Bia
A noite parecia que nunca ia acabar. Eu não sabia o que estava me consumindo mais: a ansiedade sobre o estado de Theo ou a confusão causada pelo beijo inesperado de Carlos. Eu não estava preparada para nenhuma das duas situações. O que estava acontecendo comigo? Por que eu estava me sentindo assim? O que exatamente era aquilo? Quando entrei na cozinha e vi Flor com o sorvete e a mesa preparada, uma sensação de normalidade, de conforto, me envolveu. Mas, mesmo naquele momento, meu olhar ainda buscava algo mais — alguém mais. Carlos não estava ali, mas ele ainda estava na minha cabeça, me atormentando de formas que eu não queria admitir. Olhei para a mesa e tentei me forçar a relaxar. Mas a tensão no meu peito era palpável. Flor, com sua risada típica, fez a pergunta de sempre: — Em qual quarto será a festa hoje? Theo, claramente mais cansado do que deveria, respondeu com um sorriso cansado: — No meu, porque eu quero minha cama. Não sei por que estou tão exausto hoje. Saímos todos em direção ao quarto de Theo, nos acomodamos na cama e começamos a comer o sorvete, conversando e rindo como sempre. Mas, no fundo, eu estava distante. Mesmo entre os amigos, em uma noite de descontração, algo em meu interior se sentia inquieto. Logo, seu José apareceu na porta, com aquela voz de pai, dizendo: — Crianças, hora de dormir, não acham? Amanhã todos têm trabalho e isso não é hora de tomar sorvete! Todos rimos. Ele sempre dizia isso quando éramos crianças, e não era diferente agora. Mas, à medida que fomos nos levantando para nos despedir, algo me incomodou. Quando fui abraçar Theo para dar boa noite, ele estava extremamente quente. Muito quente. A preocupação me invadiu de imediato. — Theo, você está bem? Está muito pálido. Sente alguma coisa? Eu o olhei, minha voz cheia de apreensão. Ele tentou sorrir, mas sua expressão estava pálida e fraca. — Não, Bia, estou bem. Deve ser só cansaço. Estou trabalhando muito esses dias. — Theo, se continuar assim, vamos ao médico. Eu disse, embora não estivesse convencida. Algo estava errado. — Não é pra tanto, Bia. Estou bem. Vai descansar. Mas minha mente estava inquieta. Algo não estava certo. Eu não poderia simplesmente ignorar. Na manhã seguinte, quando acordei e fui para a cozinha, vi que todos já estavam lá, menos Theo. Isso me deixou ainda mais desconfortável. Eu precisava saber o que estava acontecendo. — Tia Margarida, onde está o Theo? Ele ainda não acordou? Ela me olhou com uma expressão tranquila, como se não percebesse a preocupação em minha voz. — Ah, minha filha, acho que ele só quer dormir um pouco mais, é domingo. Mas eu não me conformei. Algo me dizia que algo estava muito errado com Theo. — Vou vê-lo, tia. Ontem achei ele meio estranho. Vou chamá-lo e já volto para tomarmos café. Ao chegar à porta do quarto de Theo, bati, mas não obtive resposta. Com o coração batendo forte, entrei e o encontrei deitado na cama, completamente imóvel. Puxei a coberta e quase tive um colapso. Ele estava suado, muito quente, e não se movia. A preocupação se transformou em pânico. Chamei seu nome várias vezes, mas nada. Nenhuma reação. Foi quando entrei em desespero e gritei: — Tia! Tio! June! Flor! Socorro, o Theo não acorda! Ouvi os passos apressados e logo vi minha tia, meu tio e June correndo para o quarto. Minha tia gritou, alarmada: — O que foi, Bia? Por que está gritando tanto? — Theo não está bem! Ele está muito quente e não acorda. Ele está muito mal! Vamos levá-lo para o hospital! Eu estava em pânico, sentindo o peso da situação crescer. Minha tia imediatamente gritou para June: — Chama uma ambulância rápido! — Já estou chamando, mamãe, o que ele tem? — Meninas, troquem de roupa. Vamos para o hospital com ele. Meu tio tomou a frente, e eu, mesmo em choque, me recusei a sair do lado de Theo. Eu não ia deixá-lo sozinho. A ambulância chegou em pouco tempo, levando Theo desacordado. Todos fomos atrás dele, em um carro, o mais rápido possível. Eu não sabia o que esperar. Eu estava com medo. Medo de perder o Theo, medo do que poderia estar acontecendo com ele. E, no meio de tudo isso, Carlos apareceu, com os meus pais. Algo na presença dele me causava desconforto, mas eu não tinha tempo para lidar com isso agora. O foco era Theo. Meu pai me olhou, preocupado. — Filha, o que aconteceu? Onde você está? Eu corri até eles, abraçando-os com força, as lágrimas escorrendo. — Pai, eu não sei o que ele tem. Está parecendo muito grave. Os médicos não falam nada. Minha voz estava embargada. — Fica calma, filha. Ele vai ficar bem, tenha fé. Minha mãe tentou me acalmar, mas a angústia era forte demais. Eles se afastaram para conversar com os médicos. Eu só queria ter uma resposta. Queria saber o que estava acontecendo com o meu irmão. Foi então que vi Carlos parado na minha frente, em silêncio. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele me abraçou com força. Eu não sabia o que pensar, mas naquele momento, o abraço dele me trouxe algum alívio. Ele me olhou nos olhos, e suas palavras me desconcertaram: — Calma. Eu estou aqui, Bia. Para o que você precisar. Vamos esquecer o que aconteceu, tudo bem? Eu o encarei, sem entender. O que ele queria dizer com isso? Mas antes que eu falasse algo, ele me abraçou de novo. — Menos o beijo. Porque esse eu quero repetir várias vezes. Minha princesa. Ele sussurrou, e um arrepio percorreu a minha espinha. O que estava acontecendo entre nós?BiaO ar dentro do hospital parecia mais denso a cada segundo que passava. O cheiro de antisséptico, as vozes abafadas nos corredores e o som de passos apressados formavam um pano de fundo desconfortável para a tempestade que se formava dentro de mim. Eu não sabia o que estava acontecendo com Theo, mas sabia que não podia ir embora enquanto ele não acordasse. Era como se o universo estivesse se desestabilizando ao meu redor e eu me sentisse completamente impotente diante daquilo.Fomos até a sala de espera, onde todos estavam, aguardando notícias. Eu estava mais tensa do que nunca, os nervos à flor da pele, e a sensação de desamparo me consumia. O médico chegou finalmente, com aquele semblante sério que não trazia boas notícias.— O estado dele está estável. Mas ainda não sabemos o que ele tem, os exames ainda não estão prontos. Ele está medicado e não vai acordar agora. Sugiro que vocês voltem para casa e descansem. Voltem quando ele acordar.Aquelas palavras me atingiram com uma for
Capítulo 8 Bia .Eu não queria que ele me visse tão vulnerável, mas eu perdi a noção do tempo, e quando vi ele já estava comigo no banheiro, depois de me recompor, eu disse para ele onde tinha um roupão que ele poderia usar e o mesmo saiu do meu quarto e eu fui trocar de roupa, e logo depois fui até a cozinha e não demorou muito para ele aparecer. - eu posso colocar as minhas roupas na secadora ?- Claro, fique à vontade .Ele sai e logo depois volta. - Não precisava ter feito tanta coisa .- Eu fiz pra mim também, por que eu ainda não tomei café também. - O que você fazia na casa dos meus pais tão cedo ?- Eu fui falar com você, eu precisava pedir desculpas por tudo que eu te disse ontem. - Está tudo bem .- Não , não está, eu não tinha o direito de te falar tudo aquilo eu passei dos limites .- Vamos esquecer tudo que aconteceu. - Sim vamos , eu quero começar do zero e de uma forma diferente. Ele vai se aproximando de mim e quando ele ia me beijar o meu telefone
Capítulo 9 Beatriz .Os segundos pareciam horas , e eu já estava ficando aflita esperando que o médico falasse alguma coisa , e então ele começou. - Bom , eu tenho ótimas notícias .Ele fala e dá uma pausa , e eu que nunca fui impaciente já estou a ponto de tomar a pasta das suas mãos e eu mesmo ver o resultado. - bom , o resultado dos exames chegaram, o senhor e a senhora Vieira não são compatíveis, a senhorita Flor também não. Eu acabo perdendo o restinho de paciência que eu ainda tinha. - Doutor , cadê as boas notícias?Todos me olham , e o Theo faz carinho na minha mão, tentando me passar um pouco de calma .- calma Bia , vamos esperar ele falar .O médico me olha com um sorriso no rosto e isso me irrita ainda mais .- Calma , eu vou chegar nas boas notícias. - Já deveria ter começado por elas .- Bia! Meu pai me repreendeu e eu fiquei calada esperando o médico voltar a falar. - Já que todos estão ansiosos- ele fala e eu reviro os olhos por que eu sei que é de mim q
Capítulo 10 .Carlos .Foi tudo tão rápido, que somente agora eu me dei conta de que eu vou ser o doador do namorado da mulher que eu acho que estou apaixonado, a minha intenção de ter ido atrás da Bia era para pedir desculpas para ela depois de tudo que eu falei , só que não deu muito certo , depois que eu assinei tudo que precisava eu vim pra casa e já liguei para o meu pai e contei tudo que aconteceu, e ele perguntou se eu queria que ele viesse para a gente conversar e eu disse que não precisava , que eu ia descansar e amanhã a gente conversa, e eu estou mesmo cansado , porque não dormi bem a noite e o dia fe hoje foi cansativo, e eu só quero um banho e a minha cama , e quando eu ia fazer isso a minha campainha tocou e eu pensei ser meu pai , mas não deu tempo dele chegar aqui , quando eu abro a porta eu vejo a Bia parado olhando para mim. - Bia, está tudo bem ?- Sim, eu só precisava falar com você. - Entra .Eu dou passagem e ela entra, e fecho a porta .- Você quer
Capítulo 11 Carlos .Acordo e sinto a cama vazia e quando abro meus olhos vejo que estou sozinho na cama , e penso que talvez tudo que aconteceu ontem tenha sido um sonho .- É claro que foi um sonho né Carlos, onde que ela ia vim até aqui e ainda por cima dormir com você, sem vocês terem nada .Eu falo sozinho e me levanto , e vou até o banheiro tomo um banho e escovo os meus dentes e depois vou até o closet e coloco uma roupa leve , e vou até a cozinha, e quando chego me surpreendo com a Bia encostada no fogão e eu fico parado olhando para ela , até que ela nota a minha presença e se vira para mim. - Bom dia .- Bom dia .- Eu acordei e vim fazer o nosso café, mas só depois que eu já tinha começado que eu me lembrei que você precisa estar de jejum .- Na verdade eu não preciso, o médico falou que eu posso tomar café, mais uma coisa mais leve .- Ótimo, eu fiz salada de frutas, um suco de laranja, e estou fazendo panquecas, senta que eu já vou te servir .Eu me sento
BeatrizAos 26 anos, já conquistei mais do que muitos acreditariam ser possível. Sou Beatriz Vieira, ou Bia, como meus amigos me chamam, dona da maior rede de lojas de departamento do país, formada em moda e apaixonada pelo que faço. Mas o que ninguém sabe é que, por trás dessa fachada de sucesso e independência, minha vida mudou completamente da noite para o dia. Um furacão de emoções e reviravoltas inesperadas virou tudo de cabeça para baixo, e o que começou como um mistério acabou transformando meu mundo. Hoje, posso dizer que sou feliz e realizada, mas o caminho até aqui foi longe de ser fácil.Filha de dois advogados renomados, donos de um dos maiores escritórios de advocacia do país, era quase inevitável que meus pais quisessem que eu seguisse seus passos. Apesar disso, sempre deixei claro que meu coração pertencia à moda. Para minha sorte, eles entenderam minha paixão e me apoiaram. Foi assim que, com muita dedicação e trabalho, me tornei dona de uma rede de lojas que hoje carr
BeatrizMeus pais decidiram que, aos 50 e poucos anos, é hora de finalmente aproveitar os frutos de tudo o que construíram com tanto esforço. Eles planejam uma longa viagem de seis meses, um descanso merecido depois de décadas à frente da Vieira e Costa Advocacia, um dos maiores escritórios do país.Ao longo dos anos, sempre contaram com Roger, amigo de infância do meu pai e sócio desde o início. O plano deles era passar o comando da empresa para os filhos, eu, Beatriz Vieira, e Carlos, o filho de Roger. Mas, como escolhi seguir a minha paixão pela moda, deixando o direito de lado, decidiram confiar essa responsabilidade a Theo, que eles consideram como um filho.Quanto a Carlos... bem, eu quase não tenho lembranças dele. Ele foi morar no exterior com a mãe ainda muito pequeno. Lá, formou-se em Direito e trabalhou em uma das filiais da empresa. Agora, está de volta ao Brasil para assumir a empresa no lugar do pai, que também decidiu aproveitar essa nova fase da vida.Hoje é o coquetel
BeatrizOs últimos dias têm sido como um quebra-cabeça incompleto. Desde o anúncio da aposentadoria dos meus pais, há uma semana, sinto que a dinâmica familiar mudou. Eles estão radiantes, planejando viagens e entregando gradualmente as rédeas do escritório para Theo e Carlos. Apesar de ainda não terem partido, há uma sensação constante de despedida pairando no ar.Carlos. Ele parece ser o tema favorito dos meus pais ultimamente. Não importa a conversa, eles sempre encontram uma maneira de elogiá-lo. "Tão educado, tão dedicado, tão gentil... e bonito", eles dizem. Bonito, eu admito. Educado? Gentil? Não. Definitivamente, não, esses adjetivos não se enquadram.Hoje, vou almoçar com o meu pai. Decidimos nos encontrar no escritório, algo que sempre me deixa nostálgica. Aquela atmosfera séria, as pessoas apressadas, tudo me lembra a infância, quando esperava por horas na sala dele enquanto ele resolvia o mundo.Chego ao prédio, cumprimento as recepcionistas com um sorriso habitual e sigo