Carlos
Já se passaram duas semanas desde que voltei para casa, mas o que aconteceu naquela tarde ainda está martelando na minha cabeça. Hoje faz exatamente uma semana que não consigo tirar aquela garota insolente da cabeça. Bia, derramou sorvete em mim. Eu vi o rosto dela, um rosto perfeito, e aquele corpo impecável. Algo no ar mudou naquele momento, e, apesar de tentar não me deixar levar, sei que algo em mim se partiu. Não sei se foi por impulso ou uma necessidade de me mostrar educado, mas quando Bento nos apresentou, tentei ser o mais gentil possível. Não queria que houvesse aquele desconforto típico de quando você não espera encontrar alguém e, de repente, descobre que está diante da filha do cara com quem você está passando a maior parte do tempo. Ela, com aquele jeito insolente que eu ainda não sabia como lidar, mal me deixou falar. Nem olhou para mim direito, já saiu em direção ao Theo, seu amigo, ou quem sabe algo mais, não sei. E, sim, confesso que senti ciúmes. Por quê? Não faço ideia. Não era do tipo que costumava se importar com esse tipo de coisa. Mas, naquele momento, ela mexeu com algo que eu não esperava. Nos dias seguintes, passei horas com Bento, Theo e meu pai, conversando sobre a empresa. Cada reunião parecia que eu estava esperando algo, um sinal, uma chance de falar com Bia, mas ela continuava no seu mundo. Eles falavam dela em todos os encontros, mas nada parecia claro, ela e Theo eram só amigos, ou havia algo mais? Eu não sabia, mas também não queria saber demais. Não estou apaixonado por ela, é claro que não. Afinal, nunca fui de me entregar por completo. Minha vida sempre foi focada em outro tipo de "relacionamento", um relacionamento com minha carreira, com os meus negócios. Mulheres? Apenas uma distração. Hoje, ao sair da empresa, algo me fez olhar para a entrada. Eu vi Bia entrando e, não sei por que, algo dentro de mim me impulsionou a voltar. Queria esbarrar com ela de novo, quem sabe sem brigar dessa vez. Mas, ao invés disso, a velha dinâmica se repetiu. No elevador, esbarrei nela, e o que poderia ter sido um encontro simples, virou um campo de batalha. Ela não consegue ficar calada, responde a tudo. Eu, claro, não deixei por menos. Tentei provocá-la, joguei na cara dela o episódio do sorvete, e foi como eu imaginava, ela ficou linda, vermelha, furiosa, mas também encantadora. Foi nesse momento que eu fiz o que não devia. Me aproximei e a beijei. Eu não esperava que ela fosse me empurrar, não mesmo. Mas ela não fez isso. Ela correspondeu. E o beijo foi inacreditável. Eu, que sempre tive controle sobre as minhas ações, fiquei completamente perdido. Não entendi nada do que estava acontecendo comigo. Ela não era como as outras, as que eu usava e descartava. Não, Bia, ela me deixou sem palavras. Quando o elevador se abriu, saí sem dizer nada. Fui embora como se nada tivesse acontecido, mas dentro de mim tudo estava em um turbilhão. Perdi o foco, passei o resto do dia pensando naquele beijo, tentando entender o que diabos havia acontecido. Nunca me senti assim. Mulheres nunca foram um desafio para mim, mas ela… Bia me deixou atordoado, sem rumo. Não consigo parar de pensar nela. Não foi só o beijo, foi o que ele representou. Eu nunca pensei que seria capaz de me perder dessa maneira. Passei a semana inteira sem vê-la. Mas no final da semana, um evento iria reunir todos nós. E eu sabia, de algum jeito, que lá eu a encontraria. O que farei quando isso acontecer? Eu realmente não sei. Só sei que, se houver uma oportunidade, eu não vou deixar passar em branco. E então, o grande dia chegou. Eu estava nervoso, muito nervoso. Nervoso de um jeito que eu não reconhecia em mim mesmo. Quando ela entrou, estava deslumbrante, como sempre. O sorriso bobo nos meus lábios não conseguia esconder. Mas havia algo mais ali. Algo nos seus olhos, algo que eu não consegui entender. Eu queria me aproximar, falar algo, mas ao mesmo tempo, algo dentro de mim me impedia. O que aconteceu entre nós no elevador, para mim foi perfeito e quero mais, será que ela sente a mesma coisa? Ou foi só mais uma dessas impulsividades que eu costumo ter e que, no final, não significam absolutamente nada? Eu não sabia, mas uma coisa estava clara, eu precisava descobrir.BiaDesde o beijo de Carlos, não consegui mais tirá-lo da minha cabeça. Não o vi novamente, e, confesso, isso me incomodava mais do que eu gostaria de admitir. O que aconteceu entre nós foi confuso demais, para dizer o mínimo. Mas o que me perturba mais não é o beijo em si, mas a maneira como ele saiu depois, como se nada tivesse acontecido. Não, eu não posso simplesmente deixar isso passar. Eu sabia que ele também estava pensando nisso, que a cena, de alguma forma, ainda rondava sua mente. Mas, por que ele não me procurou? Por que ficou tão distante depois de me beijar? Tinha que desaparecer e me ignorar?Hoje, meu foco deveria estar no prêmio que a minha empresa vai receber, um marco importante no mundo da moda. Mas é impossível não sentir uma ansiedade que vai além da premiação. O que me deixa mais nervosa, na verdade, é o fato de Carlos estar aqui. Ele vai estar presente no evento, e isso faz meu coração bater mais rápido do que qualquer conquista profissional.Me olho no espelho.
BiaA noite parecia que nunca ia acabar. Eu não sabia o que estava me consumindo mais: a ansiedade sobre o estado de Theo ou a confusão causada pelo beijo inesperado de Carlos. Eu não estava preparada para nenhuma das duas situações. O que estava acontecendo comigo? Por que eu estava me sentindo assim? O que exatamente era aquilo?Quando entrei na cozinha e vi Flor com o sorvete e a mesa preparada, uma sensação de normalidade, de conforto, me envolveu. Mas, mesmo naquele momento, meu olhar ainda buscava algo mais — alguém mais. Carlos não estava ali, mas ele ainda estava na minha cabeça, me atormentando de formas que eu não queria admitir. Olhei para a mesa e tentei me forçar a relaxar. Mas a tensão no meu peito era palpável.Flor, com sua risada típica, fez a pergunta de sempre:— Em qual quarto será a festa hoje?Theo, claramente mais cansado do que deveria, respondeu com um sorriso cansado:— No meu, porque eu quero minha cama. Não sei por que estou tão exausto hoje.Saímos todos e
BiaO ar dentro do hospital parecia mais denso a cada segundo que passava. O cheiro de antisséptico, as vozes abafadas nos corredores e o som de passos apressados formavam um pano de fundo desconfortável para a tempestade que se formava dentro de mim. Eu não sabia o que estava acontecendo com Theo, mas sabia que não podia ir embora enquanto ele não acordasse. Era como se o universo estivesse se desestabilizando ao meu redor e eu me sentisse completamente impotente diante daquilo.Fomos até a sala de espera, onde todos estavam, aguardando notícias. Eu estava mais tensa do que nunca, os nervos à flor da pele, e a sensação de desamparo me consumia. O médico chegou finalmente, com aquele semblante sério que não trazia boas notícias.— O estado dele está estável. Mas ainda não sabemos o que ele tem, os exames ainda não estão prontos. Ele está medicado e não vai acordar agora. Sugiro que vocês voltem para casa e descansem. Voltem quando ele acordar.Aquelas palavras me atingiram com uma for
Capítulo 8 Bia .Eu não queria que ele me visse tão vulnerável, mas eu perdi a noção do tempo, e quando vi ele já estava comigo no banheiro, depois de me recompor, eu disse para ele onde tinha um roupão que ele poderia usar e o mesmo saiu do meu quarto e eu fui trocar de roupa, e logo depois fui até a cozinha e não demorou muito para ele aparecer. - eu posso colocar as minhas roupas na secadora ?- Claro, fique à vontade .Ele sai e logo depois volta. - Não precisava ter feito tanta coisa .- Eu fiz pra mim também, por que eu ainda não tomei café também. - O que você fazia na casa dos meus pais tão cedo ?- Eu fui falar com você, eu precisava pedir desculpas por tudo que eu te disse ontem. - Está tudo bem .- Não , não está, eu não tinha o direito de te falar tudo aquilo eu passei dos limites .- Vamos esquecer tudo que aconteceu. - Sim vamos , eu quero começar do zero e de uma forma diferente. Ele vai se aproximando de mim e quando ele ia me beijar o meu telefone
Capítulo 9 Beatriz .Os segundos pareciam horas , e eu já estava ficando aflita esperando que o médico falasse alguma coisa , e então ele começou. - Bom , eu tenho ótimas notícias .Ele fala e dá uma pausa , e eu que nunca fui impaciente já estou a ponto de tomar a pasta das suas mãos e eu mesmo ver o resultado. - bom , o resultado dos exames chegaram, o senhor e a senhora Vieira não são compatíveis, a senhorita Flor também não. Eu acabo perdendo o restinho de paciência que eu ainda tinha. - Doutor , cadê as boas notícias?Todos me olham , e o Theo faz carinho na minha mão, tentando me passar um pouco de calma .- calma Bia , vamos esperar ele falar .O médico me olha com um sorriso no rosto e isso me irrita ainda mais .- Calma , eu vou chegar nas boas notícias. - Já deveria ter começado por elas .- Bia! Meu pai me repreendeu e eu fiquei calada esperando o médico voltar a falar. - Já que todos estão ansiosos- ele fala e eu reviro os olhos por que eu sei que é de mim q
Capítulo 10 .Carlos .Foi tudo tão rápido, que somente agora eu me dei conta de que eu vou ser o doador do namorado da mulher que eu acho que estou apaixonado, a minha intenção de ter ido atrás da Bia era para pedir desculpas para ela depois de tudo que eu falei , só que não deu muito certo , depois que eu assinei tudo que precisava eu vim pra casa e já liguei para o meu pai e contei tudo que aconteceu, e ele perguntou se eu queria que ele viesse para a gente conversar e eu disse que não precisava , que eu ia descansar e amanhã a gente conversa, e eu estou mesmo cansado , porque não dormi bem a noite e o dia fe hoje foi cansativo, e eu só quero um banho e a minha cama , e quando eu ia fazer isso a minha campainha tocou e eu pensei ser meu pai , mas não deu tempo dele chegar aqui , quando eu abro a porta eu vejo a Bia parado olhando para mim. - Bia, está tudo bem ?- Sim, eu só precisava falar com você. - Entra .Eu dou passagem e ela entra, e fecho a porta .- Você quer
Capítulo 11 Carlos .Acordo e sinto a cama vazia e quando abro meus olhos vejo que estou sozinho na cama , e penso que talvez tudo que aconteceu ontem tenha sido um sonho .- É claro que foi um sonho né Carlos, onde que ela ia vim até aqui e ainda por cima dormir com você, sem vocês terem nada .Eu falo sozinho e me levanto , e vou até o banheiro tomo um banho e escovo os meus dentes e depois vou até o closet e coloco uma roupa leve , e vou até a cozinha, e quando chego me surpreendo com a Bia encostada no fogão e eu fico parado olhando para ela , até que ela nota a minha presença e se vira para mim. - Bom dia .- Bom dia .- Eu acordei e vim fazer o nosso café, mas só depois que eu já tinha começado que eu me lembrei que você precisa estar de jejum .- Na verdade eu não preciso, o médico falou que eu posso tomar café, mais uma coisa mais leve .- Ótimo, eu fiz salada de frutas, um suco de laranja, e estou fazendo panquecas, senta que eu já vou te servir .Eu me sento
BeatrizAos 26 anos, já conquistei mais do que muitos acreditariam ser possível. Sou Beatriz Vieira, ou Bia, como meus amigos me chamam, dona da maior rede de lojas de departamento do país, formada em moda e apaixonada pelo que faço. Mas o que ninguém sabe é que, por trás dessa fachada de sucesso e independência, minha vida mudou completamente da noite para o dia. Um furacão de emoções e reviravoltas inesperadas virou tudo de cabeça para baixo, e o que começou como um mistério acabou transformando meu mundo. Hoje, posso dizer que sou feliz e realizada, mas o caminho até aqui foi longe de ser fácil.Filha de dois advogados renomados, donos de um dos maiores escritórios de advocacia do país, era quase inevitável que meus pais quisessem que eu seguisse seus passos. Apesar disso, sempre deixei claro que meu coração pertencia à moda. Para minha sorte, eles entenderam minha paixão e me apoiaram. Foi assim que, com muita dedicação e trabalho, me tornei dona de uma rede de lojas que hoje carr