fazia presente na vida dela.A mão dele não tinha aliança. Ela não entendeu porque ele nunca se casou com a patricinha que a irmã dele era amiga. Valéria Franca. Uma loira oxigenada muito fresca e chata que que frequentava a casa dele.Márcia já tinha insinuado antes mesmo da confusão que Valéria queria se casar com Mathias.— E é sério?— Bastante - ela agora riu de leve.— E... Vocês são amantes? Namorados? - ele questionou carrancudo.— Fomos namorados - ela pensou no marido antes de se casarem de vez.— Não são mais?— Não quero me prender a ninguém. Não faz bem ao meu lado emocional ficar presa - ela alfinetou de novo — Está ótimo do jeito que está. Uma sombra recaiu sobre o pensamento dele. Era estranho pensar nela com outro. Ainda era.— E porque seu bom amigo
Parte 6...— Cuidado com esse aí, menina.Ela saiu dos pensamentos e olhou para a professora parada ao lado dela, com a sobrancelha levantada.— O que disse?— Esse aí tem fama de trocar de mulher como troca a cueca - deu uma risadinha — Você não tem maturidade para se envolver com ele. Melhor nem começar. Essa gente se acha.— Eu só conversei rápido com ele.— E ele a convidou para sair, eu ouvi - se inclinou para ela, balançando a cabeça — Ouça o que eu digo. Essa gente é podre de rica e a mais podre é a mãe dele - comentou — A irmã dele é uma peste disfarçada de boa menina - apontou o dedo — Se você vacilar, essa família vai te engolir como uma sucuri com a presa - avisou.— Por que está me dizendo isso? - franziu os olhos.— Porque eu conheço sua avó e sei que ela a criou muito protegida, sem mostrar as maldades do mundo. Homens como ele só querem se divertir. Anote minhas palavras.A professora bateu de leve no ombro dela e se afastou. Anelise ficou pensativa, mas achava que ela
Parte 1...Ela acordou cheia de saudades de seus bebês. Sabia que estavam bem, mas sentia falta deles, de sua voz de sono pela manhã e mais ainda dos beijos e abraços.Anelise tinha muita sorte de ter filhos carinhosos e apegados a ela. Isso fazia sua vida mais fácil.Quando Haroldo ainda era vivo, ele colocava os dois na cama com eles e contava histórias até que dormissem, depois os levava para suas camas. Mesmo com muito trabalho ele sempre tinha tempo para a família reunida.Ele era um homem formidável e fazia tudo pela família. Depois de um tempo ela aprendeu a amá-lo e quando lhe contou que estava grávida de novo, foi emocionante. Tão diferente de Mathias. Eram homens opostos.Ela suspirou. Seria seu primeiro dia na direção de seu plano. Escolheu as roupas simples que comprara em um brechó, tênis e uma bolsa pequena. Tudo o oposto de suas roupas de grifes famosas, de seus sapatos de designer único.Apenas por baixo ela continuava a mulher rica que era. Sua roupa íntima era da V