Bia
Desde o beijo de Carlos, não consegui mais tirá-lo da minha cabeça. Não o vi novamente, e, confesso, isso me incomodava mais do que eu gostaria de admitir. O que aconteceu entre nós foi confuso demais, para dizer o mínimo. Mas o que me perturba mais não é o beijo em si, mas a maneira como ele saiu depois, como se nada tivesse acontecido. Não, eu não posso simplesmente deixar isso passar. Eu sabia que ele também estava pensando nisso, que a cena, de alguma forma, ainda rondava sua mente. Mas, por que ele não me procurou? Por que ficou tão distante depois de me beijar? Tinha que desaparecer e me ignorar? Hoje, meu foco deveria estar no prêmio que a minha empresa vai receber, um marco importante no mundo da moda. Mas é impossível não sentir uma ansiedade que vai além da premiação. O que me deixa mais nervosa, na verdade, é o fato de Carlos estar aqui. Ele vai estar presente no evento, e isso faz meu coração bater mais rápido do que qualquer conquista profissional. Me olho no espelho. Estou linda. Mas algo no meu olhar diz que o meu reflexo não é o único a me prender. Carlos, a imagem dele ainda está muito viva em mim, como se não pudesse ser apagada. Ao chegar no evento, sou recebida por flashes, perguntas incessantes dos repórteres sobre a empresa, minha trajetória. Mas, em meio a toda essa movimentação, meus olhos vão direto para ele. Carlos me observa de longe. Seu sorriso, um sorriso bobo, não consegue esconder a maneira como ele me admira. Isso me desconcerta, porque, logo em seguida, o sorriso desaparece quando Theo aparece ao meu lado, me abraçando pela cintura e me conduzindo para dentro do salão. Eu sei o que está acontecendo. Sei que Carlos sentiu ciúmes. Ele logo se afastou e foi direto para o bar, pegando uma bebida. Não tenho tempo de falar com ele. Várias pessoas se aproximam, me parabenizam, me fazem mais perguntas. O evento segue seu curso, e a noite vai chegando ao fim. Quando Theo e June começam a se despedir, me convidam para tomarmos nosso sorvete, como sempre fazemos depois de um evento, mas hoje, eu não posso deixar essa tensão de lado. Eu precisava de um tempo sozinha. Então, me dirijo ao bar, pego uma bebida e, sem pensar muito, decido ir ao banheiro. Eu mal tinha chegado perto da porta quando, de repente, alguém me puxa. Fico assustada, mas logo vejo quem é. Carlos. Ele parece um pouco bêbado, mais do que o normal, e isso me preocupa. — Carlos, o que você está fazendo? Por que me puxou assim? — pergunto, tentando manter a calma, mas algo em sua presença me deixa desconfortável. Ele sorri, mas não é um sorriso gentil. Ele está mais para uma tempestade prestes a desabar. — Bia, eu preciso te beijar de novo. Não consigo tirar você da minha cabeça. — Ele tenta me beijar, mas eu me afasto rapidamente. — Carlos, o que você pensa que está fazendo? Você me beijou, saiu sem dizer nada, e depois me ignorou por semanas. Hoje, você não fala comigo, e agora acha que vai simplesmente me beijar? Você está completamente fora de si. — Minha voz sai firme, mas há uma parte de mim que treme. Eu não posso deixar isso passar, mas ao mesmo tempo, ele está mexendo comigo de uma maneira que me confunde. Carlos parece hesitar, o olhar dele se suaviza, mas ele não desiste. — Me desculpe, Bia, eu não soube como agir naquele dia. Eu só não consigo parar de pensar em você. Eu preciso sentir seus lábios nos meus. Não foi só um impulso, eu não aguento mais ficar longe de você. Eu o encaro, tentando entender o que ele realmente quer. Aquele beijo, por mais que tenha sido intenso, foi estranho. Algo não se encaixava ali. Ele estava bêbado, confuso, e eu não poderia simplesmente deixá-lo passar por cima de tudo. — Carlos, você me beijou e desapareceu. Não disse uma palavra. Agora, depois de tudo, você acha que vou deixar isso acontecer de novo? Você me ignora, me evita, e agora me diz que está louco por mim? Não, não vai ser assim. Ele me olha intensamente, e a tensão entre nós cresce. Sinto uma raiva contida se formando dentro de mim, mas também uma vontade de entender. Por que ele me beijou e depois se afastou? O que ele realmente quer? — Carlos, quem você pensa que é para me falar assim? Eu não devo satisfação de nada a você. Não sou sua, e não vou me deixar manipular. E, a propósito, aquilo nunca mais vai acontecer. Você me entende? — Digo, e em um impulso, dou um tapa em seu rosto. Ele fica parado, como se a reação tivesse sido um choque. — Você está louca? — Ele finalmente fala, sua voz baixa, mas com uma raiva palpável. — Eu te beijei, você me correspondeu, e agora está me fazendo de idiota? Você e o Theo, o que é? Vocês estão juntos? O que está acontecendo entre vocês? Sei que ele está bêbado, mas as palavras dele me cortam. Eu não consigo mais me controlar. O que ele está dizendo faz meu sangue ferver. — Carlos, você não tem o direito de falar assim comigo! Não me importa o que você pense. Eu saio com quem eu quero, faço o que eu quero, e se você não sabe lidar com isso, o problema não é meu. — Eu respiro fundo, tentando controlar a raiva que toma conta de mim. Saio em direção à porta, mas ele tenta me seguir. Eu não vou deixá-lo me controlar, e não vou mais me importar com ele. Sigo direto para o meu carro, e vejo que ele entra no dele logo atrás de mim. Ele está me seguindo. Mas não vou permitir que ele saiba para onde estou indo. Com um sorriso no rosto, dou uma última olhada no retrovisor. Carlos está atrás de mim, mas eu sei como despistá-lo. Vou para a casa de Theo. Não vou dar a ele o prazer de saber o que estou fazendo. Quando chego lá, Theo abre o portão para mim. Ele me vê e, com aquele olhar atento, pergunta: — Bia, o que aconteceu? Por que está aqui tão tarde? Eu sorrio, tentando esconder o turbilhão de emoções que ainda está dentro de mim. — Nada demais, Theo. Só vim para tomar nosso sorvete. Podemos? — Ele sorri, e logo a June aparece, nos convidando a entrar. Dentro da casa, tudo parece mais leve. A noite continua como se nada tivesse acontecido, mas algo dentro de mim não se aquieta. O beijo, as palavras de Carlos… tudo isso ainda está em minha mente. E, no fundo, sei que esse mistério entre nós não vai terminar tão cedo.BiaA noite parecia que nunca ia acabar. Eu não sabia o que estava me consumindo mais: a ansiedade sobre o estado de Theo ou a confusão causada pelo beijo inesperado de Carlos. Eu não estava preparada para nenhuma das duas situações. O que estava acontecendo comigo? Por que eu estava me sentindo assim? O que exatamente era aquilo?Quando entrei na cozinha e vi Flor com o sorvete e a mesa preparada, uma sensação de normalidade, de conforto, me envolveu. Mas, mesmo naquele momento, meu olhar ainda buscava algo mais — alguém mais. Carlos não estava ali, mas ele ainda estava na minha cabeça, me atormentando de formas que eu não queria admitir. Olhei para a mesa e tentei me forçar a relaxar. Mas a tensão no meu peito era palpável.Flor, com sua risada típica, fez a pergunta de sempre:— Em qual quarto será a festa hoje?Theo, claramente mais cansado do que deveria, respondeu com um sorriso cansado:— No meu, porque eu quero minha cama. Não sei por que estou tão exausto hoje.Saímos todos e
BiaO ar dentro do hospital parecia mais denso a cada segundo que passava. O cheiro de antisséptico, as vozes abafadas nos corredores e o som de passos apressados formavam um pano de fundo desconfortável para a tempestade que se formava dentro de mim. Eu não sabia o que estava acontecendo com Theo, mas sabia que não podia ir embora enquanto ele não acordasse. Era como se o universo estivesse se desestabilizando ao meu redor e eu me sentisse completamente impotente diante daquilo.Fomos até a sala de espera, onde todos estavam, aguardando notícias. Eu estava mais tensa do que nunca, os nervos à flor da pele, e a sensação de desamparo me consumia. O médico chegou finalmente, com aquele semblante sério que não trazia boas notícias.— O estado dele está estável. Mas ainda não sabemos o que ele tem, os exames ainda não estão prontos. Ele está medicado e não vai acordar agora. Sugiro que vocês voltem para casa e descansem. Voltem quando ele acordar.Aquelas palavras me atingiram com uma for
Capítulo 8 Bia .Eu não queria que ele me visse tão vulnerável, mas eu perdi a noção do tempo, e quando vi ele já estava comigo no banheiro, depois de me recompor, eu disse para ele onde tinha um roupão que ele poderia usar e o mesmo saiu do meu quarto e eu fui trocar de roupa, e logo depois fui até a cozinha e não demorou muito para ele aparecer. - eu posso colocar as minhas roupas na secadora ?- Claro, fique à vontade .Ele sai e logo depois volta. - Não precisava ter feito tanta coisa .- Eu fiz pra mim também, por que eu ainda não tomei café também. - O que você fazia na casa dos meus pais tão cedo ?- Eu fui falar com você, eu precisava pedir desculpas por tudo que eu te disse ontem. - Está tudo bem .- Não , não está, eu não tinha o direito de te falar tudo aquilo eu passei dos limites .- Vamos esquecer tudo que aconteceu. - Sim vamos , eu quero começar do zero e de uma forma diferente. Ele vai se aproximando de mim e quando ele ia me beijar o meu telefone
Capítulo 9 Beatriz .Os segundos pareciam horas , e eu já estava ficando aflita esperando que o médico falasse alguma coisa , e então ele começou. - Bom , eu tenho ótimas notícias .Ele fala e dá uma pausa , e eu que nunca fui impaciente já estou a ponto de tomar a pasta das suas mãos e eu mesmo ver o resultado. - bom , o resultado dos exames chegaram, o senhor e a senhora Vieira não são compatíveis, a senhorita Flor também não. Eu acabo perdendo o restinho de paciência que eu ainda tinha. - Doutor , cadê as boas notícias?Todos me olham , e o Theo faz carinho na minha mão, tentando me passar um pouco de calma .- calma Bia , vamos esperar ele falar .O médico me olha com um sorriso no rosto e isso me irrita ainda mais .- Calma , eu vou chegar nas boas notícias. - Já deveria ter começado por elas .- Bia! Meu pai me repreendeu e eu fiquei calada esperando o médico voltar a falar. - Já que todos estão ansiosos- ele fala e eu reviro os olhos por que eu sei que é de mim q
Capítulo 10 .Carlos .Foi tudo tão rápido, que somente agora eu me dei conta de que eu vou ser o doador do namorado da mulher que eu acho que estou apaixonado, a minha intenção de ter ido atrás da Bia era para pedir desculpas para ela depois de tudo que eu falei , só que não deu muito certo , depois que eu assinei tudo que precisava eu vim pra casa e já liguei para o meu pai e contei tudo que aconteceu, e ele perguntou se eu queria que ele viesse para a gente conversar e eu disse que não precisava , que eu ia descansar e amanhã a gente conversa, e eu estou mesmo cansado , porque não dormi bem a noite e o dia fe hoje foi cansativo, e eu só quero um banho e a minha cama , e quando eu ia fazer isso a minha campainha tocou e eu pensei ser meu pai , mas não deu tempo dele chegar aqui , quando eu abro a porta eu vejo a Bia parado olhando para mim. - Bia, está tudo bem ?- Sim, eu só precisava falar com você. - Entra .Eu dou passagem e ela entra, e fecho a porta .- Você quer
Capítulo 11 Carlos .Acordo e sinto a cama vazia e quando abro meus olhos vejo que estou sozinho na cama , e penso que talvez tudo que aconteceu ontem tenha sido um sonho .- É claro que foi um sonho né Carlos, onde que ela ia vim até aqui e ainda por cima dormir com você, sem vocês terem nada .Eu falo sozinho e me levanto , e vou até o banheiro tomo um banho e escovo os meus dentes e depois vou até o closet e coloco uma roupa leve , e vou até a cozinha, e quando chego me surpreendo com a Bia encostada no fogão e eu fico parado olhando para ela , até que ela nota a minha presença e se vira para mim. - Bom dia .- Bom dia .- Eu acordei e vim fazer o nosso café, mas só depois que eu já tinha começado que eu me lembrei que você precisa estar de jejum .- Na verdade eu não preciso, o médico falou que eu posso tomar café, mais uma coisa mais leve .- Ótimo, eu fiz salada de frutas, um suco de laranja, e estou fazendo panquecas, senta que eu já vou te servir .Eu me sento
BeatrizAos 26 anos, já conquistei mais do que muitos acreditariam ser possível. Sou Beatriz Vieira, ou Bia, como meus amigos me chamam, dona da maior rede de lojas de departamento do país, formada em moda e apaixonada pelo que faço. Mas o que ninguém sabe é que, por trás dessa fachada de sucesso e independência, minha vida mudou completamente da noite para o dia. Um furacão de emoções e reviravoltas inesperadas virou tudo de cabeça para baixo, e o que começou como um mistério acabou transformando meu mundo. Hoje, posso dizer que sou feliz e realizada, mas o caminho até aqui foi longe de ser fácil.Filha de dois advogados renomados, donos de um dos maiores escritórios de advocacia do país, era quase inevitável que meus pais quisessem que eu seguisse seus passos. Apesar disso, sempre deixei claro que meu coração pertencia à moda. Para minha sorte, eles entenderam minha paixão e me apoiaram. Foi assim que, com muita dedicação e trabalho, me tornei dona de uma rede de lojas que hoje carr
BeatrizMeus pais decidiram que, aos 50 e poucos anos, é hora de finalmente aproveitar os frutos de tudo o que construíram com tanto esforço. Eles planejam uma longa viagem de seis meses, um descanso merecido depois de décadas à frente da Vieira e Costa Advocacia, um dos maiores escritórios do país.Ao longo dos anos, sempre contaram com Roger, amigo de infância do meu pai e sócio desde o início. O plano deles era passar o comando da empresa para os filhos, eu, Beatriz Vieira, e Carlos, o filho de Roger. Mas, como escolhi seguir a minha paixão pela moda, deixando o direito de lado, decidiram confiar essa responsabilidade a Theo, que eles consideram como um filho.Quanto a Carlos... bem, eu quase não tenho lembranças dele. Ele foi morar no exterior com a mãe ainda muito pequeno. Lá, formou-se em Direito e trabalhou em uma das filiais da empresa. Agora, está de volta ao Brasil para assumir a empresa no lugar do pai, que também decidiu aproveitar essa nova fase da vida.Hoje é o coquetel