capítulo 4

Carlos

Já se passaram duas semanas desde que voltei para casa, mas o que aconteceu naquela tarde ainda está martelando na minha cabeça. Hoje faz exatamente uma semana que não consigo tirar aquela garota insolente da cabeça. Bia, derramou sorvete em mim. Eu vi o rosto dela, um rosto perfeito, e aquele corpo impecável. Algo no ar mudou naquele momento, e, apesar de tentar não me deixar levar, sei que algo em mim se partiu. Não sei se foi por impulso ou uma necessidade de me mostrar educado, mas quando Bento nos apresentou, tentei ser o mais gentil possível. Não queria que houvesse aquele desconforto típico de quando você não espera encontrar alguém e, de repente, descobre que está diante da filha do cara com quem você está passando a maior parte do tempo.

Ela, com aquele jeito insolente que eu ainda não sabia como lidar, mal me deixou falar. Nem olhou para mim direito, já saiu em direção ao Theo, seu amigo, ou quem sabe algo mais, não sei. E, sim, confesso que senti ciúmes. Por quê? Não faço ideia. Não era do tipo que costumava se importar com esse tipo de coisa. Mas, naquele momento, ela mexeu com algo que eu não esperava.

Nos dias seguintes, passei horas com Bento, Theo e meu pai, conversando sobre a empresa. Cada reunião parecia que eu estava esperando algo, um sinal, uma chance de falar com Bia, mas ela continuava no seu mundo. Eles falavam dela em todos os encontros, mas nada parecia claro, ela e Theo eram só amigos, ou havia algo mais? Eu não sabia, mas também não queria saber demais. Não estou apaixonado por ela, é claro que não. Afinal, nunca fui de me entregar por completo. Minha vida sempre foi focada em outro tipo de "relacionamento", um relacionamento com minha carreira, com os meus negócios. Mulheres? Apenas uma distração.

Hoje, ao sair da empresa, algo me fez olhar para a entrada. Eu vi Bia entrando e, não sei por que, algo dentro de mim me impulsionou a voltar. Queria esbarrar com ela de novo, quem sabe sem brigar dessa vez. Mas, ao invés disso, a velha dinâmica se repetiu. No elevador, esbarrei nela, e o que poderia ter sido um encontro simples, virou um campo de batalha. Ela não consegue ficar calada, responde a tudo. Eu, claro, não deixei por menos. Tentei provocá-la, joguei na cara dela o episódio do sorvete, e foi como eu imaginava, ela ficou linda, vermelha, furiosa, mas também encantadora. Foi nesse momento que eu fiz o que não devia. Me aproximei e a beijei.

Eu não esperava que ela fosse me empurrar, não mesmo. Mas ela não fez isso. Ela correspondeu. E o beijo foi inacreditável. Eu, que sempre tive controle sobre as minhas ações, fiquei completamente perdido. Não entendi nada do que estava acontecendo comigo. Ela não era como as outras, as que eu usava e descartava. Não, Bia, ela me deixou sem palavras.

Quando o elevador se abriu, saí sem dizer nada. Fui embora como se nada tivesse acontecido, mas dentro de mim tudo estava em um turbilhão. Perdi o foco, passei o resto do dia pensando naquele beijo, tentando entender o que diabos havia acontecido. Nunca me senti assim. Mulheres nunca foram um desafio para mim, mas ela… Bia me deixou atordoado, sem rumo. Não consigo parar de pensar nela. Não foi só o beijo, foi o que ele representou. Eu nunca pensei que seria capaz de me perder dessa maneira.

Passei a semana inteira sem vê-la. Mas no final da semana, um evento iria reunir todos nós. E eu sabia, de algum jeito, que lá eu a encontraria. O que farei quando isso acontecer? Eu realmente não sei. Só sei que, se houver uma oportunidade, eu não vou deixar passar em branco.

E então, o grande dia chegou. Eu estava nervoso, muito nervoso. Nervoso de um jeito que eu não reconhecia em mim mesmo. Quando ela entrou, estava deslumbrante, como sempre. O sorriso bobo nos meus lábios não conseguia esconder. Mas havia algo mais ali. Algo nos seus olhos, algo que eu não consegui entender. Eu queria me aproximar, falar algo, mas ao mesmo tempo, algo dentro de mim me impedia. O que aconteceu entre nós no elevador, para mim foi perfeito e quero mais, será que ela sente a mesma coisa? Ou foi só mais uma dessas impulsividades que eu costumo ter e que, no final, não significam absolutamente nada?

Eu não sabia, mas uma coisa estava clara, eu precisava descobrir.

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