Olivia dirigia pelas ruas da cidade, o som do motor do carro preenchendo o silêncio enquanto ela tentava processar tudo o que tinha acontecido. A conversa com Salvatore ainda ecoava em sua mente, as palavras dele como uma faca afiada cortando qualquer resto de segurança que ela sentia. A maneira como ele a afastou, como se fosse algo simples, como se fosse apenas mais uma distração. Ela não conseguia se livrar daquele sentimento de que havia algo mais — algo não dito, algo entre eles que ele estava tentando ignorar. Ela apertou o volante com mais força, o carro deslizando pela via ainda movimentada. O céu já estava escuro, as luzes da cidade refletindo nos vidros do carro, criando uma dança de cores suaves. Quando ela se aproximou de um semáforo vermelho, sua mente vagou ainda mais. O que estava acontecendo com ela? Por que a presença de Salvatore estava deixando tudo tão difícil? De repente, um som estridente de pneus cantando a tirou de seus pensamentos. Ela levantou os olhos e,
No dia seguinte, a tensão no ar era palpável. Olivia acordou com a sensação de que tudo ainda estava fora de seu controle, como se o medo da noite anterior ainda a estivesse acompanhando. Ela olhou para o relógio e percebeu que o dia havia começado cedo demais. O som de um carro chegando na entrada de sua casa confirmou o que ela já sabia: o general estava cumprindo sua palavra. Ela não tinha mais escolha senão aceitar as medidas que ele tomaria, por mais desconfortáveis que fossem. Olhou pela janela e viu dois homens uniformizados saindo de um veículo preto, caminhando rapidamente até a porta de sua casa. Eles não estavam ali para fazer uma visita amigável. Não eram seguranças comuns. O general havia falado a verdade na noite anterior: não haveria mais discussões sobre sua segurança. Era o que ele sempre fizera, mas agora parecia mais uma necessidade do que uma precaução. Olivia suspirou, levantando-se da cama e indo em direção à sala. Seus passos eram pesados, quase como se o
Olivia caminhou pelos corredores da base militar com passos decididos, o coração ainda pesado pela tensão dos últimos dias. A conversa com o pai ainda ecoava em sua mente, mas ela sabia que precisava de algo mais. Ou melhor, de alguém. Ela precisava ver Salvatore. Não sabia bem o que esperava ao encontrá-lo. Talvez um pouco de provocação, talvez a oportunidade de tirar o peso da saudade que começava a apertar no peito. Ela não tinha mais paciência para os próprios sentimentos, mas não podia negar que algo dentro dela ansiava por sua presença, pela dureza de sua postura, pelo olhar que nunca demonstrava fraqueza. Quando entrou no pátio da base, viu-o imediatamente. Ele estava em pé, de braços cruzados, observando os soldados em treinamento com a expressão rígida de sempre. A postura dele era impecável, e não havia sequer um indício de que ele soubesse o quanto ele significava para ela naquele momento. Olivia se aproximou dele com passos firmes, mas seu coração batia mais rápido d
Olivia entrou em casa com passos lentos, fechando a porta atrás de si com um leve estalo. O silêncio do lugar a envolveu, e por um momento tudo pareceu mais frio, mais vazio. Encostou as costas na madeira da porta e suspirou, fechando os olhos. A imagem dele ainda estava ali, tão vívida — os olhos castanhos escuros analisando tudo, o uniforme impecável, a postura rígida, como se nem por um segundo ele se permitisse relaxar. Ela precisava vê-lo, e ver que ele estava bem trouxe um alívio que ela não queria admitir. Mas havia algo mais… aquela necessidade tola de provocá-lo, de chamar seu nome apenas para observar a leve tensão que surgia na mandíbula dele, como se estivesse sempre tentando manter o controle. Foi até a cozinha, abriu a geladeira sem fome alguma, apenas tentando se ocupar. Acabou pegando uma garrafa de água e se apoiou na bancada de mármore. O coração ainda batia um pouco mais rápido do que deveria. Ele a trouxe até em casa. "Não é seguro andar sozinha." Essas
Olivia saiu da sala do pai com a sensação de que o peso sobre seus ombros havia dobrado. O fato de Salvatore estar agora envolvido na investigação sobre o assalto, e ainda mais perto dela, não parecia algo simples de se lidar. A ideia de que ele poderia estar em sua vida de uma maneira tão direta mexia com ela de uma forma que ela não queria admitir, mas não podia ignorar. Ela andou pelo corredor com passos rápidos, tentando processar tudo o que o general acabara de dizer. O cheiro de café recém-passado no refeitório passou por ela, mas ela não parou. Não agora. O que ela queria era encontrar Salvatore e entender como isso tudo iria afetá-los. Quando ela chegou ao pátio da base, a visão do soldado não demorou a se fazer presente. Ele estava ali, como sempre, com sua postura impecável, os olhos observando seus soldados em treinamento. Seus músculos se moviam com facilidade enquanto ele corrigia a posição de um deles, sua voz firme, mas não áspera. Era uma cena quase rotineira, mas
Olivia estava no avião, olhando pela janela enquanto o voo se aproximava da Itália. O coração batia forte, uma mistura de excitação e ansiedade. Havia algo sobre aquele momento que a fazia sentir como se estivesse retornando a um lugar que sempre foi seu, mas ao mesmo tempo, um lugar que ela havia perdido há tanto tempo. As lembranças da infância, os aromas das ruas de Roma, as tardes quentes na Toscana, tudo aquilo a invadia com uma intensidade que a fazia quase querer fechar os olhos para não ser dominada pela emoção. "Eu nunca soube o quanto sentia falta disso até agora", ela pensava, apertando os dedos contra o vidro da janela. "A Itália tem uma forma de envolver a gente, como se tudo ao redor sussurrasse sua história, e você se perde entre os ecos do passado e os sonhos do futuro." Olivia fechou os olhos por um momento, imaginando as ruas que tanto conhecia, as pedras antigas sob seus pés, o som das pessoas conversando nos cafés e a maneira como o sol se punha lentamente atrás
Olivia havia decidido surpreender o pai, Riccardo Fiore, com sua volta repentina à Itália. Depois de anos longe, vivendo na Rússia e se acostumando à solidão, ela sabia que seu relacionamento com o pai havia ficado frio, distante. Ela queria quebrar essa barreira e mostrar a ele que, apesar de sua vida independente, ela ainda se importava e queria fazer parte da sua vida. Essa seria a primeira surpresa, um gesto simples, mas significativo. Ela só não imaginava que um outro tipo de surpresa estava prestes a acontecer. Ao chegar à entrada da base militar, Olivia ficou momentaneamente paralisada pela imponência do local. A base exalava um ar de disciplina e poder, algo completamente diferente da Rússia, mas ainda assim familiar. Ela sabia que seu pai, como general, era uma figura respeitada ali, e isso a fazia sentir-se ainda mais distante, como se estivesse entrando no território de alguém muito diferente de si mesma. Quando Olivia se aproximou da entrada, foi abordada por um soldado.
Riccardo Fiore observava a filha como uma mistura de apreensão e orgulho. Olivia, com sua postura decidida e seu olhar forte, parecia mais uma mulher feita do que a jovem que ele lembrava, de olhos grandes e curiosos. O tempo parecia tê-la moldado de uma maneira que ele nem imaginava. A distância de seis anos na Rússia a fizera mais madura, mas ao mesmo tempo, uma nostalgia o tomava, lembrando-lhe da menina que, embora sempre envolta na presença de sua autoridade, sempre parecia muito solitária. -Olivia ...- Riccardo disse, com um sorriso breve, enquanto se aproximava dela e a abraçava com um carinho que, por um momento, parecia desconcertante para ela. Ele a segurou por um tempo, como se quisesse ter certeza de que ela estava ali, diante dele. - Não me avisou que viria. Não sabia que voltaria tão cedo. Olivia sentiu o abraço do pai e, por um momento, deixou que a vulnerabilidade dela tomasse conta. Ela sempre teve um relacionamento complicado com Riccardo. O fato de ele ser um