Parte 2...— Luiza fez de tudo, até que Manuel olhou para ela - sua voz ficou mais triste — Ela tinha namorado, mas era um rapaz pobre também. Ela armou para que Manuel achasse que eu tinha um amante... Um colega de trabalho - deu um risinho triste — E ele caiu. Dois meses depois, ela se tornou a senhora Mazzaro.— Deus do céu... Ela é pior do que eu pensei - a olhou com empatia — Eu sinto muito.— O que tenho hoje foi a forma dela me pedir desculpas por ter estragado minha relação. Eu nunca me casei, nunca amei outro que não fosse Manuel.— Bem, eu pelo menos consegui ter a sorte de ser amada por outro homem muito bom.— E você também o amou?— Com toda certeza - ajeitou a postura — O tempo foi a melhor coisa para mim, aprendi muito. Inclusive a amar.— Que bom - meneou a cabeça — Eu não tive a sorte.— E qual o outro motivo? - questionou curiosa.— Márcia tinha um caso com Novaes.— O que? - arregalou os olhos de novo, mais surpresa.— Novaes me contou tudo em segredo - rodou o dedo
Parte 3...Anelise estava terminando de pegar o pedido de um casal quando viu que Luiza entrou e foi para uma mesa no canto e a chamou.Lorena tinha lhe dito que Mathias estava fora e não iria aparecer no restaurante. Achou estranho ela lhe informar isso, mas depois entendeu que ele havia ligado para avisar e perguntou por ela. Lorena ficou curiosa porque ele perguntava por ela, mas se fez de tonta.Com certeza Luiza tinha aparecido por ter essa folga. Pegou o cardápio e viu que Márcia se juntava à mãe na mesa, olhando de cara fechada para ela.Respirou fundo e foi atender as duas como se fossem clientes normais, sem dar nenhuma ideia de incômodo.— Boa noite - forçou um sorriso leve.Márcia pegou o menu e largou de lado, a encarando.— Traga um milk-shake de baunilha e chocolate.— Eu quero o café do dia - Luiza disse.Anelise notou que Márcia estava agitada e a mãe tremia um pouco as mãos.“Que interessante.”— Quando você vai embora? - Márcia perguntou de cara feia — Ninguém a quer
Parte 4...— Pena? - ela riu erguendo a cabeça — E porque teria? Ele só está aborrecido porque eu estou ignorando seus avanços e não caio mais em sua lábia melosa. Encontre outra riquinha desocupada para ele brincar de macho e logo serei esquecida.Luiza apertou os lábios incomodada com a ousadia dela.— Não! - disse rápido e fria — Você tem que sumir. Enquanto ele souber que está ao seu alcance, não vai parar com mulher nenhuma. Ele nunca se casou porque ficou com trauma do que você fez a ele - tentou empurrar a bobagem em cima dela. — Eu fiz para ele? - Anelise se inclinou para a frente rindo direto na cara dela. Quase gritou, mas olhou em volta e alguns clientes estavam olhando para elas — Assuma os seus atos.— Não seja abusada - Márcia disse — Mathias mudou com a gente por culpa sua. Ele até mudou de casa e pouco vem nos visitar.— Eu não tenho culpa disso - ela deu de ombros — Se você não soube criar um homem decente, não jogue para cima de mim - Luiza ficou mais vermelha ainda
Parte 5...Ela respirou fundo coçando a cabeça.— Acredito que Hugo está metido em alguma coisa e tenho certeza de que é contra você. Já estou de olho nisso.— Como assim? - franziu os olhos.— Você acredita nele por causa de Haroldo - ele segurou sua mão — Só que ele não é igual ao seu marido. Haroldo amava você, Hugo gosta de você como cunhada, mas a vê como concorrente.— Já pensei nisso.— Fique alerta. Não acho que ele queira seu mal, porém ele quer a presidência - avisou-a — Um dos diretores da Mazzaro, me disse que Mathias já sabe que estamos tentando comprar as ações da empresa.— Ele me falou isso por alto, quando saímos - sentiu receio — Será que ele sabe que sou eu e está fingindo?— Não tem como - balançou a cabeça — Haroldo a escondeu bem e Hugo está à frente dos contatos em aberto.— Vamos comer enquanto conversamos - bateu em sua perna e levantou.— Pensei que trabalhasse em um restaurante - ele levantou.— Não como aquela comida por nada - fez cara de zombaria — Sei l
Parte 6...— Vou sair logo cedo, talvez não a chame.— Bobagem. Eu acordo cedo também e tomamos o café juntos. Pode me chamar.— Mas amanhã é sábado. Vai trabalhar no restaurante?— Não. Semana que vem pego duas noites.— Quando vai parar com isso?— Em breve. Por agora está me servindo e até divertindo, especialmente em importunar Luiza e a filha.Felipe foi dormir e ela ainda ficou um tempo acordada, pensando no que ele dissera. Mas o passado não se muda, apenas se aprende com ele e tenta não se repetir os erros.***************— Quando chegar eu ligo para avisar - Felipe se despediu com um abraço.— Obrigada por ter vindo. Sinto muito lhe dar tanto trabalho.— Eu gosto - ele sorriu — E pense no que conversamos. Qualquer novidade eu te informo.— Diga aos meus bebês que eu os amo muito e logo estarei de volta em casa.— Pode deixar.Ele acenou de dentro do carro e ela fechou a porta, voltando para a cozinha para terminar de tomar seu café da manhã. Poucos minutos depois sua campain
Parte 7...Ele disse isso em um tom forte, rouco, cheio de emoção.— Às vezes é, sim - ela mordeu o lábio e puxou a mão — Eu não tenho idade ou disposição para isso.Ele riu baixinho e suspirou.— Não somos velhos, Anelise.— Eu sei... Mas a marca ficou profunda - balançou a cabeça — Não tem como reacender o que nós tínhamos.— E porque não? Nós fizemos amor quando chegamos do parque. Eu quero tanto você.Anelise sentiu uma ponta de remorso pelo que planejava fazer, mas não o suficiente para recuar.— Isso é vício. Talvez devesse procurar um terapeuta. Acho que vou fazer o mesmo.Os dois riram e houve um momento de silêncio íntimo, como se um analisasse o outro.— Sabe, meu pai já nasceu em família rica - ele começou a falar de repente — Ele sempre foi um mulherengo e traiu minha mãe várias e várias vezes. Eu sei que ela não o amava realmente e não sei porque se casou com ele - torceu a boca — Talvez porque estava grávida de mim. Eu nasci prematuro de quase oito meses.Ao ouvir isso,
Parte 8...— Não vai rebater? - ele fez que não — Ótimo - ela levantou — Vá embora, Mathias. Também não tenho nada a oferecer à você agora. E repito que não tenho tempo, idade ou interesse para me envolver com um passado que só me trouxe dor e prejuízo.— Só quero que você saiba - ele levantou também — Que hoje eu entendo que agi muito mal com você, que a seduzi e me aproveitei de sua inocência para meu desejo machista e egoísta - segurou seus ombros — Eu peço perdão - disse rouco.Essa declaração inesperada de culpa a pegou de surpresa.— Eu também tive culpa - disse sincera — Eu até menti a minha idade só para ficar com você.Aquele estranho momento de confissões a fez sentir que o sabor da vingança começava a azedar. Ainda assim não havia volta.— Pode dizer à sua mãe e sua irmã que fiquem tranquilas.— E porque? - ele franziu a testa.— Não se preocupe, elas vão entender e vão ficar calmas.Mathias sentiu uma vontade súbita de chorar, algo que ele não fazia há muito tempo, mas não
Parte 9...Quando a campainha tocou, ela pensou em não atender. Já estava cansada emocionalmente para outro confronto com Mathias, mas era Diana.— Oi, que bom que é você. O que veio fazer aqui agora? - ela estranhou — Você não tinha que trabalhar no restaurante hoje?— Tinha - ela deu de ombro — Mas o Felipe ligou e eu saí - elevou o queixo — Minha nova amiga e chefa precisa de mim. Somos amigas... Certo? - fez uma cara engraçada.— Claro que somos - ela respondeu rindo — Mas Felipe não deveria ter aborrecido você. Depois eu ligaria para avisar. Não vou mais ao restaurante.— Ele me disse - sentou na poltrona florida — Mas ainda está de pé a sua proposta?— De trabalhar comigo? É claro que sim - sentou perto dela — E o que eu tenho para receber lá fica com você também - franziu o nariz — Não vou deixar nada para eles. Já estou na reta final do que vim fazer. Aproveite o dinheiro e dê aos seus pais para ajudar.— Obrigada. Eu vou aceitar sim - mordeu o dedo indicador pensando — Ai que