Parte 7...Ele disse isso em um tom forte, rouco, cheio de emoção.— Às vezes é, sim - ela mordeu o lábio e puxou a mão — Eu não tenho idade ou disposição para isso.Ele riu baixinho e suspirou.— Não somos velhos, Anelise.— Eu sei... Mas a marca ficou profunda - balançou a cabeça — Não tem como reacender o que nós tínhamos.— E porque não? Nós fizemos amor quando chegamos do parque. Eu quero tanto você.Anelise sentiu uma ponta de remorso pelo que planejava fazer, mas não o suficiente para recuar.— Isso é vício. Talvez devesse procurar um terapeuta. Acho que vou fazer o mesmo.Os dois riram e houve um momento de silêncio íntimo, como se um analisasse o outro.— Sabe, meu pai já nasceu em família rica - ele começou a falar de repente — Ele sempre foi um mulherengo e traiu minha mãe várias e várias vezes. Eu sei que ela não o amava realmente e não sei porque se casou com ele - torceu a boca — Talvez porque estava grávida de mim. Eu nasci prematuro de quase oito meses.Ao ouvir isso,
Parte 8...— Não vai rebater? - ele fez que não — Ótimo - ela levantou — Vá embora, Mathias. Também não tenho nada a oferecer à você agora. E repito que não tenho tempo, idade ou interesse para me envolver com um passado que só me trouxe dor e prejuízo.— Só quero que você saiba - ele levantou também — Que hoje eu entendo que agi muito mal com você, que a seduzi e me aproveitei de sua inocência para meu desejo machista e egoísta - segurou seus ombros — Eu peço perdão - disse rouco.Essa declaração inesperada de culpa a pegou de surpresa.— Eu também tive culpa - disse sincera — Eu até menti a minha idade só para ficar com você.Aquele estranho momento de confissões a fez sentir que o sabor da vingança começava a azedar. Ainda assim não havia volta.— Pode dizer à sua mãe e sua irmã que fiquem tranquilas.— E porque? - ele franziu a testa.— Não se preocupe, elas vão entender e vão ficar calmas.Mathias sentiu uma vontade súbita de chorar, algo que ele não fazia há muito tempo, mas não
Parte 9...Quando a campainha tocou, ela pensou em não atender. Já estava cansada emocionalmente para outro confronto com Mathias, mas era Diana.— Oi, que bom que é você. O que veio fazer aqui agora? - ela estranhou — Você não tinha que trabalhar no restaurante hoje?— Tinha - ela deu de ombro — Mas o Felipe ligou e eu saí - elevou o queixo — Minha nova amiga e chefa precisa de mim. Somos amigas... Certo? - fez uma cara engraçada.— Claro que somos - ela respondeu rindo — Mas Felipe não deveria ter aborrecido você. Depois eu ligaria para avisar. Não vou mais ao restaurante.— Ele me disse - sentou na poltrona florida — Mas ainda está de pé a sua proposta?— De trabalhar comigo? É claro que sim - sentou perto dela — E o que eu tenho para receber lá fica com você também - franziu o nariz — Não vou deixar nada para eles. Já estou na reta final do que vim fazer. Aproveite o dinheiro e dê aos seus pais para ajudar.— Obrigada. Eu vou aceitar sim - mordeu o dedo indicador pensando — Ai que
Parte 10...— Assim é a humanidade. Quanto mais deveria evoluir, menos as pessoas dão o passo certo. Tem muita coisa que atrapalha demais e causa um enorme mal hoje em dia e que as pessoas estão normalizando.— É verdade - torceu o nariz — Eu acho um absurdo que os pais deem celulares para crianças pequenas.— Isso faz muito mal ao desenvolvimento cerebral da criança - cruzou os braços — Até os sete anos de idade, a criança é um livro em branco e tudo o que ela vai experimentar da vida, vai moldar seu futuro. Os pais estão atrofiando o cérebro dos filhos e ainda acham ruim quando os cientistas e médicos explicam o mal que isso faz.— É como se fossem zumbis - balançou a cabeça — Acho uma pena que a sociedade esteja se perdendo em vários pontos.— Isso se deve à falta de responsabilidade - ela ergueu um dedo — Muitos só querem passar sem cuidar de si e menos ainda do próximo. Estão em um caminho perigoso para uma nova destruição. O pior para mim, são as pessoas que têm preguiça de pens
Parte 1...Anelise decidiu levar Diana com ela para sua casa em Aracaju e a fez ir até onde morava para falar com os pais e explicar. Era uma casinha pequena, bem menor do que a de sua avó e Diana dormia em um quartinho apertado e só havia um banheiro para eles.Ela e os pais ficaram envergonhados no começo, mas depois que ela contou que também foi pobre e vivia só com a avó, eles entenderam e relaxaram.— Garanto que o tamanho da casa não mostra o tamanho do caráter - ela comentou para relaxarem e aceitou uma xícara de café — Eu conheço pessoas que vivem em verdadeiros palácios e não têm nada de caráter.— Diana nos explicou sobre sua oferta de emprego - a mãe dela disse sentando ao lado.— Eu gostei muito de conhecer a Diana - respondeu sincera — Acho que ela vai ser uma ótima assistente pessoal para mim.— Viu só, mãe? - a abraçou — Vou poder ajudar vocês.— Não tem que se preocupar conosco, filha - o pai dela disse — Tem que fazer a sua vida.— Ela tem que se preocupar, sim - Anel
Parte 2...Depois que Ludimila apresentou Diana aos outros empregados, ela e as crianças a levaram para conhecer os animais de estimação da casa.— Foi bom ter trazido Diana com você - Felipe entregou um copo com suco para ela.— Foi mesmo? - sorriu pegando o copo — E por que?— Nada demais - ele desconversou — É bom fazer algo de bom para alguém que precise.— É sim. Acho que ela me lembra um pouco de quem eu era.— Vá curtir seus filhos e depois a gente conversa mais sobre o que descobri.— Não vai me adiantar nada?— Não. As crianças estão com saudades da mãe deles.— Ok. Está certo. Depois então.***************O resto do tempo ela dedicou a ficar com os filhos e ouvir atenciosamente suas histórias. A escola entraria no período de férias e eles queriam viajar, principalmente o Alan.— Meu amor, mamãe ainda não está de férias.— Você é a dona, não precisa esperar férias - ele reclamou.— Ainda estou trabalhando em um acordo, mas assim que terminar, nós vamos viajar.— Mas aí a gen
Parte 3...— Ótimo - sentou na cadeira de frente para ela — Sabe que eu tenho razão quando cismo com alguém, não é? - ela assentiu erguendo a sobrancelha — Pois bem. Hugo está querendo lhe passar a perna aqui na empresa - ele olhou estranho e fechou o notebook — Basicamente, o que você está fazendo com Mathias, ele quer fazer com você.Anelise não se espantou tanto, visto que já tinha reparado que o cunhado andava mais afastado dela. Sabia que ele gostava dela, mas com certeza gostava mais da cadeira da presidência.— Eu já tinha ciência de que ele guardava mágoa por eu ter assumido a cadeira de presidente da empresa ao invés dele, mas realmente cheguei a pensar que ele tinha aceitado a vontade do irmão - disse em tom triste.— Não estou só o acusando - se inclinou sobre a mesa — Eu o segui e investiguei o que estava armando por trás. Ele vem falando mal de você para os sócios, como se não tivesse mais interesse em cuidar da forma certa as negociações - torceu a boca de um lado para
Parte 4...Anelise estava em sua sala na empresa, quando o cunhado bateu de leve na porta e entrou.— Começou cedo - ele disse colocando dois documentos em sua frente — Preciso de sua assinatura aqui...— Deixe aí que eu vou ler em seguida.— É que eu preciso das assinaturas agora.— Deixe... - ergueu o olhar para ele — Eu leio depois.Hugo se espantou com a frieza dela.— O que houve?— Comigo? Nada - voltou a atenção para o notebook.— Você parece aborrecida.— Não estou. Só cansada de confiar nas pessoas - levantou a cabeça e o mirou direto — E elas me traírem.Hugo paralisou um instante. O olhar frio dela era tanto quanto sua voz.— Ok... Me chame quando terminar.— Você está se ocupando muito com isso, não é Hugo?Ele parou e se virou.— Isso? - franziu os olhos sem perceber.— É- ela se recostou na cadeira — Os projetos nacionais. Sendo que a sua pasta é dos contratos internacionais - ela disfarçou sua vontade de dizer que já sabia do plano dele de desacreditá-la.— Só estou ten